I Won't Give Up escrita por Lena Potter Howe


Capítulo 33
Dores Passadas


Notas iniciais do capítulo

PESSOAS QUANTO TEMPO. Culpem a minha internet. Geeeente to impressionada com o numero de reviews no capitulo anterior, mesmo sendo muuuuito pouco comparado ao numero de leitores. Enfim, amei eles. Não é um dos melhores capítulos, mas espero que gostem :3
Boa Leitura!
Ps.: Continuação do capitulo anterior.



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Senti meu rosto esquentar e tudo ficou claro. Isso era tão estranho, as cortinas do quarto sempre ficam fechadas. Respirei fundo e senti algo pesado contra meu peito. Ao mesmo tempo meu pescoço estava doendo. Estranhando tudo isso abri meus olhos lentamente. A luz do ambiente me cegou, pisquei algumas vezes para conseguir enxergar.

Tentei esticar minha perna, mas bati em algo duro. Olhei para baixo com cuidado e percebi que a coisa dura era uma pessoa. Franzi a testa observando um pouco e percebi Mel dormindo em meu colo. Isso não era muito diferente de todos os dias, mas Austin dormindo ao meu lado era. Na verdade, todos dormindo ao meu lado era diferente.

Levantei rapidamente e assustada. Acabei batendo o braço no peito de Austin. Ele gemeu de dor e abriu os olhos imediatamente. Sorri me desculpando e ele me olhou confuso. Nós dois olhamos em volta em sincronia. Todos estavam ali. E ninguém parecia muito confortável. Havia cobertas e travesseiros para todo lado. Chocolate também poderia ser incluído. Percebi que Andy havia dormido com um pote de mousse na mão.

– Dormimos aqui? – Perguntei com voz bem baixa.

– É o que parece – Ele falou perto do meu ouvido.

Austin riu quando viu Andy e o mousse. Ele adquiriu um sorriso divertido e se esticou querendo chegar ao menino. Olhei confusa, mas logo entendi. Austin virou um pouco o mousse que Andy segurava. Segundos depois Andy estava sendo coberto por chocolate. Coloquei a mão na boca para não rir muito alto e Austin fez o mesmo. Andy parecia ter o sono muito pesado, pois apenas suspirou e virou de lado. Dez ao seu lado não teve muita sorte. O garoto derrubou o que sobrou de chocolate no ruivo.

O chocolate escorreu pelo pescoço de Dez. O ruivo passou a mão como se estivesse fazendo cócegas. Segurei a boca mais forte quando Dez abraçou Trish com a mão suja de chocolate. Ele espalhou o doce por todo o rosto de Trish. Parecia fazer de propósito. Enquanto isso nenhum deles tinha acordado, o que eu era algo impressionante. Olhei para Austin, que tinha um sorriso sapeca. Ri e olhei em volta novamente.

Abri a boca em surpresa quando percebi que havia chutado as costas de Adam. Entretanto, ele nem tinha se mexido. Era impressionante o quanto essas pessoas tinham sono pesado. Adrian um pouco longe de nós havia dormido praticamente sentado e com o celular na mão. Antes de irmos dormir ele estava falando com a namorada. Parecia gostar mesmo da garota, pois conversou até cair de sono, literalmente.

Alex e Audrey estavam dormindo abraçados. Austin não parecia ter gostado disso, pois fez uma careta. Mary havia dormido com os pés na barriga de Adam. Eu não sabia como Adam era capaz de aguenta-la durante a noite. Não é uma experiência nada agradável dormir com Mary, a não ser que queira ser chutado o tempo todo.

– Ally? – Austin sussurrou em meu ouvido. Virei-me para ele rapidamente – Acorde Mel – Ele sussurrou. Franzi a testa confusa e ele balançou seu celular na minha frente. Conhecia muito bem Austin para saber o que ele iria fazer. Balancei Mel levemente, mas a menina não acordou.

– Mel – Chamei em seu ouvido. Ela abriu os olhos lentamente e me olhou sonolenta. Sua boca se abriu para falar, mas eu coloquei o dedo na boca indicando silencio. Ela sorriu e assentiu. Abracei a menina e tampei seus ouvidos com meus braços, não queria que ela tivesse uma experiência traumática.

