No momento em que viu Murasakibara a marcar o 4 ponto no jogo apenas um pensamento lhe veio à cabeça: Ele, Akashi Seijuuro, ia perder. Logo começaram alguns sussurros irritantes sobre como era a primeira vez que viam o capitão da time a perder e esse reação deixou o capitão em raiva junto com a sensação à muito esquecida que estava a sentir: a cabeça estava um vazio incompreensível, suor frio a escorrer-lhe pelo pescoço, um nó na garganta, o coração acelerado e descompassado, borboletas na barriga que lhe davam náuseas e os membros superiores e inferiores a tremerem tanto que lhe davam tonturas. Havia um palavra que denominava essa sensação que era..ah sim, medo.

Medo, uma palavra pouco usada e sensação raramente sentida por Akashi Seijuuro. Aliás, quando fora a última vez que realmente sentira medo? Teríamos que andar uns 8 anos para trás no tempo, e voltar à altura em que tinha apenas 6 anos e estava de novo encolhido debaixo de sua cama tremer de esse tal de medo, sozinho, naquele grande quarto da grande mansão da família Akashi. Estava uma noite intensa de trovoada, e nestas noites o ruivo submetia-se ao medo sendo reconfortado apenas pela mãe que, agora, havia falecido à alguns dias. Mas o mais aterrorizador naquela noite era a voz constante que falava com ele e que era igual à sua própria.

"Deixa-me ajudar-te Sei-chan, eu sei que estás assustado e magoado, eu posso acabar com tudo, deixa-me ajudar."

- Não! Vá embora! Deixe-me em paz! Por favor, vá embora! - era tudo o que conseguia dizer de tão assustado que estava.  Essa tinha sido a primeira vez que esteve tão assustado e só se lembrava das palavras do pai que diziam que "nenhum Akashi sentia medo" e que "eles eram os que impunham medo e não os que sentiam". Sentia-se fraco por estar assustado, por estar a mostrar fraquezas e por saber que se sentia medo não seria herdeiro dos Akashi, seria fraco e um fraco não pertence aos Akashi.

A trovoada continuou pela noita inteira e a "conversa" com a voz durou horas e horas deixando Akashi cada vez mais desesperado para aquilo parar. 

Então, decidiu fazer a única coisa que podia para não ser abandonado.

- Por favor....ajuda-me....

"Com prazer."

Naquela noite,  a alma de Akashi Seijuuro morreu.

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No momento do confronto contra Murasakibara não sentiu um medo exuberante como naquela noite mas forte o suficiente para o fazer sentir falta de quem sempre o ajudou e realmente importou com sua existência: sua mãe.

Desde que se lembra foi, ela sempre alguém que gostava mesmo dele, na maneira que sorria quando ele fazia algo de que ela gostava, na maneira como dizia que tudo ia ficar bem quando ele se magoava ou estava assustado. Os momentos em que sua mãe estava viva foram momentos em que ele era realmente feliz.

Mas tudo acabou poucas semana depois de fazer 6 anos. Um dia quando voltava com a mãe para a casa, de carro, um camião com o condutor embriagado apareceu do nada e embateu contra o carro deles. Foi tudo muito rápido para se lembrar claramente mas lembra-se do impacto repentino, do som de vidros a estilhaçarem-se, dos braços quentes da mãe a enrolarem-se à volta do seu corpo pequeno, do cheiro estranho e nauseante do sangue e da voz frágil da mãe a sussurrar-lhe ao ouvido "Não abras os olhos Sei-chan, está tudo bem mas não abras os olhos."

Mas a curiosidade levou a melhor dele e ao abrir os olhos só viu a cor vermelha pintando os cabelos louros e o corpo magro da mãe que mesmo a sofrer ainda sorria para ele tentando-o reconfortar; toda a visão fez lágrimas virem-lhe aos olhos e o resto aconteceu tudo num flash; num momento estava nos braços da mãe, no outro estava sendo arrancado do carro esborrachado e a ver a sua mãe ser levada numa grande "carrinha branca" a que chamavam de ambulância e quando deu por isso, estava a olhar diretamente nos olhos frios de um senhor idoso de bata branca que lhe dizia que a mãe tinha 'falecido'. Naquela altura não sabia o significado da palavra mas logo descobriu; nunca mais viria a mãe.

Desde que ela fora enterrada, o garoto de 6 anos visitava-a todos os dias para pôr uma flor na campa e ficar a olhar para o nome da mãe gravado na pedra durante o que parecia horas enquanto passava lentamente a mãe na superfície irregular do memorial como se estivesse cariciando a cara da mãe e segurava as lágrimas que sempre chegavam aos seus olhos vermelhos sentindo o constante aperto no coração e a dor que se espalhava e deixava-o a tremelicar.

- Se eu f-fosse mais forte....

" Eu posso deixar-te mais forte."

Akashi abriu os olhos espantado e reconheceu imediatamente a voz. A sua voz.

- O que é que tu queres agora...? - tentava ser o mais discreto possível para as outros pessoas não pensarem que estava ficando louco ao falar sozinho.

"Não acha que está sendo um pouco mau, Sei-chan? Afinal, já sentiste medo desde aquele dia?"

Mordeu o lábio pois sabia que a resposta era não. De cada vez que ficava assustado sentia um sentimento confortável e uma fonte de calor que parecia afastar os maus pensamentos, como se a mãe estivesse lá de novo a dizer que tudo ficaria bem.

"Vê? Você sabe que não. Eu posso ajudar você, torná-lo mais forte, apenas deixe o passado para trás e eu faço a dor desaparecer."

