Confiar escrita por LeuDantas


Capítulo 16
XVI. Fim


Notas iniciais do capítulo

agora está certo. perdoem minha lerdeza, pfvr.
curtam mais um maravilhoso capítulo cheio de surpresas (ou não pq eu ESTRAGUEI POSTANDO NA ORDEM ERRADA) ♥



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As semanas seguintes passaram voando. Quando a Tay chegou, eu passei a dormir na casa dela, e nosso resto de férias ficou dividido entre fazer bonecos de neve (na verdade ela fazia e eu ficava sentada da sacada olhando) e assistir filmes. Por incrível que pareça, não via mais Ed com frequência, mas David vinha me visitar quase todos os dias. Rachel me ligava duas vezes por semana e havia prometido que vinha me visitar.

               Quando as aulas na universidade retornaram, ainda faltava mais ou menos um mês e meio pra eu tirar o gesso do pé. Então David me levava pra cima e pra baixo na cadeira de rodas pelo campus, e cuidava de mim como se eu fosse uma bonequinha de porcelana. Ele armou a maior confusão quando um cara derrubou sem querer um pouco de suco de laranja em mim.

               - David, pare de me tratar como um bibelô.

               - Você está debilitada. Tenho que cuidar de você.

               - Mas precisa afugentar cada pessoa que passa perto de mim?

               - Eles não tomam cuidado. Podem esbarrar na sua perna.

               - Por que você não me deixa aqui no campus enquanto vai comprar nosso almoço?

               - Te deixar sozinha aqui? Nem pensar!

               - É muito cansativo ficar entrando e saindo do carro toda hora. Além do mais, a possibilidade de alguém esbarrar em mim é maior.

              

               Ele parou por um momento e concordou com a cabeça.

              

               - Certo. Mas não saia daqui. Me liga qualquer coisa. E se te atacarem, grite bem alto.

               - Ok. – ri.

              

               Ele me levou até debaixo de uma árvore e beijou minha testa antes de ir. Percebi que ele havia me deixado no lugar mais afastado de pessoas possível. Ri sozinha e empurrei minha cadeira até um banquinho. Tentei me levantar e sentar no banco, mas acabei caindo no chão. Estava me xingando mentalmente e não percebi quando alguém segurou meus ombros por trás e me ajudou a levantar.

              

               - Você está bem? – o garoto me perguntou quando eu já estava sentada.

               - Sim. Obrigada. Eu sou uma desastrada. Obrigada mesmo.

               - Não foi nada. – ele sorriu, tímido, e tirou uma mecha da franja longa do rosto.

               - Meu nome é Pamela. – sorri.

               - Archie.

               - Muito prazer, Archie. Você estuda aqui?

               - Ah, não. Um amigo meu estuda. Estou esperando ele. Você estuda?

               - Sim. É uma boa universidade. Onde você estuda?

               - Ah... – ele pareceu sem graça – Vou cursar o último ano do ensino médio.

               - Sério? Quantos anos você tem?

               - Quantos pareço ter?

               Seu rosto tinha traços ainda de criança, mas ele parecia ser mais velho que eu.

               - Uns 19.

               - Tenho 16. – ele riu.

               - Sério? Nossa! Nunca diria que você tem 16.

               - E você? Quantos anos tem?

               - Me dê uma idade.

               - Quinze. – ele sorriu.

               - Você está sendo bonzinho demais. Tenho 18.

               - Nossa. Nunca diria que você tem 18.

               - Ei, não pareço tão nova assim.

               - Na verdade parece sim. E como arranjou essa perna quebrada?

               - Se eu te contasse você não iria acreditar.

               - Você pode tentar.

               Comecei a história então. Eu e Archie conversamos por um bom tempo – pra ser mais exata, até a hora do David chegar.

               - Oi. – ele disse rispidamente encarando Archie.

               - Oi, Dave. Este é Archie. Archie, esse é o David.

               - Namorado dela. – Dave deixou claro.

               - Ah – Archie ficou meio sem-graça – Muito prazer, David.

               - O prazer é todo meu.

               - Então, Pamela... eu tenho que ir, meu amigo já deve ter saído. Vou procurar por ele.

