Anjos Caídos escrita por Alexia Dankan


Capítulo 1
Um começo




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Eu não estava conseguindo dormir direito. Nossa casa tinha dois andares, e era bem grande até. Meu quarto tinha uma sacada. Resolvi levantar da cama e ver como estava a noite. Ah, a noite, como era linda. Sempre gostei da noite, é tão calma e misteriosa... Mas o fato de só poder observa-la dali, daquela sacada, me irritava. Eu queria poder ver além dali. O portão da nossa casa era baixo, eu era acostumada a ficar pulando em vez de abri-lo para ir ao mercado que tinha ali perto. Pensei que pular a sacada seria a mesma coisa. Era óbvio que eu tinha noção da altura, mas sempre pensei que nada poderia acontecer, afinal, mesmo eu tendo uma noção maior das coisas, do que as outras crianças da minha idade, eu era apenas uma criança. 

Eu resolvi pular. Eu cairia no jardim na parte de trás da casa, e então pularia o portão e iria passear um pouco.  Coloquei uma blusa, bermuda, e tênis, eu não tinha outra coisa mesmo. Comecei a subir a parte de madeira que tinha, até que eu consegui ficar em cima. Pulei. Nunca senti tanto desespero na minha vida. Eu sabia que era alto, mas não achava que era tanto. Eu senti meus olhos se enchendo de lagrimas. Eu tinha me arrependido completamente de ter feito aquilo, uma lagrima começou a escorrer, quando senti alguém me segurando. Não me importava quem era, mas me agarrei na pessoa, eu estava desesperada.

Eu ainda não tinha visto quem era, até que ele me colocou no chão. Mais precisamente de volta na minha sacada. Fiquei observando. Era um homem, e tinha asas. Asas como as de um anjo, mas não como as que as histórias contam. Além de grandes, uma era branca e outra era negra. Ele se abaixou e enxugou minha lagrima. Aquele homem era um completo desconhecido para mim, porém, era como se eu sentisse uma energia positiva vindo dele.

Desconhecido: Nunca mais faça isso... Yoko.

Concordei com a cabeça, logo em seguida, ele me abraçou. 

Desconhecido: Agora, coloque novamente seu pijama e vá dormir. Você precisa descansar.

Novamente concordei com a cabeça e sorri. Eu estava indo fazer o que ele havia mandado, até que escutei ele repetir aquele nome novamente, como se eu fosse a pessoa, como se ele estivesse me chamando. 

Desconhecido: YOKO!

Mesmo eu não sabendo se era comigo, me virei novamente para ele.

Desconhecido: Não fale para ninguém que eu estive aqui. Nem do que aconteceu.

Não entendia o porque, mas concordei com a cabeça. Eu iria obedecer.

Acordei com meu despertador do celular tocando Beep Beep das SNSD. Eu ia desligar e voltar a dormir, até que me lembrei que era meu primeiro dia de aula. Ia começar tudo de novo. Desliguei e levantei. Cai na cama de novo.

Meiling: Que saco.

Fiquei uns cinco minutos ali, até que resolvi levantar de novo. A primeira coisa que resolvi fazer foi ligar meu aparelho de som. Fui ver um dos CDs que eu havia comprado durante as férias, acabei escolhendo um que eu mesma havia gravado. Coloquei pra tocar, a primeira musica era Johnny B Good do Chuck Berry, só não coloquei no máximo pra não incomodar os vizinhos, mas que ficou alto ficou. 

Tomei um banho bem rápido. Uma coisa que eu gostava naquela escola, era da diretora. Ela deixava nós usarmos a roupa que quiséssemos. Isso mesmo, sem uniforme. A unica coisa que tínhamos que fazer, era usar um crachá pela primeira semana de aula, depois só precisaríamos usar em passeios da escola. A escola era totalmente protegida, era uma das mais caras da cidade. Tinha seguranças nos portões, no estacionamento, e em alguns outros lugares. 

