Um Conto De Fadas Em Miami - Fic Interativa escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 3
Capítulo 2 - A Verdade sobre os Price: parte I


Notas iniciais do capítulo

Não tenho nada a dizer. Apenas leiam



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Seus olhos pequenos se arregalaram imediatamente, tomando formas inimagináveis de tão esbugalhados. Por impulso, encostou-se no armário de mogno ao lado da porta, a respiração descompassada. Ela podia jurar que a visão diante de si havia saído de um daqueles filmes de terror que seu irmão tanto assistia: uma mulher envolta em vestes negras, extremamente alta e magra e com uma cara de doente, pálida como a morte, adquirindo quase um tom de verde. Seu rosto era ossudo e tenebroso, os olhos grandes e assustadores de um assassino. 

-Oh, Bela! Há quanto tempo não a vejo! -ela disse, sem conter uma risada baixa de psicopata que fez a garota estremecer.

-E-e-eu não sei do que você está falando! -respondeu Lisa, a gaguejar. Sua cabeça começou a latejar de dor, suas pernas amoleceram que nem gelatina. -N-não tem nenhuma Bela aqui, nem n-n-nada que lhe interesse. V-v-vá embora.

-Engana-se você, querida. Aqui tem exatamente tudo o que eu quero. -a mulher deu um passo para frente, fazendo Lisa recuar. Ela lhe afetava de um jeito forte e aterrorizante, como se, de alguma forma, já soubesse que deveria temê-la. Ela começou a se aproximar mais, mais e mais. Lisa fechou os olhos com força, virou a cabeça de lado e se encolheu, apavorada, esperando pelo que viria. Sentiu-se hiperventilar, e uma coisa gelada tocou seu rosto, colocando um chumaço de cabelo para trás da orelha e fazendo carinho em sua bochecha. -Após tantos anos, aqui está você, na minha frente de novo, igualzinha a quinze anos atrás. É você, com certeza, Bela. Não tem como confundir. Mesmo no corpo de uma renascida. Me recordo bem deste olhar. Vamos, quero que olhe para mim! -virou o rosto da menina para frente, forçando-a a abrir os olhos e encará-la. -É o olhar do puro pavor. Ah, como lembro! Você gritava, se debatia, implorava por misericórdia, por clemência... Huhuhum. E a mim, só restou esperar enquanto você agonizava de dor! Sim, e você olhava desse mesmo jeitinho para mim. O exato mesmo olhar, quando a luz finamente deixou seus olhos. Uma lástima, de fato. Um rosto tão bonito, para uma garota tão... covarde. -passou vagarosamente sua unha comprida e afiada pela bochecha de Lisa, abrindo um corte.

-Por favor, por favor me deixa sozinha. -Disse Lisa, com a voz chorosa. Quando percebeu, as primeiras lágrimas já corriam por sua face, fazendo a ferida em sua bochecha arder. -Eu não sei quem você é, nem o que quer de mim. Sou só uma menina, não tenho nada para lhe oferecer. Prometo que não direi nada a ninguém, não vou te perseguir, nem chamar a polícia. Farei tudo o que quiser só... não faça nada comigo. Nos deixe em paz.

-Nos? Está acompanhada, é o que disse? Hmm, talvez não seja uma má ideia descer e encontrá-los. -a mulher abriu um sorriso de satisfação.

-NÃO! NÃO, POR FAVOR! TENHA PIEDADE! NOS DEIXE EM PAZ! NOS DEIXE EM PAZ! -Lisa choramingava, incapaz de mover um dedo para fugir dali, paralisada pelas garras da bruxa, sem poder fazer nada além de chorar e suplicar para que a deixasse.

-Oh, não. Não chore, Bela! -a mulher enxugou uma das muitas lágrimas que caíam.

-Por que veio aqui? O que quer com essa Bela? Eu não estou entendendo nada! -a dor em sua cabeça só aumentava, a impedindo de raciocinar. Só queria gritar e correr para longe. Queria, mas não podia deixar a mulher ir atrás de sua família. Não podia.

-Ah, isso? Considere como uma festinha de boas-vindas. -concluiu, por fim, largando a garota, que caiu no chão, fraca e chorando de medo. -Infelizmente, não poderei ficar aqui me divertindo por muito mais tempo. Tenho lugares para ir, coisas para fazer. Mas vou deixar um presentinho para lhe desejar um feliz natal e boas férias. Ah, e toma. -jogou para perto de Lisa um objeto duro e pesado. -Era isso que você queria, não era?

