I Won't Give Up escrita por Lena Potter Howe


Capítulo 57
Para sempre


Notas iniciais do capítulo

Heeey pessoal. Primeiro obrigada pelos comentários e obrigada quem favoritou *-* Esse capitulo está bem revelador. Então, boa leitura!!



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POV Ally

Finalmente. Entrei na casa e suspirei. Vi uma pequena figura correr até minhas pernas e abraçar uma delas. Sorri e outra figura agarrou minha outra perna.

– Acho que você é bem amada – minha tia sorriu beijando minha testa.

Depois de uma semana no hospital eu não me importava de ser recebida assim. Durante todos esses dias fui entupida de remédios e a única coisa que me restava era dormir.

Antes de sair do hospital aceitei continuar o tratamento com remédios. O médico que cuidou de mim lá disse que é possível esses ataques de dor pararem se eu fizer esse tratamento.

Todo esse tempo no hospital acabou me lembrando de tudo que eu já passei. Seja ruim, ou boa. Lembrou-me de todas as vezes que eu acordava e Austin estava ali, sempre ali.

– Quer descansar? – Mary perguntou atenciosa e eu sorri. Ela tinha ficado comigo todo o tempo, não me deixava por segundos. Dei ombros e ela interpretou aquilo como um sim.

– Eu ajudo-a pode deixar – Thomas disse se colocando ao meu lado. Mary hesitou, mas por fim acabou indo cuidar de Mel.

Mesmo não querendo acabei aceitando a ajuda de Thomas. Nós subimos as escadas lentamente e fomos até meu quarto com Mary. Encontramos o quarto totalmente organizado, um pouco diferente do que realmente estava da última vez.

Deitei na cama do mesmo jeito que estava e Thomas sentou ao meu lado, como um pai prestes a dar uma bronca. Encarei-o e ele suspirou.

– Você sabe que o médico disse qual foi o motivo de sua dor – ele disse seriamente. – Nervosismo – completou logo em seguida.

No mesmo momento lembrei com detalhes o real motivo de tudo isso. Fechei os olhos com a intenção de bloquear todas essas memórias.

– Eu sei – falei e ele me analisou atenciosamente.

– Você está bem? – perguntou preocupado e eu assenti rapidamente. – Quer me contar? – questionou, ele parecia desconfiar de alguma coisa.

– Eu não... – comecei a falar nervosamente e ele me interrompeu.

– Tudo bem – garantiu carinhoso. Nós ficamos por um tempo apenas olhando um para o outro.

Provavelmente já estava obvio em meu rosto porque eu vim para New York, porque eu tive dores do estômago, o porquê de tudo.

– Só mais uma coisa, tire suas próprias conclusões, não vá por outras pessoas – falou seriamente.

Concordei mesmo estando confusa. Thomas garantiu mais uma vez que eu estava bem e depois saiu do quarto.

Para dar conselhos, as pessoas sempre são misteriosas? Ou talvez, eu não esteja pensando direito. Decidi pensar nisso depois, assim que meus olhos começaram a se fechar. E logo eu estava sonhando mais uma vez com o loiro que ocupa todos meus pensamentos.

*****

Já fazia três dias que eu havia saído do hospital. Mary havia conseguido o trabalho no hospital quando eu ainda estava internada. Ela gostava de trabalhar lá, e se acostumou com a nova rotina de trabalho. Mas, era visível sua tristeza em certos momentos. Assim como era visível a minha própria tristeza.

Eu finalmente voltaria à faculdade hoje. Todos insistiram para que eu terminasse a semana, mas decidi voltar, porque ainda era o começo do ano. Era sete horas da manhã e todos da casa já estavam acordados, até mesmo as crianças. E por incrível que pareça, elas já estavam correndo. Eles iriam ficar com a vizinha novamente por umas três horas.

– Você vai mesmo? – Mary perguntou estreitando os olhos.

– Claro – falei revirando os olhos enquanto colocava uma blusa de frio. Lembra-se da neve, da última vez? Ela não continuava tão rigorosa, mas ainda estava bem frio.

Ela fez uma careta quando ouviu minha resposta, mas não protestou mais. Poucos minutos depois nós duas descemos as escadas. Minha tia suspirou quando me viu ao seu lado.

– Eu jurava que estava brincando quando falou que ia voltar para a faculdade hoje – Holly disse com um olhar preocupado. Ao mesmo tempo veio em minha cabeça a imagem da Sra. Moon quando se preocupava com seus filhos ou até mesmo comigo. Balancei a cabeça e me concentrei em minha tia.

