London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 15
O problema Blackwell


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey lindos :) como vão? Eu disse que ia postar mais cedo e aqui estou eeeu uhsushushsuhsSugestões, dúvidas mandem para @delespaces no twitter ok?



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A chuva caia pesadamente por toda a região de Londres, obrigando pessoas à se esconderem sob guarda-chuvas e lugares cobertos. O frio era cortante, as temperaturas caiam a cada segundo daquele inverno, ainda não havia neve pelas ruas, apenas a água da chuva cobrindo cada centímetro de Londres. Apoiei minha cabeça na janela do carro acompanhando com o olhar uma gotícula de água deslizar pelo vidro lentamente, sendo desviada pelo vento forte. Henri estava quieto ao meu lado, sua atenção se baseava na estrada sem tirar os olhos do que havia a sua frente nem um minuto. Ele desfrutava do silêncio entre nós ouvindo uma música calma no rádio de algum cantor britânico desconhecido por mim. A música era lenta, calma e relaxante, as vezes, trazendo um pouco de sono para mim.

– Você está tão quieta. – disse ele quebrando meu transe. – Está com sono?

– É. – murmurei logo depois de um bocejo. – Não dormi muito bem essa noite.

– Pesadelos?

Assenti me acomodando ao banco e desfrutando do ar quente do carro, misturado ao perfume viciante de Henri. Aproveitando que ele prestava atenção na estrada, fiquei observando ele – os fios negros de seu cabelo bagunçados de forma charmosa, os traços fortes do rosto, o nariz um pouco arrebitado, os olhos azuis penetrantes. Desci os olhos pela extensão de seu pescoço até ombro e peito cobertos pelo moletom cinza. Ele era o contrário de Tyler, possuía olhos azuis gentis, maliciosos e divertidos, enquanto Tyler tinha olhos negros profundos, ameaçadores e as vezes ternos. Pensar nele me causou uma careta involuntária e um suspiro.

– Perdeu alguma coisa em mim? – perguntou ele debochado.

– Meu coração. – sussurrei baixo demais, provavelmente ele não havia escutado. – Estava pensando, nem percebi que estava encarando você.

A última frase ele ouvir, sorrindo logo em seguida enquanto trocava a estação do rádio até encontrar uma música agitada que eu conhecia muito bem – The Blue. Não consegui conter o riso acompanhando a música com uma voz nada afinada, o que fez Henri rir, mas se juntar a mim cantando a música.

Ficamos assim por longos minutos, até que finalmente avistei na estrada um galpão grande, pude ver pessoas andando do lado de fora carregando roupas e algumas partes do cenário. Ao que parecia, era ali,

– Chegamos. – disse ele terminando de estacionar o carro.

– Obrigada pela carona, Henri. – eu disse tirando o cinto e pegando minhas coisas no banco de trás. Henri me observava silenciosamente, só parando o olhar sobre meus olhos quando retribui.

– Você que manda, Srta. White. – disse num tom brincalhão. – Estou ao seu dispor!

– Cuidado, Sr. Price, eu posso me acostumar mal. – eu disse entrando em sua brincadeira, aproximando-me lentamente usando o banco para me apoiar em sua direção.

– Não tem problema, a Srta. pode me chamar para o que precisar. Até mesmo quando querer companhia... ou algo a mais. – sussurrou todo galanteador, com a voz com certa malícia.

Mordi o lábio inferior observando ele se aproximar um pouco mais de mim. Quando fiz isso, ele não conseguia tirar os olhos de meus lábios.

– Será que posso chamar agora, Sr. Price? – perguntei tentando soar sensual. Devo ter causado a reação esperada, pois os olhos de Henri brilhavam pela excitação. Dessa vez fora ele quem mordeu os lábios, passando os olhos lentamente por todo meu rosto e ameaçando me beijar, com os lábios muito próximos dos meus.

– Cuidado, posso te processar por abuso sexual.

Não consegui mais manter o ar sensual, tanto que acabei soltando uma gargalhada ao ouvi-lo dizer aquilo, afinal, eu estava esperando por outra frase, não que ele ia me acusar de abuso sexual!

– Henri! – falei dando um tapa de brincadeira em seu braço, vendo-o sorrir de forma envergonhada. – Eu esperava tudo, menos isso!

Aproveitando-se de minha distração, ele puxou meu rosto rapidamente na direção do seu, pousando seus lábios fortemente nos meus como se esperasse a muito tempo aquele beijo. Por um momento, me esqueci completamente das gravações e tudo que eu mais quis era poder ficar com ele naquele carro. Mas claro, meu lado racional acabou ganhando.

