The Clare escrita por Zeloya chi


Capítulo 15
Devins


Notas iniciais do capítulo

"Uma antiga (e rara) raça de humanos fundidos a gatos. Usavam sua magia para curas e reparos mágicos.
Durante a grande guerra, foram extintos junto ao povo da Ilha do Dragão.
Não se sabe o paradeiro de nenhum até então."



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O sol estava escaldante. Não aguentávamos mais aquele calor insuportável. Olhei em volta e não via quase nada para se abrigar ou se nutrir. Como as pessoas aguentavam viver naquele lugar?

–Falta algum tempo ainda para chegar-mos.- Disse Lucian, olhando em volta.

–Não aguento mais esse calor Lucian.- resmunguei.- Não podemos parar um pouco e descansar?

–Por favor. Também não aguento mais!.- Sieg fala atrás de mim, quase se arrastando no chão.

–Está bem. Mas só alguns minutos! Não temos muito tempo sobrando.

Após isso, procuramos alguma arvore para nos apoiarmos e aproveitar sua sombra. Peter e Lucian caíram no sono enquanto eu e Nick conversávamos sobre artefatos mágicos e como se teletransportar. Sieg atacava nossa bolsa de comida com tanto alvoroço que o deixava mais quente ainda. Mas o que me surpreendia não era realmente isso, e sim Moira.

A gata estava muito silenciosa já havia algum tempo, e isso não era de seu feitio. Olhei para ela e a peguei encarando o nosso caminho. Em que será que estava pensando?

–Luce? Está me ouvindo?.- Nick fala, me cutucando com o dedo.

–Hã? Ah, sim. Desculpe. Continue.- Virei o rosto surpresa. Ele soltou um sorriso

–Eu já acabei de falar. Em quê está pensando?.- Ele vira, se encostando no tronco grosso da árvore.

–Percebeu que Moira está muito quieta ultimamente? O que será que deu nela? Normalmente ela nao perderia um segundo para me falar algo rude, fosse qualquer coisa que eu fizesse.

–Acho que seus motivos são bons. A cidade dos Devins não é muito segura para animais, ainda mais paraFamiliares. Dizem que há poderes estranhos lá dentro e que deixam a mente e a força física deles fraca e disturbada. Talvez seja por isso que foi extinto ou as pessoas não chegam perto. É bem perigoso.

–Mas se é tão perigoso, porque não podemos pular esta cidade e ir direto para a outra?.- Perguntei confusa.

–Existem muitas montanhas em volta da cidade, não é tão simples atravessar ela dando a volta.

–Montanhas? Mas estamos praticamente no deserto!- Disse incrédula.

–É o mundo mágico, não precisa fazer sentido.- Ele disse, me olhando.

Decidi não falar mais nada. Se não podíamos contornar, então éramos mesmo obrigados a atravessa-lo. Sinto pena de Moira, pela primeira vez na vida.

Acordamos Peter e Lucian e nos arrumamos. Após comer uma ou duas coisas, levantamos e continuamos nosso caminho. Não fazia ideia de que horas eram, nem quantos dias havia se passado desde que sai do mundo humano. Só sabia de uma coisa: Quanto mais difícil ficava nossa missão, mais certeza eu tinha de que estávamos no caminho certo.

Começamos a ver algumas árvores no caminho, e dessa vez elas estavam verdes!

Começamos a caminhar adiante até encontrarmos uma trilha. Seguindo-a, observávamos de que estávamos quase em nosso destino. Eu conseguia sentir a magia mais forte naquele lugar, o que me deixava mais assustada.

Ouvimos um barulho e olhamos para trás. Moira estava parada e olhava para o nada com fixação. Lucian chegou perto dela e agachou.

–Algum problema?

–Eu...não consigo mexer minhas patas.- Ela disse, levantando a cabeça para ele.

–Venha, suba.- Ele estendeu os braços e a pegou no colo. Logo voltamos a andar pela trilha, procurando pistas e saídas entre as várias e densas árvores ali presentes.

O ar começava a ficar mais frio, e pouco víamos a luz solar. Sabia que estava anoitecendo, e uma coisa que aprendi desde o primeiro dia ali, era que o mundo mágico de noite não era algo muito seguro.

Logo, encontramos uma grande fenda em uma rocha e nos abrigamos ali por aquela noite. Ficava sempre de olho em Moira e Lucian, que murmuravam baixar palavras, provavelmente para ninguém ouvir.

