Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 3
Príncipe bandido




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- Bem, eu não tenho tempo agora, mas depois eu venho dar um jeito nisso aqui. – colocou o dedo novamente, me fazendo soltar um “ai” baixinho e abrir os olhos.

Na verdade eu não abri os olhos, eu arregalei os olhos. Aquele homem era incrivelmente lindo.

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Cap 3

Mais parecia um sonho. Tentei fechar minha boca – que involuntariamente se abrira – para que ele não percebesse meu espanto. Ele era alto, forte. Seu cabelo preto com um corte repicado realçava os seus lindos olhos azuis. Não parecia um bandido, vestia-se com uma roupa de um jovem normal.


- Tá com fome? – me perguntou. Afirmei com a cabeça.


- Joel, traz o almoço dela! – Parece que esse Joel era o braço direito dele. E eu não queria nem mais olhar na cara daquele homem.


- Não! Ele não! – agarrei o braço de Cortez, que já ia se levantar para ir embora. Minha voz beirava o desespero.


- Que foi? Tá com medo do Joel? – ele riu – Eu já dei um “relo” nele. Não se preocupa.


Cortez saiu e Joel veio com o meu almoço. Passou o olho em mim e saiu com uma cara de nojo. Respirei aliviada. Abri a marmita que ele me trouxe e... o que era aquilo? Lavagem? Eu não sou exigente com comida, apesar de sempre ter tudo do bom e do melhor, mas... aquilo não se podia chamar de comida! Achei melhor ficar com fome a correr o risco de ter uma infecção intestinal.


Um relógio colocado na parede marcava 13h e 30min. Minha barriga começava a roncar. Outro homem entrou pra me falar que havia um banheiro no canto do quarto. Só assim pude me olhar no espelho. Eu estava horrível. Além da mancha roxa na testa, havia alguns cortes nos braços, devido aos estilhaços do vidro. O vidro!


Lembrei-me de Pedro. Será que ele está bem? Meu pai, minha mãe, meu irmão... Como reagiram ao saber do sequestro?


Aposto que já devem estar me procurando. Que não demorem!


Assustei-me ao acordar. Eu tinha conseguido dormir depois de tudo aquilo? O relógio marcava 15h. Tentei escutar alguma conversa lá fora, mas estava tudo em silêncio.


Será que eles tinham saído? Encostei meu ouvido na porta, coloquei a mão na maçaneta. Eu ia abrir a porta e correr, correr muito...


- Tá pensando em fugir, mocinha? – era Cortez. Ele abriu a porta na hora que eu ia girar a maçaneta. Minhas pernas bambas não permitiram que eu ficasse em pé. Ele riu enquanto eu tentava negar o que estava na cara.


- O que são esses cortes? – perguntou ele, enquanto passava pomada na minha testa roxa e dolorida.


- Estilhaço de vidro. – respondi baixinho.


Ele pegou um vidro de Merthiolate e colocou na bancada. Havia trazido consigo uma maleta com vários remédios.


- Você é médico? – perguntei.


- Quase. Terminei o 3º ano de medicina e tranquei a faculdade.


- Por quê?


- Para tê-la aqui. Para me vingar.


A última frase me assustou mais que a primeira. Para se vingar? Vingar de quê? De quem? Minha família nunca fez nada errado! Muito menos eu!


Meu momento de reflexão foi interrompido por um longo e alto ronco da minha barriga. Abaixei meu rosto, meio envergonhada.


- Você comeu? – respondi um “não” com a cabeça.


Cortez pegou a marmita a abriu-a.


- Argh... o que é isso?! Joel!!!


- Fala Cortez. – Joel veio correndo.


- Que tipo de ser vivo você pensa que essa garota é? Isso lá é comida?!


- Tu quer servir caviar pra menina, Cortez?!


- Não, Joel, não precisa servir caviar. Apenas dê algo que ela possa conseguir comer! Afinal de contas... – ele me olhou de lado – ela vale mais viva do que morta!


Aquilo foi como um tiro no coração. Eu sou uma idiota mesmo! Só eu pra pensar que Cortez era bonzinho, por ser um gato e ter me salvo de Joel.


Ele ajeitou os remédios na maleta e saiu. Disse alguma coisa pro Joel fora do quarto que eu não consegui ouvir. Uma hora depois, Joel voltou com sucos e sanduíches. Não era a melhor comida do mundo, mas minha fome fez-me devorar aquilo tudo como se fosse.


- No banheiro tem sabonete e toalha. Você toma banho que às 22h eu trago seu jantar. –disse Joel – Quer que eu te ajude?


Fiz uma careta e ele saiu dando risada. Eu estava achando aquilo tudo muito estranho...


Tudo bem, eu havia sido sequestrada e quase que aquele idiota abusa de mim. No mais, eu não estava apanhando e nem passando fome. Eu podia até tomar banho! Isso era um sequestro de verdade?


Eu realmente queria descobrir que vingança era aquela da qual Cortez falara. Da próxima vez que ele viesse, tinha de ter coragem pra perguntar.


Essa noite eu estava decidida a não dormir. Meu coração não parava de bater forte, e a cada batida eu esperava minha família entrar por aquela porta e me tirar desse pesadelo.


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