Tudo Foi Manchado Por Um Vermelho escrita por Sayu


Capítulo 4
3. Tudo só piora


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está tranquilo. Não para Alice, infelizmente -q Espero que gostem :3



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Eu fiquei por muito tempo sentada naquele beco escuro, sem nenhum plano de como sair daquela situação. Cheshire estava do meu lado, fazendo barulhos estranhos com a boca e cantarolando uma macabra canção. A felicidade dela era tão louca, que eu me perguntei por um segundo se valia a pena tê-la.

O que eu faria a partir dali? Era como se o meu futuro estivesse sido manchado de vermelho. Aquilo me fez sentir tão pequena, um único ser humano, em alguns movimentos, pode acabar com tudo. Pensar nisso é um pouco frustrante.

Acabei adormecendo, e acordei com o sol matutino brilhando em meus olhos. Cheshire estava adormecida, deitada em meu colo. Naquele momento ela realmente pareceu um gatinho indefeso. Meu coração se partiu um pouco assim que me lembrei de como Dominique dormia angelicalmente em meu colo.

Ao menos eu havia conseguido dormir bem, apesar de ter sido sentada e sem nenhum conforto. O que eu menos queria naquele momento era que pesadelos me atormentassem. Na verdade, eu não precisava deles, eu já estava totalmente atormentada. Minha barriga roncou, fazendo Cheshire acordar num pulo.

- Ah, está com fome, não é? – Cheshire riu, dando um longo bocejo logo em seguida.

- Claro que estou. Eu não como desde o almoço de ontem. – me limitei a dizer tais palavras, já que eu não queria realmente me lembrar desde quando eu não tinha comido.

- Hum... – Cheshire encostou-se à parede. – Aqui não dá pra conseguir comida de formas limpas, então nem tente. É morrer de fome, ou roubar, matar e essas coisas.

- Eu realmente não quero matar ou roubar, mas também me recuso a morrer de fome. – Eu não posso gastar a vida que meus pais se sacrificaram para me dar.

Cheshire deu uma gargalhada insana e voltou a ficar em seu próprio mundo de loucura. Eu sabia que não poderia ficar ali sentada esperando a morte, então me levantei e andei pelo bairro. Incrivelmente, de dia ele parecia mais pacato e não dava tanto medo.

Eu que sempre fui uma garota tão dependente, nem sei como consegui forças para me levantar e andar pelo bairro do medo, sozinha e sem nenhuma proteção. Meu corpo estava muito fraco, como tenho anemia e não sou muito acostumada a grandes pausas na refeição, mesmo sem muito tempo sem comer, meu corpo estava fraco.

Senti minhas pernas ficarem fracas e em pouco tempo, caí no asfalto duro. Era tão frustrante. Tentei me levantar, mas meu corpo não tinha nenhuma força para aquilo. Tudo que eu menos queria era desmaiar num lugar daquele tipo. Mas foi exatamente isso que estava acontecendo, então simplesmente apaguei.

“ – Irmã... Eu sempre gostei tanto de você. Você era a pessoa mais incrível que eu conhecia e eu queria ser exatamente como você. Mas... Por que você não me ajudou?

Acordei subitamente, com o meu corpo suando frio. Aquela última frase ainda ecoava na minha mente. Foi aí que eu percebi que estava envolta de um cobertor quente e estava numa cama, que apesar de um pouco velha, era bem confortável. Olhei para os lados, e constatei que estava em um quarto.

Era um quarto bem pobre e um pouco sujo, mas parecia mil vezes melhor que dormir num beco escuro com uma garota doida. Levantei-me com um pouco de receio. Vai saber o que uma pessoa iria querer ajudando uma menina de 13 anos que estava apagada no chão né? Mas talvez fosse alguém bom.

- Ah, parece que você acordou. – um garoto apareceu na porta, carregando um prato de comida.

- Quem é você? – perguntei rispidamente.

- Eu te socorri, então na verdade, você deveria me dizer primeiro quem é.

- Meu nome é Alice. – respondi rapidamente, encarando o prato de comida.

- Isso é pra você. Pode comer à vontade. – ele sorriu gentilmente.

Peguei o prato de comida de suas mãos e comecei a devorar tudo que tinha nele. O garoto deu uma risada, enquanto me observava. Embora estivesse um pouco incomodada, eu não tinha do que reclamar.

- Obrigada. – falei, devolvendo o prato.

- Não precisa agradecer. Afinal de contas, nada disso foi de graça. – sua voz ficou um pouco sombria de repente.

- C-Como assim? – perguntei, com medo da resposta.

- 300 mil reais, não acha que é um preço justo? Quero que me traga esse dinheiro pela sua estadia e comida. – ele respondeu, e toda a sua gentileza foi embora em questão de segundo.

- Como assim? Isso não é justo. E eu não tenho esse dinheiro.

- Então vai ter que trabalhar pra mim. Eu tenho um bar. – ele falou, tão naturalmente.

- Ah, então era esse seu truque. Queria um empregado sem ter que pagar! – o encarei.

- Olha aqui, pirralha. Não levante o tom para o seu patrão. – ele deu uma risada, saindo do quarto logo em seguida.

Eu realmente já estava com problemas demais para isso acontecer. Sentei-me na cama e remexi meus cabelos, tentando pensar no que faria. Se eu tentasse discordar daquele idiota, vai saber o que ele iria fazer. Poderia até me matar, talvez.

Fui boba em acreditar que alguém havia me socorrido por que era bondoso. Eu realmente não estou preparada pra esse mundo. E provavelmente esse tenha sido o mundo que estava me aguardando na minha maturidade. Mas é tão cedo pra vê-lo.

Enquanto estava imersa em meus pensamentos, a porta se abriu e de lá saiu uma mulher incrivelmente bela. Ela tinha cabelos longos e lisos de uma coloração alaranjada. Seus olhos eram um azul um pouco transparente, que se assemelhava a límpida água de um rio.

A mulher era alta, o que me deixou um pouco amedrontada, já que nós tínhamos aproximadamente uma diferença de uns trinta centímetros ou algo assim. Ela também usava um belo vestido vermelho, que parecia ter saído dos anos 80.

- Olá. – ela me deu um sorriso e se aproximou de mim.

- Quem é você? – perguntei rapidamente.

- Meu nome é Marie. Não se preocupe, eu não vou te encher muito. - ela riu. - O gerente não é alguém ruim, ele apenas acaba se aproveitando das pessoas fracas.

- Ah, e o que é ser ruim pra você?

- Talvez eu não tenha sido muito boa com as palavras. Mas não se preocupe. Você pode ficar morando aqui enquanto não pagar a dívida. Por minha conta. – ela sorriu.

- Ah... Obrigada. – Será que eu havia achado alguém bom finalmente? – Mas e você, o que faz num lugar assim?

- Bem, eu fugi da cadeia. – ela falou, dando uma risadinha e saindo do quarto logo em seguida.

Parece que eu estou bem longe de um lugar normal...


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Notas finais do capítulo

Comentem e favoritem se tiverem gostado (:



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