Olhei para Austin e assenti. O loiro sorriu divertido. Ele colocou o celular entre Dez e Andy. Apertei meus lábios firmemente para segurar o riso. Austin apertou o play no celular. Ao mesmo tempo começou a tocar Wake Me Up do Avicii. A música estava no ultimo volume quase me deixando surda. Comecei a sentir dó de Dez e Andy.

Todos daquela sala começaram a acordar assustados. Dez levantou batendo em todos que estavam do seu lado. Andy chutou todos que estavam perto de seus pés, ou seja, Adam e Adrian.

Adrian derrubou o celular no chão e colocou a mão no coração. Mary chutou a barriga de Adam e começou a xingar o mundo inteiro. Adam gemeu de dor e também xingou baixinho. Eles faziam uma bela dupla. Alex e Audrey empurraram um ao outro. Alex acabou levando um soco na cara. Trish acordou gritando assustada.

Isso tudo aconteceu em poucos segundos. Enquanto isso Austin e eu estávamos sufocando de tanto rir. Até mesmo Mel estava rindo da cena. Eu já não conseguia respirar e lágrimas saiam dos meus olhos. Dez e Andy pingavam chocolate em tudo e Trish tinha o rosto sujo também.

Escondi o rosto no peito de Austin tentando respirar normalmente, mas era muito difícil. Austin alcançou o celular com dificuldade e parou a musica. Tirei meu rosto de seu peito respirando fundo e limpando as lágrimas. Em poucos segundos todos nos olhavam mortalmente. Isso fez com que meu riso voltasse novamente e mais histérico. Austin tentava parar de rir, mas não tinha sucesso. Mel ria docemente e olhava para Andy fixamente.

– Tio Andy... – Ela murmurou rindo.

– Isso aí criança. Tio Andy, o cara do chocolate – Austin disse rindo e passou a mão no cabelo de Mel.

Andy nos olhos mortalmente e tento tirar o chocolate da cara. Adam continuava xingando enquanto fazia uma careta de dor.

– Cara, tem crianças na sala – Austin falou com se estivesse com raiva.

– Devia ter pensado nisso antes – Adam falou com a voz sofrida.

– Não acredito que você derrubou chocolate em mim – Dez falou indignado fitando Austin.

– Não acredito que VOCÊ derrubou chocolate em mim – Trish repetiu irritada e apontou o dedo para o ruivo.

– A culpa é do Andy – Dez falou rapidamente e se escondeu atrás do garoto.

– Porque você me chutou? – Adam perguntou para Mary.

– Porque você estava mais perto – Ela falou dando ombros como se fosse algo natural.

– Desculpa – Audrey gritou preocupada colocando a mão no rosto de Alex.

– Tudo bem – Ele disse assentindo. Austin apenas ria deles. Eu tenho impressão que Austin estava com ciúmes.

– Alguém viu meu celular? – Adrian perguntou confuso.

– Você deve ter jogado para longe – Falei observando-o procurar o celular desesperadamente - Boa ideia Austin – Completei rindo e beijei seus lábios.

– Então, foram os pombinhos – Mary falou semicerrando os olhos.

– Foi Austin – Falei rapidamente e empurrei o loiro.

– Sério? – Austin me olhou incrédulo. Dei ombros e sorri.

– Terá vingança – Dez falou ameaçador.

– Estou com medo – Austin falou falsamente e riu.

– E não será chocolate, talvez tinta? – Andy falou sorrindo cruelmente. Arregalei os olhos e me virei para Austin.

– Juro que se eu acordar roxa no outro dia, a culpa vai ser sua – Falei seriamente.

– Tá – Austin deu ombros e sorriu – Mas, admita foi engraçado – Ele falou rindo. Suspirei e concordei rindo também.

– Tio Chocolate – Mel gritou e correu para Andy. Comecei a ficar sem ar novamente. Andy nos olhou mortalmente, mas sorriu para Mel. Austin olhou para a pequena como se tivesse lembrando-se de algo.

– Mel vem cá – Austin chamou rindo. A menina nos olhou curiosa e veio até nós andando entre as cobertas. Austin a fez sentar em suas pernas e a virou para todos – Você lembra o apelido que deu para Dez? – Austin perguntou rindo. Ele havia falado tão baixo que apenas eu poderia ouvir. Mesmo assim não fazia a menor ideia do que ele falava. Mel apertou os olhinhos tentando lembrar e logo depois riu assentindo – Chame-o assim? – Pediu beijando sua testa. A maioria olhava-os questionadores, com exceção dos cobertos de chocolate que tentavam se limpar.