               - Certo. Foi um prazer conhecer você.

               - Você também. Até um dia desses – ele acenou timidamente antes de ir.

               David praticamente rosnou quando se sentou ao meu lado.

               - Eu deixo você sozinha por um minuto e os caras já começam a te atacar.

               - Ele não me atacou. Eu caí da cadeira e ele me ajudou. Deixe de ser ciumento.

               - Você caiu da cadeira?!

               - Ai, meu senhor – revirei os olhos – O que você trouxe? Estou morrendo de fome.

               - Frango frito.

               - Meu Deus, eu vou engordar. Eu amo essa coisa.

               - Pra você engordar teria que comer um mar de frangos fritos.

               - Isso é um desafio? Porque eu tenho certeza que consigo.

               - Acredito que sim. – ele me beijou – Mas quem é essa cara?

               - Ele é só um garoto, Dave. Tem 16. Está no ensino médio.

               - E o que ele está fazendo aqui? Roubando as garotas alheias?

               - Eu já te disse que você é extremamente ciumento?

               - E possessivo. Mas eu só cuido do que é meu. Você é minha. Eu te amo, e vamos nos casar.

               Eu ainda não tinha tido coragem de terminar com o David. Graças a Deus, Ed não estava me pressionando. Mas eu sabia que precisava ser feito, e logo.

               ***

               - Boas notícias, Pamela. Já podemos retirar seu gesso.

               - Sério, doutor? – meus olhos brilharam de alegria.

               - Sim. Por incrível que pareça você se recuperou rápido.

               - E quando vou tirar?

               - Agora mesmo.

               Com ajuda das enfermeiras, ele retirou o gesso. Eu senti um alivio enorme de poder mexer minha perna e ver que esta estava intacta.

               - Estou com um pouco de câimbra.

               - É normal. Mas sua perna já está boa. Só evite fazer esforços com ela, como correr ou pular. Pelo menos por uns tempos.

               - Certo. Muito obrigada por tudo, doutor. – eu disse antes de sair da sala.

               Dave, que estava sentado na sala de espera, ficou surpreso ao me ver andando. Ele sorriu e eu o abracei.

              

               - Nunca senti tanta vontade de sair andando por aí.

               - Onde você quer ir?

               - Pra casa. Pra minha casa. Quero subir e descer as escadas muitas vezes e tomar banho sozinha.

               - Certo. – ele riu.

               Quando estávamos no carro a caminho da minha casa, mandei uma mensagem pro Ed.

               “tirei o gesso!”

              

               Pouco depois ele respondeu.

               “legal! J”

               Estranhei. Ed disse muitas vezes que quando eu tirasse o gesso ele iria ficar triste, porque eu não seria mais a “doentinha” dele.

               “ed? vc ta bravo comigo?”

               “nao, eu deveria?”

               Resmunguei ao pensar que ele poderia estar achando que eu estava enrolando ele, e eu não iria terminar com o David.

              

               - Aconteceu alguma coisa, Pam? – Dave perguntou.

               - Não, nada.

               Quando chegamos, fui na casa da Tay pegar as chaves da minha.

               - Tay! Você viu minhas chaves? – gritei da porta do quarto.

               - Estão com o Ed e... oh, Pam, você tirou o gesso!

               - Sim, estava com saudades da minha perna. Vou dormir em casa hoje. Ed está em casa?

               - Está. Pode ir lá pedir a ele.

               - Por que suas chaves estão com o Edward? – David fez uma careta.

               - Ele estava ajeitando a casa dela. – Tay explicou.

               - Dave, ajuda a Tay a arrumar minhas coisas enquanto eu pego as chaves?

               - Certo.

               Eu então fui até a casa do Ed. Quando ele abriu a porta, deu um sorriso torto.

               - Então você tirou mesmo.

               - Sim. Não sou mais sua doentinha.

               - Acho que você já não é há muito tempo.

               - Ed...

               - Ok, desculpa. Eu não quero te pressionar nem nada. Mas acho que já está na hora da gente parar com esse negócio de “vou terminar pra ficar com você”. Eu e você sabemos que isso não vai acontecer.

               - Eu vou terminar com ele sim! Mas você sabe que é difícil! E você também não terminou com a Taylor!