Nos deitamos em nossos colchões. Alguns aproveitaram para dormir, enquanto eu me sentia inquieta com algo. Não sabia o porque, mas aquele lugar me dava uma sensação estranha. Algo não estava certo, e algo iria acontecer.

Fechei os olhos e tentei limpar minha mente. Provavelmente já havia passado das 2 da manhã, o melhor era eu descansar. Mas de repente, eu ouço Moira se levantando e saindo da caverna. Sem dizer nada e tentando não fazer barulho, eu levanto e começo a seguir. Onde ela estava indo aquela hora da madrugada, e sozinha?

Passamos por algumas árvores até chegarmos á um grande e brilhante lago, que estava refletindo a enorme figura da lua. Moira estava sentada, de frente á água, sem se mover. Cheguei perto dela.

–Moira?- Disse, tentando olhar para seu rosto. Tentei ficar de frente para ela, mas ela não movia seu rosto. Aquilo estava me preocupando.- Moira? Está tudo bem? Algo errado?

–Eu...- Ela disse, bem baixo que quase não posso ouvi-la

–Aconteceu algo?

–Eu lembrei...- Ela continua murmurando.

–Lembrou? Sobre o que esta falando?

–Eu me lembro deste lugar. Eu me lembro deste lago, daquela árvore, dessas montanhas. Tudo faz sentido agora.- Ela se vira e olha para mim. Aquilo estava me assustando.

–Por favor, me explique. Eu não consigo entende-la.- Eu me sentei na grama e a encarei. Ela virou novamente o rosto para o lago.

–Eu sou a Familiar de Lucian desde que me lembro. Mas nunca se perguntou de onde eles vinham? Ou como viraram Familiares?

–Bem, dizendo assim, nunca havia pensado ou questionado isso antes. Mas onde exatamente você esta querendo chegar?

–Eu me lembrei. E isso é ruim. Nós, Familiares, não podemos nos lembrar do nosso passado. Ser um Familiar é como uma dádiva dada a nós, pessoas que fizeram algo no passado e se foram injustamente. Se lembrar de seu passado torna tudo mais complicado. Você volta a sua antiga forma e lembra do que o trouxe a morte. Mas se você pensar, se fosse algo bom, porque somos obrigados a esquecer?- Ela disse, olhando para a lua. Um segundo depois, ela pulou para dentro do lago. Eu me levantei o mais rápido que pude e me joguei também á água. Tentei nadar e procurar por ela, mas uma forte luz me cegava, vindo do fundo do lago. Tentei nadar até lá, mas a pressão me deixava em complicações. Vi seu corpo em volta da luz e tentei alcança-la, mas era muito difícil. Quando finalmente a toco, a luz explode e faz a minha respiração soltar. Nadei de volta a superfície, puxando mais ar, mas quando volto a olhar para dentro do lago, nada mais eu consigo enxergar. Sai do lago e me sentei em sua beirada. O que havia acabado de acontecer? Onde estava Moira?

Me deitei, tentando recuperar o fôlego. Ela havia morrido? Mas logo vi as águas se mexendo novamente. Olhei para ele, me levantando rapidamente e vi novamente a forte luz branca. Mas ao invés de Moira, uma figura grande, quase ao meu tamanho, estava flutuando. Em minha direção, a luz e o ser flutuava. Fui me arrastando para trás, com medo do que poderia ser aquilo. Logo, a luz forte se dissipou. A grande figura, agora deitada na grama, estava imóvel. Mas algo nela me era familiar.

–Moira?- Eu arrisquei, tocando-a. Suas orelhas de gato se mexeram em minha direção, e seu rabo balançava. Seus olhos, amarelos vibrantes, agora abertos, me encaravam. Ela tentou se mover, e eu a ajudei a se levantar.

–O-Oque aconteceu?- Ela disse. Sua voz estava um pouco mais forte, mais como um ser humano, apesar de sua aparência felina. Aquilo era estranho, fascinante, porém estranho. Muito estranho.

–Você pulou no lago como uma gata e saiu como uma metamorfose de gato e humano. Se você está confusa, eu estou pior. Será que não tem nada a ver com aquele papo de lembrar do passado e do que era antes de morrer e blá blá?

–Não pode ser. Eu sempre pensei que aquilo era apenas uma lenda urbana. Mas pelo visto, estava enganada.

–Você sabe pelo menos que tipo de criatura você é agora?

