Seus Olhos escrita por Beatriz de Moraes Soares


Capítulo 9
Guia londrina


Notas iniciais do capítulo

Olá garotas, tudo bem com vocês?

Bom, vamos a minha nota imensa. Há algumas coisas que quero dizer a vocês. Primeiramente, essa semana foi meu aniversário! We' Essa autora que vos fala FINALMENTE entrou na maior idade. Segundo, quero agradecer a Fê Bueno, minha diva master, pela recomendação - agradecimento super atrasado, mas está valendo, né? Também quero agradecer a minha nova leitora "Little Rawr" por sua recomendação, sua linda *u* Obrigada.
Separei uma lista de músicas, que além de aparecer no decorrer da história, também me inspiraram a escrever e quem quiser fazer o download, está disponível no SkyDrive nesse link: https://skydrive.live.com/#cid=CDE083FD18872440&id=CDE083FD18872440%21105
Nesse capítulo quis ilustrar um pouco a história colocando alguns links para a visualização de fotos de atores, nos quais eu imagino ser cada personagem.
Também quero dizer, queridas leitoras, que estou cogitando transformar "Seus Olhos" em um livro e queria saber se poderia contar com a ajuda de vocês, posso?

Bom, é isso.

Beijos e apreciem!



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No outro dia, acordo tarde, mas tão bem disposta que parece que ainda estou dormindo. O dia está tão lindo que é difícil de acreditar. Estamos no meio da primavera e parece que Londres nunca havia sido tão colorida assim. Assim que desço e encontro papai e mamãe na sala de estar, eles me encaram curiosos. Peço para Mercedes preparar algo para mim e assim que termino minha refeição, vou à sala de TV e encontro Charlie assistindo Skins.

Assim que me vê, rapidamente a curiosidade toma sua feição. Ela nem ao menos precisa perguntar, porque a primeira coisa que digo, antes mesmo do Bom Dia, é:

– Nós nos beijamos!

– Oh meu Deus, conte-me mais!

– Não há nada a ser dito, Charlie – digo – nós nos beijamos e ele pediu para a banda tocar Beatles pra mim!

– Banda? Onde vocês foram?

– Em um Pub que ele normalmente vai com os amigos. Foi muito bom, Charlie.

– Ah que lindo, Valerie!

Charlie está prestes a dizer algo quando meu telefone toca. Olho no visor e há um número desconhecido. Normalmente eu não atenderia, mas por algum motivo atendi:

– Alô? – pergunto.

– Valerie, é você? – conheço essa voz – É Eric.

Eric? – assim que digo seu nome, os olhos de Charlie se arregalam – como...

Como consegui seu telefone? Bom, tive que ligar para a Irlanda e pedir para Meredith. – diz e solto uma pequena gargalhada – como sai com um cara e não lhe dá seu telefone? Não queria que eu te ligasse?

– Claro que queria – faço uma pausa, constrangida por que realmente havia me esquecido de trocar meu telefone com ele – apenas esqueci. Desculpe.

– Não se desculpe. Bom, estou te ligando pois é a primeira vez que vejo consideravelmente o sol em Londres e... Bem, queria saber se gostaria de passear comigo?

– Passear? – pergunto para confirmar.

– Sim, não sei. Ir ao parque, tomar um sorvete. Claro, se não tiver um compromisso.

– Não tenho compromisso algum, Eric. Eu adoraria passear com você – assim que digo essas palavras, Charlie começa a dançar igual uma boba na minha frente e fazer gestos.

– Ótimo. – diz – Bom, que parque nós podemos ir?

– Vamos a Hyde Park.

– Ótimo. Quer que eu te busque?

– Não precisa, nos encontramos lá.

– Perfeito.

– Eric?

– Sim?

– Você disse que ligou para Dublin e falou com Meredith. O que ela disse quando você pediu meu telefone?

– Não sei. Ela começou a falar em outra língua e então Pete pegou o telefone e me passou seu número.

– Ah, sim. Até, então.

– Até, Vale.

Desligo. Salvo o número de Eric na agenda eletrônica de meu celular.

– Hum, passeio no parque? – Charlie diz sugestiva, assim que levanto meus olhos para olhá-la.

– Charlotte, fique quieta!

