I Won't Give Up escrita por Lena Potter Howe


Capítulo 51
Chorando novamente


Notas iniciais do capítulo

Heeeey gente :3 Algumas surpresas nesse capitulo hehe.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/392813/chapter/51

POV Ally

Mesmo impressionante, aqui estávamos nós. Rumo a New York novamente. Entretanto, com muitas coisas diferentes, nem preciso cita-las. Thomas havia mesmo pago as passagens. Naquele mesmo dia eu tive que sair para comparar muitas coisas, mesmo não querendo.

Enquanto isso Mary teve que ir ao hospital pedir férias com urgência. Mesmo com muita dificuldade, ela acabou conseguindo alguns dias de folga, até depois do ano novo.

– Coloque na mala – pedi seriamente e Mel me obedeceu. A menina não parava de pular desde que ficou sabendo que iriamos viajar. Ela finalmente parou de pular na cama e colocou o urso gigante na mala.

Todas as coisas dentro da mala eram praticamente novas. Eu me recusava a buscar todas as minhas coisas em casa. Poderia até mesmo ser uma atitude infantil, não ligo.

Terminei de fechar a única mala que estava comigo e peguei Mel com apenas um braço. Olhei em volta vendo se não havia esquecido nada no quarto. Como não tinha nada, fechei a porta com ajuda de Mel. Andei até a sala do apartamento e deixei a mala ao lado da porta.

Mary andava por toda a casa revisando-a, nervosamente. Deixei Mel no chão e dois segundos depois a menina estava nas pernas de Mary. A loira riu e continuou a andar pela casa. Revirei meus olhos e suspirei.

Thomas disse que estaria esperando no aeroporto. Quando eu perguntei sobre o teste ele disse que iria falar o resultado apenas depois. Depois quando? Essa era minha dúvida. Tudo isso me deixava mais nervosa a cada segundo.

– Vamos logo – gritei para Mary. Nós não estávamos atrasadas, mas se Mary continuasse assim não iriamos nunca para New York.

– Mas... – ela começou a protestar assim que me viu.

– Mas nada. A casa vai ficar bem – eu disse e ela suspirou. Mary parecia tão insegura, assim como eu – Nós também vamos ficar bem – falei seriamente, mas por dentro algo parecia rir. Como se dissesse: sua vida não vai ficar bem, você está apenas se enganando. Ignorei essa “pequena” sensação e peguei Mel novamente no colo.

– Ok. Vamos logo – Mary disse um pouco mais animada. Nós fechamos a casa e pegamos todas as malas.

Poucos minutos depois já estávamos saindo do prédio. Um táxi já nos esperava na frente do edifício. Nossas malas foram colocadas no porta malas e entramos no banco de trás do carro. Durante todo o caminho até o aeroporto o silêncio prevaleceu. Faltava apenas a música triste para nós desabarmos em lágrimas.

Lembranças pareciam flutuar a minha volta. Cada uma para determinado lugar. No total já havia lembranças para um filme praticamente inteiro. Um filme da minha vida. Entretanto eu não queria estrelar esse filme. Mas, não deu para impedir. Como se Miami inteira me forçasse a lembrar de tudo.

Quando o taxista avisou que já estávamos no aeroporto eu senti meu coração pular de nervosismo. Eu estava indo conhecer minha possível família e ao mesmo tempo deixando Miami e várias outras coisas, pessoas.

Enquanto Mary pagava o motorista eu me preocupei com as malas. Tirei tudo do porta malas com um olhar atento em Mel, a qual parecia querer sair correndo a qualquer segundo.

– Vamos Mel? – perguntei esticando a mão na direção da menina. Ela me olhou sorridente e veio pulando em minha direção.

– Vamos – ela gritou alegre e eu ri fracamente.

Mary parou ao meu lado e eu a olhei. Mary parecia ter adquirido olheiras fixas. Ou talvez seja porque ela está sempre chorando. Assim como eu. Eu realmente deveria ganhar o prêmio de mais lágrimas já derrubadas na vida.

Nós três entramos no aeroporto e não demorou a sermos atendidas no balcão. Como faltava pouco tempo para o embarque ficamos lá, após resolver tudo que Thomas havia me falado para fazer.

– Aus? – a voz doce de Mel me despertou. Meu coração se acelerou e eu olhei para ela. Diferente do que eu pensava, a menina olhava para mim. Provavelmente estava com saudades. Mary também notou isso porque me olhou preocupada.

– Ah, Mel – falei pegando-a no colo. Meu coração parecia não acreditar que tinha sido apenas enganado.

