London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 39
O que Tyler quer


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey, minha gente! Eu não morri hahaha então, acabei de terminar o "Cidade das cinzas" da série Os instrumentos mortais e acho que vou ter um troço! Li o primeiro da série faz uns dois anos bem antes de ficar famoso e não achei que valesse a pena continuar, pelo menos até achar o livro num sebo e resolvi arriscar. Agora só sei de uma coisa EU QUERO UM JACE PRA MIM PRA ONTEM!! GENTE QUE HOMEM É ESSE? Eu já disse que amo personagens sarcásticos? Pois é, acho que vou roubar ele da Clary u.u ela que cuide desse loiro m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o antes que eu ponha minhas mãos nele
Bom, chega de piti, tomara que gostem do capítulo :)



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– White, eu posso até ter concordado em tomar café da manhã com você, mas isso não significa que pode roubar minha comida.

Tyler estava sentado bem a minha frente em uma mesa de plástico improvisada para nós atores comermos algumas vezes. O set estava uma verdadeira bagunça, porém isso não impediu que eu e meu “querido amigo” de contrato tomássemos um café de verdade às 7h15min da manhã. Ele tinha um copo em uma das mãos com uma fumacinha calorosa saindo de seu expresso e eu, bom, fazia força para não roubar um de seus cookies maravilhosos que ele mesmo cozinhava.

– Não deveria ter trazido isso então. – resmunguei mostrando a língua como uma criança de cinco anos.

Seus olhos negros estudaram meu rosto por alguns segundos antes de ele começar a rir baixinho olhando na direção de seu copo de café.

– Às vezes, eu duvido que tenha mais de 18 anos, rainha. – ironizou utilizando meu personagem no filme. – Tem certeza que não é uma criança que cresceu demais?

– Absoluta, Blackwell. E você, tem certeza que não superou aquele seu problema sobre “não ser bonito o bastante para sair em uma capa de revista”?

Ambos lançamos olhares sugestivos um para o outro, mas ao contrário do que aconteceria semanas atrás, acabamos rindo um do outro e voltamos para a comida como se nada tivesse acontecido.

Nossa convivência havia se tornado estranhamente confortável nos últimos dias como se nunca tivéssemos brigado e ele me beijado. Tyler fazia seu papel como meu amigo e fugia do mundo proibido das drogas e bebidas e eu, continuava sendo a mesma Scarlet longe da mídia aparecendo apenas para trazer uma imagem positiva para nosso filme. Jason, claro, mal podia conter a felicidade ao dizer que não se via uma notícia ruim sobre seu filme e muito menos sobre mim e Tyler, tanto que o número de fãs só aumentava. O mundo parecia um lugar feliz.

Mas por dentro, eu estava gritando.

Desde meu último encontro com Henri e nosso beijo, todos os tipos de pensamentos sobre ele estavam me assombrando de todas as formas possíveis desde pesadelos à mensagens que quase enviei para ele pelo twitter ou no próprio celular. Mas quanto a ele, tudo o que sabia fazer era me manter afastada e lançar-me uma ou duas indiretas em sua rede social para tentar me atingir.

Enquanto minha vida amorosa ia para o buraco, as investigações afundavam ainda mais a The Blue. Os policiais investigavam ainda quem poderia ter desviado o dinheiro, porém ninguém dentro da gravadora queria admitir qualquer coisa que fosse que poderia limpar a barra dos garotos. E isso só fazia com que a culpa caísse cada vez mais sobre eles.

A mídia, pelo contrário, agradecia a cada comentário feito pelos advogados da banda e pelos policiais, pois assim que algo era dito sobre o roubo, eles poderia publicar alguma matéria lembrando os garotos do quão ferrados eles estavam.

Isso me dava nojo.

– E então... fiquei sabendo que a sua banda está com problemas. – murmurou Tyler, porém sua atenção estava voltada em remexer o copo com café e não olhar-me diretamente nos olhos. – Está tudo bem ou...

– Espera, você está interessado nos problemas da The Blue? Você, Tyler? – perguntei sem conter o riso.

