É, é agora ou nunca... Toquei a campainha da casa daquela rosada enquanto escondia o pequeno pacote em minhas costas. Demorou quase uma eternidade - olha como eu nem sou exagerado... - para decidir o que afina eu ia fazer, mas finalmente decidi o que fazer.

Um Hyuuga nunca deixa o seu orgulho de lado. Mas isso não impede que ele conquiste a mulher que ele goste.

A porta se abriu lentamente e eu vi aqueles olhos verdes esmeralda me fitando, um sorriso lindo apareceu no rosto delicado dela - pare de pensar boiolices, idiota! -, não consegui e retribui.

- O que faz aqui? - ela perguntou, tentando olhar para atrás de mim quando percebeu que eu estava carregando uma coisa.

- Curiosa, não? - retruquei, um sorriso debochado no rosto. Ela revirou os olhos, saindo de casa e tentando ver. Segurei o embrulho com apenas uma das mãos, enquanto com a outra eu a segurei com o ombro, parando-a. - Pode parar de agir como um cachorro?

Ela riu, voltando ao "normal" - coisa que já não era muito normal.

- Aceita ir almoçar comigo? - perguntei, e ela ficou com uma expressão, como se dissesse "o que há por trás disso?".

- Primeiro quero saber o que tem aí atrás - disse, sem esconder a curiosidade nos olhos.

- Aceita ou não? - ela demorou um pouco, mas por fim assentiu. - Vire-se - eu não pedi, minha voz saiu como se aquilo fosse uma ordem.

- Para quê?

- Vire-se - ignorei sua pergunta e apenas repeti a ordem. Ela suspirou e se virou de costas para mim.

Abri a pequena caixa que eu tinha em mãos e levantei os cabelos róseos dela. Sakura ficou levemente tensa, mas se fez de forte, ignorando seu próprio remorso. Coloquei o cordão delicado em seu pescoço.

Depois de fechar o fecho - não diga? -, dei um leve beijo ali, vendo ela se arrepiar. Sorri. Ela soltou o cabelo, que caiu novamente sob as costas e se virou para mim, olhando para o pequeno pingente de flor que tinha ali. Uma flor de cerejeira.

- Nossa... - ela murmurou, passando os dedos finos sobre as pequenas pedrinhas cor de rosa que estavam coladas juntas ali, deixando uma impressão de delicadeza. - É lindo... Mas eu não posso aceitar.

- Ah, não vá fazer esse modelo... - revirei os olhos. Ela olhava para mim, os olhos brilhando. - Eu comprei esse colar especialmente para você, não tenho outra coisa para fazer com ele. É uma flor, para outra - uma flor, para a minha flor, eu queria dizer, mas me contive.

De qualquer forma, ela corou de leve e sorriu.

- Sendo assim... Obrigada, Neji-kun - ah, o que o maldito Uchiha pensaria quando soubesse que o sufixo carinhoso não pertencia apenas a ele? Mas ele não pode fazer nada, já foi tarde e agora que voltou, alguém já ficou em seu lugar. Esse alguém era eu, hehe.

- Aceita ir almoçar comigo ou não? - perguntei. Já era quase meio-dia, tenho acordado mais tarde do que o normal, e demorei quase a manhã toda com Hina para comprar esse colar (já que ela parava em todas as lojas, comprando coisas para si mesma).

- Tenho como não aceitar depois desse presente lindo?

- Você tem razão, não tem escolha - sorri.

- Me espere aqui! Vou me trocar e volto logo... - ela terminou de dizer a última parte quando já estava dentro de casa, me deixando sozinho ali.

Me apoiei na parede da casa, sabendo que tinha um sorriso bobo estampado no rosto enquanto olhava para o céu límpido de hoje. O plano estava saindo perfeitamente bem, tudo certo. Nada poderia tirar esse sorriso de mim agora...

- Neji-kun? - ouvi uma voz feminina perguntar, me trazendo de volta para o mundo real, fora de meus devaneios. Não, não era Sakura quem tinha e chamado, mas sim Tenten, que estranhamente não tinha o olhar apaixonado estampado no rosto, mas sim um sorriso debochado e um olhar enigmático.

- O quê? - perguntei, suspirando.

- O que faz na frente da casa da Sakura-san? – ela tinha na voz um tom estranho, diferente do normal, como se ela já soubesse do que se tratava, mas me desafiasse a dizer com todas as letras. Nunca tive medo de desafios.

- Vim aqui para convidá-la a um almoço, por quê? – a boca dela se curvou numa linha de desaprovação. Me observou por alguns segundos, talvez esperando por uma correção do que eu tinha dito ou porque quisesse ser convidada também, mas eu não disse nada, fingindo não perceber o silencio constrangedor que se instalara ali

- Por nada, só queria ter certeza de que você se esqueceu que tinha um compromisso com seu próprio clã hoje – deu um sorriso vitorioso.

Compromisso... Hoje... Caraca, ela tinha razão! Hoje tinha um jantar com o Senhor Feudal e todos os do clã precisariam passar o dia lá, para arrumar tudo, cuidar da segurança e todo o resto. Só resta saber uma coisa...

- Como você sabia disso? – questionei, vendo as bochechas dela ficarem coradas e ela abaixar o olhar, antes de sorrir e começar a caminhar para longe.

E esse é um dos motivos pelos quais eu não gosto da Tenten como nada mais que uma amiga, ela se mete na minha vida, fica sabendo de coisas que ninguém que não seja do clã tem como saber e quando eu pergunto como ela ficou sabendo, ela simplesmente cora e sai de perto, fugindo.

Nesse momento, enquanto eu pensava em simplesmente ir para casa e deixar a rosada plantada ali, ela aparece na porta com um sorriso lindo e aqueles olhos esmeralda me fitando. Usava um vestido de saia rodada branco e florido. No pescoço, o colar que eu dei a ela.

- Você está... – comecei, mas me faltaram palavras para dizer o que eu pensava.

- Linda? – completou, rindo.

- Mais que isso – sorri. – Podemos ir?

- Claro – ela fechou e porta e começamos a andar pela vila lado a lado, atraindo olhares curiosos por onde passávamos, não era todo dia que eles viam o gênio Hyuuga ao lado de uma garota, ainda mais tão linda como aquela. – O que Tenten estava fazendo na porta da minha casa?

- Estava me lembrando que tenho um compromisso importante com o clã hoje – respondi, abrindo a porta para ela e depois entrando no restaurante.

- Como ela sabia disso?

- Nunca sei como aquela garota descobre as coisas, chega a ser assustador – ela riu.

- E... Você não vai ao tal “compromisso importante”?

- Estou tendo um agora mesmo.

- Não vai trazer problemas a você se deixar de ir?

- Tenho certeza que vai valer a pena. Por você.