“-Merda, cadê meu comprimido?!
Havia acabado de acordar, e a dor na minha cabeça não perdoava. Não tinha a mínima noção do que havia feito na noite passada.
-Gustav?
É, mein Gott, Gustav estava deitado, só de short no sofá, parecia ter tido uma ótima noite...
-Muito folgado mesmo... – Tentei acordá-lo, empurrando-o de um lado para o outro, mas o preguiçoso continuou dormindo. – Ah, se é assim... Só não vem reclamar quando teu pai chegar...
Ah merda de ter 17 anos, morar com o amigo e os pais dele, é que simplesmente é uma merda mesmo... Mas eu não posso voltar pra casa mesmo, então que diferença faz?
-Meu pai o que? – Ele acordou AMÉM!- Bom dia Georg, como foi a farra ontem?
-Boa... Peguei uma mina muito linda Gusti... E pela tua cara vejo que não foi tão diferente assim da minha, se duvidar até melhor... – Eu ria das minhas palavras, mas ele me encarava.
-Na verdade não, eu fiquei aqui a noite todinha pensando em vo... Em voltar pra festa, mas eu tava com uma preguiça... – Ele havia corado, nunca havia reparado em como ele fica tão lindinho corado desse jeito.
-Tava bacana man, sério... Bora tomar café? Hoje é... Bolacha! –Fingia empolgação tão mal nessas horas, Gusti riu da minha cara – O gordinho, não ri de mim não, bora, te senta logo e bora comer, a gente ainda tem que arrumar a casa...
-Eu sei... GORDINHO?! – Gustav se levantou e foi em minha direção, me puxou pelo braço, encostou seu nariz com o meu, me levantando com uma mão – Isso não é gordura, é músculo – E riu. Riu feito criança por um bom tempo, mas sem me largar.
Eu não conseguia parar de olhar para aquele sorriso, era sempre tão... fofo! Mas, meu Deus, o que eu estou pensando!
-Po-po-ode me soltar, por favor? – Eu tava GAGUEJANDO! Por que diabos eu estava nervoso assim?!
-Ah, claro... – Passei tanto tempo prestando atenção no sorriso dele, que nem reparei que ele me olhava também, mas para os meus olhos, ele sabia que eu o secava, mas nada dizia... Devia ter achado normal...
-Pois é... Onde está a bolacha?
-Depende de qual você quer...
-Marisa *OOO* - Amo essa bolacha *u*
-Ta de baixo dos biscoitos, no armário.
-Danke... – Me abaixei pra procurar, mas onde diabos elas estavam? – Guuuuuuuuuusti, eu não to achando não...
-Deixa que eu vou ai... – Ouvi passos vindos na minha direção, depois uma mão forte na minha cintura, e foi ai que eu me toquei da pose que eu estava, no chão, sem camisa, de quatro. Tratei de mudar de posição rapidinho! – Ta aqui seu besta!
-Já disse pra não rir da minha cara... Eu não tinha visto – Minha vez de ficar corado. Sempre ficava por qualquer besteira, lá estava eu, que nem um pimentão!
-Ô coisa estressada! – Gustav riu mais ainda de mim, eu me levantei e o encarei.
-Eu disse pra não fazer isso...
-O que você vai... – Não deixei-o terminar, pulei em cima dele, caímos os dois no chão, e ele gritava desesperadamente: “COSQUINHA NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO, POR FAVOOOOR”
-Eu sou mal, e agora você tem uma motivo pra rir... – Eu fazia cosquinhas na barriga dele, que por sinal havia ficado bem durinha, desde quando meu amigo é gostoso assim? :S EPA, gostoso de brincadeira, não curto essas coisas....
-Eu percebi que é, mas eu sou mais forte – Ele conseguiu se levantar e correu até a porta da sala, aquela criança! Ficou me encarando da porta, com uma pose SUPER-HOMEM que estava uma graça e... Que estava totalmente horrível, parecia um débil... Mas ele me viu jogado ali no chão, e seu sorriso sumiu.
Lentamente, ele voltou para onde eu estava e se deitou do meu lado, ficou encarando o teto.