–Sim.- Ela fez uma pausa e olhou para mim.- Sou uma Devin.

Voltamos para o nosso acampamento. Eu consegui conjurar algumas peças de roupa para Moira, já que gatos não usam roupas. Todos continuavam dormindo. Moira havia me contando boa parte do que ela lembrava. Incrivelmente, ela parecia mais gentil nessa forma humana. Ela fazia parte do antigo povo extinto, os "Devins", que haviam lutado na grande guerra, junto ao povo de sua cidade vizinha, a Ilha dos Dragões. Ela disse que não lembrava como havia sido morta, mas que fora concebida uma nova chance para viver como familiar, e por coincidência, fora na mão de Lucian que ela foi deixada. Era tudo muito confuso de inicio, mas eu já havia pegado a coisa. Só espero que Lucian e os rapazes não surtem quando descobrirem que nossa gata de estimação virou uma Gata-humana mágica.

No dia seguinte, foi complicado explicar os acontecimentos da noite passada, mas parece que todos ali estavam acostumados com coisas estranhas, então eles entenderam tudo de primeira. Lucian e Peter conversaram entre si sobre algumas coisas em relação a Moira e continuamos seguindo viagem logo depois. Após algumas horas caminhando entre as árvores, Peter parou bruscamente e olhou em volta. Aquilo era um mal sinal.

–O que houve?.- Siegfried perguntou.

–Sinto a presença de mais alguém aqui. Não estamos sozinhos pessoal.

Logo, todos se juntaram e começaram a olhar em volta, procurando sinais de algo suspeito. Avistamos alguns arbustos se mexerem e de lá, sair uma mulher com aparência média, talvez de uns 30/35 anos.

–O que um grupinho de jovens magos faz no meio desta perigosa floresta?- Eu conseguia sentir o tom de ironia em sua voz. Eu estava realmente com um péssimo pressentimento sobre aquilo.

–O que uma senhora faz no meio dessa floresta densa e perigosa sozinha?- Peter responde, no mesmo tom.

–Que gentileza do senhor se preocupar com a minha segurança. Mas vamos ao papo reto. O que querem aqui e porque eu deveria deixa-los vivos?

–Porque deveríamos responder a uma desconhecida?- Foi minha vez de falar.

–Ora ora, uma Clare. O que me dá a honra de falar com alguém da realeza?.- Ela olhou diretamente para mim, com uma de suas sobrancelhas erguidas. O que ela queria dizer com realeza?.- Um Castiel, um dragão, uma Devins. Acertei na sorte grande hoje.- Ela soltou um sorriso apavorante, o que fez com que eu desse um passo para trás. Como ela sabia de tudo aquilo sem nem mesmo nos conhecer.

–Lucian.- Ouvi Peter falar, bem baixinho, enquanto eles trocavam olhares.- Ela faz parte deles. O que faremos?

De repente, Lucian a olha e toma a vez de falar.

–Escute. Não queremos problemas, só estamos querendo passar. Nossos motivos são simplórios, apenas para exploração para a loja de artigos mágicos do meu amigo.-Aquilo era mentira, mas será que ela sabia disso?

–Ah sim, entendo. Perdão por interfirir em sua busca mágica. Podem passar então.- Ela nos olha, mais suave e sai do caminho. Talvez tenhamos realmente conseguido engana-la.

Quando estávamos quase passando, ela olha para o céu e murmura algo.

–Achavam mesmo que eu diria isso?- E vira sua mão em nossa direção. Aquilo era mal! Ela soltou um fecho de luz em direção a perna de Sieg, fazendo-o cair e soltar um grito. Sangue escorria por sua perna, enquanto eu e Moira o arrastávamos para longe.

Lucian e Peter começaram a trocar feitiços com a mulher desconhecida.Logo, aquele lugar estava como um campo de guerra. Não sei quando tudo aquilo aconteceu, mas eu tinha que fazer alguma coisa ou então todos iríamos morrer.


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Notas finais do capítulo

Olá navegadores da interwebs que sentiram saudades (ou não) da nossa querida e adorada Luce. Peço perdão desde já pela imensa demora que eu tive para escrever este novo capitulo, mas entendam que a inspiração na vida de um escritor é tudo nessa vida :p
Espero ter escrito o bastante para os proximos meses e que isso os entretenham. Obrigado novamente as pessoas que leem esta esforçada história. um beijo na bunda e o outro no coração.



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