O Mistério de Winter escrita por Marykelly


Capítulo 2
Um Estranho de Companhia


Notas iniciais do capítulo

Oii o/ Nesse capítulo as coisas vão começar a se enredar um pouquinho, personagem novos... :D Ah, no final postarei algumas fotos de como imaginei - maaaais ou menos - como seriam os personagens.

Ok, ok boa leitura.



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Já fazia algum tempo que sua mente trabalhava apenas em modo de segurança.

Ela não havia sido deixada para trás propositalmente. Pensou muitas hipóteses que poderiam ter acontecido. Uma evacuação imediata, talvez. Ela já viu acontecer antes, pela TV. Alertas súbitos de possíveis catástrofes, fossem naturais ou atômicas. As pessoas era rapidamente retiradas dessas áreas. Talvez forçaram sua família a irem embora sem ter ao menos a chance de busca-la.

Era um pouco fantasioso. Mas era no que se prendia agora.

A porta da frente estava completamente aberta, lhe dando uma visão jardim e da sua rua. Ela ficou um bom tempo refletindo enquanto analisava a paisagem limitada. Apesar de querer muito ficar em casa até que alguém a encontrasse e a levasse para um local seguro, Sam sabia que tinha que ir embora dali o mais rápido possível. Quem garantiria que alguém a encontraria?

A primeira coisa que faria, se quisesse andar até achar alguém, era conseguir tudo que a mantivesse viva, antes de ir.

Se pudesse escolher, não andaria pela casa. Não apenas porque não queria acabar cortando-se nos cacos de vidro que cobriam tudo. Sua casa estava totalmente aberta agora, alvo fácil para qualquer um que quisesse invadir. Se ainda houvesse alguém.

O porão era o único lugar confiável. Já passara noites e noites de tempestades ali, com sua mãe lhe dizendo palavras de carinho, tentando faze-la se acalmar de sua comprometedora fobia de trovões. Mas agora nenhum lugar a faria se sentir menos apavorada a ponto de conseguir adormecer.

Foi a noite mais longa de sua vida.

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Fechou todas as janelas com cobertores. Os pregando à parede pelas pontas. Quando voltassem não queria que estivesse tudo destruído pelo vento.

O que pensou em levar não funcionaria. Só conseguiu um ou dois objetos úteis. Entocou algumas mudas de roupas, alguns itens pessoais e todo suprimento que coube em sua bolsa - junto com uma faca - e então voltou, parando em frente ao quarto dos seus irmãos.

Será que eles estarão bem? Se estiverem assustados?

Estava quase alcançando a porta quando seus olhos bateram em um porta-retrato da sua família. A foto foi tirada há pouco tempo. Aquela não seria a última ocasião feliz que passaram juntos. Então, por eles, engoliu o seu medo e saiu.

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***

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Sam enxugou o suor da testa com o pulso da camisa. O sol forte ofuscava sua visão. Já havia entrado em mais casas do que podia contar. Todas elas possuíam trancas e alarmes ligados à centrais de inteligência da casa, mas sem energia, estavam totalmente escancaradas.

Como era de se esperar, em nenhuma das casas havia sinal de habitantes ou algo de muita serventia. As famílias que viviam naquela área eram habituadas a um estilo de vida confortável demais para se preocuparem com situações emergenciais.

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Pela posição do sol já deveria passar das 12hrs quando chegou a um centro de compras. Já era preocupante pensar em onde passaria a noite, mas também viu - tardiamente - que estava perigosamente suscetível a cair de exaustão a qualquer momento quando trombou numa porta de vidro que abriria sozinha em dias normais.

A maioria dos prédios eram longos e ornamentais, alguns com uma arquitetura pomposa. Os letreiros agora estavam todos apagados, sem vida alguma. Antes eram espetáculos aos olhos. Criavam vida e saltavam de um painel para o outro.

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Passara o dia inteiro andando. Estava se arrastando pela rua, revezando entre o olho esquerdo e o direto para mante-los fechados por algum tempo. Meneava se algum lugar próximo seria agradável para passar a noite quando ouviu um ruído. Ela parou de repente. O barulho tinha vindo do fim de uma rua estreita. O barulho foi tão baixo que por um momento pensou que tivesse sido a sua imaginação, mas a sua curiosidade, que sempre se dava melhor, decidiu - por conta própria - que ir conferir e ter a certeza era melhor do que a dúvida.

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Se esgueirou até o fim da ruela mau cheirosa. As construções diziam que era o fim da linha e se fechavam num círculo, formando uma pequena praça. Os prédios aparentavam ter sido abandonados há muito tempo. Alguns deles estavam no inicio de um processo de reforma, mas a maioria não se parecia em nada com os que estava habituada a ver.

