Dias Imprevisíveis escrita por Gil Haruno


Capítulo 24
Capítulo 24 -Amor e outros sentimentos -Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas!

Como o Nyah! ficou fechado, atrasei em responder os reviews, mas farei isso em breve!
Capítulo postado!
Beijos!



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Olhares que se espreitam timidamente... Palavras que se chocam intensamente... Gestos que se contradizem... Toques que carregam o peso da distância... E emoções que desabrocham a cada nova sensação.’

–Você ainda não falou nada sobre sua nova vida. – tomei coragem, depois de passar um bom tempo jogando conversa fora, de interrogar Ethan. –Como anda as disputas?

–Uh. – ele não parecia nada disposto a falar de si mesmo. –Estou indo bem nos negócios, mas nada fora dos meus dias atuais.

–Então, presumo que sua vida continua a mesma de antes, com certas exceções, como por exemplo... – esperei que ele me desse um dos exemplos, que eu imaginava ter de novo na sua rotina, mas Ethan riu balançando a cabeça, sinal de que debochava da minha espera por informações suas. –Ora! Por que está rindo?

–Por que eu não vou falar da minha vida pessoal. – deu de ombros, deixando-me levemente irritada. –Você não vai ficar emburrada por algo tão bobo, não é?

–Nossa conversa ia bem, até parecíamos velhos amigos, mas, como sempre, você estraga tudo, Ethan!

–Qual é o problema se eu não gosto de falar de mim?

–Responde você essa questão bizarra. – ele suspirou tedioso. –Ok! Eu vou dizer algumas dessas exceções, já que você se nega tanto. – olhou-me curioso. –Com certeza você está faturando bem. Pode ser que em breve consiga um novo patrocinador. Está vivendo melhor por que não precisa dá satisfação de sua vida e, claro, deve está se divertindo com... muitas mulheres.

Ele continuou rindo e, olhando-me curioso, levou a garrafa de cerveja à boca.

–Por que você não admite que está morrendo de ciúmes, toda a vez que pensa na possível diversão que estou vivendo em algum lugar nesse país?

Foi como ser desarmada covardemente por ele, por que eu podia negar, mas aquela era minha dura realidade.

–Como você é presunçoso. – ri como uma idiota, mas algum efeito deveria surtir naquele diálogo. –Eu não penso em você e muito menos em suas diversões por aí.

–Ah! Não pensa? – indagou divertido.

–Claro que não! – quase falei alto, pois a calma dele, e seu joguinho psicológico estavam me tirando do sério. –Olha só, se você acha que eu ainda sinto alguma coisa por você, pode atualizar seus pensamentos. – ele deu de ombros, ingerindo a bebida e, de vez em quando, olhava a movimentação das pessoas. –O que confessei naquele dia foi uma paixonite que passou logo, exatamente na manhã que você foi embora. – olhei-o um pouco desconcertada. –Eu já esqueci isso há muito tempo. – engoli a seco, desviando o olhar.

–Uma paixonite... – disse levando a garrafa à boca e em poucos segundos essa estava completamente vazia. –É melhor que seja dessa forma, certo?

Com o coração apertado, voltei à atenção para ele. –Sim... É melhor.

Ao ouvir minha resposta, Ethan virou o rosto para a multidão.
Depois de ter confessado uma mentira, na tentativa de não parecer patética já que eu ainda sofria com a ausência dele, me perguntei o quanto aquilo fora convincente para ele. A verdade era que... eu tive medo de convencê-lo tanto, por que bastavam poucas palavras para tudo ficar mais difícil, e nos distanciarmos mais.

–Melissa completará dois meses na clínica. – falei roubando a atenção de Ethan que, ao ouvir o nome da mãe, sorriu levemente. –Você já foi vê-la?

–Ainda não, mas falei com ela por telefone. Sabe o que ela disse sobre você? – balancei a cabeça negativamente, percebendo que Ethan se divertia com minha curiosidade. –Ela disse que foi você que a convenceu a se internar e que você cobriu todas as despesas do tratamento.

–Ela já estava decidida a se tratar, tudo o que fiz foi dá um pequeno empurrãozinho.

Sorri fracamente, enquanto as lembranças daquele dia permeavam minha mente, mas ao vê a seriedade no rosto de Ethan, e a maneira indecifrável que ele me observava, fiquei distraída, e séria como ele estava.

–Por que você faz essas coisas, Claire?

–Você quer dizer sobre ajudar sua mãe?

–Suportar todos nós.

A resposta era a mesma desde que eu os conheci, mas em vez de transmiti-la a Ethan, sorri para ele, roubando-lhe um sorriso escancarado.