Eu já estava gargalhando sem controle quando ele revirou os olhos e jogou um pedaço de um dos cookies em minha direção.

– Isso se chama educação, Scarlet. Estou fazendo o maior esforço aqui para ser educado, então me responda.

– Ual, isso é que é evolução! – eu ainda ria e Tyler respondeu levantando o dedo do meio na minha direção. – E a educação foi embora. Mas, respondendo a sua pergunta, eles estão bem, só com medo de que tudo dê errado já que ainda são considerados culpados.

Ele arqueou as sobrancelhas como se fosse alguém extremamente interessado no assunto que envolvia a culpa da The Blue, algo que não me impedia de franzir o cenho. Tyler sempre se demonstrara desinteressado em qualquer coisa relacionada a banda dos garotos que ele julgava gays, chatos e com vozes insuportáveis. Eu convivi boa parte de nosso namoro ouvindo aquelas exatas palavras e bom, agora vê-lo interessado e até mesmo preocupado parecia assustador.

– E eles estão sendo culpados do quê exatamente?

– De desviar 12 mil libras para a conta pessoal de cada um. – resmunguei vendo que ele arregalava os olhos e se engasgava com o café. – Mas sabe, isso é loucura. Os garotos não fariam uma coisa dessas, principalmente sabendo que o dinheiro seria mandado para a caridade.

– Podem até parecer inocentes a seu ver, porém muitas celebridades que fizeram coisas ainda piores também pareciam muito inocentes, White. – ele pousou o copo sobre a mesa encarando-o de forma pensativa, como se sua mente estivesse muito longe dali em alguma lembrança. – Não se pode mais confiar em ninguém. E além do mais, seus garotos devem estar na maior furada. Sei de muitas pessoas que foram acusadas de desviar dinheiro e é muito difícil achar o culpado. Ainda mais se o mesmo fez um ótimo trabalho para não ser descoberto...

Franzi o cenho.

– O que você...

Mas antes que eu pudesse continuar com minha pergunta desconfiada, Jason aparecera de repente.

– Isso é uma coisa que não se vê todos os dias! Olhem só, meus dois protagonistas tomando café da manhã de forma pacífica! – exclamou ele sorridente até demais para uma segunda feira de manhã. – Preciso encontrar uma câmera para registrar esse milagre!

Mas, enquanto ele ria e conversava com Tyler sobre nosso relacionamento ter se melhorado muito desde a última vez que ele nos vira, uma dúvida surgiu em minha mente. Talvez fosse apenas um pensamento aleatório, algo sem importância alguma vista por outros olhares, porém ainda assim eu dei a devida atenção que era necessária.

Lembrei-me de como Tyler dissera que a The Blue era ridícula e que sempre que tentava me esquecer, eu aparecia em um noticiário sorrindo ao lado de um dos garotos. Depois, repeti a cena mentalmente em que ele dizia que estava claro que eu estava apaixonada por Henri e não poderia negar isso. Tyler sempre deixava bem claro sua falta de interesse sobre qualquer um dos garotos e o ódio que criara por eles sempre terem minha atenção e ele não.

E se...

– Bom, agora preciso que vão colocar os figurinos. – disse Jason interrompendo minha discussão mental. – Scarlet, suas roupas são difíceis e não temos muito tempo hoje. Preciso de, pelo menos, sete cenas gravadas só hoje.

Observei Jason se afastando e Tyler levantando-se da mesa em silêncio. Ele parecia não ter percebido que eu o olhava fixamente enquanto tentava avaliar os pensamentos que me surgiram em mente durante a conversa deles sobre o trato. Parecia tão impossível Blackwell ter feito algo assim... quero dizer, Tyler nunca fora santo nenhum e sempre se demonstrou um típico bad boy mimado pelos pais que conseguia tudo o que queria e se metia em coisas “ruins” apesar de ter tudo. Porém, ainda assim, eu jamais suspeitaria dele por ter feito algo assim com a banda, principalmente porque nunca deu a mínima para existência deles.

Até eu me envolver com eles.

– Vai ficar ai, White? – perguntou ele tirando-me do transe. Seus olhos castanhos escuros estavam sobre os meus demonstrando (ainda que impossível) preocupação.

