Um Conto De Fadas Em Miami - Fic Interativa escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 12
Capítulo 11 - Noite de Lua Minguante


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal!!!!
Meu presente de natal para vocês é esse lindo capítulo!!!
Por favor, não joguem pedras em mim, ou serei obrigada a ter uma conversa com meu querido amigo Papai Noel (Não sei se vocês sabem, mas somos melhores amigos. Tomamos o chá das cinco juntos), pedindo para ele ir em suas casas pegar de volta cada presente que vocês receberam de natal. muahahahahahahahahaha
Falando sério, agora. Não me matem! Eu até fiz uma listinha com os motivos que me levaram a demorar tanto para postar:

1) Eu estava fazendo vestibular. Precisava estudar. Quem está no científico ou até mesmo na faculdade vai saber exatamente do que estou falando;
2) Nesses dias, fui atingida por um bloqueio criativo horroroso! Eu sei que vocês também já tiveram e vão entender;
3) JÁ VIRAM O TAMANHO DESSE CAPÍTULO?????? Não é brincadeira, não. Eu me assustei, quando vi quantas palavras tinha.

Mas, felizmente, eu agora estou de FÉRIASSSS UHUUUUULLLL (quer dizer, né? já faz um tempinho... mas eu tava ocupada escrevendo o capitulo gigante) e sabem o que isso significa? Significa tempo integral para escrever os capítulos!! O que significa capítulos saindo mais rápido!!!!!!! E isso meio que faz parte do meu presente de natal para vocês!

O que mais tenho para falar? Agora que os dois irmãos mais lindos do mundo estão separados, vou fazer um cap Rider e outro Lisa, revezando. Esse é do Rider (mesmo sabendo que a maioria esmagadora de vcs prefere Lisa), para darmos ênfase a um personagem que está precisando. O próximo é de Lisa.

Eu escrevo pelos cotovelos, não é, minha gente? kkkkkkk

Então, é isso!!!! Divirtam-se!! Dark Dreams, estou esperando sua resposta à minha resposta nos comentários!!! Se é que você me entende!

Playlist: Eleanor Rigby - Beatles



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Rider não sabia que era sonâmbulo. E arranjou um jeito ótimo de descobrir.

Aconteceu à noite (óbvio, pois é à noite que se dorme.), quando ele, Alison, Heather, Mike e Bruce descansavam sob o teto apropriado e a melhor cama quentinha que puderam encontrar. Claro, era a soleira da porta de um restaurante fast-food, mas pelo menos teriam abrigo se chovesse, e comida, se sentissem fome. Comida que poderiam pegar na... caçamba do lixo. Tá, a situação não era das melhores.

Já fazia um dia desde Bayside, e podia-se dizer que as coisas não tinham acabado muito bem para eles. Rider decidira seguir a missão de encontrar novos renascidos, e foi praticamente isso que tentara fazer durante o dia. Dezenas de horas depois, além de formar uns belos de uns calos no pé, estava convencido de que a tarefa era bem mais difícil do que parecia. Afinal, não entendia o que deveria, de fato, procurar.

Ok, mas o que ele sabia sobre renascidos até agora? Bem, sabia que precisava ser uma criança ou adolescente. No máximo, com quinze anos, como ele. Pena que essa informação não ajudava em nada. Existiam muito mais de cem mil crianças e adolescentes pisando no solo de Miami. Isso, claro, considerando que todos estariam na cidade, ao mesmo tempo.

Nunca pensara que heroismo fosse assim, tão complicado. Tinha certeza de que não era nada disso que vira nos filmes de ação. A cruel verdade era que, sem a bola de cristal, não havia muito que ele pudesse fazer.

Ele odiava profundamente Lisa por tê-lo feito quebrá-la.

Elevou o olhar para acima dos prédios empresariais que constituiam a rua Brickell, para o céu negro e estrelado que a margeava. Aquela visão o ocupou por alguns minutos, e só então percebeu que estava cansado ao ponto de suas pálpebras pesarem. A lua era minguante.

De volta à Terra, eis o que se passava: todos cochilavam na soleira, exaustos demais para dar um passo sequer. Exaustos, como ele, após um longo dia de procura por crianças suspeitas, e fuga de adultos mais suspeitos ainda. Também não haviam descobertos como reconhecer inimigos, e, depois do incidente em Bayside, não queriam correr riscos.

Alison e Heather dormiam tranquilas, à sua direita, deitadas e com as cabeças encostadas na mochila laranja que levavam. A última, em particular, estava bem engraçada. Havia coletado um par de palitinhos de sushi limpos para prender os cabelos ondulados em um coque. Até que ficava bem nela. Mike tinha sido escalado para fazer a sentinela, porém, a ideia não funcionara tão bem, pois ele roncava assustadoramente ao lado de Alison. Pelo menos ele não estava rosnando para Bruce, como fazia todo santo segundo.

Por falar em Bruce, ele dormia do seu lado direito, um pouco mais distante dos outros, com uma mão pressionando a testa. Reclamara o dia inteiro de dor de cabeça crônica. Isso quando não se desligava completamente do mundo e entrava no que Rider gostava de chamar de "piloto automático". Ele andava meio perturbado desde o encontro com a fada azul.

Mas espera! Tanto Alison, quanto Heather e Bruce eram renascidos! Disso, ele tinha certeza! Talvez eles fossem a chave para encontrar novos. Rider só precisava observá-los com mais atenção.

–Vamos lá, Rider. Pense. O que eles têm em comum? -disse. E sim, ele estava falando sozinho.

Nada. Era essa a resposta. Eles não tinham absolutamente nada em comum. Ser herói era mesmo mais difícil do que pensava.

Estava quebrando a cabeça para achar uma lógica naquilo tudo. No sentido literal da palavra, pois batia com a parte de trás da cabeça na parede enquanto pensava.

Eles não podiam simplesmente escolher pessoas em aleatório. Podiam? Não. Ele tinha certeza de que a fada azul falara algo do tipo.

Foi bem numa virada rápida de rosto que ele viu, de relance. Entre ele e Bruce, bem na frente da porta de vidro da lanchonete, flutuava uma pequenina bola de luz verde.

Rider esfregou os olhos, para ter certeza de que não era má visão. Mas não. Ela estava lá, mesmo.

Um segundo mais cedo, ele diria que tinha tido demais de magia por um dia. Porém, aquela pequena amostra de luz fez seus olhos passarem de sonolentos a vidrados. Não fazia ideia se as outras pessoas na rua estavam vendo aquilo, e, para ele, francamente não importava.

Ela piscou, fazendo Rider se afastar com o susto.

–Mas o quê?... -ele se aproximou lentamente do objeto, para tocá-lo, mas escapou por entre seus dedos com extrema facilidade.

–Ei! Volta aqui! -ele se empurrou para frente mais uma vez, para pegar a bola, e esta escorregou de novo para fora da sua mão.

Ela atravessou a porta de vidro como se fosse feita de água. E, antes de perceber, lá estava Rider, se levantando de sua posição confortável e seguindo o artefato fantástico. Ele não sabia o que estava fazendo. Não sabia por que o estava fazendo. Mas sabia que precisava seguir aquela bolinha, custe o que custasse.

Andou devagar até a porta, a abriu sem maiores dificuldades -se perguntando por que diabos ela estava aberta a essa hora da noite, quando claramente, a lanchonete estava fechada- e adentrou no local. Lá, não havia um resquício de luz que não fosse daquele objeto estranho e flutuante.