– Eu preciso voltar – falei como uma desculpa e ela cruzou os braços, mas também não disse mais nada.

Depois de vários protestos entre todos da casa eu, finalmente, consegui sair de casa. Não antes de ter tomado um grande número de remédios. Ah, mas claro que eu não fui sozinha. Thomas me deixou na universidade e disse que voltaria para me buscar.

Eu já imaginava que todos estariam mais protetores comigo, mas eu não os culpo e nem reclamo. Assim que Thomas me deixou lá, eu andei calmamente até minha sala da primeira aula. Ainda não tinha me acostumado com tudo tão diferente. Na verdade, nunca me imaginei fazendo uma faculdade, ainda mais de música, a qual foi uma coisa que eu sempre amei.

Assim que entrei na sala percebi que não havia muitas pessoas. Sentei mais ou menos no meio da sala e peguei um caderno. Tinham algumas frases aleatoriamente escritas. Às vezes rimavam o que eu achei engraçado já que nem havia pensado em rima-las.

Antes mesmo que começasse a escrever alguém me chamou. Levantei a cabeça e percebi que era minha professora. Ela era baixinha e sorridente. Tinha tido poucas aulas com ela, mas já havia percebido que era uma ótima pessoa.

– Oi – falei sorrindo minimamente.

– Está distraída – ela observou. Antes que eu respondesse ela continuou – Você não veio em algumas aulas não é? – ela perguntou e eu assenti confusa. Ela havia reparado? – Você poderia ficar um pouco aqui, depois desta aula? – questionou.

– Claro – concordei confusa.

Depois que ela havia voltado para sua mesa, para começar a aula e eu continuava confusa. Não entendi o motivo de ela ter me falado isso agora. Ou por te pedido apenas a mim, para ficar depois da aula. Ela saber meu nome era ainda mais estranho.

Durante toda aula eu fiquei confusa e um pouco nervosa. Afinal, eu havia acabado de entrar no curso, o que eu teria feito? Fiquei um pouco dispersa na aula, mas tentei ao máximo entender o que a professora falava.

Depois de um tempo, quando ela dispensou toda a turma foi quando fiquei verdadeiramente nervosa. Assim que quase todos haviam saído, levantei-me e fui até sua mesa. Ela estava sentada e sorriu quando parei a sua frente.

– Não fique assustada – disse brincando - Só quero conversar sobre um trabalho para você – completou agora mais séria. Franzi a testa não entendo mais nada.

– Trabalho? – repetiu e ela assentiu confirmando.

– Todo o departamento de música já soube de sua incrível aprovação no curso. Você entrou após uma prova e um teste. Quase ninguém aceita passar assim, porque não é nada fácil – ela falou seriamente – Mas, você passou de um jeito impressionante. Além de saber a teoria musical, sabe prática vocal, instrumental até mesmo compor – ela disse impressionada. Meu rosto esquentou e eu fiquei envergonhada.

Isso era realmente verdade. Como essa é uma das universidades mais famosas de música, eu decidi aceitar entrar de outro jeito, para ganhar mais crédito. Acabei entrando mesmo sem acreditar.

– Ah, sim. Sei um pouco de tudo – falei constrangida e a professora sorriu.

– Por isso tenho uma proposta – ela falou fazendo meu coração se acelerar. – A universidade sempre faz pesquisas e estágios em lugares que trabalham seriamente com a música. Agora vamos começar uma pesquisa em Miami... – meu coração parou nessa palavra -... Com o objetivo de avaliar o nível de ensino – ela explicou e eu assenti.

– O que eu... – comecei a perguntar, mas ela me interrompeu.

– Proponho a você participar do meu grupo para essa pesquisa. Será por pouco tempo e também não será algo difícil, estou chamando alunos de todos os anos – falou sorrindo e eu arregalei os olhos. Estava meio difícil respirar.

Ela estava me propondo voltar para Miami, de onde eu fugi de tudo. Era inesperado e muito confuso. Afinal, não fazia nem um mês que eu havia entrado. Eu realmente merecia isso?

Entretanto, a resposta para aquela pergunta não foi difícil. Mesmo eu nem tendo acreditado que iria responder aquilo. Respondi como se fosse algo obvio.

– Sim, eu aceito – respondi sem hesitar. Minha professora sorriu feliz.