– Não, eu... – levantei-me da mesa rapidamente recebendo um olhar confuso dele. – Estou indo. Bom, você ouviu, as roupas da minha personagem são vulgares e muito complicadas. Então... é, vou indo.

E dei as costas para ele mal conseguindo respirar enquanto era bombardeada de centenas de perguntas, dentre elas, uma que me apavorava.

Tyler era o culpado?

[...]

– Scar, isso aqui está uma grande merda. – Noah estava ao telefone comigo enquanto a maquiadora preparava a maquiagem de minha personagem para o dia todo de filmagem. Ele estava ainda mais nervoso hoje depois da briga que teve com os garotos bem a minha frente, mas havia um motivo em especial dessa vez: eles continuavam como suspeitos, pois a polícia não encontrava nada. – Todo mundo na gravadora nos olha torto! E pior que eles sabem que somos inocentes, a maioria ali nos conhece há anos!

– É só uma questão de tempo, Noah. – murmurei fazendo um sinal de ok quando Jane, a maquiadora, terminara tudo e saia de meu camarim. – Logo a policia vai encontrar quem foi o idiota que fez isso e todos que olharam torto para vocês vão morder a língua.

Por um momento, pensei em dizer a ele sobre minha suspeita em relação a Tyler. Mas, por mais que fosse relevante, eu sentia que não deveria dizer nada ainda, apenas quando tivesse pelo menos uma prova contra ele.

– Tomara, não aguento mais ser tratado como um ladrão de banco! – o assunto poderia até ser sério, mas isso não impediu que nós déssemos risada. – Scar, eu não deveria dizer isso... só que eu e Zack andamos pensando numa coisa. Parece que os policiais não querem descobrir nada, sabe? Ou como se alguém aqui dentro da gravadora estivesse encobrindo o culpado.

Franzi o cenho.

– Como assim?

– Pode ser bobeira nossa, mas todas as vezes que os policiais estão perto de descobrir alguma coisa importante, dão dois passos para trás como se não houvesse nada! Eu acho que o culpado está aqui na gravadora, porém com alguém o encobrindo. – ouvi um suspiro do outro lado da linha. – Ou, a pessoa nem sequer é daqui. Sei lá, isso é confuso demais.

O que Noah dizia parecia fazer sentido. Alguém poderia muito bem estar encobrindo o verdadeiro culpado e do jeito que o mundo estava ultimamente, até mesmo um dos policiais poderia estar ajudando nessa se estivesse sendo subornado. As pessoas fariam qualquer coisa por dinheiro e a pessoa que causara toda aquela bagunça poderia muito bem ser alguém muito rico e disposto a acabar com a banda.

E mais uma vez, minha suspeita parecia fazer sentido.

Depois que Noah desligara alegando precisar encontrar seu irmão, eu deixei meu camarim para começar as gravações do dia. Muitas horas de trabalho me reservavam para hoje e minha cabeça já latejava ao lembrar que Tyler estaria em praticamente todas, já que fazíamos um par romântico na trama – apesar de minha personagem querer sempre mata-lo a cada cena.

E como eu pensara, foram cenas complicadas e por pouco, dois acidentes não aconteceram durante as “lutas de mentirinha”. Primeiro, minhas costas por pouco não atingiram uma estátua de um guerreiro apontando uma espada, a qual por mais que fosse feita de um material leve, ainda assim possuía uma ponta afiada que poderia ter feito um estrago nas minhas costas. E logo depois, Tyler caiu depois que algo nos fios que o seguravam se soltara e por pouco, ele não quebrara alguns ossos. O clima estava cada vez mais tenso e Jason parecia querer explodir conforme as coisas davam errado bem debaixo de seu nariz.

Megan e Jonathan – um dos responsáveis pelo cenário que quase não foi enforcado por Jason quando tudo caíra – tiveram muito trabalho e mal podiam se sentar que algo acontecia. Estava uma loucura demais para um dia só e olha que estou falando do trabalho e não de minha vida.