Ao vê-lo, em seu verde contagiante, o garoto foi tomado por uma vontade insana de tocá-lo. Deu um passo à frente, com o braço entendido, e a bolinha se moveu a mesma distância. Deu outro passo, que foi repetido. E mais outro. Poderia muito bem ter ficado horas naquilo. Porém, o brilhinho voou rapidamente para longe, para o outro lado da sala.

De repente, tudo se clareou com uma luz fraca e verde, revelando uma série de mesas e cadeiras estofadas e um balcão de pedidos, com diversas fotos de hamburgueres que deixaram Rider com fome. A bolinha de luz piscou e chacoalhou até se transformar no cetro de uma mulher vestida de negro, que, ao fundo, sorria para ele. Ela era magra e tão pálida que chegava a ser verde.

A mulher acariciou o cetro negro, e olhou para ele com um semblante perverso.

–Olá, Rider. Pelo que vejo, o dragão e os trolls não foram nem remotamente eficientes. Necessitamos de assassinos mais bem preparados. -ela disse, em um tom calmo.

Poderia ser o sono, ou ele poderia estar ainda em transe, mas não entendeu nada, de início. Esfregou os olhos com as mãos, deu um grande e bom bocejo e mexeu a cabeça. Tudo parecia meio embaçado em sua mente.

–Dragão?... -perguntou, com voz em falsete. Depois, foi como se lhe tivessem jogado um balde de água fria. -... você! Lisa me falou de você!

Era aquela. A mulher que lhe mandara um dragão fresquinho com uma dose de espírito assassino para matá-lo.

Ainda meio zonzo, desembainhou a espada prateada e a apontou sem jeito para ela. E ela, como qualquer bom vilão clássico faria, começou a rir do fato. Uma risada gélida e pavorosa.

Tentou não se intimidar por aquela risada, e continuou empunhando a arma, em alerta.

Dos dois lados do garoto, surgiram mais duas mulheres. Antes, meio encobertas pelas sombras, era difícil serem notadas, mas um passo na luz as fez totalmente nítidas. Uma, bonita e elegante, de vestido de gala; a outra, velha e com uma cara assustadoramente cruel.

Ele virou de costas, assustado, apenas para se deparar com mais uma mulher, esta com gordura sobrando e um sorriso grande e perverso.

–Tá, de vocês, ela não falou. -ele apontou sua espada com as duas mãos contra elas.

Todas as quatro riram juntas.

–Novamente, Malévola, seu feitiço funcionou como o planejado. Esplêndido. -falou a mulher velha. Ela dirigiu um sorriso maléfico à mulher verde.

–Obrigada, querida. -respondeu ela.

–Então, este é o novo encarregado? Que pena... Pelo menos a Cinderela tinha algum estilo... -a mulher gorda o chamou, enquanto se apoiava no balcão do caixa e usava uma lixa para serrar as unhas pontudas como garras. Não parecia prestar muita atenção a ele.

–Não OUSE falar da minha mãe desse jeito, seu projeto de travesti inacabado! -Rider a ameaçou, levando a espada à sua garganta. A luz não era muita, mas suficiente para ver que ela havia ficado surpresa com o gesto.

–Acalme-se, rapaz, ou as coisas podem ficar sangrentas para o seu lado. -ouviu uma voz rouca falar pelas suas costas.

Sem nem reconhecer a voz, Rider não hesitou. Passou a espada por cima do ombro, e deu um golpe bem desajeitado no que estava atrás. A arma escorregaria de suas mãos, se não a tivesse apertado contra o quadril, no último minuto.

Ele olhou para as mãos. Estavam suadas. Só então sentiu o quanto a lanchonete estava quente e abafada. Ele estava todo suado. As quatro mulheres, por outro lado, permaneciam secas em suas roupas quentes, por mais contraditório que isso possa parecer.

O pior era que nem acertar, ele conseguiu. Na hora em que a lâmina deveria atingir a mulher que o ameaçara, ela se dissipou em fumaça verde, deixando para trás um garoto extremamente confuso.

–Patético. -ela disse, e quanto se reconstituía de dentro da fumaça. Levantou o seu cetro e o apontou na direção de Rider. Estava pronta para atacá-lo.

–Chega, Malévola. -a mulher velha colocou o braço na frente dela, a impedindo de atacar.

Rider podia sentir o calor que invadia seu rosto.

–O que vocês querem? -ele perguntou, guardando a espada de volta na bainha.

–Oferecer-lhe um acordo. -disse a mulher bonita, dando um passo mais para perto. -Não que valha nosso tempo e atenção. No entanto, concordamos que, talvez, você não seja estúpido o bastante para recusá-lo.

–Hmm. -Rider cruzou os braços. -Estou ouvindo. Qual é o acordo?

–Simples, Rider Price. Nós quatro chegamos a um consenso. Sim, nós somos as grandes responsáveis pelos ataques a você e seu grupo. Contudo, estamos dispostas a deixá-los em paz. Isso, claro, a um pequeno preço.

–Que preço?

–Ainda mais simples. -ela respondeu, sem mexer um único músculo que não fosse os lábios. -Apenas queremos que leve o seu lindo grupo de renascidos para bem longe dessa cidade, onde não possam mais atrapalhar nossos planos.

Rider olhou bem para cada uma das mulheres que ali se encontravam. Essas, por sua vez, o olhavam com a mesma intensidade. O calor, de repente, deixou seu rosto quando percebeu do que elas estavam falando.

–Não acredito. Eu já entendi tudo. -ele afirmou. Um pequeno sorriso surgiu no canto da sua boca enquanto falava: -Vocês têm medo de mim!

–Como se atreve? -Malévola disse, surpresa, e voltou a apontar o cetro negro para o garoto. Só que ele nem notou o perigo. Estava se divertindo com aquilo.

–É. Vocês têm, sim. Quer dizer que eu sou uma ameaça aos seus planos. -desistiu de esconder o sorriso brinacalhão e apenas deixou que ele tomasse conta. -Minha resposta é não, eu não vou aceitar seu acordo. Eu sei que o bem sempre, SEMPRE, dá um jeito de vencer o mal. Pode trazer pra cá todos os monstros que puderem. Estaremos prontos.

Dizendo isso, ele se virou, pronto para ir embora dali com o nariz empinado. Ele às vezes tinha o péssimo hábito de ser mais corajoso do que seria saudável a um ser humano comum. Ou talvez só se achava assim.

–Escute aqui, rapazinho insolente! Eu não vim até aqui para levar desaforo de um pivete como você! -a mulher gorda o parou, apontando os dedos gordos para seu peito.

–Não gaste sua saliva com ele, Úrsula. -Malévola, a mulher verde que carregava o cetro (Rider começara a aprender seus nomes assim que as associara aos contos de fada), disse calmamente. -Deixe que leve os renascidos ao extermínio, que seja sua própria ruína. Será bem mais fácil, desse jeito.

Aquilo chamou sua atenção.

–Você está mentindo. Eu não sou assim.

–Na verdade, é, jovem príncipe. Nós, de fato, sabemos muito sobre você. Mais do que possa imaginar. -ela falou e, vagarosamento, foi entrando na parte da lanchonete que a luz fraca e verde não era capaz de alcançar. Em outras palavras, ela sumiu nas sombras. Sua voz voltou a falar com Rider, só que se propagava por trás das suas costas. -Sabemos de suas incríveis habilidades de liderança, sobre sua coragem, bem como suas habilidades em ser um péssimo perdedor.