–Eu precisava mesmo dançar um pouco! – animada e suada, Megan chegou ao lado de Jason. –O que fazem aí parados? Vocês deveriam encarar a pista de dança, a galera tá pirando lá!

–Não liguem para ela. Está eufórica e um pouco alcoolizada. – disse Jason cochichando.

–Esse lugar está um arraso hoje. – Nicholas aproximou-se de nós, de mãos dadas com uma mulher loira, maior que ele por causa do salto, e extremamente simpática. –Essa é Deborah, gente.

–Oi, pessoal! – antes de dizermos ‘oi’, a moça já foi logo falando, e se sentando ao lado de Ethan. –Nicholas falou muito sobre vocês, principalmente de você Ethan. Para falar a verdade, eu pedi que ele falasse muito sobre você, por que eu sou muito sua fã!

–Err... Obrigado. – embaraçado, como qualquer um ficaria, Ethan pelo menos conseguiu agradecê-la.

–Oh! Eu vi suas fotos de lingerie! – ela virou-se para mim, escolhendo-me como vítima. –Jason, você é o melhor DJ do mundo! – ela não parava de falar. –Nicholas, você tem mesmo uma família importante.

–E eu sou Megan. – ela tossiu para ser notada por Deborah. –Não sou uma artista, mas trabalho de terapeuta de vez em quando, para todos eles.

Ri do comentário de Megan, ainda mais por que ela não tinha simpatizado com a loira falante.

–Prazer. – Deborah cumprimentou Megan sem entusiasmo. –Então, Ethan, me fala um pouco sobre suas corridas mortais.

Com a distração da garota, Megan puxou o braço de Nicholas, fazendo-o se inclinar sobre ela.

–Ela é terrível! – cochichou Megan.

–Eu sei.

–Por que ela está aqui se você sabe disso?

–Por que eu tô a fim de uma amiga dela e tenho que bancar o garoto bonzinho para sair bem na fita. – Megan lhe lançou um olhar indignado. –Uma hora e eu tiro ela daqui depois.

–Nem pensar! – Megan estava realmente decidida a se livrar da amiga do primo. –Dá teu jeito para tirar à senhorita falante daqui.

Nicholas coçou a cabeça, um tanto desesperado. Embora ele tivesse certeza de que Megan facilmente implicava com algo que não fosse do seu agrado, ele tinha que concordar que Deborah não era uma pessoa tolerável.

–Deborah... Vamos procurar a Suzy, ela já deve está nos procurando.

–Ah, não! – reclamou com cara de choro, o que fez Megan suspirar de tédio. –Só mais meia hora.

–Outro dia. – Nicholas arrastou-a pela mão.

–Foi um prazer, Ethan. – sorriu para ele. –Quando você vai voltar a correr aqui?

Nicholas arrastou-a, mas resistente, ela olhava para trás, e pedia que Ethan ligasse.

–Ela pediu para você ligar, Ethan. – divertido, Jason debochou do cunhado.

–Acho que ela pediu o telefone dos alcóolatras anônimos.

Ainda que estivesse irritado, Ethan arrancou de nós boas gargalhadas.

&&&&*&&&&

–Morei por dois anos em Houston.

–Mesmo? – perguntei animada.

–Sim. Meus pais estavam se divorciando na época, brigavam muito, e eles acharam melhor que eu ficasse com meus avós por algum tempo. Confesso que odiei a ideia de sair de New York, essa coisa de ter que deixar os amigos para trás mexe com qualquer adolescente, mas me adaptei muito bem, tanto que prolonguei minha estadia.

Fazia um bom tempo que eu conversava com Andrew Lavigne, um conhecido de Jason que, segundo ele, desde o meu primeiro dia na boate, estava o perturbando para ser apresentado a mim. Andrew era um rapaz bonito, atencioso, e tinha cara de garoto certinho.

–Qual é sua história nessa cidade turbulenta?

Perguntou ele entregando-me um drink.

–Eu estava em um ponto de ônibus em Houston e Megan, Ethan e Nicholas atravessaram meu destino. Do acaso, vim parar em New York, e de brinde conheci pessoas maravilhosas.

–Uh. – ele sorriu bebericando o drink. –Espero que o Ethan não esteja nesse time.

–Ele também.

–Custa-me crer nisso. – ele parecia surpreso. –Você é a primeira pessoa que vejo simpatizar com Ethan Scott.

–Oh! Ele é um ser humano muito difícil, mas não é impossível de ser compreendido, e domesticado. – brinquei observando Ethan muito afastado de onde eu estava e completamente distraído no diálogo com uma mulher aparentemente séria.

–Eu vou pegar mais um drink pra você.

–Não se incomode.

–Não é um incômodo.

