E Se... escrita por Sídhe


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que ficou mais Leo x Calipso do que Leo x Reyna, mas tudo bem. Gosto da teoria de ele recusá-la por alguém que não tem certeza :3 Não acho que saiu do jeito que eu gostaria, pelo menos tentei fazer o melhor.
Boa leitura!



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Leo acordou com uma dor de cabeça tão forte que pensou que explodiria a qualquer momento. Sentia o corpo inteiro dolorido, e era uma sensação estranha que ele nunca havia sentido antes, várias partes de sua pele doíam e pareciam estar se corroendo. Havia cheiro de tecido queimado e de... Praia?

Abriu os olhos e achou que estava declarado, como aqueles certificados bonitinhos que se penduravam na parede só para dizer de uma forma hipócrita que você sabe alguma coisa, morto. Como ele sabia disso? Simples: havia uma garota mais bonita que Afrodite acariciando seus cabelos e dando um olhar de ternura.

Mortinho. Com todas as letras e margaridas no túmulo.

Eu tô no Elísio?! – Sua voz saiu fraca quando tentou levantar a cabeça. A garota de olhos amendoados e gentis sorriu para Leo e disse:

– Ogígia.

– Saúde. - Murmurou, e se surpreendeu ao ouvir a risada dela. Era tão doce e feminina. Ele já tinha ouvido aquele nome antes, estudando sobre mitologia grega. Que Leo se lembrasse, Ogígia era uma ilha relacionada a alguma garota ou musa, que provavelmente era aquela que estava sobre ele. Ela tinha os cabelos cor de areia presos em parte e colocados sobre o ombro, lembrando-o vagamente de Reyna.

Reyna. Ele estava pensando em Reyna tendo aquela garota sorrindo para ele. Balançou a cabeça, tentando clarear os pensamentos e lembrar do nome de sua acompanhante misteriosa.

– Pelo visto tem senso de humor. Sou Calipso - Falou ela, e uma lampadazinha acendeu na mente dele, lembrando automaticamente de toda a sua história. - E você está na minha ilha.

– Espera um segundo aí. Calipso? A dos heróis e que fica esperando um amor e todo aquele blá blá blá? - Ela assentiu. Leo suspirou de alívio por não estar morto, para logo depois gemer com as dores ao se sentar e se encostar em uma pedra. - Mas eu...

Ele se calou quando ela colocou uma mão em seu rosto, lhe acalentando com a maciez de sua pele.

– Não se mexa tanto assim - Sua voz era suave e acolhedora - Pode piorar as queimaduras, e eu tenho que cuidar de você.

– Queimaduras? - Perguntou, assustado, olhando para os braços mesmo com a dor. Calipso segurou de leve seus pulsos num silencioso pedido para ficar parado. Leo não sabia se estava mais assustado com as queimaduras ou com o carinho da garota. - Eu não posso me queimar, eu não posso ter nenhuma queimadura.

Ela o olhou de cima a baixo de forma delicada, o analisando.

– Você é um filho de Hefesto, não? - Perguntou - Leo Valdez. Seu pai já me falou de você...

– Conhece meu pai?

– Ele me visita aqui algumas vezes, é um dos únicos deuses que gosta de mim. - Leo ouvia tudo atentamente, se perguntando como alguém não gostaria de Calipso. Tudo que ela dizia era num tom bonito e doce. - Pode não ser bom com pessoas, mas é gentil, apesar da aparência. - Dizia enquanto ele ouviu um barulho de algo líquido, e percebeu que a garota tinha a seu lado uma bacia e um pano, torcendo-o para tirar o excesso de água. Ele se sentia tão fraco que não protestou quando ela colocou o pano sobre sua testa, gelado. - Você disse que não podia se queimar, é por conta que domina o fogo?

Leo assentiu brevemente com a cabeça, ainda admirando Calipso ajoelhada à seu lado sobre a pedra, ouvindo o som das ondas.

– Não tem nenhuma pergunta? - Ela disse - Geralmente, os semideuses sempre ficam com dúvidas quando vem para cá. Mas a pergunta que mais ouço é se eles podem ir embora... Eu sei que você não. - Ela olhou-o gentil.

Certo. Leo estava absolutamente e completamente assustado.

– Como é? - Foi tudo o que conseguiu dizer - Olha, madame, eu não entendi a última parte.

Calipso franziu as sobrancelhas.

– Você não pode ficar?

Leo deu um sorriso amarelo para ela em negação.

– Eu bem que gostaria. Nada contra você, é muito bonita e tal - Começou, se embolando com as palavras como sempre fazia quando estava perto de garotas - E eu realmente acho que esse lugar é bem bacana, dá para fazer um luau legal, mas...

– Mas? - Sua voz estava agora suplicante.

– Por que você acha que eu tenho que ficar?