Vou ao meu quarto e tomo um banho rápido. Coloco um vestido florido, mas uso uma blusa de cashmere, pois apesar do sol, os ventos ainda eram gélidos. Também ponho uma sapatilha vermelha brilhante, quase réplicas dos sapatinhos da Dorothy Gale, de O Mágico de OZ. Uso a Babyliss para fazer cachos em meu cabelo liso e faço uma maquiagem com tons claros.

Vou de encontro a Eric no Hyde Park. Quando chego, o vejo sentado em um banco, de braços cruzados, observando um grupo de crianças andando de bicicleta. Ele me vê e rapidamente se levanta, abrindo um sorriso enorme. Eric me elogia, dizendo que estou linda, coro no mesmo instante e acabo me sentando no banco para evitar seu olhar. Ele se senta também e acabo levantando meus olhos.

Eu deveria o beijar? Nós estávamos juntos? O que eu estava fazendo aqui?

Mas, antes que eu possa formular outras perguntas, Eric se aproxima, pousa sua mão em minha nuca e me beija. Dessa vez é mais calmo e não há urgência alguma como os da noite anterior. Nossos lábios são apenas dois conhecidos se cumprimentando.

Eric se afasta lentamente, se levanta e estende sua mão para me ajudar a levantar e eu a pego. Enquanto caminhamos pelo parque de mãos dadas, todas as perguntas anteriores que eu tinha feito, agora tinham respostas.

– Quer tomar um sorvete? – pergunta ele, enquanto passamos em frente a um carrinho de sorvete.

– Adoraria!

– De quê? – pergunta.

– Pistache.

Aproximamo-nos do carrinho e enquanto Eric pede nossos sorvetes, observo colado no carrinho um cartaz do Royal Opera House promovendo os recitais de balé de uma companhia muito famosa na Inglaterra. Havia várias fotos de apresentações anteriores em outros locais e embaixo dizia que já haviam se apresentado em cerca de vinte países.

Fecho e abro meus olhos para ter certeza de que não estava tendo alucinações, pois acho que conheço uma das garotas que estava ali nas fotos. Me aproximo do cartaz para ver melhor e então tenho a confirmação. É Clarice Moscowitz! Fizemos parte da mesma companhia de balé durante minha adolescência, eu e ela sempre disputávamos os solos em recitais e éramos a favoritas para entrar na Royal Academy of Dance.

Quem diria! Clarice estava fazendo sucesso como bailarina, dançando pelo mundo e eu estava aqui, tomando um sorvete com meu namorado no Hyde Park. Solto um suspiro e então Eric vem com nossos sorvetes.

– Aqui – diz ele, me entregando e eu o pego – o que está olhando?

– Um recital de balé que haverá no Royal Opera House no próximo domingo – digo.

– Você gosta de balé?

– Bastante... Até – digo, fingindo indiferença.

E seguimos tomando nossos sorvetes e caminhando pelo parque.

– E o que está achando de Londres? – pergunto a Eric casualmente.

– Bom, é um lugar ótimo. Realmente incrível.

– Deve ter sido difícil a adaptação. Você veio de Los Angeles, lá o sol não é escasso como aqui.

– Realmente – ele diz – a diferença dos lugares é muita. Quando recebi a proposta de emprego e soube que iria ser em Londres, fiquei realmente surpreso e muito animado em me mudar para a cidade. Mas eu já estava um pouco acostumado com o frio quando morei um tempo em Nova York. É claro que não é nada comparado a Londres.

– Você morou em Nova York? – pergunto surpresa.

– Sim – ele disse – não comentei com você?

– Não. O que foi fazer em Nova York?

– Eu estudei na Juilliard School.

– Sério? – pergunto surpresa.

– Ei! – protesta – Eu não sou tão medíocre assim!

– Não foi isso que eu quis dizer, Eric – digo, parando de caminhar e ele se vira para mim. Coloco minhas mãos em volta de seu pescoço e dou um pequeno beijo em seus lábios – eu só fiquei surpresa. Juilliard é uma ótima escola!

– Bom, sabe o que eu estava pensando? Como não conheço nada em Londres – digo – Preciso de uma guia de turismo. Que tal você ser essa alma bondosa?

Dou um risinho.

– Vou fazer você amar minha cidade, Eric Dawson!

– E um dia te levarei à Los Angeles e você amará a minha cidade também!

– Dúvido! – digo.