Soltou mais uma gargalhada extridente e gélida e desapareceu.

Lisa ainda estava caída no chão, tremia e chorava, não de medo, mas de alívio. Estava viva, no final das contas. A mulher não fizera nada com ela, além de traumatizá-la para sempre. Mas estava confusa. Perguntas e mais perguntas rondavam sua cabeça, deixando a pobre garota tonta. Quem era aquela mulher? Como a conhecia e por que a chamara de Bela? E o mais importante: por que tinha a sensação de que já a vira antes, em uma de suas lembranças mais tristes, desesperadoras e indistintas?

-Ai! -murmurou. Levou as mãos à parte de trás

De sua cabeça, que havia dado outra pontada de uma dor muito forte.

Tudo estava muito embaralhado em seus pensamentos quando, finalmente, se sentou sobre os joelhos. Respirou fundo, tirou o cabelo do rosto, enxugou as lágrimas e apanhou a figura caída ao seu lado -que depois percebeu se tratar de seu diário-. Respirou mais uma vez, tentava dizer para si mesma que estava tudo bem. Tudo ia ficar bem. Levantou-se devagar, tendo cuidado com os joelhos que ainda tremiam. O nó em sua garganta não dava qualquer sinal de melhora. Olhou para cima. Não, não ia ficar tudo bem.

No chão de seu quarto, invadindo sua cama e imprensando a parede e o teto, que por um dedinho não se arrebentavam, se encontrava o suposto "presentinho". Uma criatura imensa persistia em se libertar do aperto. Sua pele era composta por milhares de escamas negras que reluziam sob a luz fraca da lua cheia, pois suas costas já atingiram e esmagaram o lustre  e deixaram o quarto escuro uma vez mais. Tudo o que Lisa pôde ver antes de sair correndo foi seu pescoço e seu focinho comprido apontando para ela, o encontro dos olhos gigantes, amarelos e selvagens com os seus e, em seguida, chamas.

Desceu as escadas correndo, abraçada com o caderno. Não tinha forças para gritar, apenas para correr. Aquela havia sido, de longe,a coisa mais assustadora e, vale dizer, estranha que presenciara em toda sua vida. De repente, todas as complicações superficiais que lembrava segundos atrás sumiram, e todos seus pensamentos se resumiam apenas em ir para o mais longe possível dali. Chegando na sala, tropeçou sobre o tapete aos pés do sofá onde um garoto de ombros largos e testa grande estava sentado.

-Lisa, o que foi?! Que barulho foi esse?! Você demorou lá em cima, a luta já acabou. Que aconteceu?! -o garoto correu ao seu socorro, preocupado. Não emanava mais implicância, como todas as vezes em que se falavam. Estava puramente preocupado. A puxou pelo braço, para que se sentasse.

-Rider, Rider, me escuta!! Sai daqui, agora! Por favor, se tem amor à sua vida, sai daqui! -Lisa agarrou a camiseta do irmão ao tentar alertá-lo, fazendo-o balançar severamente em sua direção.

-O quê? Calma, Lisa. Como assim? PAI, MÃE!!!!!!!!!!!!! -gritou. Ótimo, ele estava chamando os pais para o monstro. Era tudo o que ela precisava no momento.

-Não, Rider! Cala boca! -Lisa tentou impedir a catástrofe, mas já era tarde. O sr. e a sra. Price já passavam pela porta da entrada.

-O que está acontecendo aqui? -indagou Jane, afastando as mãos antes dadas com Charlie e correndo para o pé do sofá, onde Lisa estava. Também parecia preocupada.

- É ela, mãe! Tá toda estranha, chegou aqui e simplesmente caiu no chão! -a garota nada declarou. Deveria estar mesmo com uma aparência terrível, a ponto de acharem que um tropeço comum era o fim do mundo, ao invés de lhe darem ouvidos. Mas obviamente não conseguiu comunicar isso. -Disse que a gente tinha que ir embora! Eu acho que tá tendo alucinações, ou sei lá.

-Peraí, deixa eu ver você. -falou Jane, gentilmente a sentando no sofá e começando a examiná-la. No minuto em que encostou as costas da mão na testa da garota, seu rosto mudou de expressão. -Charlie, ela tá gelada!

-O quê? -Ele se posicionou do outro lado de Lisa, apreensivo.