– Tio Dez – A menina chamou de um jeito tímido. O ruivo olhou para ela e sorriu de seu jeitinho infantil – Nós inventamos um apelido para você... – Ela disse olhando para o chão – Nós chamamos você de Tio Sol – ela disse envergonhada. Dez abriu a boca incrédulo assim como todos os outros. Arregalei os olhos e Austin assentiu confirmando. A sala inteira se encheu de gargalhadas e deboches, enquanto Dez aguentava tudo seriamente.

– Você tem o nome daqueles desenhos infantis. Mel e o Tio Solzinho - Andy riu enquanto tirava o chocolate do cabelo.

– O que é isso? Um codinome? Tio Sol é a sua vez de brincar com a Barbie – Adam falou jogado no chão de tanto rir.

– Dez te aconselho a pintar o cabelo depois dessa – Adrian disse jogando travesseiros para todo lado tentando encontrar o celular.

– Posso te chamar assim também? Vou gritar na rua: Tio Sol está anoitecendo – Mary gritou rindo e acabou ganhando um travesseiro na cara.

– Adorei o apelido Mel – Audrey riu e Mel sorriu timidamente.

– Não acredito que namoro um cara com esse apelido – Trish gritou e depois se enterrou nas cobertas.

– Sinto muito por você cara – Alex disse apertando os lábios para não rir.

– Quando vocês inventaram isso? – Perguntei sorrindo.

– Quando Dez surgiu bem na frente do sol e Mel acabou se confundindo – Austin explicou colocando a culpa em Mel. Ri e Mel escondeu seu rosto nos braços de Austin – Ainda tem mais – Austin lembrou rindo desesperadamente.

– De quem? – Andy perguntou com medo.

– Uma vez Mel saiu correndo de Adam e gritou que não gosta de pimenta – Austin explicou respirando fundo. Mel pareceu mais envergonhada, pois seu rosto ficou totalmente vermelho – Eu perguntei porque ela falou pimenta. Ela respondeu que pimenta irrita e é ruim, então ficou Tio Pimenta – Disse rindo ainda mais quando viu nossas expressões.

– Mel você disse isso mesmo? – Falei quase em reprovação.

– Ele me assustou – Ela respondeu chorosa e escondeu o rosto novamente.

– Não acredito – Adam falou surpreso, mas não pareceu chateado.

– Devia ter pensado nisso antes – Andy reclamou falando a si mesmo.

– Isso aí garota – Mary gritou rindo e Mel riu orgulhosamente.

– E você a ajuda inventar esses apelidos bobos? – Perguntei indignada e Austin apenas deu ombros.

– É bom não te apelidos para mim – Audrey falou rapidamente e fazendo careta.

– Pode deixar. Nós vamos pensar – Austin prometeu e riu junto com Mel.

– Chega de apelidos. Preciso de um banho – Andy reclamou ainda cheio de chocolate. Nós concordamos e Dez apenas murmurou “uhum” olhando mortalmente para Austin.

– Depois arrumamos isso, então – Audrey falou.

– Tudo bem, vamos tomar banho – Mary concordou, mas continuou sentada.

– Vamos lá – Austin gritou se levantando parecendo animado. Adrian, Alex e Andy se levantaram logo atrás – Mais alegria, Tio Pimenta e Tio Sol – Disse rindo até cair novamente enquanto os dois o olhavam mortalmente.

– Isso não é legal – Dez falou, mas acabou rindo também. Logo estavam todos rindo.

– Muito obrigado pelo apelido – Adam debochou.

– Chega, vão logo – Gritei balançando as mãos. Ainda rindo eles foram em direção às escadas.

– Muito bonito, dona Ally – Trish falou com as mãos na cintura. Ela continuava com o rosto sujo de chocolate.

– Desculpa, mas foi engraçado – Falei sorrindo envergonhada.

– Tudo bem, mas vamos logo, preciso tomar um banho – Trish falou passando a mão na bochecha.

– Então vamos – Mary falou pulando em pé. Nós todas olhamos desconfiadas para ela.

– Você está bem feliz não é? – Falei curiosa.

– Sim – Ela falou um pouco sonhadora.