Então o desafio estava feito. Eu mostraria a melhor parte de Londres à Eric e quem sabe um dia, ele me mostraria Los Angeles. Na semana, após Eric terminar seu expediente na gravadora, eu o levava para um passeio mostrando algo de Londres.

O primeiro e mais importante foi levá-lo ao Palácio de Buckham. Nos outros dias o levei para conhecer a Abadia de Westminster, a Torre de Londres, o Museu Britânico, o Museu Sherlock Holmes no qual Eric ficou apaixonado e por fim o levei na sexta no Museu de Cera da Madame Tussauds, onde vimos estátuas de cera de grandes de nossos ídolos como Elvis Presley, Amy Winehouse, Fred Mercury e claro, meus garotos de Liverpool, os Beatles.

– Valerie, não te dá medo? – Eric disse, enquanto observávamos as estátuas dos Beatles.

– Não. Você tá com medo?

– Claro que não! – diz ele.

– Ringo está tão estranho – comento.

– Vamos embora – diz Eric, me puxando.

No sábado, decidi levá-lo ao London Eye, mas dessa vez pedi para ele deixar seu carro na garagem, pois iriamos de ônibus. Andamos no ônibus londrino de dois andares, desde que havia chegado aqui, Eric ainda não tinha andado neles. Fomos ao segundo andar e sentamos bem na frente, o lugar que sempre adorei ficar quando pegava ônibus. É claro que eu não andava de ônibus à séculos, mas andava bastante durante a época que ia do colégio ao balé. Eric gostou da experiência, pude ver em seus olhos.

Depois fomos jantar no Food for Trought, um restaurante de comida vegetariana que adoro e que eu não ia há muito tempo. Eu estava tão feliz, mal podia acreditar que estava ali, depois de tudo aquilo, jantando com meu namorado e estava tudo dando certo.

Depois do nosso jantar, Eric me levou à minha casa e disse que amanhã seria ele quem seria o guia e me levaria a um lugar especial.

Chego em casa e encontro papai e mamãe tomando seu chá noturno na sala de estar.

– Charlie ainda não chegou?

– Charlotte está em seu quarto – diz mamãe – está aos prantos, pois terminou com o namorado.

– Graças a Deus, não via a hora de Charlotte terminar com esse garoto – diz papai – e você Valerie, quando trará seu namorado para nos conhecer?

– Um dia eu o trarei, papai. – digo – Agora preciso ver como Charlie está!

Subo até o quarto de Charlie e vejo que a porta está trancada. Bato e digo que sou eu, ela diz que precisa ficar sozinha, mas insisti muito até que ela finalmente abriu a porta. Seu rosto estava vermelho e inchado, rapidamente a abracei confortando-a. Não fiz nenhuma pergunta, apenas a abracei e deixei que aos poucos ela fosse me contando.

Parecia que Hunter havia se envolvido com a amiga de Charlie, Abigail Rush e Charlie havia descoberto da pior maneira. Acabei adormecendo abraçada a ela em seu quarto, não a deixaria minha irmã sozinha quando ela mais precisa de mim.

No outro dia pela manhã, Charlie já estava melhor e então pude finalmente deixá-la. E decidi fazer o que eu estava adiando há tempos: ligar para Meredith. Pego meu celular e depois o coloco de volta no lugar. O pego, depois coloco de volta. Faço esse movimento repetidas vezes até que finalmente digito o número de Meredith nele e quando chama, meu coração dispara.

– Alô? – sua voz diz do outro lado da linha.

– Meri? É a Val.

– Valerie! – diz animadamente.

– Seu eu não ligar, você não liga. Não é, Meredith Pieruzzi?

– Desculpe, Val. Está tudo muito corrido. A corretora está nos mostrando vários imóveis e nada parece ter nossa cara, sabe, parece ser verdadeiramente nosso lar.

– Tudo bem, Meri.

– E então, qual o motivo de sua ligação? – pergunta e tenho quase certeza de que ela já sabe o motivo.

– Bom, tenho uma novidade para te contar.

– Sim...?

– Eric e eu estamos juntos.

Ouço um barulho no telefone e depois de uns segundos os berros de Meredith dizendo: “Peter! Pode me dar minhas 100 libras! Ganhei a aposta!”. “Não acredito!” A voz de Pete pega longe no telefone.

– Meredith? – chamo.

– Espere, Val – diz ela – Pete está saindo do banho, ele quer falar com você.