–Do que vocês estão falando? -ele deu meia volta para vê-la. Mas ela havia sumido.

–Ah, vai dizer que você não sabe? -mais uma das quatro vozes, também escondida, sussurrou na costas de seus ouvidos -Que falta de atenção, a nossa. Pensávamos que você sabia de tudo!

Devagar, Rider pôde sentir o calor voltar ao seu rosto, assim como o suor pingando da sua testa. Ele tentava enxergar mais longe do que aquela luz permitia, para detectar os rostos das suas inimigas. Mas isso era impossível. Elas se moviam muito rápido entre uma frase e outra, de modo que ele não conseguia nem dizer qual delas falava por vez. Quanto mais dizer onde cada uma estava! Elas começaram a dar suas risadas maléficas em meio à escuridão, e Rider foi obrigado a desembainhar novamente sua espada e golpeá-las.

–Ah, querido! Treine mais sua luta com espada! -outra das quatro vozes surgiu do seu lado esquerdo, gracejando-se do golpe mal-feito. -Você não é muito bom nisso, não é?

–Não perca a compostura, Rider! -ainda outra voz falou do seu lado direito. -Bela iria odiar ver você se metendo em uma briga conosco!

–NÃO MENCIONE O NOME DA TRAIDORA QUE ME ABANDONOU!!!!!!! -ele gritou para o nada. Estava se deixando irritar pelas figuras escondidas nas sombras.

–Oh, não! Entendemos errado! Parecia mais era que você tinha a abandonado! -fez graça uma voz que, então, resolveu andar enquanto falava, deixando o garoto ainda mais tonto do que já estava.

–Mas, claro, não sem motivos, não é? Afinal, ela era um atraso na sua vida! Você precisava dela fora do caminho para que pudesse ser o melhor, de novo.

Sentiu um toque repentino em seu ombro, o que o fez ficar em estado de alerta. Apertou as mãos na espada que segurava.

–E lá vai o Rider Price! Guiando todos para a morte, porque é orgulhoso demais para perceber que não é o número um!

Todas as vozes nas sombras voltaram a rir de suas próprias provocações.

–Parem! -Rider tampou os ouvidos com as mãos, acreditando que adiantaria de alguma coisa.

–Ah, mas não se preocupe! Ela está bem melhor sem você, mesmo. Arranjou novos amigos, uma nova vida e uma cama!

Bem na frente do garoto, surgiu uma bola de cristal. Mas não pequena, como a que Lisa quebrara. Ah, não. Essa do tamanho da cabeça de um animal grande, como o Mike. Dentro dela, fumaça se movimentava que nem um tornado, para depois, se dissipar e revelar uma imagem que surpreendeu Rider: era a sua irmã, Lisa Price.

Na imagem mostrada pela bola, a garota dormia tranquilamente, com seus cabelos castanhos soltos e espalhados pelo travesseiro branco e de penas onde apoiava a cabeça. Estava deitada em um colchão que, por sua expressão, parecia bastante confortável, coberta até o pescoço com um lençol vermelho estampado de corações. Seus óculo descansavam na mesinha de cabeceira de madeira à sua direita, em cima do seu diário velho.

Ela tinha um sorriso no rosto.

–O que eu vejo, Úrsula? Será raiva? -disse uma das sombras.

–Não sei, Milady! -respondeu outra. -Meu palpite é inveja! Porque ele precisa lutar para provar o seu valor, enquanto ela? Ela já nasceu com o dom!

–Por que vocês não me matam, logo? Hein? Não é assim, tão fácil?

Ele não devia ter dito aquilo.

As vozes que antes, o caçoavam, se calaram imediatamente, provocando o total silêncio que invadiu a sala. Tudo ficou calmo, de novo, e Rider foi deixado sozinho no meio do círculo de luz verde que a bolinha propiciava. Ele segurou a espada prateada em posição de ataque, mas não via nem ouvia ninguém que pudesse atacá-lo.

De repente, voou, cortando o ar por onde passava, uma única e simples flecha, vindo bem na direção dele, em alta velocidade. Mas antes mesmo que ela pudesse fazer qualquer estrago no garoto, este, com um rápido reflexo,segurou-a no ar pelo cabo de madeira.

Assim que sua mão direita tocou a superfície da flecha, ele largou no chão tanto ela quanto a espada, fazendo um ruído alto de queda. Ele levou uma das mãos ao peito que, do nada, fora atingido por uma dor que nem ele conseguia explicar.

Caiu sentado no chão, suas pernas pareciam feitas de gelatina. Respirando pesadamente, com a mão ainda no peito, se arrastou pelo chão usando apenas a outra mão, até encostar seu corpo na parede da lanchonete. Ele gemeu de dor e olhou para as duas mãos. Seus olhos se arregalaram ao perceber que elas estavam vermelhas.

Tocou a camisa, na região onde doía. Ela estava empapada de sangue vermelho e real.

Com a respiração rápida e descompassada de medo, Rider tirou a camisa e olhou para o peito. Ele tinha uma ferida gigante ali, como se alguém o tivesse esfaqueado várias vezes no coração. Ela jorrava sangue muito vermelho, que descia por seu tórax e sujava tudo por onde passava. Sem falat que crescia mais a cada segundo que olhava para ela.

Ela se se abrira assim, do nada. Com o simples toque naquela flecha. Não sabia como explicar, mas sentiu uma espécie de dejá-vu ao ver seu peito sangrando até a morte.

Rider estava apavorado. Tinha certeza de que aquele era seu fim. Olhou para cima, e deu de cara com as quatros vilãs que o cercavam: Malévola, a Rainha Má, Lady Tremaine e Úrsula.

–É bom que esteja pronto, mesmo, quando atacarmos. Pois nós iremos com tudo. De dentro para fora.

E então, do nada, elas sumiram. A sala ficou vazia, apenas com Rider lá, sentado. Como se elas nunca tivessem existido.

Ele ouviu o rangido de uma porta sendo aberta.

–Rids? -a cabeça loira de Alison apareceu em uma fresta na porta da frente, à sua esquerda. -Por que você está sem camisa?

Rider olhou de volta para o seu peitoral. A ferida, a flecha, o sangue... tudo havia sumido junto com as quatro mulheres. De novo, como se não tivesse acontecido. Arqueou as sobrancelhas, sem entender nada.

–Eu não sei. Eu... acho que tive uma alucinação. -deu um palpite.

–Tá, tanto faz. Vem, precisamos de você. -a garota puxou-o pelo braço para que se levantasse. Ela até que tinha uma boa forcinha. -É urgente!

–O que aconteceu?

Ele saiu pela porta da frente, vestindo de volta sua camisa vermelha, ainda meio atordoado, e deu de cara com Heather:

–É o Bruce! Ele sumiu!

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Bruce não conseguia mais suportar a dor.

Ele nunca foi do tipo que é derrubado por uma simples dor de cabeça (talvez só um pouco irritado por ela, mas enfim). Isso era algo com que já estava acostumado. Mas a questão é que aquela não era uma simples dor de cabeça. Era uma tortura desgraçada que estava deixando ele louco!!!!!!!!!

Seu primeiro instinto, então, foi se afastar ao máximo de qualquer pessoa que pudesse piorar ainda mais seu estado e ir procurar a droga da farmácia sozinho. Até porque não queria ninguém falando no pé do seu ouvido "o quão péssima sua cara estava" ou "como ele precisava de ajuda", entre outras típicas observações de quem, na verdade, não dá a mínima.

