................. escrita por juliany


Capítulo 1
Capítulo 1




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As ruas de Paris estavam desertas. O frio e a chuva haviam espantado qualquer um que ousasse sair de casa.

Seria difícil me alimentar hoje.

Por sorte o caminhão do lixo. Urgh! Mas era melhor isso que nada e há dias não me alimentava bem.

Dois homens subiam e desciam do caminhão, transportando os sacos para dentro da esmagadora. O terceiro dirigia.

Um era bem magrinho, pensei, seria a sobremesa.

Três corpos e um botão apertado ligando a esmagadora depois, estava saciada e podia voltar para casa.

O prédio antigo que me abrigava, distava do glamour e elegância da cidade. Na periferia seria mais fácil me esconder e o quanto precisava disso. Não recebera notícias e simplesmente nada, nem seu nome eu ouvia.

Melhor assim. Precisava ficar distante. Talvez ele também.

Nunca encontro minhas chaves. Gosto de bolsas grandes, mas sempre me esqueço de colocar as chaves nos bolsos. Revirara minha Marc Jacobs* como louca, até que senti o frio metal bem como uma presença negra atrás de mim. O estalo na madeira e nem bem me virei, pude ouvir meu nome:

– Elizabeth.

O louro alto de incríveis olhos azuis a quem devia minha infelicidade eterna. Niklaus.

– Paris? É a sua cara. Mas o prédio... Não. Você está se escondendo de alguém, Elizabeth?

– De sua família, pode acreditar.

Encontrando a chave, girei rapidamente e torci a maçaneta. Klaus me seguiu para dentro do apartamento.

– É...seus dias de glamour acabaram, minha cara. Isso é terrível.- Disse isso olhando para o pequeno apartamento quarto e sala no coração de Clichy-sous-Bois**

Ele desdenhava de minha modesta moradia. Tentei não deixar o medo me intimidar e mandei:

– O que faz aqui? Como me encontrou?

– A pergunta de um milhão de dólares. Tenho informações e informantes no mundo todo, minha cara. Preciso achar Elijah.

– E com todos os seus informantes não conseguiu encontrá-lo e acha que eu sei onde ele está?

– Você sempre sabe de tudo sobre Elijah, Elizabeth. Vocês têm...a conexão.

– Se ele não quer ser achado, por que acha que eu o encontraria para você? – Estava acuada. Suas intenções não eram boas. Vindo de Klaus, nenhuma jamais seria.

– Não sei. Pensei em uma estratégia e talvez com você eu possa mantê-lo por perto mais tempo - Sorriu ironicamente para mim, medindo-me da cabeça aos pés- Vejo que seu bom gosto em roupas não foi influenciado pela espelunca onde mora.

Caminhei tranquilamente para o canto da sala e peguei a garrafa de whisky na prateleira. Não me dei ao trabalho de oferecer. Dei o maior gole que poderia caber em minha boca e virei-me para ele.

– O que quer Klaus? Não sei sobre Elijah, não sei sobre Kol. Há séculos. Agora que já me disse o que quer e vê que não posso ajudar, pode sair.

– Quanta grosseria. Pensei que ficaria feliz em me ver.

– Feliz e te ver são coisas que não combinam.

– Não vim até aqui por nada, Elizabeth. Você virá comigo. Tenho um plano e você vai me ajudar a encontrar Elijah.

– E em que encrenca se meteu agora? Ou devo perguntar, quem você vai foder agora?

– É uma longa história. Apenas venha comigo para Virgínia.

– O que? Odeio a América. Não suporto seu ritmo. Se puder te ajudar daqui, diga, caso contrário, saia.

– Você me deve um favor, Elizabeth. Vim cobrá-lo - Enfim seu coringa saia da manga. Sim, devia a Klaus e se ele usava esta carta neste momento, podia adivinhar que Elijah estava em perigo.

– O que quer de mim, Klaus? Já não me destruiu totalmente?

Seu rosto ficou sério.

– Por anos pensei em acabar com tudo e desistir de tentar sobreviver. Ou você acha que consegui encontrar sombras de felicidade afastada de...? – Não pude concluir.

Sorvi de um gole só o resto do whisky. As lágrimas estavam a um passo de deixar os olhos. Encareio-o com piedade, mas meu amor próprio, enfim, falou mais alto.

– Esqueça que me encontrou. Volte de onde veio e deixe-me em paz.

– Não! Preciso encontrar Elijah e você é a única pessoa que pode me ajudar. Você virá como convidada ou prisioneira, Elizabeth. Escolha.

A porta do apartamento se abriu e dois homens entraram. Híbridos de Klaus.

– Veja, pense nesse momento como um período de férias. A comida americana não é tão ruim assim e tenho uma casa fantástica com um lindo e aconchegante quarto de hóspedes.

– Se, eu disse se encontrar Elijah, o que quer dele?

– Isso você só ficará sabendo se vier comigo. – Seus olhos flamejavam – Vamos lá. – disse-me estendendo a mão – Vai ser divertido. – Sua ironia me dava medo. Jamais confiaria nele novamente. Klaus, por que? Éramos amigos...

– O que escolhe? Convidada ou ...

Estava derrotada. Se não concordasse com o “convite”, seria arrastada até a América sendo mordida e curada todo o tempo do vôo.

Elijah...

– Não pegue muita coisa, pois tenho que retornar. As coisas andam muito depressa na Virgínia e minha ausência pode ser sentida, se é que me entende.

Puz mais uma dose generosa de whisky em meu copo e virei. O álcool nunca me caia bem, mas se teria de passar por isso, não seria sóbria.

– Vou pegar minhas coisas.

– Boa menina.

Entrei no quarto procurando o colar que Nora fizera para mim. Tinha que levá-lo. Se acontecesse algo comigo, Elijah me acharia através dele. Eu nunca o usara.

– Elizabeth...você está demorando. Não me force a ir buscá-la.

Não tinha tempo a perder. Abri rapidamente o veludo que o envolvia e olhei para a pedra com nossos “E” entrelaçados, voltei a embrulhá-lo e o meti na bolsa.


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