-Georg? Sabe... Tem um monte de coisa que eu queria te contar... Mas cê tem que prometer que vai ouvir, sem me julgar...
-Claro – Ele era meu amigo, nunca ia julgar ele, ou alguma coisa do tipo...
-Eu sou gay... Não viado, eu sou gay, é diferente...
-Eu imaginava...
-Por quê? –Ele me olhou confuso.
-Que homem hétero em sã consciência teria TODAS as cuecas em tons de rosa?! – rimos os dois do meu comentário besta.
-‘rs... Pois é... Mas o bagulho é o seguinte... Eu gosto de ti, sério, desde quando a gente se falou a primeira vez... Eu vi o teu sorriso, sei lá... A partir de lá, não consegui mais gostar de ninguém que não fosse você...
Ele me olhava, podia sentir olhos em mim, mas eu não me atreveria a olhar naqueles olhos, aqueles olhos iriam me fazer falar coisas que eu não sei se deveria dizer...
-Eu sou uma merda mesmo, não devia ter dito nada... – Eu vi sua sombra na parede... Ele correu pra fora da casa. Ainda pensei em ir atrás, mas não, minhas pernas não me obedeciam... Meu cérebro só pode mandar uma mensagem, e então, eu chorei.
Depois de algumas horas, eu já no meu quarto, e os pais do Gusti no deles, o baixinho voltou. Minha porta estava aberta, pude ver quando ele passou, seu rosto estava inchado, olhos extremamente vermelhos... Não estava tão diferente de mim, afinal...
Resolvi ir vê-lo, mas não agora, de noite, de madrugada, é de madrugada ia ser bem melhor... Eu poderia conversar com ele sem a possível interrupição dos pais dele.
Mein Gott, três e meia da manhã, e eu nem dormi de tanta ansiosidade por ir falar com ele... Mas que coisa... Eu acho que também gosto dele... Irei saber quando for falar com ele...
Levantei-me e fui andando em direção ao quarto dele, a luz estava ligada e a TV também, ele estava dormindo então, incrível como ele só dorme vendo TV, e sempre esquece de desligar... Abri a porta lentamente, e lá estava ele, jogado na cama, rastros de lágrimas pelo rosto, não devia ter dormido há muito tempo... Ele estava agarrado com o travesseiro chupando o dedo... Sentei-me na beira da cama e observei aquela cena tão... Inocente que era ele dormindo, uma eterna criança... Quando me sentei, ele abriu os olhos, e meu viu. Incrível como meu coração conseguiu passar de dez pra mil em questão de milésimos, só por ver seus olhos... Ele sorriu pra mim, e que sorriso mais doce... Ah, eu tenho que admitir, eu to gamadão nele... Merda, e ainda to falando coisa fofinha OO’.
-Não conta pra ninguém que me viu assim... – Ele disse, tirando o dedo da boca e sorrindo ainda mais.
-E que graça teria invadir teu quarto se não fosse pra te flagrar? – Disse rindo, e vi que ele se aproximou de mim, o suficiente para um respirar o ar do outro.
-Eu posso te mostrar uma coisa bem mais interessante... – Ele chegou mais perto, e eu pude sentir o gosto de seus lábios, sentir a sensação que nossos lábios juntos me causavam... E entre esse tímido beijo, não resisti:
-Eu te amo Gusti... – Ele parou de me beijar e me abraçou.
-Eu te amo, com certeza te amo mais... – Ele me apertava forte, parecia que queria me explodir ou algo do tipo, mas eu deixei, sabia que ele estava feliz...”
-Foi isso Tom. – Georg subia na cama do mais alto e deitava ao seu lado.
-Hmm... Mas me diz você me ama agora né? Esqueceu aquele lá né? – Tom passava a mão pelo rosto do menor com uma expressão preocupada no rosto.
-Deixei de amá-lo dia em que ele me trocou pelo seu irmão... E eu te amo agora bem mais do que amava ele...
-Jura que me ama? – Tom ainda estava preocupado.
-Eu te amo Tom Kaulitz, eu juro.
Tom foi para cima de Georg e começou a beijá-lo, queria aquele menino só para si, porque ele já era todo dele.