– A causa é Adam? – Audrey perguntou rindo.

– O quê? Não – Mary falou com a voz fina.

– Nós sabemos quando você está mentindo – Trish falou rindo. Mary cruzou os braços, irritada.

– Tadinha da Mary gente – Falei sorrindo. Mary mostrou a língua e saiu correndo para as escadas.

Audrey e Trish se levantaram indo atrás dela rapidamente, como se aquilo fosse uma corrida. Sorri e peguei Mel nos braços para irmos também. Levantei rapidamente e meu sorriso desapareceu.

Uma pontada de dor no meu estomago me fez curvar a coluna. A dor apareceu tão de repente, mas ao mesmo tempo tão forte. Respirei ofegante e a dor desapareceu. Acho que preciso comer. Os olhos de Mel estavam focados em mim como se sentisse minha dor.

– Está tudo bem, amor – Falei beijando sua testa e ela se agarrou mais em mim.

Subi as escadas lentamente e encontrei as meninas jogadas nas camas. Mary estava na cama de Audrey e tinha um sorriso bobo na cara. Trish estava jogada na minha cama.

– Perdeu – Mary murmurou sorrindo.

– Não era uma corrida – Justifiquei rolando os olhos - Quem deixou? – Perguntei com a mão na cintura fitando Trish ocupando a cama toda.

– Você demorou – Ela defendeu abrindo espaço.

– Onde está Audrey? – Perguntei deitando.

– Aqui – Gritou de dentro do banheiro. Como ela conseguiu ouvir?

– Ok, vampira – Resmunguei e elas riram.

– Eu ouvi – Audrey gritou novamente. Revirei os olhos e Trish riu.

– Você revirou os olhos Ally? – Perguntou brava de dentro do banheiro. Arregalei os olhos assustada.

– Agora lê mentes? – Perguntei curiosa.

– Mais ou menos. Mas, te conheço muito bem – Falou rindo. Ri e observe Mary sorrindo para o teto.

– Gosta do teto? – Perguntei rindo e ela mostrou a língua.

– Ela gosta do Adam – Trish provocou.

– Porque não admiti? – Perguntei confusa.

– Adam tem que admitir primeiro – Ela falou sonhadora.

– Sério que ficarão nesse joguinho? – Audrey perguntou saindo do banheiro já vestida.

– Sim – Mary falou e semicerrou os olhos.

– Ok – Audrey falou erguendo as mãos em rendição.

– Vou tomar banho, preciso tirar esse chocolate – Trish falou irritada e se levantou.

– Boa sorte – Mary gritou antes de ela fechar a porta.

Depois de muito tempo, todas nós tinham finalmente tomado banho. Saímos do quarto rindo por alguma besteira. Mel tinha saído correndo gritando por Austin. Já estava ficando com ciúmes por toda essa atenção dele com ela. Ri do meu pensamento bobo e desci o primeiro degrau da escada. No mesmo momento senti uma dor alucinante no estomago. Apoiei no corrimão da escada e coloquei uma mão no estomago.

– Ally? Está tudo bem? – Mary perguntou ao meu lado.

– Sim. Apenas dor de estomago – Falei a verdade e Mary ficou ainda mais preocupada. A dor agora só não passava de um pequeno incômodo.

– Vamos comer algo – Audrey falou rapidamente e todas concordaram.

Fomos até a cozinha e todos os meninos já estavam lá. Austin se aproximou de mim e me beijou. Sorri e ele fez o mesmo.

– Demoraram – Austin reclamou e eu ri.

– Culpe Trish – Falei apontando para a garota.

– Você que derrubou chocolate em mim, então você é o culpado – Falou apontando para Austin.

– Não vou discutir – Falou sorrindo.

– O que fizeram? – Audrey perguntou mexendo nas panelas.

– Panquecas – Adam respondeu dando ombros.

– A única coisa que vocês sabem fazer – Mary falou revirando os olhos.

– Não somos uma Ally tá? – Andy falou cruzando os braços e todos nós rimos.

– Obrigada – Falei me curvando e rindo, mas uma nova pontada de dor me atingiu. Isso já estava me deixando preocupada e levemente irritada. Levantei bruscamente e Austin me olhou preocupado. Sorri e ele relaxou. Do outro lado da cozinha Mary me examinava preocupada, encontrei seu olhar e tentei tranquiliza-la.