Vulnerabilidade não era bem seu forte.

O que importava era que ele estaria de volta antes que qualquer um dos outros percebesse sua ausência.

Ele enfiou as mãos nos bolsos enquanto virava a esquina, em uma rua tão larga e reluzente quanto a que tinha estado antes. Não teve tempo nem saco de reparar no aspecto visual dela, apenas que era abastada e rodeada por prédios enormes e cheios de vidraças. Justamente a parte da cidade que ele não conhecia muito bem, mas ainda assim... não podia ser tão complicado garimpar um lugar que vendesse aspirina.

Aspirina que, claro, teria que ser roubada, já que o garoto não tinha um centavo.

Seus passos pesavam e o vento parecia mais frio do que, de fato, deveria estar.

Levou uma das mãos à testa para aliviar a dor excruciante que explodia de lá.

Não era a primeira vez que uma coisa assim acontecia. Sua enxaqueca começou, na verdade, bem mais cedo do que gostaria. A primeira vez real, pelo que se lembrava, tinha sido há uns três ou quatro anos, mais ou menos. Era uma noite chuvosa de segunda-feira, e ele estava arrumando seus pertences em uma mala grande e poeirenta, quando levantou a cabeça para olhar se o tempo já estava abrindo. No minuto em que seus olhos avistaram a lua surgindo por entre as nuvens, BUM!!! Surge a primeira pontada master de dor se espalhando por sua testa como um choque!

Desde então, tem dores fortes de cabeça praticamente todo

dia. No geral, acontecem a partir de umas 19:00, e ele supôs que a causa fosse estresse excessivo. No entanto, nunca foram tão fortes como a que ele sentia agora.

Aquela fora uma segunda muito importante. Marcante, até. Ele lembrava de cada mísero detalhe. Franziu a testa só de pensar.

A noite chuvosa tinha sucedido a pior tarde da sua vida: a tarde que tivera que passar no velório, ao lados de padres, pessoas de luto e dos dois caixões que, até hoje, abrigam os restos do que foram o Sr. E a Sra. Landon.

Ele evitava falar ao máximo sobre o assunto. Como já dito, vunerabilidade certamente não era seu forte. Além do mais, duvidava que alguém quisesse saber sobre detalhes cabeludos do seu passado.

Mais tarde, naquela mesma segunda, o trabalho não cessara. Era chegada a hora de ir para casa, fazer as malas, empacotar as coisas e, em uma hora, buzinou o carro esporte que cruzaria o estado da Flórida e o levaria para sua nova casa, em Miami. O veículo era pilotado pelo seu tio Heck, seu novo guardião.

–Cara, você está bem? -o tirou de seus pensamentos um garoto de cabelos negros que passava pela calçada. O tal o olhava com uma cara de preocupação.

Bruce usou rapidamente a vitrine de uma loja de perfumes ao lado como espelho. E eis o que ele viu: olheiras fundas, rosto vermelho (mais que o normal), olhar cansado, suor pingando das têmporas. O cabelo castanho, cortado bem curto, estava sujo e ligeiramente úmido.

Mais uma pontada de dor provocou-lhe uma careta retorcida e quase o fez cair de joelhos.

–Aaai por que você quer saber, mesmo? Se manda, idiota, e me deixa em paz!!!!!! -gritou instantaneamente, com aquela voz rosnada que nunca conseguira fazer e, francamente, o assustava um pouco.

–Qual é o seu problema? -o desconhecido respondeu, indignado, enquanto saía dali.

Com raiva, Bruce colocou as mãos de volta no bolso e seguiu caminho. Andava tropeçando, cada vez que a dor lhe atingia, sua visão estava embaçada e uma repentina sensação gelada começava a subir por sua espinha.

Ele não precisava de ajuda.

Já se passava um tempo razoável de caminhada, e várias ruas haviam sido perseguidas do início ao fim pelo garoto. E nada de encontrar farmácia. Ele estava começando a pensar seriamente se sabia para onde estava indo. Porque, até então, tinha sérias suspeitas de estar perdido.

Não! Claro que ele não estava perdido! Ele não era nenhum idiota!

Passava por uma banca de revistas qualquer, com a cara emburrada e retorcida, quando uma vozinha sussurrou em seu ouvido, como uma rajada de vento:

"Bruce!"

"Bruce!"

Ele parou. Confuso, olhou para a vendedora da banca.

Ela o olhou de volta, com cara de quem o estava estranhando.

"Bruce!"

Os lábios dela não se mexiam. Nem os dos compradores, nem os dos turistas. A voz falava por conta própria.

O impulso foi súbito. Ele apertou as mãos contra as orelhas e saiu correndo dali. E ainda deixou uma vendedora de revistas bem confusa.

Ah, foda-se!

"Bruce!"

"Bruce!"

Ele parou diante de um poste, no meio da calçada, e se encostou ali. A voz continuava: "Bruce!"

E aquilo nem era assustador. O assustador, mesmo, era que a rua permanecia a mesma. As pessoas que passeavam nela permaneciam as mesmas. Nenhuma parecia estar ouvindo vozes, como ele.

"Bruce!"

Bruce sabia exatamente a quem pertencia aquela, em particular, que sussurrava seu nome. Era a Fada Azul. Ele reconheceria de longe, aquele timbre gentil e delicado.

A pergunta é: por que diabos a Fada Azul estava falando dentro da sua cabeça?

"Bruce!"

Respirou fundo. Aquilo não estava acontecendo.

Se tinha uma coisa lembrava com nitidez, era a figura brilhante da fada, ao sol do meio-dia, no porto, um dia atrás. Naquela hora em que ela começara a conversar com Rider sobre a missão. Então, apesar de ela estar falando, de fato, com o outro garoto, teve a impressão de que ela olhara fixamente para ele o tempo inteiro. Como se, na verdade, estivesse se referindo a ele. Especialmente quando dissera aquela frase... aquela bendita frase...

Seus olhos castanhos alcançaram os azuis dela, e aí, tudo virara de cabeça para baixo.

Ela abriu sua boca vermelha e pronunciou: Um lobo não pode mudar sua própria natureza.

E Bruce não se sentiu o mesmo, desde então. Tinha uma estranha certeza de que aquela frase era mais do que aparentava significar. E ela tinha falado para ele, olhando bem fundo em seus olhos.

Voltando à realidade. A voz ainda o atormentava.

"Bruce!"

"Bruce!"

Todas as pessoas idiotas na calçada já o olhavam como se ele fosse um esquizofrênico. Mas ele estava pouco se lixando. Ele só queria pensar em paz, sem a Fada Azul na cabeça.

Ele se esfregava nervosamente no poste, com o corpo pesado, revezando entre dor de cabeça, calafrios e a voz falando:

"Bruce!"

Estava insuportável.

Queria sair dali. Queria andar. Seus pés, entretando, discordavam dessa ideia, e recusavam-se a sair do chão.

"Bruce!"

Precisava de algo para pensar, para se distrair, mas o quê?

Ele se lembrou do tio, seu guardião legal. Na teoria. Em uma hora como essa, ele teria no estoque seu melhor conselho de parente preocupado. Isto é, diria que Bruce era um fresco e que deveria pagar quinhentas flexões pelo tumulto.

Esse era o tio Heck.