Entretanto, o que eu esperava? Talvez apenas... Ele. Meu corpo inteiro implorava por ele perto de mim. Meus olhos percorriam o lugar a todo instante, o procurando. Meu coração de acelerava a uma simples menção dele.

– Não, ele não está aqui – falei baixinho e ela me olhou tristemente. Assim que entendeu, Mel colocou a cabeça em meu peito e começou a brincar com meu colar.

O colar. Minha mente clareou. Austin havia me dado quando fizemos aniversário de namoro. Era algo que eu já estava acostumada que nem me dei o trabalho de tirar. Forcei-me a não lembrar. Apenas ignorar.

– Vamos? – Mary perguntou parecendo triste. Eu a entendia muito bem.

Percebi que o nosso voo já estava sendo chamado. Mary já estava a alguns passos de distancia. Comecei a seguir só que por instinto olhei para trás. Meu coração se acelerou. Se havia alguém lá?

Não, não havia. Meu coração se acelerou por ainda mais tristeza, por vontade de chorar.

******

Mel estava dormindo confortavelmente ao meu lado. Já havia passado grande parte da viagem, faltava apenas três horas para chegarmos. Como Mel já tinha quase três anos ela tinha um banco próprio. A menina aproveitou isso para dormir o tempo todo.

Mary do meu outro lado parecia ter tido a mesma ideia. Pode não parecer, mas Mary dorme mais que qualquer um em casa... Na casa dos Moon.

Já eu, não consegui fazer nada durante o voo. A não ser pensar. Pensar no resultado do teste. Quanto mais eu pensava mais nervosa eu ficava. Tudo me dizia que Thomas era sim meu primo. Entretanto, o nervosismo não saia de mim. Nem mesmo esse medo. Medo de tudo ultimamente. No meio do meu nervosismo acabei caindo no sono, sem sonhos.

*****

– Ally? – abri os olhos rapidamente. Mary estava ao meu lado e sorriu quando me viu acordada – Já chegamos – ela avisou me deixando sem ar. Meu coração batia rapidamente, fazendo com que eu ficasse ofegante. Minha cabeça pareceu rodar. Era agora ou nunca.

Assenti para Mary que ainda me observava. Ela sorriu minimamente, provavelmente percebendo o quanto estava nervosa. Olhei para o lado e não acreditei que Mel ainda dormia. Ela estava realmente muito cansada, depois de ter pulado a noite inteira.

Peguei a menina no colo e segui com Mary para fora do avião. Nós pegamos as malas e Mary olhou indecisa para mim. Thomas iria me encontrar aqui, mas onde estava ele? Nós andamos um pouco enquanto eu ainda segurava Mel. Eu parei por um segundo para arrumar Mel em meu colo.

– Espero que essa não seja sua filha – uma voz grossa disse ao meu lado. Virei para trás e ri com lágrimas nos olhos.

– Ela não é – garanti me jogando em seus braços. Thomas retribuiu o abraço e eu me controlei para não chorar. Ele se afastou rapidamente e eu não entendi o motivo.

Ele riu da minha confusão e deu um passo para o lado. Foi então que eu vi uma mulher, um homem e uma criança. A mulher parecia chorar e ela se aproximou de mim. Oh, como ela parece com meu pai. Olhei quase aos prantos para Thomas. Ele sorriu e assentiu confirmando minha pergunta. Eu não precisava de mais nada.

Joguei-me nos braços daquela mulher desconhecida com minha irmã ainda nos braços. A mulher um pouco mais alta que eu sorriu e me abraçou com delicadeza. Ela chorava assim como eu no momento.

Eu chorava por tudo. Absolutamente tudo. Por saudade de meus pais, por saudade de Austin. Ah, Austin. Havia tentado ignora-lo em meus pensamentos até agora. Mas, deixei-me lembrar de tudo. De até mesmo dele. De chorar por ele.

A mulher me deixou chorar, me consolou de um jeito maternal. Algo que eu havia sentido tanta falta. Só me afastei quando Mel riu infantilmente por estar sendo esmagada. Afastei-me lentamente e com a mão livre passei em meu rosto. A mulher tinha todos os traços de meu pai, apenas de uma forma mais jovem. Eu chutava quarenta anos, mesmo não parecendo.

Ela sorriu entre as lágrimas e olhou alegremente para minha irmã. Eu já confiava nela. Parecia burrice, mas eu confiava. Entreguei a pequena, agora atenta, para os braços da mulher. Mel entranhou na mesma hora, entretanto riu quando foi estrangulada por um abraço.