– Porque os deuses me juraram isso. - Falou. Leo gostaria de dar um tapa na própria testa e díos, não queria nem pensar. - Depois de séculos Percy Jackson os fez me libertarem da maldição, e eu finalmente poderia sair daqui. Mas eu não o fiz, estive esperando por uma última chance... E então você apareceu, Leo Valdez.

Muita informação para uma cabeça só. Até mesmo para a dele. Leo podia memorizar cálculos matemáticos com um só olho, mas uma garota chegar e dizer que estava esperando por ele porque era seu amor? Pirou na batatinha. Com certeza.

– Percy veio pra cá? - Imaginou que Annabeth não gostaria nada de ouvir aquilo.

– Já ouviu falar dele?

– Se eu já ouvi falar? - Deu um riso irônico - Quem não ouviu falar de Percy Jackson. Eu sou amigo dele, estávamos numa missão até que ele... - Caiu no Tártaro, seu cérebro completou. O clima ficou tenso. Calipso pareceu notar aquilo e deixou de lado. Ele tossiu.

– Você... não pode se queimar? - Apontou para o peito dele, onde havia uma ferida grande.

– Podia - Concluiu ele. - Eu não entendo.

– Então apenas descanse. - Ela falou, retirando o pano e molhando-o novamente, passando no pescoço do latino e depois nos braços. - Amanhã já deverá estar melhor o suficiente para poder conversar.

Calipso se levantou, deixando Leo sozinho, e ele sentiu as pálpebras pesarem novamente. Mas ele conseguiu decifrar sua expressão. Os olhos dela estavam à beira das lágrimas quando ela suspirou e decidiu por caminhar para algum lugar desconhecido à Leo.

Ele se sentiu culpado.

– Calipso. - Chamou, e ela se virou para ele. - Me desculpe.

A garota assentiu, e foi a última coisa que viu quando fechou os olhos novamente.

Quando ele acordou novamente, ficou alguns minutos sozinho. Calipso passou a tarde cuidando dele, o alimentando ou conversando, falando sobre histórias da Grécia antiga ou somente o observando descansar. Leo se perguntava se ela não tinha ambrosia ou néctar para curar sua costela quebrada.

– Como ela é? - Uma vez perguntou para ele.

– Ela quem?

– A garota. - Calipso disse um tom amaciado, como se estivesse arrependida de ter questionado. - Você tem alguém, estou correta?

Eu sou masoquista, ele pensou. Eu poderia estar com uma garota apaixonada preso numa ilha durante toda a eternidade, mas não– O não soou em sua mente num tom debochado - Prefiro ficar me matando por uma outra que me quer partir ao meio e fazer churrasquinho da minha pele.

– Você fala da que me odeia e que me quer morto a cada vez que chego perto? - Debochou - Ela é forte, durona, do tipo que te dá medo só olhando, e já apontou uma adaga para o meu lindo pescoço.

Calipso deu um pequeno sorriso.

– Ela não te odeia.

– Diz isso porque nunca viu o jeito que ela me encara. - Leo falou, à beira do mar, onde eles estavam conversando.

A garota de olhos castanho-claros se aproximou dele e pegou sua mão. Ele se sentiu nervoso.

– Eu não entendo como alguém poderia odiar você.

Calipso era sempre tão doce-doce. Não que ele não estivesse gostando da sensação da mão dela na sua, mas era estranho... Como se não devesse estar ali.

– Eu, hã, obrigado.

Numa outra situação, ele imploraria de joelhos para ir para a ilha de Calipso. No entanto, haviam motivos para ele ter que voltar. Um deles é bem estressadinho, pensou, lembrando-se da pretora. Os olhos negros, a boca delineada e os cabelos escuros... Leo sentia falta dela. Ele sempre gostara de garotas perigosas e bonitas. Ela era tão perfeita para ele. Bonita demais para ele.

Houveram outras garotas antes, e não eram poucas. Primeiro Quione, tão fria quanto Reyna, mas a deusa da neve não seria nunca a melhor opção para ele. Leo gostava de garotas difíceis, não de vilãs que faziam de tudo para matar a ele e seus amigos. Quione era cruel. Depois viera Thalia. Ela era irmã de Jason (não que isso o impedisse de algo, é claro) e uma Caçadora de Ártemis, juramentada a nunca se aproximar de um garoto daquela forma. Mas quando ele perguntara a ela se aquilo não tinha pelo menos folga nos finais de semana, ele certamente recebera um fora. E então Hazel aparecera, a primeira que realmente demonstrou algum tipo de afeto e conexão por ele. Após pensar um pouco, talvez o afeto não fosse por ele, e sim por seu bisabuelo. Era apenas uma confusão de pessoas e sentimentos, Hazel não sentia nada por ele, e sim por Frank.

Reyna fora a última, mas ela colocava todas as outras à prova.