– Vamos comer – Andy gritou morto de fome, como sempre. Nós fomos para a mesa e sentamos conversando. Havia muitas panquecas lá. Ri revirando os olhos e peguei uma.

Austin ficou com Mel no colo para ajuda-la a comer. Observei os dois e sorri. Aquela cena era apaixonante. Fiquei observando os dois enquanto comia com calma. Terminei de comer minha panqueca, mas quando me encostei à cadeira senti meu estomago queimar. Não era uma queimação normal, era algo bem pior.

Mas, essa dor já era bem conhecida por mim.

Flashback

Descobrir que seu pai está com câncer, é algo que pode acabar com seu dia. Com sua vida.

Eu tinha apenas quinze anos quando recebi a noticia. Meu pai passava mal todos os dias e eu desconfiava que tivesse algo de errado. Mas, minha irmã havia acabado de nascer, portanto não podia ir com meu pai ao hospital. Um dia meus pais chegaram a casa com expressões horríveis. Perguntei o que havia acontecido, mas eles apenas me deram um sorriso falso.

Acabei não insistindo no assunto porque minha irmã de apenas um mês começou a chorar. Os dias foram ficando cada vez piores. Meu pai passava mais tempo no hospital. Minha mãe brigava comigo por eu ser tão curiosa. Até mesmo minha irmã parecia sentir o clima pesado, pois passava dias inteiros chorando.

Um dia criei coragem para falar com minha mãe. Pedi para ela dizer o que meu pai tinha. Nós discutíamos, gritávamos enquanto ouvíamos o choro do bebê. Minha mãe acabou gritando:

– Seu pai está com câncer – Ela gritou já chorando – Não queríamos que você se envolvesse – Gritou se virando de costas – Cuide de sua irmã – Falou antes de sair de casa. Ela parecia não saber o que fazer. Mas, nem eu sabia o que fazer.

Lágrimas caiam de forma acelerada encharcando meu rosto. Eu parecia ter perdido a forma de respirar. Solucei engasgando com minhas próprias lagrimas e cai no chão. Minha irmã chorava desesperadamente como se soubesse de tudo.

Arrastei-me até seu quarto e olhei em seu berço. O rosto todo molhado em lágrimas e berrava chamando alguém. Peguei a criatura extremamente pequena e me sentei no chão novamente. A envolvi em meus braços balançando-a levemente.

Eu não conseguia pensar em nada. A não ser um pai. A não seu sofrimento. Mas, ainda havia tratamentos. Pensando nessa possibilidade parei de chorar um pouco. Ao mesmo tempo a menina em meus braços dormiu.

Coloquei-a no berço depois de beijar sua testa. Afastei-me um pouco do berço e senti uma queimação alucinante no estomago. Lágrimas voltaram aos meus olhos enquanto eu sentia aquela dor terrível. Alguém parecia enfiar facas em meu estômago, repetidas vezes.

Caí ao lado do berço. Como já não aguentava aquela dor me rendi a escuridão calma.

Flashback off

Lembrei-me de tudo em segundos. E também em segundos, lágrimas começaram a escorrer por meu rosto. Ao mesmo tempo soltei um gemido de dor que parecia mais um grito.

A mesa toda que conversava se virou para mim. Mary me olhou preocupada e levantou da cadeira.

– Ally... – Ela começou a falar, mas não a deixei terminar. A dor agora aumentava. Coloquei a mão em minha boca e sai correndo de lá.

Corri até o banheiro que tinha perto da cozinha e coloquei tudo que havia comido para fora. Senti alguém puxando meus cabelos, mas eu não conseguia me concentrar em nada. A dor em meu estomago era tão grande, mas não era desconhecida por mim.

Fui levantada do chão e levada até a pia. Lavei minha boca rapidamente e senti que as lagrimas escorriam por meu rosto. Levantei o olhar e percebi que Austin e Mary estavam ali comigo.

– Ally fale algo – Austin falou desesperado. Ele me segurava com força e me olhava com medo. Mary estava com lágrimas nos olhos e também tinha medo.

– O que você tem? Não está... – Mary falou um pouco desesperada.

– Não estou gravida – Falei fracamente, mas com vontade de rir.

– O que você tem? – Austin perguntou assustado. Abri a boca para falar, mas meu estomago parecia querer sair do meu corpo. Mais lagrimas saíram dos meus olhos e Austin pareceu mais desesperado.