Após o acidente de carro dos seus pais, quando tinha seus doze anos de idade, os três anos que passara na casa dele não foram lá muito interessantes. Tio Heck, em si, não era. Com seus cabelos grisalhos cortados rente, bengala de madeira e uniforme cor-de-cáqui infestado de títulos e medalhas, era o mais musculoso e bem-sucedido ex-general que já se viu. Forçado a se aposentar por causa de um pequeno acidente de trabalho (e, com isso, ele quer dizer perdeu a perna em uma batalha no Iraque), ele não era uma pessoa muito satisfeita com o mundo. E, já que não podia ser o general do exército, se empenhou em ser o general da única coisa que possuia: a vida de Bruce.

Na primeira semana, ele fora obrigado a raspar o cabelo. No primeiro mês, não sabia mais o que era um salgadinho. Em um ano, estava recebendo um treinamento completo das forças armadas.

Era ordens para lá, ordens para cá, um grito ali, proibição, acolá. Disciplina era um dogma sagrado. Mas Bruce não era disciplinado. Ele era bem mais como um animal selvagem: precisava de liberdade. Uma coisa que tio Heck nunca pôde entender.

A casa onde moravam era grande, e havia, sim, um cômodo ou outro onde o garoto podia se refugiar e fazer o que queria fazer: nada. Esses eram sempre os melhores momentos. Ele, sozinho, sem nenhum idiota para lhe dizer o que fazer, o que vestir ou o que comer. Mas era uma questão de tempo até ser sugado de volta ao mundo idiota da estampa camuflada e disciplina.

Até porque um homem perneta gera uma infinidade de limitações. O que gera uma infinidade de tarefas para quem quer que cuide dele.

Se é que dá para entender.

Sendo a pessoa baixinha, gorda e nada atlética que era, Bruce não se qualificava como menino prodígio, aos olhos do tio. O que é totalmente compreensível, visto que ele não é menino prodígio para pessoa alguma no mundo. Quem diria para um militar altamente treinado! Esse merecia destaque pela sua ótima capacidade de comunicar esse fato.

Já tinha perdido a conta do número de vezes que ouvira variações da frase "você não vale nada" ou "você nunca será alguém na vida". E a sua favorita, que era "tire essa sua bunda gorda do sofá e vá fazer minha sopa, seu moleque imprestável!"

Tinha que admitir que sua lista de insultos cresceu bastante, quando se conheceram.

Pensando bem, até que a Fada Azul tinha razão. Aquela frase significava algo. Talvez o lobo fosse uma metáfora para ele. Ele nunca mudaria sua natureza. Seria um imprestável por toda a sua mísera vida.

Mas, claro, ele era uma criança idiota na época, que se recusava a acreditar em tal afirmação. E, por isso, após três anos aguentando o velho, Bruce chegou ao seu limite. Esperou o dia mais conveniente e, ao nascer do sol, bem na hora do tio Heck tomar seu banho gelado matinal (uma possível tática para conseguir acordar tão cedo, ou seja lá o que for), jogou uma escada de corda pela janela de seu quarto, desceu e, apenas com as roupas do corpo, saiu correndo pela rua.

Óbvio que não conseguiu manter o pique da caminhada por muito tempo, e consequentemente, usou o dinheiro que tinha para pagar um táxi. Pediu para levá-lo para o mais longe possível dali.

Parou no primeiro lugar em que conseguiu pensar: um lugar agradável, que lhe trouxesse boas memórias. E esse foi um que já havia visitado uma vez, em uma viagem que fizera à casa do tio, com sua família. Já que era seu primeiro sopro de liberdade, era para lá que ele queria ir.

Esse lugar era o passeio dos barcos, em Bayside.

Ele não poderia prever que, mais tarde, levaria chá gelado na camisa, e teria início toda essa confusão de fadas e ogros.

No fundo, ele sabia que fizera a coisa errada. Seria melhor para todos se ele tivesse ficado em casa, levando ordens do seu tio Heck para lustrar suas botas ou pagar cem flexões (que não pagaria, vale salientar). Pelo menos, ele não estaria perdido com um bando de adolescentes idiotas, sem comida, dinheiro ou chance de sobrevivência, praticamente morrendo, encostado no poste, e tendo que roubar aspirina. E, para ser sincero, ele até que sentia falta do velho general, depois de passar um dia separado dele. Porém, ao mesmo tempo, era cabeça dura demais para engolir seu orgulho e voltar.

Enquanto pensava sobre o assunto, Bruce notou uma coisa engraçada. Sua dor de cabeça havia sumido completamente!

E não só ela! As vozes e os calafrios resolveram deixá-lo em paz de uma vez por todas!

Ele virou a cabeça para um lado, para outro. Para baixo, para cima. Só para ter certeza. E nada. Com algum esforço, podia dizer que se sentia até... bem.

Sua visão clareou, e ele pôde enxergar toda a rua empresarial onde se encontrava. Pessoas riam, passeavam com seus cachorros, sentavam em banquinhos, na calçada. Carros passavam à toda velocidade nas ruas e, acima de tudo, havia um lindo céu estrelado

Bruce bufou, aliviado.

Esticou os braços, o pescoço e as pernas. Decidiu que iria voltar para onde estava Heather e os outros. Não havia mais necessidade em estar ali, e, além do mais, nunca foi fã de andar. No momento, lhe bastava uma boa noite de sono. Acordaria estressado no dia seguinte, se não dormisse direito.

Isso, se descobrisse qual caminho seguir. Acabara andando tanto que não sabia de onde viera.

Foi então que ele constatou a verdade: estava perdido.

Apenas ele, para conseguir essa proeza!!!! Imagina, se perder em uma cidade que você conhece há três anos!!! Não admitia que logo ele pudesse ser tão otário a esse ponto!! Agora, não poderia mais voltar!!

Preocupado, ele foi dar um passo para a esquerda. Tinha a impressão de que era para lá que devia seguir caminho. Erro dele. Foi apenas o seu pé tocar no chão, nem que minimamente. Aconteceu.

As pontadas de dor que teve, até então, pareciam quase insignificantes, perto da que teve ao colocar seu pé no chão e se desencostar do poste de luz. Era como se alguém tivesse posto uma bomba-relógio no seu cérebro, que apenas naquele momento, viera a explodir, devorando tudo com ela. O garoto não resistiu à dor e caiu de joelhos no chão, soltando um grito de horrorizar qualquer um por perto.

E horrorizou. Todas as pessoas que passavam pela rua no exato instante pararam o que quer que estivessem fazendo e correram para socorrê-lo, enquanto ele, deitado na calçada, urrava de dor.

Um pequeno grupo de homems e mulheres aleatórios se juntou ao redor de Bruce, todos com cara de preocupados e confusos, simultanemente. Alguns usando roupas formais, outros de bermudas e camiseta. Um ou outro portando uma criancinha, ao lado ou no colo. Mas todos ali olhando fixamente para o garoto.

Uma mulher pegou seu celular e começou a discar um número que, pensou Bruce, deveria ser a ambulância.

–Não, não, não toquem em mim! -ele gemeu, afastando as mãos que tentavam ajudá-lo. Tentou se arrastar para conseguir sair do amontoado de gente. Ele odiava amontoados de gente. Pelo jeito, ninguém conseguia entender isso, e não queriam deixá-lo ir.

–Mas, senhor... -uma garota mais nova o puxou pelo braço, impedindo-o de se movimentar.