Depois de alguns segundos, Pete me chama ao telefone:

– Valerie, não acredito! Você me fez perder 100 libras!

– O quê? Não estou entendo.

– Valerie? – é a voz de Meredith agora.

– Meredith, o que está acontecendo? Que aposta é essa?

– Pete e eu apostamos quando você e Eric iriam ficar juntos. Pete apostou que só depois do nosso casamento, já eu apostei que seria antes do casamento. E claro, como sempre, eu ganhei! Muito obrigada, Val!

– Meredith, não acredito que fez isso! – grito.

– Val, eu sempre soube que você e Eric iriam ficar juntos. Agora me conte os detalhes.

Aos poucos vou contando detalhe por detalhe a Meredith, que simplesmente surta.

Ah, meu Deus! Eric é um fofo! Será que eu fiquei com o primo errado?... – Então ouço o rugido do outro lado da linha e Pete dizendo “Meredith eu ouvi isso” – ... Desculpe, amor. Mas, então Val e os ditadores sem coração dos seus pais, o que acharam do Eric?

– Eles ainda não o conheceram e por mim, eles nunca o conheceriam.

– Por quê? Você não quer nada sério com o Eric?

– Não é isso. É que meus pais são tão... Loucos! Fico com medo de assustarem Eric e também tem aquele pequeno detalhe...

– Pequeno detalhe?

– É. Aquele pequeno detalhe.

– Do que você está falando, Valerie?

– Da Esclerose Múltipla.

– O que tem? Pera aí, você ainda não contou a Eric?

– E como eu contaria?

– Contando, Valerie! Mais cedo ou mais tarde ele vai acabar descobrindo e talvez ele descubra da pior maneira!

– O que eu faria? Eu chegaria dizendo “Eric eu tenho uma doença. E é uma doença horrível. Ela não me deixa fazer nada e se você ficar comigo, também não vai te deixar fazer nada!”.

– Você está fazendo uma tempestade em um copo d’água.

– Não estou. E você sabe disso.

– E o que vai fazer? Se você quiser ficar com ele, terá de contar.

– Não sei o que fazer, Meredith.

– Então comece a descobrir, Valerie.

                                                             xXxX

Eric estaciona seu carro no Royal Opera House, naquela noite de domingo. Meu coração dá um sobressalto ao lembrar-me que seria a apresentação na qual Clarice Moscowitz participaria. Ele me conduz para fora de seu carro e leva-me até a porta, onde entrega nossos passes de entrada. Enquanto procuramos nossos assentos, Eric me pergunta:

– O que achou? Achei que gostaria de assistir, já que gosta de balé.

– Gostei bastante – engulo seco.

Assim que achamos nossos assentos, sentamos e logo começou o recital. Era o clássico Lago dos Cisnes e quase chorei quando vi que Clarice estava no papel principal, como o Cisne Branco e o Cisne Negro. A apresentação foi linda, tão precisa e tão perfeita... Clarice tinha melhorada tanto, não flexionava os joelhos como antes e seus movimentos com o braço estavam tão mais leves.

Do palco e um momento pensei que Clarice estava me olhando, dentre as centenas de pessoas ali, ela parecia me olhar. Foi algo rápido, mas que me causou arrepios. Assim que o recital acabou, trato de sair rapidamente, mas há um grande aglomerado de pessoas e é quase impossível.

– Valerie! – grita alguém atrás de nós e sei exatamente quem é – Valerie Novack?

Não olho para trás. Eric me cutuca, mas eu o ignoro. Quero sair dali e não quero cruzar com Clarice, mas então sua mão toca meu ombro e sou obrigada a me virar, dando de cara com ela. Ela ainda está com sua maquiagem do ato final de Cisne Branco, mas agora vestia um roupão cor cinza.

Ela olha para mim sorrindo. Clarice sempre foi muito simpática com todos e a rivalidade que havia entre nós nunca a impediu de ser legal comigo.

– Mal posso acreditar, é você mesma? Valerie Novack? Da turma da Sra. Andrews? – faço uma careta para ela – Sou eu, Clarice Moscowitz! Não se lembra?

Solto um pigarreio e depois a respondo:

– Ah! – finjo surpresa – Clarice Moscowitz! Claro!

– Não acredito que estou encontrando você aqui, Valerie, depois de quanto tempo? – ela diz pensativa, abro a boca para falar, mas ela me interrompe – Seis anos! Nossa você está tão diferente! O que houve? – ela fita Eric – olá! Prazer, Clarice Moscowitz, ex-colega de Valerie! – ela estende a mão para Eric e a pega em um cumprimento.

