- Rápido Ana. – Chamei a atenção da loira que mexia em algumas coisas na cozinha.

- Estou indo, aho. – Ditou rindo e indo para a sala da nova casa que só tinha um sofá e uma estante com uma televisão e um DVD segurando uma travessa de pipoca doce.

- Lenta. – Ditei me aconchegando nos braços da maior que sorria presunçosa. Aquele sorriso nunca saia dali. Havia se passado um ano desde que havia começado a namorar a outra, usávamos os colares com a palavra ‘Always’ e um anel no dedo anular. Mantivemos tudo escondido por apenas três meses, o que era o tempo que arranjarmos melhores trabalhos para poder nos mudar. Mas isso não impediu do meu pai descobrir de nós exatamente quando estava tentando falar para a loira que tudo ocorreria bem, que meu pai nos aceitaria. Porem o velho ao ouvir isso me chutou de casa. Fiquei com a família da loira por um mês e depois nos mudamos para um apartamento pequeno, mas era tudo o que precisávamos, tinha uma cozinha, que era junto com a sala praticamente e um quarto de casal um tanto grande com banheiro, não precisávamos de mais nada.

Claro que havia os dias em que brigávamos. Que eu trancava a porta e deixava a loira dormindo na sala ou esmurrando a porta até que eu abrisse com medo de que ela derrubasse o lugar. Havia os dias em que tínhamos muitos gastos e pouco dinheiro. Mas a cada dia sabíamos que meu lugar era ao lado dela e o dela ao meu lado.

Nada era as mil maravilhas, era difícil estar juntas e sozinhas para se sustentar, mas não podia negar que era bem melhor do que viver se reprimindo... Nenhuma de nós ousava dizer o tão esperado ‘ Eu te amo ‘, porque quando as coisas dão errado, e perdemos a direção, essas palavras de tornam adagas tão afiadas quanto armas.  

Era tudo questão de lógica, palavras não eram necessárias quando estávamos abraçadas no sofá, ou dormindo de conchinha na cama. Nem tudo era perfeito e se enganava quem achou que seria, acabávamos de entrar na tão esperada ‘vida adulta’ e ainda de um modo o qual todos julgavam, mas não podíamos reclamar.

Vivíamos o nosso sonho americano. Ela me levava para o trabalho e seguia para o seu depois de selar os lábios aos meus, segredando com os olhos o quanto me amava. Almoçávamos juntas em casa, e depois seguíamos para a faculdade juntas. À volta para casa era sempre calma, pois estávamos juntas, dormíamos e acordávamos juntas.

Esperávamos que tudo seguisse bem, trabalharíamos para isso. Se dependesse de mim, ou dela, isto nunca teria fim... E mesmo que tivesse, para quem segurou um sentimento por mais de 7 anos, o destino lhe parecia uma ameaça pequena.