O Mistério de Winter escrita por Marykelly


Capítulo 10
Choque de Realidade


Notas iniciais do capítulo

Oiiii! Quem já tá no clima de carnaval aí? o/
Eu não :/

Mas hoje o capítulo promete muitas emoções. o/ Adorei escrevê-lo. Espero que gostem bastante.
.

Minha gente.... só agora descobri a quantidade de leitores fantasmas que eu tenho :O mas o que é isso meu povo? Por que não comentam? Apareçam e deem um "oi" só para eu saber que vocês existem. Não se envergonhem

Mas a leitura é para todos. Aproveitem.



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Pressionar a mandíbula já não estava mais evitando que seus dentes batessem. Estava frio. E mesmo todo o misto de emoções que sentia agora não era suficiente para aquece-lo.

Tate parecia uma chaminé toda vez que expirava.

Não era uma noite bonita. As noites de frio perfeitas eram repletas de luzes brilhantes e um ar de paz que preenchia a todos. As crianças se divertiam na neve enquanto os adultos se reuniam sem qualquer restrições, e mais tarde iam tomar uma xícara de chocolate quente.

Ele nunca vivera esse momento.

Nunca viu ou ouviu alguém que presenciou algo parecido. Ele não sabia de onde tinha tirado essa ideia, mas era exatamente assim que imaginava.

Nesse momento... a noite era gélida, sombria e causticante. Atingindo e trucidando sem piedade quem ousasse enfrenta-la.

E ninguém em sã consciência faria isso.

.

Ele ouvia o som da sua respiração a cada passada que dava. Seus movimentos era apressados e intensificados na tentativa de produzir mais calor.

Ficou um bom tempo olhando para porta quando depois que foi batida com toda força. Perdera tempo demais pensando no que fazer e agora estava pagando o preço.

Ainda não sabia o que iria fazer, mas nesse momento a prioridade era encontrá-la.

.

.

Quando pensava que já tinha chegado ao limite e aprendido tudo que deveria, era pego desprevenido. Sua preocupação só fazia aumentar. Ela não poderia ter ido longe demais. Estava muito escuro. O mais provável era que estivesse escondida em algum lugar.

Estava pronto para voltar e vasculhar cada uma daquelas enormes casas.

Pelo canto do olho capitou um vulto no fim da rua. Ficou um bom tempo observando, esperando qualquer movimento que denunciasse que era ela.

Ele conferia tudo ao seu redor, assegurando se não estaria em perigo.

Era ela. Soube disso no momento em que o vento balançou o seus cabelos.

Estava como uma estátua.

− Não se aproxime mais. – Ordenou, sem ao menos olha-lo. Cogitou se aproximar sorrateiramente, mas sabia que não era uma boa ideia.

Ele não a contrariou e permaneceu onde estava. Tomando a mesma posição que ela, de frente para uma velha casa e permanecendo estático.

A casa não era das mais bonitas. Parecia estar abandonada, mas não tinha aquele ar antigo que possuía o seu charme ou perigo. Era totalmente sem graça. Não tinha nada de especial.

− Precisamos voltar. Está muito frio aqui. – Teve que levantar a voz para ser escutado com o vento e quase dois metros que os separavam.

− Eu não vou voltar. – A sua voz saiu dura e cortante como uma lâmina. Não parecia nervosa e explosiva como estava momentos atrás. Apesar de tudo, se estivesse assim seria muito melhor. Estaria lidando com o seus sentimentos e saberia o que fazer, o que dizer. Mas não sabia lidar com a frieza. E era exatamente assim que ela estava. Sem demonstrar nenhuma emoção. Ele era invisível para ela. De novo.

− O que está fazendo aqui? – Então ela queria mostrar que não estava sentindo nada? Ele entraria nessa também. Iria ver até onde ela conseguiria aguentar.

− Eu quero que eles apareçam. Quero ver de onde eles vêm.

Sim. Ela foi pega desprevenida em todas as vezes.

Achar a fonte do problema e elimina-lo. Uma regra tão básica e automática quanto 2+2.

