Histórias Infantis... Ou Não! escrita por Docinho Malvado


Capítulo 2
Pele Branca como a Neve...


Notas iniciais do capítulo

Pele Branca como a Neve, cabelos negros como a noite e lábios vermelhos como sangue!
Capitulo baseado no livro Branca De Neve Tem Que Morrer.



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O ar abafado de rosas murchas atravessou-o. Ele fechou cuidadosamente a porta pesada de ferro atrás de si, acendeu a luz e hesitou, imóvel, por um instante. O quarto grande, de cerca de dez metros de comprimento por cinco de largura, tinha uma decoração simples, mas ela parecia sentir-se bem ali. Ele se dirigiu ao aparelho de som e apertou a tecla PLAY. A voz rouca de Amy Winehouse preencheu o cômodo. Ele próprio não conseguia achar muita graça na música, mas ela adorava a cantora, e ele costumava levar as preferencias dela em consideração. Se era para escondê-la, então não deveria lhe faltar nada. Como sempre, ela não abriu a boca. Não falava com ele, não respondia a suas perguntas, mas isso não o incomodava.
Lá estava ela, quieta e bela, deitada no caixão de vidro estreito sem nenhum arranhão, ele mesmo fazia questão de encerá-lo todas as sextas; os cabelos negros como a noite espalhados como um leque ao redor da cabeça. Ao lado do caixão estava um criado-mudo com um vaso de porcelana com um ramalhete de rosas brancas e vermelhas murchas.
– Oi, Branca De Neve! - Disse ele em voz baixa. O olhar dele vagou pelas fotos que havia pendurado ao lado da cama. Fotos dela feliz e alegre, dos dois juntos... Ele queria lhe pedir para pendurar uma foto nova, mas tinha de fazer esse pedido num momento mais apropriado, para que ela não se magoasse. Com cuidado, colocou delicadamente a mão sobre o vidro. Por um momento, acreditou que ela tinha se mexido. Mas não. Ela nunca se mexia. Ao longo dos anos, sua pele adquiria um tom pálido e frio como gelo... Como neve, e parecia firme. Como sempre, seus olhos estavam fechados, e ainda que sua pele já não fosse tão macia e delicada, sua boca era linda e rosada como antes, quando ela conversava com ele e lhe sorria. Por um momento, ele ficou ali paralisado, observando-a. Nunca o desejo de protege-la fora tão forte.
– Preciso ir - disse ele por fim, lamentando. - Tenho muitas coisas para fazer, sabe, um jardim inteiro para cuidar. - Disse ele sorrindo tristonho. Tirou as rosas murchas do vaso e assegurou-se de que a garrafa de Coca-Cola sobre o criado-mudo estava cheia.
– Me avise quando precisar de alguma coisa, está bem?
Ás vezes ele sentia falta da sua risada alegre, de dançar a madrugada inteira com sua amada, e ficava triste. Naturalmente, sabia que ela estava morta. No entanto, achou mais simples e menos doloroso agir como se não soubesse. Nunca perdera totalmente a esperança de tê-la novamente.


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Notas finais do capítulo

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