No início pensara que ela seria somente mais uma de suas quedas. Agora, junto de Calipso, Leo não conseguia pensar em outro motivo para voltar. Ele necessitava saber se Reyna estava viva, assim como ele. Talvez Leo estivesse realmente gostando de Reyna agora... Será que Percy sentira o mesmo quando viera para cá? Estaria ele pensando em Annabeth do mesmo jeito que Leo estava pensando em Reyna?

Calipso demonstrara gostar dele. Reyna não. Havia alguma coisa em ser negado, fora o fato de ele se achar um louco masoquista. Toda vez que Leo pensava que ela o odiava, ele tentava se lembrar de um dos poucos bons momentos que tivera com ela.

"Ele se sentou e pôs os pés na mesa. Do outro lado Reyna ainda permanecia ereta e séria, com um olhar desaprovador para os sapatos dele.

– Sabe, você poderia esboçar um pouquinho mais de emoção, pelo menos.

– Acha que tenho algo a aprender com você? - Ela perguntou - Tem um bom-humor invejável, não vamos negar, mas eu não vejo com clareza tantos motivos para sorrir. - Reyna voltou a seriedade de antes, girando a caneca em suas mãos. - A guerra destrói, sei bem disso, e corremos um risco sem tamanho, podemos estar mortos a qualquer momento.

Ele sorriu de lado tentando a incentivar.

– E é por isso que devemos sorrir. Dã. - Leo falou. - E se poderia ser nosso último momento bom? Ah, vamos, dê um sorrisinho, só um e eu juro que não te incomodo mais.

– Promessa é algo sério, Valdez. Já me vou, boa sorte em seu turno - Reyna se levantou, deixando metade da caneca ainda com o chocolate intocado. Leo ficou perplexo, como ela poderia sair daquela forma, sempre fugindo e o deixando falando sozinho, como se nada tivesse valido a pena? Reyna ia até o corredor das cabines devagar, a coluna reta mas o queixo baixo, olhando para o chão.

– Ca-ham. - Leo limpou a garganta. Ele abriu a porta para ela e fez uma reverência, a acompanhando quando ela entrou no quarto - Vossa majestade tem de cumprir sua promessa.

Reyna o olhou e sorriu em desaprovação. De uma forma ou de outra, era um sorriso.

– Isso, é assim que eu gosto. - Ele sorriu brilhantemente depois, os olhos com labaredas ao vê-la sorrir."

A lembrança do sorriso dela o aqueceu por dentro. Era errado estar segurando a mão de Calipso e estar pensando em Reyna. Mas, se ele pudesse pelo menos imaginar que ali não era a musa, que era a pretora. Não podia.

– Quando vou poder ir? - Ele perguntou a clássica pergunta que Calipso dissera. O sorriso dela se desfez.

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Quando Piper o abraçou, parecia que tinha uma motosserra em seus braços.

– Costela, costela, costela, Pipes - Ele disse, apressado, num sorriso sem graça.

– Estávamos tão preocupados - Falou a filha de Afrodite, também sorrindo - Reyna quase enlouqueceu e Jason pensou que você estivesse morto, mas continuávamos com esperança e... - Ela pareceu se dar conta do que ele estava dizendo - Nunca mais banque o herói, Leo Valdez. - Riu, se mostrando feliz.

– Também senti sua falta, também senti. - Ele tentou não se mostrar eufórico com o que ela dissera. - Cadê todo mundo? - Queria dizer Cadê a Reyna?

Ao dizer aquilo, ele viu a pretora aparecer. Os olhos dela se abriram muito, mas nenhum sorriso foi visto em seu rosto.

Reyna quase enlouqueceu, as palavras ecoaram.

Ela apenas levantou o queixo na sua típica pose altiva e o olhou, seu olhar se prendendo um pouco a mais no curativo. Era quase como se ela estivesse mesmo preocupada com ele. Ainda usava a armadura, e seus punhos se fecharam ao observá-lo. Eles estavam à quase três metros de distância.

– É bom tê-lo de volta. - Falou Reyna. Leo sorriu para ela quando a mesma o olhava nos olhos.

Desta vez, não havia um olhar de desprezo. Antes que ele pudesse dizer algo, ela se afastou e se trancou na própria cabine de Argo II.

Por algum motivo, ele pensou que ela sentira falta dele.

– Vá falar com ela - Piper disse.

– Não é mais um de seus planos de Afrodite, é? - Leo perguntou.

Piper deu um sorriso, fazendo suas covinhas aparecerem.

– Vai logo.

Antes de se postar de frente para a porta da cabine de Reyna, ele olhou para o mar abaixo de si quando Hedge assumiu o controle do navio. As águas era iguais às de Ogígia.

Calipso sempre seria o seu grande 'E se...'

Não chegou a bater quando a porta se abriu, revelando a garota respirando pesadamente. Leo sentiu seu coração falhar uma batida.

Mas Reyna sempre seria a sua maior certeza.


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Notas finais do capítulo

O flashback é da minha fic Promessa. Espero que tenham gostado!