– Remédio... No quarto – Balbuciei entre dentes. Não vi se Austin falou algo porque ele logo saiu correndo.

Passamos por varias cabeças enquanto eu me contorcia de dor. Em poucos segundos estávamos no quarto. Fechei os olhos tentando lembrar onde deixei o remédio.

– Abra os olhos Ally – Austin pediu beijando minha testa. Sorri sem forças e já respirava com dificuldade.

– Na cômoda – Lembrei. Eu sempre o deixava perto de mim.

Ele me levou até lá e eu abri a gaveta pegando a cartela de remédio. Tirei um e engoli a seco. Eu não aguentaria esperar a água. Austin me olhava apreensivo e pelo canto dos olhos vi Mary entrar no quarto.

– Temos que ir para o hospital? – Ela perguntou preocupada e se aproximou.

– Sim – Austin falou ao mesmo tempo em que eu negava.

– Não – Falei e os dois me olharam como se eu fosse louca – Estou melhor – Falei verdadeiramente. Meu corpo já relaxava nos braços de Austin – Sem hospital – Pedi com medo. Eu comecei a odiar hospital e não aguentaria ficar lá mais uma vez.

– Mas... – Mary começou e eu a cortei.

– Estou bem. Só preciso dormir – Falei piscando cada vez mais demorado.

Eles acreditaram em mim, pois logo depois senti algo macio contra minhas costas. Soltei a respiração lentamente relaxando e depois não senti mais nada.

******

Acordei com uma pequena dor de cabeça. Minha respiração estava normal agora e a dor já não estava presente. Uma respiração batia em minha testa me deixando calma. Sentia braços me prendendo e me deixando segura.

Na primeira vez em que acordei depois de um ataque desses, foi em hospital. E minha mãe estava lá. Meu pai estava lá, um pouco fraco. Acabamos descobrindo que desenvolvi isso por causa do nervosismo. Agora tenho que conviver com isso. Ao menos não acontece com frequência.

Respirei fundo e abri os olhos. Encontrei olhos preocupados me analisando. Nós estávamos abraçados virados de frente um para o outro. Ele estava um pouco mais alto por isso eu era obrigada a olhar para cima.

– Dói algo? – Ele sussurrou com medo.

– Não – Falei sincera.

– O que foi aquilo? – Ele perguntou aparentando ser um garotinho assustado.

– Foi meu estomago revoltado – Falei sorrindo minimamente, mas recebi um olhar repreensivo.

– Estou falando sério Ally – Falou irritado.

– Eu estava com dor de estomago – Falei indiferente.

– E como sabia o que fazer? - Perguntou confuso.

– Às vezes tenho isso – Falei me encolhendo sobre seu olhar furioso.

– E não me contou? – Perguntou bravo. Fechei os olhos não querendo ver seus olhos furiosos.

– Eu não achava importante – Falei baixinho. Abri os olhos e ele se afastou de mim. Austin começou a andar ao lado da cama e eu vi o quanto ele estava furioso.

– Não achava importante? – Ele gritou. Lagrimas vieram aos meus olhos, isso parecia acontecer muito. Eu estava assustada por ver Austin daquele jeito – Mas, eu acho importante. Sabe o medo que fiquei ao te ver daquele jeito? – Ele gritou novamente – Até mesmo Mary estava desesperada sem saber o que fazer. Todos os meus irmãos estavam assustados. Trish e Audrey ficaram chorando até verem você dormir tranquilamente. Mel não para de chorar por um segundo. Dez está exausto tentando faze-la parar de chorar – Austin continuou gritando agora mais assustado do que com raiva.

– Ela fica assim sempre que tenho isso – Murmurei chorando. Austin percebeu meu estado e correu até mim novamente – Desculpa é que fazia tanto tempo que não tinha isso – Falei chorando e seus braços me envolveram.

– Não chore pequena. Desculpe por isso, mas eu fiquei com tanto medo. Nós achamos que poderia ser alguma sequela do coma – Falou me abraçando fortemente.

– Tenho há alguns anos. Mas, dá intervalos muito longos. É como se fosse uma dor normal, mas ela volta sempre e com muito mais força. Tenho um remédio especifico para isso – Expliquei limpando as lágrimas que ainda caiam.