               - Quer que eu termine com ela? Ok. Eu termino agora. Vou lá e acabo tudo.

               - Não. Agora não.

               - Então quando, Pam? Todos os dias que eu passo sem ter você por perto ou ter que fingir que eu não te amo é um pesadelo! Eu não agüento mais isso. Vou terminar com a Taylor de um jeito ou de outro.

               - Te peço mais um tempo, Ed. Só mais um tempo.

               - O problema é: quanto tempo?

              

               Suspirei. Ele estava certo.

               - Você pode me dar as chaves da minha casa?

               Ele pegou o chaveiro em cima da mesa e me entregou.

               - Espero que goste.

               - Do quê?

               - Não deixe ninguém subir no seu quarto.

               - Ed, do que está falando?

               - Tchau, Pam. – ele sorriu.

               Eu ainda não tinha entrado em casa desde o acidente. Não fazia ideia de como estavam as coisas. Mas logo vi que a porta havia sido pintada novamente. Quando entrei na minha sala, um sorriso surpreso se fez em meu rosto.

               As paredes que sempre foram de cor amadeirada, agora estavam numa tonalidade entre o salmão claro e o creme. As tábuas de madeira do chão haviam sido trocadas. Ao lado da estante, agora havia um mini bufê de madeira. No chão, um tapete novo. As cortinas também eram novas, numa cor pêssego. Minha sala de estar estava toda nova, sem nenhum resquício do incêndio.

               - Uau. – Tay chegou atrás de mim – Meu namorado é um artista.

               - Ele fez tudo isso? – perguntei, incrédula.

               - Sim. E ainda não me deixou ver esse tempo todo. É a primeira vez que entro aqui. Ficou ótimo.

               - Vou deixar suas coisas lá em cima. – David, que estava obviamente com ciúmes, tentou mudar de assunto. Me lembrei de que Ed havia dito pra não deixar ninguém ir no meu quarto.

               - Não, Dave. Deixa que eu levo depois.

               Suspirei e tomei alguns segundos pra tomar uma decisão.

               - Tay, você pode nos deixar sozinhos? – pedi.

               - Claro. Boa noite, Dave. Tchau Pam.

              

               Quando ela saiu chamei David pra sentar no sofá. Eu estava decidida e tentei não pensar muito.

               - Dave, eu...

               - O que foi, Pams?

               - Eu quero terminar.

               Ele ficou muito mais surpreso do que eu esperava.

               - Você o quê?!

               - Eu quero terminar, Dave.

               - Você não pode estar falando sério. Não pode. Isso deve ser algum tipo de brincadeira. Você não quer terminar, Pam.

               - Quero sim, Dave.

               - Por quê?! – ele se exaltou, levando as mãos à cabeça – É por causa do Edward, não é? Eu tenho certeza que sim. Eu vou matar aquele desgraçado.

               - Dave, não tem nada a ver com o Edward. – menti. – Eu só não...

               - Você não o quê? Não me ama?

              

               Suspirei.

              

               - Amo, David.

               - Então por quê?

               Tirei o anel de noivado do meu dedo e o coloquei em suas mãos.

               - Porque eu não sou mais apaixonada por você.

               ***

               Subi as escadas com as luzes apagadas. Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Eu estava me sentindo péssima, mas ao mesmo tempo, aliviada. Não me sentia mais tão culpada. Eu não precisava mais mentir pro David.

               Passei a mão no meu pescoço e senti a corrente que ele havia me dado. Eu sabia que precisava tirar, mas não queria.

               Levantei da cama e ia em direção a porta buscar meu celular na sala, pra ligar pra Taylor.

               Só então percebi o quadro.

               Um desenho enorme, com dois terços da minha altura, emoldurado e pregado na parede na posição de paisagem. Um desenho de mim. O mesmo desenho de quando eu estava assistindo Titanic, só que muito maior. Me aproximei e vi a assinatura.

               “Edward Chase

Para minha doentinha”


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Notas finais do capítulo

ai, ta vendo? tanto botaram praga no namoro/noivado deles que eles terminaram :( quer dizer, a Pam terminou #PeninhaDoDave #VemkQueEuTeConsolo



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