"Kurt ela é uma completa bagunça. Suas roupas são estranhas e ela tem um monte de tralhas. ! Eu não vou sobreviver a isso Kurt..."

Rachel falava ao telefone em uma lanchonete perto da universidade. Porque foi o canto decente que ela achou que tivesse comida.

O único pensamento que Rachel teve após ver a bagunça no quarto foi de fugir. E foi exatamente isso que ela fez. Não permanentemente. Por enquanto...

"Rachel você mal ficou cinco minutos com a garota. Vai ver não é tão ruim quanto você pensa. Ela só estava estava arrumando as coisas dela e teve um acidente de percurso. E em termos de roupa você também não pode falar de ninguém." Kurt tentava tranquiliza-la com um leve tom de humor na ultima frase.

"Não Kurt, você não entende. São caixas e mais caixas de todo tipo de coisa que você possa imaginar. Brinquedos, papéis, livros, cd's, pedaços de objetos não identificáveis... Acho que ela trouxe a antiga casa dela inteira dentro daquelas caixas... Oh meu Deus Kurt, e se ela tiver animais mortos dentro delas? E coleções de insetos? E se ela for uma daquelas malucas que vivem em montanhas de lixo? Onde ela vai enfiar essas coisas? O quarto é minusculo!" Ela falava um pouco desesperada e as pessoas que passavam por ela a olhavam como se a louca fosse ela. Mas ela tinha um motivo pra ficar um pouco neurótica. Ela sempre tinha...

A mente de Rachel começou a ser invadida por imagens de um futuro que ela considerava próximo, onde ela entrava no quarto e encontrava sua adorável colega morta, soterrada em uma montanha de lixo e de insetos.

Oh meu Deus!

"Rachel, esfria! Só porque você é obcecada por limpeza não quer dizer que todo mundo tenha que ser. E também..." Kurt foi interrompido por uma gritaria que ela não conseguia identificar.

"Rachel eu tenho que desligar, ok?!" Ele falou um pouco exausto.

"Não, Kurt...espera!"

"Tchau, fica fria."

Era isso. Rachel tinha sido abandonada por seu melhor amigo, em uma cidade nova, com uma colega de quarto que era aparentemente uma bagunça.

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Rachel voltou para casa depois de andar pela cidade por cerca de uma hora sem rumo. Ela poderia ter ficado por mais tempo, mas começou a ficar com medo de se perder, ou ser sequestrada.

Quando entrou no quarto Quinn estava sentada na escrivaninha de frente a um computador. Quando notou a presença de Rachel se virou e lhe deu um leve sorriso, que foi retribuído e voltou-se para o computador novamente.

Foi aí que Rachel percebeu que toda a bagunça tinha desaparecido e virado uma especie de decoração em toda parte. Ela ficou um pouco culpada por ter chamado as coisas de Quinn de lixo e ela estava com um pouco de inveja de não ter trazido mais coisas para decorar o quarto. Tudo que ela trouxe de decoração foram algumas  fotos e posteres da Barbra Streisand.

A estante perto do banheiro estava repleta de coleções de carros de brinquedo, globos de neve, animais de pelúcia, livros, miniaturas de helicópteros e vários outros objetos espremidos, porem muito bem organizadas em três prateleiras. Ela chegou perto de segunda prateleira, onde havia os globos de neve para olha-los melhor e pegou um com uma miniatura da Estatua da Liberdade e o balançou.

"Humm..." Rachel ouviu de traz dela e se virou para ver uma Quinn de pé, olhando para ela com olhos completamente ansiosos. Quinn se aproximou e pegou o globo de suas mãos e o colocou de volta na prateleira, levando alguns segundos para ajustar na mesma posição que estava.

Oww, isso não foi legal! Rachel se sentiu ofendida.

"Me desculpe por mexer nas suas coisas..." Ela falava rápido e um pouco irritada quando foi interrompida.

"Não... Não precisa pedir desculpas. Você não fez nada, é só que..." Ela ainda encarava o globo esperando os falsos flocos de neve se acalmarem. " Me desculpe." Falou, agora olhando para Rachel.

Ela respondeu com um aceno de cabeça e Quinn voltou a se sentar.

"Então..." Falou se sentando na cama."De onde você é Quinn?"

"Eu sou daqui!" Falou se virando para Rachel, que esperou um 'e você?', que não veio.

Esta bem.

"E que curso você está fazendo?" Ela perguntou um puco desconfortável, não sabia como agir com aquela garota.

"Música." Ok, bem esclarecedor...

"Legal... Eu estou fazendo teatro!" Falou um pouco orgulhosa e sorrindo.

"Legal!" Quinn falou também sorrindo para ela.

Ok, chega de conversa por hoje!

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Naquela madrugada Rachel acordou com gemidos e um choro leve vindo da cama de cima.

Ótimo! Sua colega de quarto resolveu ter um colapso em plena madrugada.

Ela esperou alguns minutos para ver se Quinn parava de gemer, mas tudo só piorou. Agora a cama esta se mexendo, e os gemidos viraram gritos agoniados.

"Quinn?" Agora a cama parou de se mexer, mas o coro continuava.

"Quinn, você está bem?" Não ouvi resposta.

Claro que ela está bem, por isso ela está  chorando!

Já um pouco preocupada Rachel se levantou para acender a luz, e tudo que ela viu na cama de cima foi uma montanha enrolada em lençóis que tremia, e agora estava tossindo freneticamente.

Ela não sabia o que fazer, estava um pouco apavorada com aquilo quando Qinn se desenrolou e saiu da cama rapidamente e foi para o banheiro com Rachel atrás dela. Ela se abaixou em frente ao sanitário.

Rachel estava com um pouco de pena, mas ela tinha começado a  ficar enjoada e tentou se  concentrar em outra coisa além dos ruídos que vinham da loira abaixo dela.

Talvez em encontrar o caminho para o central park, ou um local que vendesse comida de verdade.

"Rachel você...você pode me deixar sozinha, por favor?" Quinn perguntou com a voz meio rouca e o rosto ainda coberto pelo cabelo.

"Está bem, qualquer coisa você me chama, ok?" Ela recebeu como resposta um aceno de cabeça e saiu do banheiro desligando a luz do quarto e se deitando novamente.

Ela ficou encarando a porta aberta no banheiro que emanava luz e ficou se perguntando qual era o problema daquela garota. Ela adormeceu pensando no assunto.

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Naquela manhã Rachel acordou com um estrondo. Ela abriu os olhos e se sentou com um pouco de dificuldade para encontrar uma Quinn sentada no chão escorada nas mão e sorrindo.

"Você caiu?" Ela perguntou não conseguindo evitar rir também ao ver o sorriso gigante no rosto da loira. Ela recebeu um alegre aceno de cabeça em resposta. "E você está bem?"

"Sim, eu estou!" Respondeu se levantando rapidamente e ainda sorrindo. "Vamos tomar café Rachel Berry!"

"Claro!"

Bom, pelo menos ela tinha alguém para lhe mostrar onde arrumar comida de verdade.

Mesmo depois da noite conturbada, Quinn parecia estar feliz. Rachel se perguntou se ela era bipolar ou algo do tipo. Ela fez uma nota mental para observar a garota de perto até achar um diagnóstico correto.