Os olhos de Morgana atravessaram a multidão. Era natal, e, como de costume, os nobres de Camelot se reuniam no palácio.

A garota trocou o peso de uma perna para outra enquanto cruzava os braços impaciente. Morgana podia sentir os olhos de algumas garotas em si, invejando seu vestido, provavelmente.

De fato, a própria Morgana, rainha da segurança, não se sentia a vontade com a peça de roupa que usava. Um vestido vermelho, chamativo demais para a posição dela, segurava seu corpo e revelava mais do que deveria. Graças a tudo que era mais sagrado Uther não a vira ainda.

- Sentiu minha falta? – Ela sentiu alguém sussurrar em seu ouvido.

Uma risada seca e incerta rasgou a garganta dela.

- Só nos seus sonhos – ela respondeu, torcendo para sua voz soar mais segura do que seus pensamentos.

- Sei – Arthur disse maliciosamente enquanto tomava um gole de seu vinho. – Esperando alguém?

- Quem eu estaria esperando? – Morgana respondeu indiferente.

- Eu, é claro – o príncipe respondeu com o sorriso sedutor que arrancava suspiros de toda alma feminina.

- Não se lisonjeie, Arthur Pendragon – Ela revirou os olhos.

Arthur deu de ombros e olhou ao redor.

- Tudo bem – ele disse. – Finja o quanto quiser, mas nós dois sabemos que você gosta de mim.

Gostar dele?!

- Coitadinho, - Morgana disse, fingindo extravagantemente pena. – você realmente tem algum problema mental, Arthur.

Ele sorriu. Era errado gostar tanto de provocá-la?

- De qualquer forma, - Arthur continuou, como se ela não tivesse dito nada. – Por que não está com as outras garotas? Elas parecem se divertir fazendo... coisas de garotas.

Um grunhido escapou da garganta dela.

- Eu tentei, mas – Morgana hesitou. – Elas são incrivelmente burras, Arthur. Ficam o tempo inteiro falando sobre você. É irritante.

Arthur mirou-a com o canto dos olhos.

- Ciúmes, Morgana?

Ela arregalou os olhos.

- O quê?! É óbvio que não! – Morgana engasgou exasperada. – Eu... nunca teria ciúmes de alguém tão insuportável e desprezível.

Arthur sorriu, sabendo que a maneira como as bochechas dela coravam indicavam sua vitória.

- Tenho que ir, para sua infelicidade – ele disse calmamente. – As pessoas estão começando a comentar sobre nós.

Morgana ergueu uma sobrancelha da maneira que somente ela sabia.

- Não tem nada para comentar – ela disse impassível.

Se alguém a perguntasse, Morgana não saberia explicar como aconteceu. Foi mais rápido do que sua imaginação poderia prever. No momento em que Arthur encostou os lábios nos dela, sua respiração falhou e Morgana pôde senti-lo quente contra si.

Um pequeno gemido escapou-a, e, tão rápido quanto começara o beijo, Arthur se afastou.

- A propósito, - ele disse lentamente, enquanto lambia os lábios, ainda sentindo o sabor singular dela. – Você está bonita hoje.

Uma Morgana incrivelmente boquiaberta encostou-se inutilmente na parede em busca de apoio, enquanto assistia o homem que odiava amar caminhar.