–NÃO TOQUEM EM MIM!!!!!!!!!!!!!! -sua voz saiu novamente com aquele tom meio rosnado e rouco, o que assustou a garota pra valer. Ele soltou sua mão, se levantou com dificuldade e correu para longe daquele lugar.

Pouco tempo depois, achou um beco escuro, onde ninguém iria perturbá-lo, e lá se escondeu. Sentou-se no chão, abraçando as pernas e ficou quieto, curtindo a sensação que só a dor extrema podia lhe oferecer. Não tinha mais condições de sair dali sem ter outro ataque em público, e seu celular havia se quebrado em anteriores eventos aquáticos, vetando a possibilidade de comunicação com Heather, Alison ou Rider. Ou seja: não podia sair para achá-los, nem eles podiam achá-lo. Teria que ficar ali até sentir-se melhor.

Mais um calafrio subiu pelas suas pernas até atingir sua barriga, o que o fez fechar os olhos com força e atirar sua cabeça para trás.

Numa hora como aquela, ele precisava de gente para xingar.

–Tio Heck idiota! Heather idiota! Fada Azul idiota! -ele foi descarregando sua raiva enquanto gritava para o nada. Não melhorava os calafrios ou a dor, embora se sentisse estranhamente bem ao fazê-lo. Era como se tirasse um peso das costas. Ao perceber o que estava fazendo, ele deixou escapar um suspiro. -Bruce idiota.

Sim, ele era um idiota. Era idiota por fugir de casa. Era idiota por achar que daria para sair por aí sozinho, que ficaria tudo bem, no final. Era idiota por acreditar que podia ser alguma coisa além de um gordo reclamão e imprestável, que só servia mesmo para desligar o forno quando seu tio o esquecia.

E lá estava ele, sozinho e perdido no meio do nada, por culpa da sua estupidez.

"Bruce!"

"Bruce, você não pode mudar sua natureza!"

–POR QUE VOCÊ NÃO SAI DA MINHA CABEÇA E VAI ARRUMAR O QUE FAZER???!!!!!!!!!!!! -ele bateu a cabeça repetidamente na parede, esperando que a fada fosse embora.

E, de repente, PUF! A voz da Fada Azul parou de falar. Porém, a agonia continuou.

Bruce, gemendo, olhou para o céu, que fazia uma luz especial em cima do coitado. A lua era minguante.

Ouviu outra voz em sua mente. Dessa vez, não a Fada Azul. Essa era uma voz mais madura, e mais bondosa que a primeira. Ela podia ter dito qualquer coisa para Bruce, mas se limitou em dizer:

"Use com sabedoria."

Ele não resistiu e foi largado lá, no beco, se contorcendo no chão e agonizando com a dor.

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–Onde aquele garoto pensa que se meteu? -Heather perguntou, visivelmente aflita, bem antes de tropeçar em uma pedrinha na calçada. Felizmente, Rider a segurou a tempo de não cair de cara no chão.

–Relaxe, Heths. Estamos quase chegando. Não é, Mike? -Alison e o tigre asseguraram.

Para falar a verdade, Rider estava cansado de dar voltas e mais voltas por aí. Eles já deviam ter cruzado Miami inteira atrás do garoto. E o sono que sentiam não ajudava em nada.

Mentira. Rider tinha perdido o sono momentos antes, naquela conversa, dentro da lanchonete. Ele não tinha explicado para nenhuma das duas companheiras o que acontecera naquela noite, em parte porque nem ele sabia o que realmente acontecera, e o que era ilusão. Ainda não entendia como o simples toque daquela flecha abrira um buraco tão fundo em seu peito. Que depois sumira, vale salientar.

Ele engoliu em seco, ao pensar nisso.

Ninguém poderia saber daquilo.

Alison andava na frente deles, conduzindo Mike pelas ruas enquanto este farejava o chão com vontade, atrás de qualquer rastro deixado por Bruce. Ela havia deixado claro que o olfato do tigre era bem mais potente do que o de todos os cães de caça fajutos do país. Juntos.

Rider duvidava disso. Fazia quase duas horas que ele rastreava a criança e o resultado não estava sendo exatamente animador.

–Ainda bem. -Heather, que andava ao seu lado esquerdo, comentou, desviando seu olhar para baixo. -Ele é tipo, meu único amigo em toda a América. Literalmente.

–Obrigada pela desconsideração, Heather! -Alison a lançou um olhar sarcástico de seus olhos azul-safira. Ela ia virar o rosto de volta para frente, mas parou para encarar Rider com uma típica cara de desdém.

Havia algum tempinho que ela estava o tratando desse jeito, como se estivesse com raiva de alguma coisa. Vez ou outra, ele podia vê-la cruzando os braços e revirando os olhos para ele, com aquela sobrancelha loira exageradamente levantada. Rider só não sabia o por que disso.

Ele passou a mão pelo cabelo e apertou o passo, deixando Heather um pouquinho para trás. Afinal, quanto mais rápido acabassem aquilo, mais rápido poderia voltar a se concentrar em outras coisas. Por exemplo, em um modo de achar novos renascidos. Porém, ao olhar de volta para a garota, a fim de motivá-la a andar mais rápido, assim como ele, viu uma cena que amoleceu seu coração.

Ela abraçava seus próprios braços, como para se proteger de um frio que não existia. Ou talvez, existisse apenas para ela. Cabisbaixa, tinha os olhos marejados e vermelhos. Ele tinha certeza de que vira uma lágrima descer pela sua bochecha branca, queimada de sol.

–Ei, está tudo bem! Nós vamos encontrá-lo, tá? -ele voltou para onde estava, dando um sorriso simpático, numa tentativa de consolo.

–Tá. -ela disse, enxugando as lágrimas dos olhos, provavelmente para disfarçar que estava chorando. O que funcionava bem mais um comprovante do que um disfarçe. -Eu só... não quero passar por mais uma decepção.

–E não vai! -falou Rider, com uma segurança que não deveria ter.

Ele sabia do que Heather falava quando tocava no assunto da decepção. Ainda estava abalada com todo o lance dos pais e trolls. Isso não era algo que se esquece da noite para o dia.

Mas ela precisava se sentir melhor. Ele queria que ela se sentisse melhor.

–Eu estava pensando... você bem que podia me mostrar aquele golpe. -Rider sugeriu, passando amigavelmente o braço pelo ombro dela. Era estranho, pois ela era mais alta que ele. -Lembra? Aquela rasteira que você usou para salvar minha vida, quando aqueles trolls atacaram. Sabe, foi bem legal. Eu nunca consegui dar um golpe bom assim. E olha que eu faço caratê há séculos! Além do mais...

–Rider, já pode parar. -cortou Heather, tirando o ombro de perto dele.

–Parar com o quê?

–Parar de ser tão legal comigo! -ela colocou para trás da orelha uma mecha de seu cabelo preto, caída do seu coque improvisado com palitos de sushi. A camiseta de tie-dye era folgada, e escondia uma boa parte da calça jeans que usava. -Eu não mereço, tá legal?

–Por que não?

–Porque eu sou ridícula! Sou estranha, sou desastrada. Eu dou discursos hippies sobre totens, com um sotaque australiano que deve ser muito irritante. Estou praticamente sozinha no mundo, e não dou valor às poucas coisas que tenho. -a garota suspirou. Deu um sorriso falso, de lado, e ficou mexendo impulsivamente em seu colar. -Logo antes da minha família desaparecer, nós estávamos em uma loja, juntos. Eu estava sentada ao lado da minha irmãzinha, em um sofá. E eu escolhi deixá-los. Pelo Bruce. Sabe o que isso quer dizer? Que eu podia ter impedido!