– Puta que pariu, Jonathan! – ouvi Jason gritando de trás de um dos cenários feitos pelo tal Jonathan e sua equipe. – Arrume pessoas melhores para montar isso! Amanhã as filmagens serão ao ar livre e não quero nenhum dos figurinos ou o cenário caindo sobre meus atores! Entendeu?!

– Tudo bem, senhor! – exclamou Jonathan e desapareceu entre as pessoas que trabalhavam aflitas.

– É, hoje o dia está mais agitado que o normal. – murmurou Tyler de repente atrás de mim. – Só falta o lugar pegar fogo para completar.

Eu assenti de forma negativa para ele ouvindo-o rir em resposta e segui para meu lugar para continuar as filmagens. Agora, não restava muito o que acontecer além de algumas poucas brigas e uma conversa um pouco... ahn, íntima entre minha personagem e a de Tyler, algo que já me fazia transpirar apenas ao imaginar a cena de ele me dizendo “Eu sempre a amei, Valentina, mais o que qualquer pessoa jamais a amara.”

Droga, mil vezes droga.

[...]

Já se passava das 23h quando enfim pude deixar o estúdio e ir para a casa de meu pai. Eu e Jordan ficamos alguns minutos conversando sobre como eu a ajudaria a entrar para o elenco ou talvez o de algum outro filme, como eu prometera alguns dias atrás. Ela havia demonstrado sua atuação quando pedi que encenasse uma das cenas do filme de Jason e bom, não havia como explicar com palavras o talento dela. Jordan era uma peça rara, entrava no personagem com uma profundidade que nem eu mesma conseguiria tão rápido, algo que eu julgava importante algum elenco possuir.

– Vamos indo, está ficando tarde e frio. – disse ela enquanto seguíamos pelo estacionamento em direção ao carro. – Eu já estou meio gripada!

Assim que disse isso, ela espirrou.

– Entendi. – murmurei rindo enquanto procurava pelo meu celular na bolsa para avisar Ana que já estava chegando. Porém, cacei o aparelho por cada canto de minha bolsa e não o encontrei. – Droga, devo ter deixado no camarim. Vai indo para o carro, eu vou lá procurar!

Jordan assentiu e seguiu em direção ao seu carro estacionado do outro lado do estacionamento do estúdio, o qual já estava totalmente deserto por conta da hora e o fato de as filmagens terem acabado há algum tempo.

O clima estava congelante, muito parecido com o dia em que eu chegara em Londres meses atrás. A forma com que a fumaça escapava de meus lábios por conta de minha respiração era reconfortante, como se eu fosse um pequeno ponto de calor em meio à toda aquela neve e ar gelado que me obrigava a esconder as mãos dentro de meu casaco. Voltei a entrar no estúdio encontrando-o quase totalmente deserto assim como o estacionamento, com apenas algumas luzes ligadas pelos corredores e um dos camarins, no qual um dos atores – Mike, um ótimo ator por sinal - conversava alto com alguém no telefone, tanto que ele nem me vira quando acenei ao passar em frente a porta.

Continuei minhas caminhava pelo corredor onde ficavam os camarins até encontrar o meu, um dos últimos e onde parte das luzes já se encontrava desligada. Procurei pelo aparelho sobre a mesa de centro e finalmente o encontrei escondido entre revistas e alguns livros que eu deixara por lá.

– Ana já deve ter me ligado umas 200 vezes... – murmurei comigo mesma já começando a discar o número de minha melhor amiga, porém me interrompi com o susto ao encontrar Tyler parado à porta. – Merda, Tyler!! Você deveria fazer algum barulho! Que susto!

– Opa, desculpe pelo susto. – ele estava vestido com roupas de frio pesada dos pés a cabeça, de forma com que ele parecesse mais fofo do que realmente era. Fiz uma careta ao repetir a palavra “fofo” já que ela e Tyler não pareciam fazer sentido em uma única frase. – Achei que já tivesse ido embora com os outros.

– Não, eu... esqueci o celular. – apontei para o aparelho em minhas mãos. – E você? Por que ainda está aqui?