Um homem sorridente veio em minha direção. Ele parecia também ter uns quarenta anos. Seus cabelos escuros com apenas alguns fios brancos deixando seu visual divertido. Ele era muito alto e muito sorridente. O homem, quer dizer, meu tio? Meu tio me abraçou me esmagando enquanto eu ria e chorava ainda mais.

– Finalmente conheci minha sobrinha – ele disse rindo enquanto me soltava e eu ri chorando quando percebi a palavra falada com carinho. Minha tia veio ao lado dele e sorriu para mim.

– Sim, finalmente – ela concordou.

– Eu ainda não acredito – falei chorosa e ao meu lado Thomas riu. Ele segurava Mel e no outro braço um menininho muito lindo. Ao seu lado Mary sorria carinhosamente para mim – Esse menino lindo? – perguntei olhando para o garotinho. Ele me olhava curiosamente. O garoto era muito parecido com Thomas. O cabelo castanho claro quase loiro em moicano e os grandes olhos castanhos, quase verdes.

– Meu irmão – Thomas sorriu e eu lembrei-me dele falando que o menino tinha quatro anos. O dobro de Mel. Sorri com a timidez do menino. Estendi os braços em direção ao pequeno e ele sorriu minimamente. Tão fofo. Anthony, lembrei.

– Oi Anthony – falei surpreendendo a todos, principalmente o menino. Ele sorriu e veio para meus braços. Ri apertando-o em meus braços. Mel mantinha os olhos sobre nós dois. Tão pequena, mas tão ciumenta – Essa é a Mel – falei para o menino apontando minha pequena nos braços de Thomas.

Os dois se olharam timidamente e eu ouvi a risada escandalosa de Mary. Meus tios sorriram para ela e depois me olharam orgulhosamente.

– Vamos para casa? – minha tia, Holly perguntou. Todos assentiram e eu senti uma nova vontade de chorar.

– Vou levar quem? - Mark, meu tio, pediu olhando para Thomas.

– Leve, Mary não é? – ele perguntou confuso e a loira assentiu – Leve ela e as crianças, eu vou com Ally de taxi. Tudo bem? – ele perguntou olhando para Mary e ela assentiu. A loira não parecia nem um pouco desconfortável entre eles.

Quando todos nós concordamos eu entreguei Anthony para minha tia e Thomas deixou Mel com Mary. Meu tio pegou todas as malas e depois todos me deixaram com Thomas. Enquanto caminhávamos até o lugar onde tinha vários táxis eu olhei-o envergonhada.

– Você me enganou muito bem – disse ofendida e ele gargalhou.

– Você sabia que não precisava duvidar – defendeu-se e eu assenti. Thomas me encarou desconfiado e permaneceu assim até que estivéssemos dentro do táxi.

Ficamos apenas poucos minutos em silêncio porque logo Thomas quebrou-o.

– Ally, pode confiar em mim. Você está bem? – ele perguntou. Com medo de encará-lo eu olhei pela janela do táxi.

– Estou – falei e fechei os olhos. Thomas soltou a respiração lentamente.

– Ally – pediu e as lágrimas voltaram aos meus olhos, pela milésima vez – Eu sei sobre a revista – ele confessou. As lágrimas já escoriam pelo meu rosto sem piedade. Coloquei a cabeça entre as mãos e senti os braços de Thomas em minha volta.

Virei-me para ele e coloquei minha cabeça em seu ombro. Chorar novamente foi inevitável. Controlei-me ao máximo para chorar silenciosamente. Thomas apenas me abraçou o mais forte que conseguiu.

Eu me sentia tão burra. Por chorar a todo momento, como uma menininha medrosa e dramática. Mas, acho que todos fariam o mesmo depois de tudo. De tudo que enfrentamos, de tudo que conquistamos juntos. Mas, agora não sobrou nada. Ou talvez eu fosse a pobre menina enganada, digna de dó. Seria bem legal se eu conseguisse ficar um minuto sem chorar.

– Ei, calma – Thomas me despertou carinhosamente. Eu assenti fungando e me afastei um pouco dele – Sem chorar mais ok? – pediu e eu assenti limpando meu rosto – Quer contar algo? – perguntou atencioso e eu neguei.

– Agora não – respondi com a voz baixa e ele assentiu compreensivo.

– Vai ficar tudo bem agora – falou e em seguida beijou minha testa. Talvez.