– Henri, eu tenho que ir. – falei sendo interrompida por ele, que voltava a me beijar e mordiscou meu lábio inferior. Antes mesmo que eu pudesse protestar, ele desceu os lábios pela extensão de meu pescoço. – É sério.

Ele entendeu o recado e parou, fitando-me com um sorriso bobo nos lábios.

– Ok, eu deixo você ir, madame.

– Vejo você amanhã? – perguntei antes de sair do carro. Ele me encarou como se eu tivesse falado a maior asneira. – O que?

– Srta. White, eu disse que estou a sua disposição. – e piscou.

Antes que eu pudesse dizer algo, o carro disparou pela rua, sumindo a cada quilômetro alcançado.

[...]

O lugar estava um caos, pessoas correndo um lado para o outro enquanto tentavam arrumar o que seria usado em cada cena da guerra e principalmente os figurinos. Morrendo de frio e tentando me esquentar com as luvas que vestia, fui atrás de Daiana para encontrar meu figurino de Valentina e me encontrar com o ator que faria Ben. Eu sentia meu estômago revirar ao me lembrar que teria que ver Tyler e pior, beijá-lo durante uma das cenas. Só de imaginar isso, já senti calafrios percorrendo meu corpo, só piorando meu estado por causa do frio.

Quando encontrei Daiana, ela me levou até os camarins improvisados no galpão que um dos produtores alugara e me deu o figurino de Valentina. Droga, eu iria congelar naquela roupa, não era nem um pouco grossa e meu parte de meu busto e cintura ficavam expostos.

Ela viu minha careta ao pegar as roupas e riu, parecendo achar graça de meu sofrimento. Sem reclamar, segui até o camarim e tratei de trocar minhas roupas pelas de Valentina e depois, fui até o maquiador, quem rapidamente preparou a maquiagem da personagem. Por serem cenas de guerra, eu vestia uma “quase” armadura e um chapéu nada confortável que serviria para proteger minha cabeça se fosse uma guerra de verdade.

Terminei os detalhes do figurino e segui para onde as cenas seriam filmadas. Haviam centenas de figurantes usando roupas muito parecias com as minhas, porém, os que seriam do lado contrário ao de Valentina, estavam com detalhes em azul, enquanto os meus eram vermelhos.

Posicionei-me onde Jason McNight havia falado quando cheguei para esperar as filmagens, eu morria de frio tentando me cobrir do vento gelado com uma parte da meia-saia que usava, mas não estava tendo muito êxito.

– Olá, Scarlet. – só de ouvir sua voz, meus calafrios aumentaram. – Ual, a roupa de guerreira lhe caiu bem.

Revirei os olhos.

– Obrigada. – resmunguei olhando na direção contrária a dele. – Jason avisou quando vai começar?

– Daqui alguns minutos. – por um instante, me virei em sua direção para ver como Tyler estava. Ele vestia uma armadura completa do figurino e carregava um chapéu muito parecido com o meu logo abaixo de um dos braços. Tyler tinha alguns músculos e bom... ele estava bem mais bonito do que eu lembrava.

Droga! De onde esse pensamento veio?!

– Então seu pai é o grande Tom White, quem diria. – disse Tyler de repente. Confusa, franzi o cenho em sua direção, o que apenas arrancou dele uma gargalhada irônica. – Qual é, Scar, então não é a toa que você está aqui. Com uma ajudinha de alguém já famoso...

– O que?! – falei um pouco alto demais o interrompendo. – Tyler, morda a língua para falar de mim. Meu pai não me ajudou a chegar aqui, foi culpa de Jes e Ana.

– Ah, claro! – ele balançou a cabeça negativamente. – Óbvio que aquelas duas iriam se meter. – quando sua risada irônica acabou, senti que ele estava chegando um pouco perto demais de mim, tanto que pôde sussurrar em meu ouvido. – Não importa de quem é a culpa por você estar aqui, mas eu quero agradecer a essa pessoa por poder ver o quão gostosa você está hoje com essa roupa.

Meu estômago revirou mais, comecei a sentir uma vontade enorme de vomitar. Ok, não tenho culpa, porque vê-lo me elogiando é o mesmo que jogar um balde de peixe podre em cima de mim. Só pode ser uma piada do destino querendo acabar com a minha felicidade.

Ignorei-o por completo, voltando minha atenção ao diretor que se dirigia ao meio do campo onde estavam centenas de pessoas para iniciarem as filmagens. Jason estava nervoso, provavelmente era o frio que o fazia tremer. Deu as instruções para os atores, principalmente para o que fazia Ben e para mim, já que éramos os principais naquela cena de guerra. Jason avisou Tyler sobre a hora exata que tinha que entrar em cena e que era crucial que ele tivesse o timing perfeito.