– Nós vamos cuidar muito bem disso. E quero que me avise sobre tudo. Até mesmo se você espirrar – Falou seriamente e eu ri.

– Tudo bem – Falei sorrindo mais aliviada – Preciso ver minha irmã – Falei preocupada e ele assentiu.

– Você disse que ela sempre fica assim. Ela sabe o que você tem? – Perguntou curioso.

– Ela não entende muito bem. Mas, sabe que às vezes sinto dor – Falei dando ombros.

– Vou pega-la – Disse sorrindo. Assenti e recebi um beijo na testa. Deitei na cama novamente, mas sentindo saudade de seus braços. Fechei os olhos e fiquei apenas assim por um tempo.

– Bem, Ally... – Austin chamou cauteloso e eu abri os olhos. Havia muitas pessoas lá. Todos me olhavam aliviados e um pouco assustados.

– Pensei que você disse “vou pega-la”, mas tem mais oito pessoas aqui – Resmunguei mostrando a eles que eu estava bem.

– Eles não estendem o significado de “ela precisa descansar” – Falou contrariado. Mel em seu colo estendia os bracinhos para mim. Ela tinha os olhos inchados e vermelhos, algumas lágrimas ainda desciam por seu rosto.

– Eu não acredito – Falei fingindo estar brava. Todos me olhavam confusos. Estiquei os braços tirando Mel de Austin – Melissa Dawson eu já pedi quantas vezes para você não chorar por mim? – Falei incrédula. A menina limpou as lágrimas rapidamente e fingiu não estar chorando. Ri e beijei sua testa.

– Diga isso para essas três também – Adam suplicou. Vi Trish, Audrey e Mary limpar o rosto novamente. Comecei a rir junto com Austin. Mary estava abraçada com Adam, Trish com Dez, Audrey com Alex.

– Já admitiu? – Perguntei rindo.

– Mesmo passando mal não me deixa em paz nem um segundo – Mary reclamou.

– Sabe o que ela merece? – Audrey perguntou rindo diabolicamente.

– Abraço em grupo – Trish falou se aproximando.

– Sem chances. Eu não gosto disso – Falei me arrastando até a cabeceira da cama. Mas, elas não me escutaram, continuaram subindo – Austin – Gritei em desespero, mas ele apenas riu de mim.

Gritei irritada quando senti as três em cima de mim. Elas começaram a me esmagar com abraços. Mel tinha sido tirada de lá, sorte a dela.

– Chega – Gritei com as três ainda em cima de mim.

– Não – Mary negou.

– Eu não consigo respirar – Falei com uma falsa dor. As três saíram de mim e eu gargalhei.

– Isso não foi engraçado – Audrey reclamou cruzando os braços.

– Foi engraçado, sim – Adrian disse rindo. Todos ao nosso redor estavam rindo e as três estavam emburradas. Sorri e bocejei em seguida. Austin riu de minha atitude e se aproximou de mim.

– Gente a Ally precisa descansar – Ele avisou e todos queriam protestar – É sério – Ele acrescentou e eu concordei.

– Amamos você – As três garotas beijaram minha testa carinhosamente e depois saíram.

– Melhora logo – Adam disse me abraçando. Sorri adorando aquele carinho.

– Fica bem – Andy pediu e também me abraçou.

– Melhoras – Alex pediu beijando minha testa e Austin nos olhou irritado.

– Não faça mais isso – Adrian pediu beijando meu rosto. Eles saíram com Mel nos deixando a sós.

– Viu? – Falou convencido se referindo a todos se preocupar. Assenti sorrindo cansada – Agora você vai dormir – Disse autoritário e eu ri.

– Obrigada por cuidar de mim – Falei me deitando.

– Minha obrigação – Disse sincero e se deitou ao meu lado.

Ele me aconchegou em seu peito e beijou minha testa. Sorri e dormi profundamente.


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Notas finais do capítulo

E então? Comentem o que acharam. Podemos chegar aos 15 reviews no capitulo neh?
AAAHH já sei tudo que vai acontecer até o final da FIC. Acho que vão me odiar muito em algumas parte (muitas partes). Vamos ter o ponto de vista da Mary UHHUUL. Enfim, chega de spoilers, mas se tiverem ideias, fiquem a vontade em dizer.
Já falei demais. BJOOS E COMENTEM *u*



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