-É, amor! Como gelo! Tá suando frio, branca que nem um fantasma, e tremendo... Deve estar em estado de choque. -os dois se entreolharam de forma suspeita. Jane respirou fundo. Queria aparentar o mais calma possível. -Querida, cadê seus óculos? E o que é isso na sua bochecha? O que aconteceu?

-Ah, mãe! Foi horrível, horrível!! Ela era tão horrível, tão cruel, disse que ia me matar, mãe! Me matar! -desabou sobre Jane, recomeçando a chorar. Nunca tinha se sentido tão fraca e vulnerável como neste dia. Ou talvez a mãe tivesse razão, talvez ela só estivesse em estado de choque. Mas rapidamente voltou à realidade. -Temtos que sair daqui! Agora, antes que nos encontre!

-Calma, filha! Quem vai nos encontrar? Quem é essa mulher?

-Não, mãe. Não está entendendo. Nenhum de vocês está. -Lisa lutava, desesperada. TINHA que tirá-los dali. Simplesmente tinha. -Temos que sair AGORA!! Não pode nos encontrar!!! Vai nos matar!!! Vai nos...

-Elisabeth, acalme-se!! -a mulher chacoalhou seus ombros, o que não melhorou nada. Só a deixou ainda mais tonta e confusa. -Diga, o que sabe sobre essa mulher? Era alta, baixa, gorda, magra...

-Bom, e-eu não sei. -levou instintivamente as mãos à cabeça, que ainda soltava pequenas descargas elétricas de dor que a enlouqueciam. Uma chacoalhada tão insignificante, e já tinha acabado com ela. Não devia ser a aparência. Devia estar terrível por inteiro. -Não lembro. Ela me chamava por outro nome. Me chamava de...

-Gente... -Rider chamou e o atenderam prontamente, o que deixaria Lisa um tanto irritada, se não tivesse assuntos mais importantes para tratar. De repente, ficara tão branco e paralisado quanto a irmã. Seus olhos esbugalhados estavam fixos no corredor que dava acesso à escada, mirando um troço que, com dificuldade, andava, causando um certo estrago por onde passava. Um estrago do tipo derrubar paredes ou abrir buracos no chão. 

-Rider, -Charlie sussurrou enquanto andava na ponta dos pés até o filho. O resto estava imóvel. A cada palavra que saía de sua boca, o monstro se aproximava um passo da família, com as narinas fumegando e os olhos grandes e amarelos voltados para o caçula. -Fique quieto e não faça nenhum movimento brusco. Isso aí não é brinquedo. É um dragão. É tudo o que posso dizer agora mas posso explicar melhor depois se você ficar... -O barulho de uma tábua rangendo fez com que todos ficassem ainda mais imóveis. Em resposta, o dragão parou. Estava bem perto de Rider, mas continuou apenas encarando-o. -...quieto.

Fora o sinal de sim com a cabeça, Rider não demonstrou nenhum sinal de que ouvira o que o pai dissera. No momento, encontrava-se ocupado de mais sendo vigiado por um montro de vinte metros de comprimento. Não mexeu, pois, um dedo; o pai começou a se afastar, aliviado. Andava devagar para trás, guiando-se para o lado da tv quando sem querer bateu com seu calcanhar direito na ponta da mesa de centro, fazendo um pequeno ruído. O dragão virou calmamente a cabeça para a sua origem, logo antes de lançar sobre ela um jato de labaredas.

-CORRAM!!!!!!!!! -ele gritou, se desviando do fogo. -RIDER, TEM UMA EMBALAGEM BRANCA E FINA NO CHÃO DO CARRO! QUERO QUE TRAGA-A PARA MIM! O RESTO, SE AFASTEM O MÁXIMO POSSÍVEL DA CASA! VÃO, VÃO!

Lisa não pensou duas vezes em obedecer à ordem. Correu para fora da casa. Sua cabeça finalmente começava a melhorar. Arrodeou o quintal da frente, passando pela casa e chegando até um muro branco não muito alto. Escalou-o, para depois pulá-lo e seguir com dificuldade a corrida, em parte porque não conseguia enxergar um palmo à frente sem seus óculos, em parte porque estava nervosa e confusa, não entendia o que um dragão poderia possivelmente estar fazendo em sua casa. Até porque, algumas horas atrás, nem imaginava que dragões existiam.

Já corria por onde se erguia uma pequena parte do South Pointe Park, um amontoado extenso de grama, colinas e palmeiras, mas se esforçou para meter o pé no chão e parar. Era verdade o que acabara de pensar. Não existia essa coisa de dragões. Então tudo isso não podia estar acontecendo, certo? O que precisava era de um bom beliscão e voltaria ao seu mundo real. 