– Não vejo a hora do nosso beijo. – sussurrou ele mais uma vez antes de sair de perto de mim rindo ironicamente.

Ainda sentindo meu estômago revirado, me preparei para a cena em que tinha que discutir com um dos homens no comando. Meu papel era complicado, interpretar alguém terrivelmente má como Valentina desperta o pior em você, ainda mais porque eu não sou má dessa forma.

Segurei uma das espadas que haviam me dado, a qual fazia parte do figurino e como mandava o script, me lancei em meio às pessoas dando início a guerra. Como era mandado, eu tinha que seguir em direção ao ator de Ben, pois a briga se resumia ao ódio que ambos sentiam um ao outro. Tyler não estava na cena, ele apareceria apenas quando eu atingisse Ben.

Seguindo o script sem muita dificuldade, pois o combinado era todos os figurantes desviarem de mim – exceto pelos inimigos de Valentina, esses eu tinha que acertar e derrubar – até que finalmente encontrei Ben naquela bagunça toda. Minha mente raciocinava como a personagem, coloquei todos os meus ódios em mente, desde as coisas ruins pela qual passei até o ódio por ter sido abandonada. O ódio subiu por minhas veias, senti meus músculos se retesarem até que estava sentindo raiva o suficiente para que pudesse interpretar. O ator de Bem estava a poucos metros de mim, também atuando, pois sua expressão indicava medo de mim, porém ao mesmo tempo, raiva.

Corri em sua direção brandindo a espada até que as duas lâminas se chocaram, forçando para que ele caísse com muita força sobre o chão. Ben tentou se erguer, mas fiquei sobre ele tentando o enforcar – de mentira, ok? – com a espada, forçando-a em direção a sua garganta. Mas antes que pudesse mata-lo, Ben conseguiu me empurrar, fazendo com que eu caísse de costas na grama. Assim como eu, ele tentou me acertar, mas fora jogado para o lado por Dominic – Tyler – quem segurou sua espada muito próxima ao rosto de Ben.

Era estranho vê-lo defendendo minhas personagem, eu sentia como se ele estivesse me defendendo. Confusa, voltei ao corpo de meu personagem e ajudei Dominic a tentar matar Ben, entretanto fomos obrigamos a recuar quando mais guerreiros chegaram.

E assim, a guerra se deu fim.

– Eu não preciso de ninguém me defendendo, Dominic. – brandi andando com passos pesados em direção às tropas. A alguns metros de nós, a câmera nos seguia na mesma velocidade.

– Sei que não, mas o fiz do mesmo jeito. – ele correu até mim, puxando-me com força pelo braço, fazendo com que nossos rostos ficassem a poucos centímetros de distância. – Você quer me afastar, Valentina, e eu não dou a mínima. Sabe por que? Porque eu te amo mais do que tudo.

Agindo como Valentina deveria agir, o ignorei continuando minha caminhada com raiva em direção para bem longe de onde os outros estavam.

– Não vai mesmo dizer nada? – insistiu ele voltando a me puxar em sua direção, porém pela cintura. – Parte dessas tropas já sabe que você não é tão perfeita quanto seu pai diz, sabem o quanto você não quer fugir dessa droga toda comigo! Então por que não admite que também me ama?!

No script, Valentina deveria estar confusa, pois sentia o mesmo por ele, porém, seu pai e líder daquelas tropas jamais aceitaria tal coisa. Para ele, um romance seria apenas uma distração para uma futura líder como Valentina e impediria que os planos de seu pai dessem certo.

– Eu não posso, Dominic! – exclamei virando de costas para ele. o desespero estava claro em meu rosto, mas em meus olhos... estava óbvio meu medo por ter que fazer aquela cena com Tyler. – Você não entende!

E assim, a parte que mais me apavorada aconteceu. Tyler se aproximou rapidamente, tomando-me nos braços e pousando seus lábios contra os meus pesadamente. Fora um beijo técnico, não havia sentimento... bom, pelo menos da minha parte. Mas algo no beijo de Tyler me fizera sentir algo estranho, era como se estivesse tentando me dizer algo, algo que nunca pôde dizer.

Quando o beijo acabou, mordi meu lábio ao ouvir o “Corta!” do diretor. Aquele estava sendo uma droga de problema Blackwell.


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Notas finais do capítulo

Vish vish.... to sentindo uma coisa estranha em relação a esse beijo hein... Nos vemos no próximo!



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