Havia um quê de “não me importo” naquela pergunta, porém continuei com o olhar sobre ele insistindo por uma resposta. Tyler estava com a lateral do corpo encostada no batente da porta de meu camarim e as mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta o fazia parecer fofo. Os olhos negros vagavam por todo meu camarim como se ele não desse a mínima para o fato de que aquele lugar deveria ser um pouco mais pessoal que o resto do estúdio. Não que eu achasse que ele deveria se importar, afinal, demonstrara devidamente o contrário quando me beijara a força ali semanas atrás. Eu sorri maldosa ao lembrar do tapa que dera nele depois que consegui o afastar.

– Eu... precisava falar com você. – sua voz não se passava de um sussurro, algo que permitiu que todos os meus alertas internos praticamente disparassem em um conjunto de sons altos.

Sempre que Tyler Blackwell queria falar comigo e demonstrava aquela expressão pacífica e ao mesmo tempo assustadora, queria dizer que não seria nada bom. Ou “o bicho vai pegar”, como diria minha avó do Brasil.

– Ahn... ok. – murmurei ainda que hesitante. – O que foi?

Ele negara para si mesmo assentindo de um lado para o outro com a cabeça num movimento constante enquanto se afastava da porta mesmo que ainda não havia respondido minha pergunta. Tyler parecia perturbado consigo mesmo, no entanto, permanecia ali próximo à porta do camarim como se encarasse uma luta mental dentro de si mesmo, na qual sua mente dizia para se permanecer longe de mim. Eu sorri comigo mesma ao perceber que praticamente havia conseguido ler sua mente, um trabalho que todos seus amigos da escola, na época em que estudávamos juntos, era considerado impossível. Tyler nunca fora transparente, era sempre o contrario de mim como uma grande parede negra pintada da tinta mais forte e escura que já existira. Abrir buracos naquela pintura era impossível e para eu ter conseguido isso em tão pouco tempo, ele não deveria estar nada bem.

Talvez a falta de drogas e álcool esteja afetando seu cérebro. Quem sabe assim não posso interna-lo logo?

Novamente, sorri malvada com aquele pensamento.

– Quer saber, não é nada. – ouvi-o resmungar mais falando consigo mesmo do que comigo. – Vai embora logo, Scarlet.

E antes que eu pudesse sequer responder, Tyler já me deixava para trás seguindo pelo corredor pisando duro como uma pessoa que acabara de sair de uma briga. Porém, ninguém batera em ninguém, era apenas eu esperando que Blackwell dissesse logo o que queria, mas ao invés disso, preferiu sair correndo pelo corredor parcialmente apagado e me deixar para trás sem ter minha resposta.

Irada por isso, corri atrás de Tyler ignorando os alertas mentais e dúvida que me surgira mais cedo sobre ele ser o culpado verdadeiro e não a The Blue.

– Tyler, pare já ai! – berrei tentando acompanha-lo, mas Tyler era muito mais rápido que eu e já saia do estúdio deserto ignorando-me completamente. – Blackwell! Droga, pare de correr!

Já estávamos do lado de fora quando me dei conta e o vento gelado me atingiu como uma sequencia de perfurações feitas por agulhas afiadas. Parecia ter esfriado ainda mais comparado a quando eu e Jordan saímos e para ajudar ainda mais, nevava muito fazendo com que minha visão ficasse comprometida. Agora, eu via apenas a silhueta de Tyler em meio à uma paisagem quase completamente branca com neve cobrindo carros e qualquer coisa que estivesse por ali.

– O QUE VOCÊ QUER? – berrou ele claramente furioso quando enfim parou no meio do caminho. Estava mais próximo de mim, de modo que eu podia ver seus olhos avermelhados e os flocos de neve caindo e se espalhando sobre seu cabelo negro. – HEIN? O QUE VOCÊ QUER, SCARLET?

Franzi o cenho com aquela pergunta, pois era a que eu menos esperava, Quem deveria estar esperando por uma resposta era eu e não ele!

– Você não disse o que queria dizer! – respondi, porém num tom mais baixo que o dele. – Eu é que pergunto, Tyler, o que você quer?