Seu diário, que se pendurava em seus braços, foi posto no chão com cuidado. Lisa se virou para a casa, fechou os olhos, levou uma das mãos ao braço e... Não teve nem tempo de beliscá-lo, pois antes que notasse, as árvores ao seu redor já tinham virado brasa. 

Com um empurrão, estava caída na grama, diante da grande criatura. Era maior do que pensava, talvez com uns 10 metros de altura (realmente, não fazia ideia de como coube dentro da casa), com corpo de lagarto, pescoço e rabo compridos, unidos por uma espinha óssea de placas pontudas. Não possuia asas, mas tinha vários dentes infileirados e incrivelmente afiados. Por trás do monstro, a Alameda dos Seixos estava resumida em quilos e quilos de ruínas queimando em grande escala. Tudo o que conseguia ver era uma infinidade de chamas causando uma infinidade de fumaça que se encaminhava para o parque.

As patas eram grandes o suficiente para esmagá-la, e estavam prestes a fazê-lo. Tentou proteger-se com o braço e fechou os olhos em defesa, mesmo sabendo que de nada adiantaria. Teria sido esmagada como um mero insetinho se não fosse o incômodo som metálico que a fez reabrir os olhos. E lá estava Charlie! Um homem alto, grisalho e forte espetando um objeto pontudo contra os pés gigantes, o segurando e impedindo de pisar e esmagar os dois. Uma gota de suor rolando por sua testa denunciou a enorme força que fazia. Lisa olhou mas de perto. Ele segurava o monstro com...uma espada?

Lembrou-se do que dissera mais cedo: "Posso explicar melhor depois". Ele tinha muito o que explicar melhor.

-FILHA! -gritou com esforço. -CORRA!! CORRA!!!!!

A garota, que realizou estar parada debaixo dos dois sem fazer absolutamente nada, pegou o caderninho e pôs-se a correr novamente em alta velocidade pelas pequenas colinas de gramíneas. Só diminuiu o passo quando teve a certeza de que não corria mais perigo. Entretanto, nessa hora, já estava bem no meio de um parque grande e escuro, confusa, fraca e chocada. 

Virou para um lado, virou para outro. Já não tinha a mínima ideia de onde estava e para onde devia seguir se quisesse sair dali. A noite trazia consigo uma escuridão que a cegava completamente. Complete isso com a fumaça que percorrera quilômetros desde a casa e a natural cegueira da garota e pronto! situação perfeita! 

Passou pela sua cabeça sentar no chão e esperar até que alguém a encontrasse. Mas também pensou que esse alguém poderia não ser... bem... alguma pessoa ou ser que desejava ter do seu lado. Como dragões ou bruxas. Meu Deus, como soava estranha aquela frase. Portanto, preferiu continuar andando em busca do fim do parque. Procuraria por luzes de postes ou prédios, que, com sorte, a levariam de volta para a cidade. Se bem que sorte não era uma coisa na qual apostaria naquela noite.

E assim, foi. Andou devagar por alguns minutos, tentando sentir as coisas que ficavam em seu caminho, já que não podia vê-las. Se agarrava em cada árvore que encontrava e rapidamente olhava para o céu, na esperança de encontrar um sinal de civilização por trás da grossa nuvem cinza formada pela fumaça. Nada. Como imaginava.

Quanto mais o tempo passava, mais ela tinha a impressão de que só se perdia a cada passo que dava. Cada pisada era um barulho irritante de grama sendo amassada, amplificado em cem vezes pelo silêncio no qual estava envolvida. Cada pisada a conduzia para se embrulhar mais na mata que, na verdade, nem era tão fechada assim. Porém, à noite, tudo parecia muito pior e perigoso do que realmente era.

E tinha ainda Charlie, que há pouco a salvara de ser esmagada. Como agradecimento, ela o deixara sozinho com a fera. Sua consciência pesava; sabia que deveria ajudá-lo, mas seus pés a traiam, a forçando a ir em frente.

Súbito, sentiu algo em seu tornozelo. Não sabia o que, mas algo a puxava com força para baixo. Primeiramente, pensou ser sua meia presa em uma raiz, mas era nítido o toque áspero de uma mão.