–E agora, você está com medo que a mesma coisa aconteça a Bruce. Aí, tudo teria sido em vão.

–Exatamente.

–Sabe, você não devia se culpar por isso. -Rider se espreguiçou e bocejou. Pelo jeito, o sono estava começando a atacar novamente o garoto. Heather o observava, ainda com o sorriso triste infestando a cara. -Merece meu respeito, e muito mais! Você salvou minha vida, lembra? Eu estou te devendo até morrer.

Nessa hora, ela parou, com os olhos arregalados. Seu olhar para Rider transmitia a mesma confusão que o próprio estava sentindo, ao recebê-lo. O garoto resistiu ao impulso de perguntar o que ele tinha dito de errado.

–Você ainda acredita nisso? -ela disse, incrédula. Esperava que alguma coisa saísse da boca de Rider. Se possível, uma resposta. mas isso não aconteceu. Ela revirou os olhos. -Eu menti! Não sei lutar caratê. Aquela rasteira foi só um escorregão. Eu só estava no lugar certo, na hora certa.

Rider deu de ombros.

–Bom, você me salvou do mesmo jeito. Sendo por técnica, ou por acidente. -Heather riu desse comentário. -E, só para deixar registrado, eu acho seu sotaque bem legal.

–Obrigada.

Rider olhou para a lua minguante, alta no céu da madrugada quente. Já eram o quê? Três da manhã? Ele não sabia dizer, ao certo. Miami era uma cidade agitada, à noite. Portanto, não fazia diferença o quão tarde estivesse. Não dava para usar a quantidade de pessoas na rua como parâmetro.

Ele só desejava que Bruce não tivesse ido muito mais longe que aquilo. Não que fossem notar alguma mudança, com o maravilhoso faro que Mike tinha.

Um suspiro comprovou sua exaustão, além de atrair a atenção de Heather. Ele não sabia direito o porquê, mas a visão de seu rosto fez brotar uma ideia na cabeça dele.

–... Já que, como você disse, você não sabe lutar, talvez eu possa te ensinar alguns golpes. O que acha?

–Eu ficaria honrada. -respondeu ela, e logo depois fez um sinal com a mão de "toca aqui". Eles dois juntaram os punhos, cada um rindo mais que o outro, e separaram. -Só tome cuidado para eu não te dar uma surra, depois.

Rider revirou os olhos, relaxado. Mal sabia ele que estava abaixando a guarda, e não foi mais rápido que a garota. Ela, com uma expressão brincalhona, deu uma cotovelada forte em seu abdômem e saiu correndo para longe, rindo.

–Ei!

Um sorriso surgiu em seu rosto. Rapidamente, ele saiu cortando os ventos e pôs-se a correr em alta velocidade atrás dela.

Heather estava perdida. Ao passo que os pés dela eram desajeitados e moviam-se tropeçando nos cadarços do all-star, os de Rider corriam com leveza e agilidade. Alcançá-la, portanto, se tornava mais fácil que comer um pedaço de bolo de chocolate. Até porque seu estômago roncava de fome. A única coisa imprevisível ali foi o freio repentino que ela deu.

Estando bem atrás da garota, ele tentou frear imediatamente. Seu tênis deslizou pelo asfalto quente, o que o levou a, por pouco, não cair por cima de um monte de gente ao mesmo tempo. Felizmente, conseguiu parar totalmente antes de provocar uma catástrofe.

–Podem parar de brincar? -Alison saiu da frente de Heather e se postou ao lado dos dois. Seus braços estavam cruzados e ela olhava, furiosa, diretamente para Rider. Após alguns instantes de silêncio, ela desfez a carranca e apontou para seu tigre. -Mike achou alguma coisa!!!

Mike, que antes, farejava sem parar, travou. Cada pequeno músculo coberto de pelo branco que possuia retesou-se e contraiu-se, deixando-o em posição de alerta diante da pequena entrada de um prédio comercial. Sua boca se abriu apenas para jogar ao ar um rosnado contínuo.

Se o animal estava rosnando para o cheiro do lugar, não podiam estar seguindo o caminho errado.

O prédio o qual indicava era um que se localizava na esquina de duas ruas grandes e largas da região de Downtown. Era estupidamente alto e espelhado com a transparência de várias janelas, todas essas cessando no toldo que se entendia na frente da entrada. Esse toldo se encontrava arranhado e partido aos pedaços, enquanto as portas de vidro mostravam um rombo enorme, como se alguém muito apressado tivesse preguiça de abri-las, e tivesse se jogado contra elas. Alguém bem grande.

–Uau. Isso é o que eu chamo de estrago. -Heather observou.

–Então, líder? Entramos ou não? -perguntou Alison, sua sobrancelha loira arqueada para cima do garoto, num gesto, de novo, de profunda irritação. Que, de novo, Rider não sabia o motivo.

Todos os olhares se concentraram em Rider, esperando por alguma decisão por parte dele. Até mesmo os de Mike, antes vidrados no prédio. Se espreguiçando mais uma vez, o garoto olhou para a grande porta de vidro arrombada, pensando no que fazer.

Então, ele inevitavelmente pensou no que as bruxas o haviam dito, mais cedo.

–Façam o que quiserem. -comunicou sua decisão, sem mais nem menos.

–Como é? -Alison perguntou bem devagar, cerrando os olhos e acentuando desnecessariamente sua confusão, com a testa franzida.

–É, você me ouviu. -Rider reafirmou. -Acho que vocês devem começar a tomar decisões, também. Seguir suas intuições.

–Tá legal... -Ali recuou, estranhando. Deu um tempinho, só para ter certeza de que não era tudo uma pegadinha. -Vamos entrar, então.

Se, por fora, a recepção estava um estrago, por dentro, estava totalmente devastada. Ao passar pelo buraco da porta (que, sim, era grande o suficiente para caber duas pessoas em pé), Rider contou uma coletânea de mesas derrubadas, cadeiras estofadas partidas ao meio, papeladas voando sem rumo, uma árvore de natal no chão, com todos os enfeites quebrados. O chão de granito estava sujo e arranhado, assim como as paredes reluzentes. Não havia pessoa alguma ali, para contar a história.

Foram entrando com calma, pé ante pé. Mike, na frente de todos, começou a rosnar novamente assim que pôs os pés (ou melhor, as patas) para dentro do local. Rider, por outro lado, se sentiu intimidado ao andar pelo corredor vazio e destruído. Seja lá o que tivesse feito tudo aquilo, não estava para brincadeira. Mas ele não ia dar uma de medroso. Engoliu em seco e se obrigou a ir mais para dentro.

Heather, ao contrário dos outros, desviou sua rota para o lado direito da sala, para uma bancada de recepção quebrada, em meio a muitas iguais. Nem Rider, nem Ali pareceram notá-la enquanto pisava em falso por entre estilhaços de vidro, lascas de madeira e pedaços de enfeites de natal. A garota foi até atrás de uma das bancadas, em silêncio, e, de lá, puxou um objeto caído e estirado no chão.

–Pessoal! -ela chamou, e o resto atendeu prontamente o chamado.