O vi sumir entre as pessoas e sem ter o que fazer, e com quem conversar, fiquei olhando muitos casais dançarem uma música menos agitada.

–Você deveria ir buscar sua bebida.

Virei-me em abrupto para Ethan.

–O Andrew já fez isso pra mim. Ele é um cavaleiro.

–Não se trata disso.

–Do que, então? – cruzei os braços, olhando-o com toda a seriedade que me era possível.

–Um coquetel de frutas ou um drink pode vim batizado com qualquer tipo de droga.

–Você pirou. – ri alto. –Andrew é um rapaz certinho.

–Você é ingênua. – ele sorriu debochado.

–Ethan... – cheguei mais perto. –, toda vez que você está perto de mim, eu perco o humor, e fico completamente desnorteada. Você é uma droga que me faz muito mal!

–Algum problema?

Andrew voltou com a bebida e, nada simpático, encarou Ethan.

–Não é nada, eu só estava dizendo a Claire que eu estarei por perto se ela precisar. – respondeu Ethan, afastando-se em seguida.

–O que ele é? Um segurança particular? – perguntou entregando-me o drink. –Esse lugar está muito cheio. Você não gostaria de respirar um pouco de ar puro?

–Aqui está bom. – respondi tomando um bom gole do drink.

–O terraço daqui é ótimo, já fui lá algumas vezes. A privacidade é total, principalmente se quisermos ficar bem à vontade.

–Eu gosto daqui, mesmo com todo esse barulho. – sorri constrangida.

–Você não está entendendo o que estou tentando dizer.

–Andrew, eu não sou nenhuma idiota. – decepcionada, o encarei. –Obrigada pelos drinks. – entreguei o copo a ele, pronta para lhe dá as costas.

–Eu fico imaginando: Que tipo de lingerie está por baixo desse vestido preto?

Virei-me para ele, aturdida com seu sarcasmo.

–Claire? – Ethan ficou ao meu lado, como se fosse mesmo um segurança. –Precisa de ajuda?

–Não. – olhei-o sentindo-me um pouco perdida. –Estou bem.

Aproveitando nossa distração, Andrew se embrenhou entre as pessoas.

–Ethan... – a mesma mulher que ele conversava antes se posicionou a nossa frente. –, me liga quando você parar de ser babá de garotinhas.

–Por que você não procura um homem da sua idade? – perguntei a ela. –Tipo, dez anos mais velho que Ethan.

–Como é que é?

–É o que você ouviu.

–Vem, Claire. – Ethan arrastou-me pelo braço.

–Você não sabe nada sobre mim! – gritou ela cheia de ira.

–Sei que você têm duas ou três rugas no canto do olho esquerdo! – gritei rebatendo o que deveria ser uma crítica.

–Olha pra você! – Ethan me levou para um lugar onde não havia muitas pessoas e me encostou a um canto meio escuro. –Está vendo tudo rodar, não é?

–Um pouco. – sem motivo algum, acabei rindo. –Você fica mais bonito quando está sério.

–Você devia vê sua cara agora. – continuou me arrastando.

–Onde está me levando?

–Para algum lugar onde você não sofra um atentado.

–E quem pode me garantir que estou à salva com você? – enquanto eu o seguia, a contra força, tentei me desvencilhar da sua mão. –Você pode representar mais perigo que metade dos homens nessa boate.

–O fato de eu deseja-la, nunca me tornaria um aproveitador nessas condições que você se encontra.

–Oh! – sorri abobalhada, se é que era mais possível. –Você me deseja? – a falta de resposta não me desanimou. –Eu também te desejo e... – apertei firmemente sua mão, e senti que ele estava diminuindo os passos. –, eu menti sobre não gostar mais de você. – ele parou bruscamente, fazendo-me parar também. –Desde que você foi embora... esse sentimento tem me enlouquecido todos os dias. – então ele se virou para mim. –Eu queria me livrar disso, mas quanto mais eu tento, mais presa eu fico.

Perdida na emoção dos próprios sentimentos e o pouco efeito do álcool, não fui capaz de repelir as lágrimas.

–Eu não deveria te dizer essas coisas, mas... Eu não consigo evitar...

Meu corpo todo tremeu quando seus braços me circuncidaram e suas mãos abraçaram minha cintura.

–Ethan...

O abracei fortemente, como se quisesse roubar seu calor.

–Você é a única pessoa que faz com que eu me sinta um idiota.

Naquela multidão de pessoas, passando em direções opostas por nós, nos entregamos a um sentimento que poderia ter várias definições, mas, talvez, o mesmo sentido. E, pelas tantas vezes que nos vimos presos em mais um beijo repentino ou, quem sabe até, premeditado, correspondemos um ao outro.


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