Através da vidraça empoeirada de uma das lojas, ela conseguiu ver algumas estantes. Objetos que ela nem de perto saberia identificar estavam espalhados pelo chão. Quase pôs a mão na maçaneta, com o intuito de entrar na loja, quando outro ruído a fez parar.

Não era como o de antes. O anterior era mais estridente, o objeto que caiu era feito de metal. Mas esse era mais abafado, quase imperceptível. Decidindo por seguir o barulho. Girou a maçaneta e entrou na loja.

Imediatamente pensou se estaria louca por entrar em um lugar tão escuro e abafadiço.Tudo era coberto por uma camada grossa de poeira. Tudo era repleto de prateleiras recheadas, no fim havia um balcão enterrado num mar de teias da aranha. No canto restava espaço apenas para um estreito corredor que dava para a escada.

Mesmo subindo os degraus com todo cuidado, ainda lhe fugia do controle um rangindo ou outro. Já no topo, viu ao longe uma pequena sala cheia de caixas empilhadas em várias estantes.

Passos vindo da sala a fez paralisar. Engolindo em seco. Ela se reprovou, silenciosamente, por ser tão impulsiva. Deveria ter pensando melhor. Começava a recuar, dando alguns passos para trás, quando esbarrou em um vaso que havia no corredor.

Sua tentativas falhas de evitar que o vaso caísse só o fez saltar para mais longe dela. O vaso se estilhaçou no chão e o som reverberou por toda a loja. Ela ficou ali, paralisada. Mesmo quando ouviu passos apressados vindos em sua direção, tudo que conseguiu fazer foi continuar estática.

O desespero a atingiu quando um rosto encoberto pelas sombras surgiu na porta.

Ele a encarava, com os olhos arregalados como se não acreditasse no que via. Tinha o punho fortemente fechado em volta de uma faca e os pés firmes, em posição de ataque. Quando deu o primeiro passo em sua direção e o pavor a tomou e ela forçou o movimento de suas pernas, correndo em direção a saída.

− Ei! Espere! − Ele gritou, repetidamente. Tentando alcança-la.

Sam correu como se sua vida dependesse disso. Só permitiu respirar uma lufada de ar quando já estava de volta a estrada principal. Ofegante, se apoiou na parede, olhando ao redor para ter certeza se estava segura.

Ele desaparecera.

O suor frio que antes só a atingia nas mãos alastrou por todo o corpo. O zumbido nos seus ouvidos era tão alto quanto uma sirene, mas ainda sim ela podia ouvir o assobio do vento forte contra as paredes e árvores, o farfalhas das folhas... e alguns passos hesitantes ao seu lado.

Tentou correr novamente, mas dessa vez ele a alcançou, prendendo-a e impedindo quase todos os seus movimentos.

− Eu não vou te machucar, fique quieta. − Ele falava, ofegante, enquanto tentava, inutilmente, aplacar seus golpes.

− Me solte. O que você quer? Me solte! − Urrou, o empurrando ainda mais com o antebraço.

Ele a analisou longamente antes de responder.

− Eu vou te soltar. Não fuja. − Se apressou em falar, antes que ela saísse correndo novamente − Eu não pensei que... Agi por impulso. Eu acreditava que estivesse...

− Sozinho? − Disse, sentindo o aperto sendo afrouxado. − Pois é. Eu também, mas nem por isso saio correndo atrás das pessoas.

Ele fez uma careta e resmungou algo inaudível. Parecia que estava irritado com algo, mas não era com o que havia acabado de fazer. Já que até agora ela não ouviu um pedido desculpas ou algo semelhante. Se atitudes como aquela eram normais ao seu olhar... ela estava pronta para para pensar em algum modo de deixa-lo inconsciente caso sentisse alguma insegurança.

− Quem é você? − Ela perguntou, recuando alguns passos.

– Meu nome é Tate... Hansel. Desculpa se eu te assustei. Não queria te perder de vista. − Murmurou, soltando o ar com força.

Ele tinha os olhos escuros e fundos que demonstravam cansaço, seus lábios fortemente cerrados só destacavam mais sua mandíbula quadrada. Seu corte de cabelo era rente demais ao couro cabeludo para que se pudesse dizer a cor deles com precisão.

− Sam. − Respondeu quando ele a perguntou sobre seu nome. Sua voz saiu mais áspera do que pretendera.

− Apenas Sam? − Disse, levantando uma das sobrancelha.