Algumas coisas estão tão enraizadas em nós que simplesmente fazem parte do mecanismo do nosso corpo. Como instinto de sobrevivência. Nada nem ninguém poderia lhe tirar isso.

Mas não deixava de ser fascinante ver que ela ainda sabia exatamente como agir.

Ele sabia que uma hora ou outra ela iria ligar os detalhes e encaixar as peças do quebra-cabeça.

− Não é uma boa hora para isso. – Ele a alertou. Estava dando um passo de cada vez.

− Vá embora.

− Venha comigo.

Mesmo com todo o esforço que ela fazia, o reflexo dos movimentos foi mais forte. Ela deixou de permanecer imóvel e virou para encara-lo. Ele estava quase lá, mas um pouco e ela não estaria mais impassível.

A única parte que ela não tinha controle nenhum das emoções que passavam eram sobre os seus olhos. Então era sempre eles que Tate procurava, diziam tudo que ele queria saber. Isso já fora um problema em outras ocasiões. Mas não para ele. Sempre via muito mais coisas boas do que ruins.

De alguma forma ela sabia disso, desviou o olhar para longe dele.

Ele se aproximou ainda mais, estava a dois passos dela.

− Já disse para ir embora! – Ela estava furiosa. Expondo sua mágoa e ressentimento.Ele tinha conseguido. Fez ruir o muro protetor que ela tinha construído.

− Sei que está magoada, sei que está me odiando agora. Mas precisa confiar em mim. – Essas palavras terminaram de fazer todo o trabalho. Ela odiava não ter um visão ampla do que acontecia. Odiava ainda mais receber pequenas tarefas isoladas, sem ter consciência plano geral. Pedir que ela o seguisse cegamente seria o mesmo que pedi-la para ser um boneco fantoche.

Ela começou a desferir golpes, tentando acerta-lo. Ele interceptou cada um deles. A segurou pelos braços e a impediu de se mover. – Confie em mim!

− Não! Me deixe em paz. – Ela se contorcia, tentando sair de perto dele. Seus olhos estavam quase transbordando.

− Confie em mim, droga! – Ele gritou em seu rosto enquanto a sacudia.

− Por que!? – Berrou de volta. − Por que eu deveria confiar em você? Mentiu pra mim o tempo inteiro! Me dê um motivo. Um único motivo bom o suficiente para confiar em você!

Ele colocou as duas mãos em seu rosto. Impedindo que desviasse o olhar do dele. − Eu te amo.

Isso a desarmou completamente. Ela parou de se contorcer e apenas o olhava. Boquiaberta e chocada. Ela jamais esperaria por essas palavras.

− O que? – Sussurrou. Piscou várias vezes, desnorteada.

− Eu te amo. – Ele repetiu, ofegando. – Isso é bom o bastante?

Ela balançou a cabeça e recuava alguns passos. Estava negando.

− Ainda não é bom o bastante? – Ele questionou, se impondo cada vez que ela recuava.

A respiração dela também estava curta e seu rosto estava molhado. – Não. Você não sabe o que está dizendo. Está falando isso para me distrair. Acha que cairei na sua conversa de novo?

Ele esfregou a mão no rosto, tentando buscar as palavras certas.

− Você também está sentindo isso aqui? – Ele colocou a mão no peito, no lado do coração. – Se estiver, sabe que estou falando a verdade. Você sente isso. E também pode ver. Olhe para mim. – Ele não desviaria os olhos dela até que tivesse terminado. – Você só precisa querer ver. Eu digo que te amo em cada um dos meus gestos. Em todas as minha ações.

− E você faz o mesmo. − Ele continou

Ela golungo em seco enquanto olhava para os lados, para qualquer lugar. Menos para ele. Ela estava tremendo.

Ele não poderia fazer muita coisa agora.

Ela teria que ser forte.

− Você não está falando coisa com coisa.

Ele deu um riso, sem humor. – Talvez se parasse de se esforçar tanto em negar para si mesma... se parasse de ficar se repreendendo pelo que está sentindo por mim. Talvez enxergasse de onde está vindo isso.

