Pyro escrita por Rodneysao


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Caraca, essa imagem da capa me inspirou demais a escrever essa one, se quiserem o link pra ela é esse: http://static.fjcdn.com/large/pictures/7b/d1/7bd1fe_4625452.jpg



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                “Guerra é algo que eu não desejo para ninguém. Guerra é morte, é sofrimento, é dor, é angustia, é sofrimento e solidão. Muito antes de vocês nascerem houve uma grande guerra, uma que cobriu todo o mundo com destruição e morte. Não sei quem a iniciou e quais foram as causas, tudo o que sei é que fui tirado de minha casa para lutar pela liberdade de nosso país.

                Hoje a paz que vocês vivem é muito diferente daquele tempo, antes não existiam pokebolas, nossos recursos eram para sobreviver e não caçar Pokémons, antes era tudo difícil. Mas no meio de tanta dor, destruição e carnificina, eu ainda tinha algo para segurar minha sanidade, um grande amigo que também foi forçado à essa guerra.

                Ele era um Growlithe, foi treinado pelo exercito para carregar suprimentos rapidamente pelo campo de batalha. Seu nome era Pyro, um nome apropriado para um Pokémon de fogo.

                Ele foi colocado sob meus cuidados, eu era veterinário, cuidava da saúde dos pokemons, e até de alguns humanos. Mas acima de tudo eu era um soldado, fui mandado para a frente de batalha e Pyro se recusou a sair do meu lado.

                Eu até hoje não me lembro muito bem o que aconteceu, mas atacamos um carregamento de suprimentos para enfraquecer o exercito inimigo... caímos em uma emboscada, nosso pelotão foi completamente dizimado por uma revoada de charizards. Eu tive muita sorte, Pyro salvou minha vida, acho que ele pressentiu o ataque e me jogou em uma ladeira.

                A queda era alta e tinha varias pedras, alem de varias arvores lá em baixo, na queda eu quebrei minhas pernas e fraturei severamente o braço esquerdo. Me lembro que depois de finalmente parar e sentir toda a dor correr pelo meu corpo eu pensei que Pyro tinha tentado me matar, mas no momento seguinte eu vi o ataque, era tanto fogo que no local ninguém sobreviveu, nem mesmo os squirtles conseguiram escapar.

                Eu me arrastei apenas com o braço direito por uns duzentos metros na direção do comboio, eu ainda tinha esperanças de encontrar Pyro vivo. Nada no mundo tinha me preparado para a carnificina que eu vi naquele lugar, o comboio de suprimentos carregava pedras elementais para evoluir vários pokemons que estavam atacando Saffron, Pyro tinha queimado um vagão e as pedras caíram no chão, o pequeno growlithe pulou no meio delas sabendo o que aconteceria.

                Pyro agora evoluído para arcanine, rasgou a carne de mais de quarenta soldados inimigos, alem de matar scythers, machamps, rydons e até mesmo os sete charizards que mataram todo meu pelotão. Tudo o que eu vi naquele lugar foi sangue e membros espalhados, alem de fogo, muito fogo, e no meio de tudo, inabalável, ferido e muito nervoso, estava o grande Arcanine Pyro.

                Eu me lembro de ter congelado quando o Pokémon se virou para mim com seus olhos em fúria, Pyro correu na minha direção e começou a me cutucar com o focinho, como se perguntasse se eu estava bem, eu sorri para ele, eu tinha certeza que morreria, meus ferimentos eram extensos demais, mas mesmo assim eu não podia deixar de sorrir, Pyro era e sempre será um grande amigo.

                - Pyro, obrigado... – foi tudo o que eu pude sussurrar antes da perda de sangue me fazer cair inconsciente.

                Quando eu acordei, estava deitado em um hospital, Pyro estava ao meu lado ronronando, eu sorri e acariciei sua juba, o Pokémon se levantou e lambeu minha mão, eu estava feliz, muito feliz, feliz por estar vivo, feliz por poder descansar um pouco, mas principalmente, feliz por meu amigo ter sobrevivido.

                Pyro ficou ao meu lado todos os dias, nos dois meses que eu fiquei de cama no hospital, o Arcanine saiu apenas para necessidades básicas, como comer e beber.

                Nesse tempo no hospital eu comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido nos últimos anos, antes do exercito eu era apenas um garoto, filho de agricultores, mas conforme minha situação ia melhorando meu medo ia crescendo, eu estava com medo de voltar aos campos de batalha, de ver mais mortes, de morrer. Mas Pyro estava lá e sempre me acalmava, principalmente quando nos dois tínhamos pesadelos.

                E então a noticia correu pelo mundo todo, a guerra tinha acabado, tínhamos vencido, eu estava livre, livre para voltar para casa, livre para me aposentar. Eu chorei, chorei de alegria e Pyro uivou, nós dois choramos juntos aliviados por finalmente poder parar de lutar.