− Sim.

O rosto de Tate se contorceu de uma forma estranha, como se ele estivesse prendendo o riso. Havia pausas demais em todas as suas palavras. Como se estivesse calculando o que dizia.

− O que estava procurando? Lá. − Perguntou, apontando com o rosto o local de onde tinham vindo.

− Hm. Aquele lugar. − Falou, dando alguns passos em direção ao circulo de prédios. − Está fechado há muito tempo. Você provavelmente presumiu a mesma coisa que eu, e está saindo desse embora. Mas não há nada que vá ajudar, exceto... em locais que foram mantidos intactos ao tempo.

− Está falando sério? − Perguntou, cética.

− Eu te mostro − Ele fez sinal para que ela o seguisse. Sam hesitou, não seria uma boa hora para ficar devendo algo para um desconhecido. Mas era isso ou continuar à deriva.

Ela nem ao menos sabia onde estava. Ou para que onde ia.

Checando novamente se a sua faca estava bem presa na mochila, ela se obrigou a andar, praguejando baixinho, e o acompanhou de volta.

.

***

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− O que está acontecendo? − Ela perguntou, encostada na porta do andar de cima, enquanto ele pegava mais caixas e trazia para perto dela.

− Não faço ideia. − Respondeu, entendo que a pergunta se referia ao que eles estavam vivendo. Se ajoelhou e começou a abrir as caixas. − Eu acordei e, de repente, todos tinham sumido. O lugar onde moro não é uma área muito... amistosa. Até pensei estar sonhando quando não ouvi nenhum barulho de briga ou qualquer outra coisa, mas depois comecei a estranhar.

Ela se ajoelhou e também e começou a explorar o que havia nas caixas. Na maioria delas só havia quinquilharias sem utilidade.

− A primeira coisa que vem na minha cabeça é que houve alguma evacuação de emergência. Pode ter sido um alarme falso. − Não podia evitar ficar esperançosa. − Para todos terem saído assim, de repente.

− Eu não sei... Sinceramente, Sam. − Ele largou a caixa para encara-la. − Mas, veja... Se nós dois ainda estamos aqui, talvez ajam mais pessoas por aí. Talvez nós os os encontremos.

Ela assentiu, preferindo não recrimina-lo e criar algum conflito por ele achar que fariam algo juntos. Continuou sua busca.

− Ainda há muitas dessas lá trás. − Ele disse. Vendo sua pressa em terminar tudo rapidamente. − Levará um pouco mais de tempo se quisermos ver tudo.

− Quanto tempo? − Cerrou os olhos, o analisando.

− Talvez a noite toda.

− O que? − Ela perguntou, espantada. − Mas... Não tem luz, seria inútil buscar por algo na total escuridão. Obrigada, mas e-eu... realmente não posso.

Estava rezando como que ele não insistisse, dessa forma só teria mais motivos para criar uma desconfiança e uma situação de desconforto desnecessário.

− Se o problema for o escuro, existem inúmeras formar de iluminar um local sem a necessidade de energia elétrica. − Ele começou a se levantar. − Mas se o não for exatamente a isso que estiver se referindo... saiba que não lhe farei nada. Ficaremos acordados a noite inteira. E se se sentir mais segura, eu fico desarmado. − Imediatamente tirou a faca que tinha prendido em seu tornozelo e a ofereceu. Ela estava fazendo de tudo para não deixar sua preocupação tão aparante, mas pelo visto não tinha funcionado. Ou ele tinha lido seus pensamentos.

Sam não sabia se podia confiar o suficiente em Tate para passar uma noite inteira com ele. Queria ter uma forma de se orientar e chegar o mais rápido. E... se ele pretendesse fazer algo já não teria feito? Pensou.

− Assim que terminamos, dividiremos as coisas igualmente. − Disse, ignorando sua mão estendida com a faca, caminhando em direção a sala. − Se temos tanto trabalho pela frente, é melhor encontrar um lugar mais confortável.

− Sim, teremos muito trabalho pela frente.


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Notas finais do capítulo

Hailee Steinfeld – Samanta White: http://31.media.tumblr.com/11c886ad80b3ef143921e6fb11238cac/tumblr_mqmkhwkaWM1r0mbfdo1_500.jpg

Colton Haynes – Tate Hansel: http://25.media.tumblr.com/7df6123dfec34b3df2ed89ea27266760/tumblr_mt6h60DWtf1r0mbfdo1_500.jpg

Gostaram? E as imagens dos personagens? Digam-me como imaginaram. *-* Bjs e até o próximo.

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*REVISADO*