− Pare com isso! Você não sabe nada, não sabe o que eu sinto, não sabe o que eu penso, não sabe quem eu sou. Não aja como se soubesse. Pare de inventar fantasias e de tentar desviar a atenção para mim. – Ela tentava reerguer o muro novamente, mas sabia que era inútil. Ele já estava dentro.

− Inventar fantasias? – falou, com a voz rouca. – E quanto ao que aconteceu no hotel... foi invenção minha também?

Ela sacudiu a cabeça.

− Aquilo foi... um erro. – Tentava esconder o maxilar trêmulo os pressionando com toda força.

− Não. Era apenas você. Seu corpo reagindo a mim como de costume. – Ele e a segurou. Ela ainda fazia pequenos esforços para mantê-lo longe.

Estava mais preocupada com o tom de voz dele.

− Pare.

− Entenda, Sam. Está tão claro. Por que você luta tanto contra isso?

Ela se irritou: – Por que você não para de dizer isso? Fale logo. Oque está TÃO claro? Fale de uma vez!!

Ele hesitou por longos segundos. Respirando profundamente. Sabia o que viria a seguir. Sabia exatamente o que deveria falar.

E tinha que falar agora.

− O seu coração... está lhe lembrando que você me ama. Mesmo quando sua memória não me reconhece mais.

Ela sentiu um forte gosto de bile na boca. Sentiu toda a parte de trás na sua cabeça esquentar.

− Não. – Repetia como um mantra que a manteria na superfície da sanidade.

− Não sei exatamente o que Corm lhe contou. Por isso não posso dizer que ele está certo. Mas pela forma como você falava “dela”... Sam, é você. É claro que é você. Não poderia ser outra garota.

− Eu não sou ela.

Ia fazer de novo. Era uma hábito recente dela. Ele via que ela sempre tentava enfrentar as situações. Mas sempre fugia quando sentia medo, quando estava assustada. Ele podia entender isso facilmente. Mas não deixaria que acontecesse agora.

Nos primeiros passos corridos que ela deu para longe dele, conseguiu captura-la facilmente. A puxou de volta pela cintura com força suficiente para fazê-la se chocar contra ele.

Ele a aprisionou pela cintura e restringiu seus movimentos, sem dar tempo para que ela falasse algo, segurou seus cabelos e esmagou os lábios nos dela. A beijando com a força e a voracidade que desejava há tempos.

Ela ainda resistiu no começo, fazendo todo o esforço possível para impedir que ele fosse mais além. Mas aquilo não era uma disputa. Ele forçou a sua entrada com a língua, exigindo espaço até que ela cedesse e a entreabrisse. O calor macio e aquecido da boca de Sam provocou uma onda de calor em seu corpo. Ele explorou cada canto da sua boca, sentindo seu e seu coração palpitar. Era assim que ela precisava se ver agora. Tomando a iniciativa de aprofundar o beijo tanto quanto ele. Sentir como ele sabia exatamente onde toca-la. Como estavam fundido em um encaixe perfeito. Era assim que deveriam ser, sempre.

Ele se obrigou a parar quando a sentiu mordendo seus lábios. Se não parasse agora, perderia o controle.

Ele a apertou mais contra si e a ouviu soltar um gemido angustiante. Se afastou apenas o suficiente para olha-la nos olhos. Suas pupilas estavam dilatadas, e ela ofegava fortemente. Se apoiando nele.

Ele passou os dedos pelos seus cabelos negros e ondulados, passeando as costas das mãos pela sua maçã do rosto.

− Você entende agora? – Ele sussurrou. Com a testa encostada na dela. – Eu senti tanta falta disso.

Suas palavras pareceram tê-la despertado e a jogado de volta a realidade.

Ela o empurrou, se afastando. Seria cruel demais dizer que ele havia gostado de vê-la cambaleante. Só por saber que era um efeito que ele tinha causado.

− Você não devia ter feito isso.