O objeto que ela vira era uma mulher. Uma secretária, para ser mais específico. Ela usava óculos grandes e quebrados, de armação fina. Era coberta por roupas apertadas, que não favoreciam seu corpo, e sapatos de salto quebrados. Um coque despenteado deixava montes de cabelo caídos sobre seu rosto. Um de seus olhos estava roxo e seu braço exibia um arranhão grande e fundo.

Ela fez esforço para falar. A voz saiu rouca:

–Era tão grande! Tão... Ah, meu Deus, está ali!!!!!!

Todos olharam imediatamente para a direção que a mulher apontava, e lá estava.

Ele vinha do fundo dos corredores. Chegou rápido como um jato, e parou com a mesma rapidez. Seu focinho era comprido; sua cauda, longa; suas orelhas, pontudas; seus olhos, pequenos e castanhos; e o mais importante: seus dentes eram enormes! O animal selvagem tinha a pelagem espessa e cinzenta, mais escura no dorso e que ia clareando até chegar no branco das patas. Seus músculos eram maiores até que os de Mike. E ele os olhava com uma expressão assustada.

Era um grande, um gigantesco lobo cinzento.

–Mike, pega!! -Alison ordenou, em falsete.

Tão pouco ela apontou seu dedo, o tigre deu um salto, junto com um rugido ensurdecedor. Ele teria esmagado o lobo sob suas patas fortes, ou pelo menos feito ele deslizar uns dez metros pelo chão escorregadio. Porém, antes mesmo dele ter a chance de tocá-lo, o lobo esquivou-se do ataque e correu o mais rápido que pôde para a saída. Mike saiu logo atrás.

A primeira a seguir os dois foi Alison, que saiu com seus cabelos dourados balançando ao vento, e virou a esquina com destreza, até sumir de vista pelas ruas. Rider, vendo-a se arriscar a ser ferida pelo animal, levantou-se logo depois, pegou o maior impulso que conseguiu e disparou zunindo para fora. A última, Heather, embora ficou com pena de deixar a mulher ali, deitada com aquele arranhão, avistou, ao longe, uma sirene vermelha a piscar. Sendo uma ambulância ou a polícia, ela não podia ser vista ali. Portanto, foi se juntar aos seus amigos.

Demorou um tempo, mas Rider conseguiu chegar até Ali e, com esforço, Heather alcançou eles. Os três corriam lado a lado pela calçada, seguindo Mike e que, por sua vez, perseguia o gigante lobo cinzento que saía perfurando a rua, derrubando tudo e todos que ousassem ficar em seu caminho. Isso incluia tanto postes e sinais, quanto pessoas. Ele estava causando muita bagunça, para não falar do alarde e do medo.

–Vocês acham que aquela coisa engoliu o Bruce? -Heather perguntou, bufando. Tinha pesar na voz.

–Não sei! -Rider fez o favor de responder, dessa vez. Ele não queria que a garota ficasse triste de novo, mas ele não podia esconder a verdade. -Mas não podemos negar que o cheiro dele nos levou até ela!!

–Heather, não escute esse idiota! ele vai ficar bem!!! Relaxa! -Alison confortou a garota. estava exatamente entre os dois: à direita de Heather e à esquerda de Rider. Após falar aquilo, ela virou a cabeça para o segundo. -Você pediu para eu seguir minha intuição, não é? Bom, minha intuição me diz uma coisa, e... bom, ele não foi comido.

–É o que, Alison? -ele geralmente não duvidaria do poder intuitivo da garota, mas para tudo tem uma primeira vez. E aquela era uma ótima hora para fazê-lo.

–É simples! -a loira exclamou, logo antes de aumentar a velocidade e passar na frente dos outros dois. -O que Os Três Porquinhos e Chapeuzinho Vermelho têm em comum?

Depois de dizer aquelas palavras, a garota disparou para o tigre, sendo seguida por Rider e Heather rapidamente. Avançaram por mais algumas quadras, mas, então, Alison deu a volta e entrou em um beco escuro que surgia entre dois prédios um pouco menores que os outros. Os outros dois entraram, junto.

No beco, o lobo se encontrava sem a menor possibilidade de fuga. Estava cercado por todo o esquadrão que se comprometera a persegui-lo, e não tinha chances de liberdade que não fossem conquistadas pela luta. Sendo assim, ele se atracou em uma briga com Mike, com direito a mordidas, chutes, arranhões, gritos e outras formas de agressão. Rider não se atreveu a ir se meter naquela batalha de gato e cachorro.

Tá, já chega de piadinhas.

Entre mais golpes agressivos e intimidadores, Mike aparentava estar levando a vantagem sobre o lobo. Rider presumiu que fosse por causa da grande corrida a que fora submetido, que acabaram por cansá-lo tal qual cansara ele próprio. Mas o fato era que o animal de pelagem cinzenta estava, aos poucos, perdendo a força e a velocidade que tinha no começo da noite. E isso era bom, na percepção do garoto.

Mike deu uma patada que foi bater bem na cara do lobo. Ao recebê-lo, ele deslizou pelo chão de terra batida e tombou de cara na parede de tijolos que se erguia atrás do beco. Devia ter doído bastante, pois ele não se mexeu depois daquilo. Mike se levantou, de frente para ele, e fez pose de vencedor.

As duas garotas, que assistiam a toda luta ao lado de Rider, correram na direção do animal abatido. Rider achava que elas iriam cortar sua barriga, ou coisa parecida. Tinha que admitir que não entendera nada do que Alison queria dizer com "o que Os Três Porquinhos e Chapeuzinho Vermelho têm em comum", mas, claramente, Heather sabia, porque fez exatamente tudo o que a loira fez ao chegar perto da criatura. E o que foi que elas fizeram.

Elas o puseram em pé de novo.

Rider estava pronto para perguntar o que elas pensavam que estavam fazendo mas, então, olhou para o céu. A lua minguante havia sumido, e não restavam mais estrelas no clarão do amanhecer. O primeiro raio de sol reluziu sobre aquele beco, bem em cima do lobo, e ele foi envolto em uma cortina de fumaça azul.

Quando a fumaça sumiu, revelou uma coisa pela qual Rider não esperava. Um garoto pequeno e baixinho, de cabelos castanhos escuros cortados em estilo militar, olhos castanhos e magicamente de volta às suas roupas. Ele estava todo ferido e arranhado, com cortes sangrando e ronchas espalhadas pelo corpo.

Estava tão fraco que quase perdeu o equilíbrio e caiu no chão. As duas garotas prontamente o seguraram, uma em cada braço.

–Então, Alison ganha uma espada e eu ganho isso?!! -Bruce murmurou, em voz baixa e extremamente ofegante. -Fada Madrinha filha da mãe.


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Notas finais do capítulo

Quem tem medo do lobo mau?
hahaha
A pergunta de hoje é dupla! Primeiro: Se você pudesse ser um lobisomem por apenas uma noite, o que você faria? Minha resposta no próximo cap
Segundo: Deixem nos comentários o que vocês fazem para driblar o bloqueio criativo! Seria de muita ajuda ;)
Terceiro: alguém sabe se hj é lua minguante? pq se for eu vou ficar mt feliz kkkk

Então, é isso! Beijo p vcs! Feliz Natal e obrigada por serem leitores fofos e pacientes cmg kkkk Próximo cap sai dia 27 ou 28 (se não sair, pode me cobrar por MP, pombo-correio ou pedrada que eu deixo), contando o que aconteceu com Lisa nesse dia aí ^^^^^^^ e tem PERSONAGEM NOVO!!!!!!!!!!!