Encostei minha cabeça em seu ombro novamente e fechei os olhos. Fiquei o caminho todo assim. Senti muita falta de ter uma família, mas com certeza, minha outra preencheu o espaço vazio que senti a algum tempo.

– Ally? Vamos? – Thomas me chamou e eu abri os olhos rapidamente. No mesmo momento ele me puxou para fora do carro.

Enquanto Thomas pagava o motorista eu olhei para o lado. A história parecia se repetir. Mas, agora eu estava voltando para New York.

A casa era literalmente gigante. A cidade é conhecida por ter apenas prédios pequenos. Entretanto, como estávamos em uma área mais afastada era uma casa mesmo. Uma grande casa. Na frente havia um pequeno jardim com algumas plantas pequenas. A casa tinha dois andares com uma garagem enorme, onde havia um carro parado. Uma típica casa de filmes.

– Gostou? – Thomas riu vendo minha reação.

– Gostei – falei sorrindo. Bem ao lado da casa havia outras do mesmo estilo.

– Vamos entrar então – falou e seguiu pela grama mesmo. Segui Thomas e ele abriu a porta.

O piso da casa parecia ser madeira. Como estávamos direto na sala, tinha três sofás brancos com almofadas roxas formando quase um quadrado. Na frente dele uma estante que ocupava a parede inteira. As paredes do lugar eram todas brancas.

– A decoração é da minha mãe – Thomas me explicou fazendo uma careta. Sorri e virei para o outro lado. A cozinha ocupava o mesmo espaço que a sala com apenas uma escada dividindo os locais. A escada não era muito grande e tinha os pisos como madeira clara também.

– Não reclame garoto – Holly falou fingindo estar irritada. Ela saia da cozinha segurando Mel. Minha irmã segurava um copo de leite e parecia estar alegre. Franzi a testa e a pequena riu.

– Você sabe que eu adoro essas coisas roxas – Thomas disse ironicamente e sua mãe o fuzilou com o olhar. Eu no meio, apenas ri.

– Sua amiga está lá em cima, querida – ela disse para mim e eu assenti envergonhada.

– Posso... – comecei a perguntar, mas ela me olhou brava.

– Nem pergunte. Pode fazer o que quiser aqui – minha tia disse apontando para o lugar e eu assenti sorrindo.

– Apenas não pinte as paredes de rosa – Thomas disse atrás de mim e eu gargalhei.

Depois de garantir que não iria pintar as paredes de rosa, subi as escadas levando Mel, a qual ainda tomava leite. O andar de cima era divido entre vários quartos e entre eles haviam corredores decorados. Uma parte do corredor eu gostei especificamente. Nele as paredes eram decoradas por fotos. Fotos antigas ou fotos novas. Fotos da minha mãe e do meu pai. Olhei a foto onde meus pais sorriam ao lado de meus tios.

– Eles haviam começado a namorar – meu tio disse repentinamente ao meu lado. Continuei olhando a foto onde todos estavam muito jovens – Temos mais algumas fotos, mas agora vá ver o quarto que ficará com sua irmã e amiga – ele disse sorrindo e apontou para uma porta no começo do corredor.

Assenti e andei até lá. O corredor tinha quatro portas, apenas uma estava aberta, que era a que meu tio havia apontado. Entrei lá e vi Mary parada no meio do lugar. O quarto tinha as paredes lilás claro. Prateleira e quadros decoravam as paredes. Não era muito grande, mas tinha três camas. Duas maiores de solteiro encostadas nas paredes. Ao lado de uma tinha uma cama menor.

De frente para as camas tinha um sofá branco e ao lado uma mesa com várias coisas. Na parede em que as camas estavam encostadas havia uma janela bem grande, com as cortina abertas. A vista era repleta de prédios, mas também de árvores.

Parei ao lado de Mary que continuava no meio do quarto olhando a vista. Ficamos as três olhando em silêncio.

– Sua tia arrumou todo o quarto para nós – a loira disse com um pequeno sorriso. Eu assenti ainda com os olhos fixados na cidade movimentada.

– Eu gostei deles – falei.

– Eu também – concordou.

– Eu gostei daqui – observei e ela assentiu. Mel deitou a cabeça em meu peito e brincou com meu colar - Estou com saudades – suspirei depois de um tempo.

– Eu também – concordou novamente. É. Apenas isso parecia não ter mudado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hm, alguém ai acertou sobre o resultado do teste? Quem esta com dó do Austin? O que estão achando da fic? Comentem suas opiniões okay?
Feliz Páscoa!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Won't Give Up" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.