                Quando eu finalmente tive alta do hospital foi me dito que eu seria um homem desabilitado para sempre, minha perna esquerda não tinha cura, ela tinha sido quebrada em mais pedaços do que meu corpo poderia curar, então eu andaria para sempre de bengala.

                Com o fim da guerra os pokemons eram leiloados para arrecadar dinheiro para o governo, foi um dia negro quando vieram e levaram Pyro embora. Eu saí de minha cama no hospital, fugi antes de ter me curado totalmente, e fui cambaleando até o centro onde os pokemons eram leiloados.

                Arcanine é um Pokémon muito raro, poderoso, cobiçado e caro, mas, acima de tudo, leal. Quando ele foi finalmente anunciado para ser leiloado eu dei o maior lance possível, eu entreguei todo meu dinheiro, minha fazenda e até minhas armas por ele, em um fim de guerra onde a crise estava alta ninguém tinha dinheiro para cobrir minha oferta, Pyro foi devolvido a mim.

                Por muito tempo tudo o que eu soube fazer era lutar e guerrear, agora, sem guerra, sem dinheiro, deficiente e com quase trinta e cinco anos de idade, eu não tinha como sobreviver, eu e Pyro fomos reduzidos à mendigos, vivíamos às custas de doações, eu não podia encontrar um emprego e nós não podíamos viajar por causa da minha situação.

                Eu e Pyro andamos, era só o que nos restava fazer, lentamente e seguindo em frente, eu nunca poderia pagar de volta por tudo o que Pyro fez por mim, ele sempre esteve ao meu lado, sempre que eu vacilava ele me segurava, sempre que as pessoas ao nosso redor zombavam de mim ele sorria para mim, Pyro foi a única coisa que me manteve vivo por muito tempo, e agora ele continuava sua missão, não me deixar desistir.

                Levamos quatro dias para sair da cidade, andamos por muitas semanas sempre vagarosamente, perdi as contas de quantos pokemons ele afugentou apenas com um rosnado, Pyro era poderoso, muito poderoso, nem mesmo um enxame de beedrills ousou chegar perto, Pyro também era feroz, ele chegou a rasgar fora o braço de um homem que tentou me empurrar, fazendo assim todos que estavam próximos fugirem para longe.

                Perdi também as contas das vezes que nós dormimos ao relento, principalmente no inverno, onde o grande Pokémon de fogo se deitava ao meu redor, me mantendo aquecido.

                Levamos dois anos para finalmente conseguirmos um local estável para morar, uma pequena casa no meio da floresta, nos arredores de Cerullean, por não poder fazer nada físico ou que exija força, eu acabei me tornando um escritor, eu escrevi um livro enquanto viajávamos, escrevi sobre minha vida na guerra e como ela acabou, o livro acabou caindo no gosto do publico e eu recebi um pouco de dinheiro por isso.

                Então, bem na frente de meus olhos, o mundo começou a mudar, as pessoas começaram a se unir e viver, as pokebolas voltaram a ser fabricadas e novos aventureiros surgiam, novos treinadores, novos mestres e novos pesquisadores, eu vi o foco do mundo se desviar do dinheiro para os pokemons, eu vi através dos anos as crianças crescerem e se tornarem homens adultos de bem, pessoas que, se existissem mais delas em meu tempo a guerra não teria acontecido.

                Hoje, com noventa e quatro anos de idade, eu ainda me sento na varanda de minha casa esperando o próximo treinador passar, para que eu possa contar-lhe minha história e esperar que ele venha a aprender algo com ela. E até hoje Pyro me acompanha, o grande arcanine nunca mostrou sinais de velhice, não sei se é por sua raça ou se é por ele ter caído sobre um monte de pedras de fogo, mas até hoje ele não envelheceu um dia desde quando evoluiu.

                Eu espero, sinceramente, que não haja outra guerra igual a que eu passei, mas eu duvido que isso venha a acontecer,  a mentalidade das pessoas mudou, hoje uma guerra assim nunca aconteceria.

                Enquanto escrevo isso na minha varanda tudo o que posso pensar é em agradecer a tudo pelo que eu tenho até hoje, mas acima de tudo agradecer a Pyro por sua lealdade inabalável e por sua perseverança e insistência nesse velho homem. Obrigado por tudo.”

                Charles Skesh, ex-soldado da primeira divisão do exercito da revolução foi encontrado morto em sua casa, sentado em sua varanda, morreu por causas naturais, no dia seguinte seu Arcanine Pyro desapareceu. Em suas mãos encontramos uma carta, essa carta são suas ultimas palavras escritas, juntamente com o final de seu ultimo livro. Nós, da Poke Editora lamentamos muito a morte desse grande homem, esse homem que passou pelo pior e ainda conseguiu sair por cima. Obrigado Charles, o mundo todo o agradece por nos mostrar o que a guerra é capaz, mas acima de tudo, obrigado Pyro por cuidar de Charles, esperamos que você encontre seu caminho no mundo.


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Notas finais do capítulo

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