– Que ótimo. Estou realmente feliz que fará parte do meu grupo. Se sairá bem – ela garantiu e eu desejei que ela estivesse certa. – Vocês ficaram lá no máximo um mês. Pretendo começar o mais rápido possível para não perderem muitas aulas – informou.

– E quando seria? – perguntei curiosa.

– No começo da próxima semana – respondeu e eu fiquei ainda mais surpresa. Mas, eu concordava em não perder muitas aulas.

– Tudo bem - concordei.

– Vou te passar o resto das informações depois. Pode ir para sua próxima aula – ela disse sorrindo e depois de me despedir saí rapidamente da sala.

Fui até a outra sala, completamente distraída. Ainda não acreditava que tudo isso estava acontecendo comigo ao mesmo tempo. Tudo parecia tão estranhamente ligado.

Em todas as aulas pelo resto da manhã eu me controlei para não ficar ansiosa. E tentei não pensar em tudo o que poderia acontecer durante esse trabalho. Por que Miami?

Tive que esperar só um pouco depois da minha última aula, pois logo Thomas já havia chegado. Assim que entrei no carro fiquei em dúvida se já deveria contar. Decidi esperar mais um pouco, seria melhor falar com Mary primeiramente. Afinal, se eu voltaria para Miami, ela voltaria comigo.

*****

– Você O QUÊ? – Mary gritou surpresa e assustada.

– Eu fui convidada a fazer um trabalho em Miami – repeti o que já havia falado.

– Por quê? – ela perguntou confusa e ergueu as mãos. Dei ombros.

– Estão escolhendo pessoas de todos os anos para fazer essa pesquisa – falei indiferente. Mary me encarou por um tempo, como se avaliasse o fato.

– Ah, parabéns – ela falou extremamente alto e depois me sufocou com um abraço. – Está conquistando tantas coisas – ela disse pulando de alegria.

– Obrigada – falei e depois suspirei.

– O que aconteceu? – ela perguntou preocupada e se sentou ao meu lado em minha cama.

– 1 mês. E em Miami – falei colocando a cabeça entre as mãos.

Mary parecia ter prendido a respiração por um tempo porque eu não ouvi absolutamente nada. Logo depois ouvi seu suspiro também. Levantei a cabeça novamente e ela me olhou ainda mais assustada.

– O que será que vai acontecer? – perguntou nervosa e eu balancei a cabeça em negativa.

– Não me pergunte. Espero que mais nada – falei, mesmo querendo que acontecesse algo sim.

Nós duas ficamos por mais um tempo sem falar e depois eu virei para a loira.

– Você vai comigo – falei seriamente e não era um pedido. Seus olhos imploraram silenciosamente tentando me convencer do contrário.

Continuei séria e ela choramingou ao perceber que eu não iria mudar de opinião.

– Porque tenho que ir? – perguntou como uma criança.

– Somos praticamente grudadas, você vem junto – falei brincando e ela revirou os olhos.

– Tudo bem, eu vou. Mas, não me culpe se eu ficar o mês inteiro trancada dentro de casa – ela falou apontando para minha cara e eu dei ombros. Ao menos ela ia. – E meu trabalho? – ela se lembrou.

– Peça folga – falei e ela negou rapidamente.

– Comecei a trabalhar faz pouco tempo – justificou. Pensei por um tempo tentando achar alguma solução.

– Não é da mesma rede de hospitais? Peça transferência – falei e ela choramingou novamente.

– Eles vão me despedir. Ou me bater – ela falou exageradamente fazendo-me rir – Cada mês vou para um lugar diferente?

– Espero que não. Por favor, apenas essa vez – pedi. Mary me encarou por um tempo e depois cobriu seu rosto com o travesseiro.

– E Mel? – perguntou. Como havia me esquecido? Durante um mês inteiro eu ficaria longe da pequena?

– Acho que não vou leva-la – falei em dúvida se era mesmo certo. Mary se sentou corretamente ao meu lado e dessa vez me olhou mais séria.

– Ally você acha que ela ficará mesmo um mês longe de você? Acho que não será bom para ela. Ela já está afastada de tantas pessoas, não acha que ela encarará como mais pessoas a deixando? – perguntou. A tão conhecida sensação de chorar começou. Eu já não sabia o que fazer em relação a mais nada.

– Eu estou acabando com a vida da minha irmã, não é? – falei suspirando.

– Claro que não, Ally. Apenas não acho que fará bem a ela. Mas, também será confuso ela voltar para Miami – Mary resumiu com uma careta.