-Não, por favor, não! Me solta! Eu só quero ir pra casa! -Tentou soltar a mão, que agora a segurava pelo tênis. Já estava cansada de choramingar, mas vinha automaticamente. Uma luz amarela e forte açoitou seus olhos.

-Lisa? Oh, Lisa! -de repente, foi atacada por um abraço muito forte. Apertou os olhos para enxergar melhor. Era ninguém mais, ninguém menos que Rider, com uma laterna. -Ainda bem que eu te achei! Eu estava com tanto medo! Eu pensei que... Ah, quem liga pro que eu pensei? Você tá viva, isso é o que importa! Você tá viva mesmo, né? Ou fui eu que morri?

-Irmãozinho!!! Nós estamos bem, estamos vivos, os dois! -resolveu se entregar ao abraço, encostando a cabeça no seu peitoral macio. -Eu também estava com medo de te perder! Por falar nisso, onde estamos, hein? To perdida.

O garoto fez o favor de iluminar o local: estava abrigado na base de um tipo de colina, que se curvava para frente formando uma espécie de teto sobre sua cabeça. Ele se agachou para caber embaixo dela, sentando-se em um espaço de areia fofa que surgia no meio da grama. Fez um gesto para que Lisa o seguisse.

Esta olhou para os lados. Queria se certificar de que ninguém estaria por perto, os observando. Visto que eram os únicos por lá, entrou no abrigo, com cuidado para não bater a cabeça no  teto. Se alojou ao lado esquerdo do irmão e abraçou os joelhos. Era um ótimo lugar para passar a noite. Quer dizer, não ótimo, mas razoável, levando em conta as circunstâncias. Poderiam esperar até o amanhecer, quando a luz voltaria e teriam clarividência para decidir o que fazer. Mas pela madrugada, bastava, para ela, aguardar. Só almejava um bom sono em um lugar onde estivesse despreocupada e sozinha. Sozinha...

-Papai! -lembrou-se Lisa. -Temos que voltar! Ele deve estar precisando de ajuda! Sem querer, deixei ele para trás!

-Você O QUÊ? -Rider bateu a cabeça no teto em uma tentativa frustrada de se levantar. Encarou a garota. Seu rosto mostrava uma junção de surpresa e descontentamento. -Como pôde fazer uma coisa dessas??!!

-Ah, não vamos discutir sobre conduta com parentes agora, vamos?

-Você sabe que ele pode muito bem estar MORTO agora, não sabe? -a garota abaixou a cabeça. Aquele pensamento era péssimo, mas não deixava  de ser verídico.

-CRIANÇAS! -o grito fez os dois pularem de susto. Porém, o alívio os atingiu assim que viram a figura de Charlie perante o esconderijo. -Quem está morto?? Estão bem? Alguém se machucou?

Lisa enterrou a cabeça entre os joelhos; estava exausta. Rider a abraçou de lado, como um incentivo para que aguentasse firme.

-Por ora, não. Apenas alguns arranhões. -o garoto respirou fundo. Era agora ou nunca. -Pai? O que está acontecendo? O que aquela coisa fazia aqui?

-É. -a irmã se manifestou. -E onde aprendeu a lutar com espada? Aliás, onde arranjou uma espada?

-Estava no chão do carro. -Rider apressou-se em responder. -Foi a "embalagem" que ele pediu para eu pegar.

-Tá, mas não esclaresce nada! E quanto à mulher que eu vi? O dragão? E todo esse mistério? 

-E cadê a mamãe, hein? -o garoto precisou perguntar.

-Eu não sei. -disse Charlie, desviando naturalmente para baixo . -Procurei por toda a parte. Sua mãe simplesmente sumiu.

-Pai. Agora eu lembro. Ela me chamou de renascida. Aquela mulher, ela me chamou de renascida! O que isso quer dizer?

-Espera. O que disse? Re-re... -os olhos do pai se iluminaram. De uma hora para outra, parecia que nada mais era importante. -Então significa que... está acontecendo.Finalmente está acontecendo! VAMOS VOLTAR PRA CASA!

-Que casa??? Uma lagartixa gigante acabou de fazer churrasco da nossa casa!!! -Lisa se viu obrigada a acabar com a comemoração do pai.

-É, pai. E o que exatamente está "finalmente acontecendo" ? Vocês estão escondendo algo de nós, não é? Já faz um tempo. Algo grande. O que é?


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Notas finais do capítulo

Fichas no próximo capítulo, prometo!!!!!!!

Não se esqueça de sua bondosa review, mesmo por caridade ou pena mesmo