Primeiro, ele desviou o olhar para qualquer outro ponto cego no estacionamento e passos os dedos de forma nervosa sobre os fios de seu cabelo escuro. De longe, eu podia ver pela fumaça que escapava de seus lábios que ele respirava pesado e parecia estar a ponto de explodir de novo assim como fizera antes. Mas eu não deveria estar surpresa com isso, afinal, aquele era Tyler e explodir era algo que quem convivia com ele já deveria estar acostumado.

No entanto, surpreendendo-me totalmente, eu o observei se aproximar de mim lançando-me aquele olhar de caçador exalando perigo e envolver minha cintura com força e sem delicadeza ou educação alguma. Com uma das mãos, ele segurou meu rosto para cima obrigando-me a olhá-lo diretamente nos olhos sem chance alguma de escapar.

– Eu quero você, White, será que ainda não entendeu isso?! – ele disse lenta e perigosamente destacando cada sílaba das palavras e sem que seus olhos desviassem dos meus.

– Ei, você! Afaste-se dela! – uma voz masculina surgiu em algum ponto atrás de Tyler com ele bem a minha frente impedindo-me de ver quem era.

– Eu não me importo se você prefere ele, eu ainda a quero... – continuou Tyler de forma raivosa e baixa, quase num sussurro.

– Afaste-se dela, droga! – a voz continuou e eu lutava comigo mesma para não desviar dos olhos com órbitas negras de Tyler, quem insistia em segurar-me com uma força descomunal. - Não me ouviu, seu idiota?! AFASTE-SE DELA!

– Você vai ser minha. – mais um sussurro. Eu tentava afastar suas mãos que me apertavam contra ele, mas era impossível, Tyler era forte demais. Ele se aproximou lentamente para sussurrar em meu ouvido e eu senti seus lábios tocando de leve o lóbulo de minha orelha quando ele disse: - Porque eu farei de tudo para que seja.

E antes que eu pudesse impedir, seus lábios já estavam contra os meus forçando-os a se abrirem para ele transformar minha luta em um beijo desesperado em um misto de emoções confusas. Era um turbilhão de palavras não ditas resumidas em um movimento de lábios contra lábios e meus braços lutando contra ele para que se afastasse. Eu rezei mentalmente muitas vezes para que a pessoa que mandara Tyler se afastar antes se aproximasse logo e o tirasse de cima de mim, apenas para que ele não continuasse com aquilo.

Blackwell poderia até sentir alguma coisa, no entanto, eu apenas o encarava com o desprezo por ter feito de minha adolescência um inferno.

Por mais que os braços dele estivessem completamente presos à minha volta impedindo meus movimentos, eu senti que outros braços se colocavam entre nós dois e um par de mãos prendiam-se à blusa de Tyler por baixo de sua jaqueta e com uma força descomunal, o lançara para bem longe de mim. O ator caíra de costas com o tombo sendo amortecido pela neve fofa que cobria todo o chão do estacionamento e mesmo que eu estivesse em choque com toda aquela situação, o olhar de surpresa e raiva de Tyler era impagável.

Lentamente, virei-me na direção da pessoa que estava agarrada a mim com os braços ao redor de minha cintura de forma protetora e gentil. Meus olhos seguiram por seus braços até a direção de seu pescoço até o rosto e eu juro que minha mente ficou em branco.

– Eu disse para se afastar, imbecil. – esbravejou Henri de forma baixa e lenta num tom ameaçador que eu jamais o vira assumindo. – Nunca mais coloque as mãos nela, você me ouviu? Ou eu juro que o mato.


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Notas finais do capítulo

Bom, depois do meu piti meus personagens vieram na maior revolta falando que eu traí eles. Henri, Sam, Gabriel e Shane, desculpem amores, eu juro que não fico mais babando em cima do livro por causa do Jace ~não se iludam muito com isso~
Espero que tenham gostado do piti do Tyler e o Henri surgindo do nada, porque o próximo vai ser a maior baderna hahahaha muita bomba viu? Cuidem do coração HAHAHAHA
Ei, espero comentários hein? u.u beijocas