– Ex-colega? Do colégio? – pergunta Eric.

– Não, da Academia de Ballet Saint Bartholomew.

– Academia de balé? – pergunta Eric, olhando para mim confuso.

Havia me esquecido também da capacidade de Clarice de falar pelos cotovelos.

– Sim! Valerie e eu fizemos desde a sapatilha meia ponta juntas! Não é querendo me gabar, mas éramos as melhores! Não é Valerie?

Eric me fita ainda mais confuso com a situação.

– É.

– Mas eu sempre fiquei um passo atrás de Valerie – continua Clarice – a Sra. Andrews sempre a preferiu! Todos sempre acharam que Valerie seria a que entraria para Royal.

– Royal? – Eric pergunta.

– É, mas não sei o que aconteceu. Ouvi dizer que ela teve um acesso ou coisa do tipo, e então chamaram a mim para fazer o teste e eu passei!

– Bom te ver, Clarice, mas eu e Eric temos que ir – digo, pegando a mão de Eric e o puxando.

– Ah, mas já...? Tchau, Valerie! Tchau, Eric!

Quero sair dali, eu tenho que sair dali. Eu estou respirando? Respira. Respira. Respira.

Saímos e seguimos a caminho do restaurante para jantarmos.

– Que história foi aquela, Valerie? – diz Eric, quando sentamo-nos à mesa – Você era uma bailarina?

– Isso foi há muito tempo e não teve muita importância – respondo.

– Para mim, não pareceu que não teve muita importância. Você era uma das preferidas para entrar na Royal. Segundo sua colega, você era uma das melhores. – ele faz uma pausa – É verdade?

– Sim, era.

– E o que houve? Por que parou?

– É complicado.

– Foi aquilo que ela disse? – insiste – você teve um acesso, ou algo do tipo?

– Mais ou menos – digo vagamente.

Ele recosta sobre a cadeira e solta um suspiro, logo após um sorriso bobo brota de seus lábios.

– O que foi? – estou curiosa com aquilo.

Você – ele diz e então arqueio a sobrancelha e ele completa – uma bailarina! Dá pra acreditar? Minha namorada... Uma bailarina.

Ex-Bailarina! – o corrijo.

– Não existe esse negócio de ex–bailarina! – ele segura minha mão e a beija – é como um ex-médico! Não existe ex-médico!

– E como eu devo me nomear? – digo sugestiva.

– A garota do Eric! – diz ele, estufando o peito.

– Nem um pouco machista, não?

– Nem perto! – diz irônico.

Enquanto jantamos, Eric me pede para contar tudo sobre minha vida de bailarina. Eu decido contar, mas quando chegamos à parte do porquê eu ter desistido de dançar, oculto tudo e ele fica frustrado. Eric diz que um dia eu terei de dançar para ele, coro ao pensar em que sentido ele estaria dizendo, mas depois percebo que apenas eu estou levando para o lado erótico e tento não pensar nisso novamente.

Depois de jantarmos, Eric nos conduz em seu carro para minha casa. Ele estaciona o carro em frente ao portão. Aproximo-me de Eric e beijo de leve seus lábios. Ele passa suas mãos de leve em minha cintura, desliza uma delas por minhas costas e me puxa para si.

Enquanto isso, seus lábios deixam os meus para explorar meu pescoço e em questão de segundos já não estou mais sentada no banco do passageiro, estou no seu colo, com os braços ao redor de seu pescoço enquanto ele crava suas mãos em meu cabelo.

Desço minha mão de seu pescoço até seu peito e faço pequenos círculos com as mãos. Ouço Eric soltar um risinho, então ele deixa meu pescoço e volta a beijar meus lábios.

– Ah, meu Deus, Valerie – grunhi Eric.

Vou parando o beijo vagarosamente, até que nossos lábios por fim se separam e eu consigo encarar Eric. Seus olhos parecem queimar de desejo e sinto que quero mais, assim como acho que Eric também quer. Mas, não é o momento.

– Vou entrar – digo, passando a mão em meu cabelo e o ajeitando, pois tenho certeza que ele está completamente emaranhado.

Eric assente e dá um pequeno beijo em meus lábios. Desço de seu colo e saio do carro.


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