A dor de perder alguém era algo insuportável. Onde quer que ele fosse parecia que lhe mandavam facas diretas ao coração a dizer que nunca mais veria a mãe, que era tudo culpa sua e que nunca mais ninguém se importaria com ele. A falta que a mãe lhe fazia, às vezes pensava que a mãe era um pouco chata por estar-lhe sempre a dizer o que fazer e estar sempre preocupada com ele dando-lhe um pouco falta de liberdade mas agora a única coisa que queria era que alguém lhe dissesse para não fazer aquilo que alguém importasse, que alguém o respeitasse e admirasse, que alguém soubesse da sua existência. E depois havia a voz, que não sabia quem era, o que era e como havia aparecido, como falava com ele...mas na verdade estava contente por saber que ainda tinha alguém para falar mesmo que seja alguém que ele via como se fosse um fantasma.

" Se fores mais forte todos vão olhar para ti e saberes quem tu és, pudemos preencher esse vazio com um calor bem forte, o calor da vitória. É o melhor de todos sabia Sei-chan? Se ganhar tudo sua mãe ficaria orgulhosa e vai ver que a saudade, a culpa, tudo vai desaparecer. Então, o que acha, quer ficar mais forte?"

- ...........Eu...eu quero mas..... - mordeu o lábio com tanta força que quase sangrou - ......eu não sei.....

"Não se preocupe, confie em mim Sei-chan, você ficará mais forte, apenas confie em mim, tá?"

- .....Sim.... - olhava triste mas determinado.

Naquela tarde, o espírito de Akashi Seijuuro morreu.

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Um membro da família Akashi deve ser perfeito. Era tudo o que Akashi Seijuuro sabia, sempre soube, e precisava de saber pela mente do pai. Um Akashi tinha que ser excelente em ambos, notas académicas  e  desportos físicos, e o mínimo erro era castigado com os castigos mais severos.

Akashi Seijuuro sempre viveu num ambiente de grande pressão, sendo o herdeiro de uma grande família, era educado de maneira estrita e severa, sem tolerância aos falhanços. A sua vida era comandada pelo seu pai de maneira a que ele conseguisse viver uma vida normal que desse benefícios aos negócios dos Akashi. Se ele perdesse, em qualquer coisa que fosse, desde um concurso de soletrar a um torneio de basquete, a reputação dos Akashi poderia desabar e depois a raiva do seu pai ia toda para ele o que ia ser desastroso.

Então, quando se viu quase a perder contra o Murasakibara os seus pensamentos foram. "Eu vou perder...?! Será que tudo o que fiz até agora foi em vão? Será que ainda sou fraco? Será que vou ficar sozinho? Eu não posso ficar sozinho, ninguém me vai abandonar, eu sou Akashi Seijuuro! ....Ninguém me vai abandonar.....Eu não posso...eu não quero....se ficar outra vez sozinho eu vou-me perder e vou..."

"Então não percas Sei-chan"

"Você é....é você de novo..." - pela primeira vez ele viu quem falou consigo estes anos todos e não era nem mais nem menos do que....do que ele mesmo...mas parecia diferente..não era a mesma pessoa....tinha a aparência igual, sem uma única diferença sem ser o olho esquerdo que em vez de vermelho era dourado como o sol mas parecia ser tão diferente dele. Estavam os dois num local estranho, todo negro, e tão vazio que suas vozes ecoavam, sozinhos os dois e ele estava confuso por ver-se a si próprio à sua frente.

"Só de pensar...só de pensar que Akashi Seijuuro vai perder faz me rir....eu disse que não o faria sentir medo, não disse...eu disse que o tornaria mais forte, não disse.....eu disse que não o deixaria sozinho, não disse.... agarre minha mão e tudo vai ficar bem Sei-chan" Dizia enquanto lhe estendia a mão.

"M-mas, o que você vai fazer?! Não vê que eu não consigo?! Não vê que ainda não sou forte?! Eu vou perder....eu vou ser abandonado...eu vou..."

"Não, não vai! Você não vai perder porque eu vou o deixar mais forte e você não vai ser abandonado...Eu consigo fazer tudo desaparecer....simplesmente...troque comigo..."

"Trocar? Trocar como?"

"Troque de posições....eu fico no seu lugar e você no meu....confie, não vai doer nada Seijuuro, apenas confie e deixe-me salvá-lo...."

"Salvar....?"

"Você tá surdo? Sim, salvar! Agarre minha mão Seijuuro...confie em mim...."

Akashi olhou hesitante mas agarrou a mão. No momento, tudo começou a andar à roda, a sua visão começou a ficar embaciada e a cabeça começou a doer-lhe, sentia que ia desmaiar,mas antes de apagar conseguiu perguntar. "Q-quem é você?.."

" Eu sou Akashi Seijuuro" dizia a sorrir malicioso.

Só de pensar que eu....só de pensar que Akashi Seijuuro vai perder...?....Não pode ser....Tal coisa é impossível de acontecer....!....Eu não posso não ganhar.....Não interessa quem é o oponente, independentemente de qual seja a situação.....neste mundo ganhar é tudo....os vencedores estão corretos e os perdedores estão errados....e já que eu ganho sempre eu estou sempre correto!

Nesse dia, Akashi Seijuuro morreu.

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Kuroko Tetsuya olhava terrificado para mim com um olhar confuso e assustado. - Do que é que estás a falar Akashi-kun?...Não, quem....quem és tu?

Pus uma mão sobre o meu peito e sorri o maior sorriso que conseguia, agora que era eu a controlar este corpo e não o idiota e fraco do outro Akashi  - Eu sou obviamente Akashi Seijuuro, Tetsuya.

O verdadeiro Akashi Seijuuro.