– Ou seja, tudo é confuso – conclui e ela concordou. – De qual quer jeito vamos ter que decidir algo. Acho que meus tios vão querer participar dessa discussão – falei lembrando-me deles. Mary assentiu se arrastando para fora da cama.

– Vamos lá – disse cansada e eu a acompanhei.

Assim que estavam todos reunidos para almoçar, eu dei a noticia assustadora. Depois que contei tudo, ou quase tudo, a mesa ficou em um silêncio incrível.

– Um mês em que lugar? – minha tia perguntou seriamente. Foi isso que eu não havia falado.

– Miami – respondi e esperei reações. Meu tio arregalou os olhos, surpreso. Minha tia fez o mesmo e depois não pareceu contente.

A reação de Thomas foi um pouco diferente. Ele me olhou seriamente sem nenhuma reação. Mas, logo depois parecia mostrar preocupação. Era obvio que ele já sabia o que havia ocorrido entre eu e um determinado loiro. Ele me avaliou por um tempo e depois suspirou.

– Você quer mesmo ir pra lá? – perguntou. Era surpreendente, mas, sim, eu queria.

– Quero – respondi com firmeza. Thomas assentiu como se fosse à resposta que ele sempre precisou.

Mel foi a única que eu não tinha percebido a reação. Os olhos da menina brilhavam, talvez pela menção de “Miami”. Mesmo tão pequena aquela garota era esperta.

– Eu não acredito que você já vai sair daqui. Vou ficar tão preocupada – minha tia disse com o típico drama. Eu sorri carinhosamente e Thomas fez uma cara engraçada.

– Eu poderia ir junto para você não ficar preocupada – Thomas falou sorrindo. Ahn? Agora vamos todos para Miami. Minha tia adorou a ideia. Thomas achou engraçado sua ideia ter dado certo. Era obvio que ele queria ir por estar preocupado por acontecer ainda mais coisas piores em Miami, ele não precisa nem dizer isso.

– Uma ideia perfeita – minha tia falou empolgada. Mary apenas ouvia tudo com uma expressão sonolenta.

– Vou levar Mel – falei repentinamente. Todos me olharam espantados, menos Thomas.

– Ótimo, vou levar Anthony – meu primo respondeu. Nós parecíamos ter combinado isso. Como fugir todos de uma vez. A única que não pareceu gostar foi minha tia.

– Acho uma ótima ideia, todos juntos. Mas, tomem cuidado – meu tio falou seriamente e ao mesmo tempo feliz por nós.

– Vocês estão brincando. Todos juntos? – minha tia falou o contrário de Mark, meu tio.

– Sim, cuidamos um dos outros – falei sinceramente. O que era verdade. Todos nós ali éramos responsáveis. Pelo menos quando envolvia crianças.

Meus tios ficaram um tempo avaliando a situação e então pareceu terem chegado a um acordo. Nesta hora Thony e Mel já estavam brincando, alheios a conversa. Já Mary parecia ter realmente dormido em cima da mesa em que estávamos sentados. Ainda bem que o prato da garota estava longe, se não a cena seria um pouco engraçada.

– Tudo bem. Vocês vão. Mas, tem que se cuidarem muito bem. Além de cuidarem desses pequenos – Holly apontou para as crianças distraídas.

– Sem problemas – Thomas respondeu.

O resto do almoço serviu para discutirmos o tempo que iriamos ficar lá. Thomas decidiu ir já ao final dessa semana, em vez de no começo da semana que vem. Porque seria melhor para todos nós. Eu teria dois dias de descanso, esperando o resto do grupo viajar depois.

*****

Como eu seria única que ficaria em casa durante a tarde, tive a missão de cuidar das duas crianças. Já estava no meio da tarde quando nos encontramos do seguinte jeito: na televisão passava um desenho de gatinhos, Thony dormia com a cabeça em meu colo, Mel estava sentada do meu outro lado encostada a mim.

No meio do desenho a menina se virou para mim, com um olhar curioso.

– Vamos pra Miami? – ela perguntou feliz. Olhei-a surpresa.

– Você é bem espertinha – disse cutucando-a. Ela riu e concordou. – Nós vamos sim. – respondi e ela sorriu ainda mais.

– Pra sempre? - perguntou de um jeitinho fofo. Beijei sua testa e ri.

– Vou pensar no seu caso – respondi vagamente.

Esse “sempre” depende de várias coisas. E pessoas.


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Notas finais do capítulo

Hm, será que as coisas começam a mudar daqui pra frente? Comentem o que acham! Favoritem, comentem, recomendem, qualquer coisa *-*