Por que ela sempre insiste em complicar as coisas?

− Tudo bem. Você não quer acreditar em mim. Não vou força-la a isso. – Ele levantou as palmas das mãos em sinal de rendição.

Ela cerrou os olhos, duvidando do que ele dizia e esperando por alguma armadilha.

− Só quero que veja uma coisa. E depois tire suas próprias conclusões. – Ele estava sendo cauteloso, e isso só fez piorar sua inquietação.

− Estava faltando uma foto. – Ela fez uma careta sem esperar que ele terminasse, não fazia ideia do que ele estava falando. – Na sua casa. Faltava uma.

Ele enfiou uma mão no bolso da frente da sua calça e tirou de lá um papel dobrado. Já o vira antes. Mais de uma vez já o pegou olhando fixamente aquilo. Agora não tinha certeza se queria saber o conteúdo.

Ele estendeu o braço. Com o semblante sério. A oferecendo o papel surrado.

Ela o pegou, com as mãos trêmulas e se afastou alguns passos.

E o desdobrou.

Primeiro tentou assimilar o que estava vendo. Reunir a bagunça de pontos da imagem que viajaram até ela.

Era uma foto.

A cena de fundo não lhe era estranha.

Uma fonte antiga que fora demolida. A água vazava pela ponta dos dedos dos anjos que ficavam no topo da fonte. Aquele já foi um dos seus seus lugares favoritos. Mas isso foi há muito tempo.

O que fez seu coração disparar. O que fez seu estomago revirar e se contorcer em choque não tinha nenhuma relação com o plano de fundo.

Ela estava lá. Não estava sorrindo para a foto. Estava distraída com outra coisa, assim como seu pai ficava ao tirar fotos. Talvez fosse mais uma coisa que tivessem em comum. E exatamente como sua mãe, Tate estava ao seu lado.

Ele não parecia estar tão impaciente quanto Sam. Estava quase satisfeito com braço em torno dos seus ombros.

− Será que consegue acreditar agora? – Ele sentia dor só em ver o rosto dela contorcido em medo. O pesar de entender e começar a aceitar que ele falava a verdade.

Ela lhe pedia socorro com os olhos, qualquer coisa seria melhor que aquilo.

− Nã-o pode ser... Eu n-ão... – Ela engasgava tentando falar. – Por favor, me-e diga que eram apenas sonhos.

Ele não tinha coragem suficiente para falar. Não agora. Não enquanto ela já sofria. O que estaria passando por sua mente agora... Entendendo que os seus sonhos eram partes do seu passado. Ter que ver ela sofrer pela morte da sua mãe mais uma vez era mais do que ele podia suportar. Então apenas fechou os olhos confirmando o que ela pedia para ele negar. Estava sendo fraco, sabia disso. Prometera que não desviaria os olhos dela.

.

Ela soltou um grunhido. Seus joelhos cederam ao mesmo tempo em que a ânsia de vômito foi forte demais para que ela controlasse. Espalmou as mãos na grama. Tate segurou o seu cabelo massageava suas costas. Tentando acalma-la até que terminasse.

Ela não tinha percebido que começara a gritar desesperadamente até que Tate e pegara nos braços e começou a carrega-la de volta. Mesmo quando esperneava e implorava para que ele a largasse.

− Você está mentindo. Está mentindo. Está mentindo. – Não parava de repetir, com a voz rouca. Sua cabeça pendia para baixo. – Por favor, diga que está mentindo.

− Não posso. – Não conseguia vê-lo, mas sua voz parecia repleta de tristeza.

− Por favor. – Suas lagrimas escorriam pela testa enquanto ela sentia uma pontada de dor insuportável no coração.

− Eu sinto muito.

Ela pressionou os olhos com força.

.

Nesse momento, ela queria morrer.


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Notas finais do capítulo

Mas alguém sentiu um arrepio com esse final? :v
Meu Deus, foi muito tenso escrevê-lo e ao mesmo tempo muito bom.

Comentem :3

Bom feriadão para vocês e até o próximo.