Sai do banho vestindo meu roupão e chinelo, e fui em direção ao meu armário. Mi-cha havia me obrigado a comprar roupas novas pro primeiro dia de aula, mesmo eu dizendo que estava feliz com as minhas. Ela havia dito que se eu não comprasse, ela mesma compraria e viria aqui só para me fazer vestir. Então eu comprei uma calça jeans preta, uma blusa branca e um corpete preto, e claro, o que eu comprava todos os anos sem falta, um all star preto de cano alto. Eu simplesmente amava, alem de nunca sair de moda, combinava com quase tudo. 

Me vesti, peguei o meu crachá e coloquei numa parte da blusa. Fui arrumar meu cabelo, escovei bem. Coloquei brincos de argola prateados, e passei um gloss rosa, mas não muito forte. Passei rímel e lápis, e peguei minha mochila. Era simples, de costas, xadrez, preta e branca. Quando eu a comprei, a Mi-cha tratou de logo comprar bottons personalizados pela internet pra eu colocar na mochila. Ela dizia que ficava muito simples. Ela me deu um do elefante de Paradise, um com a logo do Amor Doce, um escrito I ♥ ROCK e outro escrito I ♥ KPOP. Ela tinha razão, deixava a mochila bem mais bonita. 

Eu já havia arrumado a mochila no dia anterior. Desliguei o aparelho de som, peguei a chave do portão, o qual a mãe de Mi-cha havia mandado trocar por um enorme, para que eu ficasse protegida, já que eu me recusava a morar com ela. Desci, levei um susto com o sol, então peguei meus óculos de sol que eu havia deixado na mochila. Tranquei a porta de casa, e depois que eu sai, o portão. Um dos meus vizinhos era um idoso, ele tinha um dálmata muito fofo. Toda vez que aquele cachorro me via, ele pulava em cima de mim. Eu estava saindo quando o meu vizinho, que estava voltando de um passeio com o dálmata me viu. Eu me abaixei para fazer carinho no cão, e depois cumprimentei o vizinho.

Vizinho: Bom dia Mei! Começou as aulas?

Meiling: Bom dia! Começou sim, primeiro dia é hoje.

Vizinho: Então corre garota. Vai chegar atrasada logo hoje?

Meiling: Ah, normal.

Eu comecei a rir, e ele também. Me despedi com um abraço no dálmata, e depois nele, e então voltei a seguir meu caminho pra escola. Para entrar na escola, precisávamos mostrar nossas carteiras de estudantes que eram entregues assim que fazíamos ou refazíamos a nossa matricula. Mostrei a minha e o segurança me deixou entrar. Fui procurar minha sala, olhei lista por lista de alunos, quando achei a minha, percebi que a sala estava vazia. O sino tocou. Eu tinha esquecido que primeiro tínhamos que ir para o teatro e depois para as salas. Fui correndo para o teatro, quando cheguei la a diretora já estava falando. Todo mundo estava em silencio. Droga de porta, por que tinha que fazer tanto barulho?

Diretora: Ah, Mei, você até chegou rápido hoje, comparando com os outros anos.

Isso fez todos rirem, inclusive eu

Meiling: Pois é, eu tava tentando ser aluna exemplar né, acho que não deu certo.

Ela começou a rir. Eu era muito amiga da diretora, até por que eu ia muito pra sala dela quando era menor. Nunca havia mudado de colégio. Ah, por que eu ia muito pra sala dela? Por que as outras garotas me provocavam por que eu tinha uma opinião diferente da delas sobre as coisas, e acabava em briga.

Procurei a Mi-cha com os olhos, ela estava guardando meu lugar. Era fácil avistar ela. Ela estava usando uma blusa rosa clara, uma saia de babados cintura alta branca, e um sapato plataforma branco. Ela estava com as unhas quadradas, rosa com francesinha branca, e as minhas quadradas e pretas. Ela estava usando um brinco e anel dourado, e usava uma tiara de laço, também rosa. Quem via, achava ironia. Eu, praticamente toda de preto, e ela toda de rosa, eu só falava com ela, e com os outros só se viessem até mim, e ela fazia amizade fácil com todos.

Coloquei minha mochila no colo, e ela arrancou de mim para ver os bottons. Ela ia falar algo, mas a diretora começou a falar algo sobre o ano passado.

Diretora: Vamos tentar não repetir alguns acontecimentos passados. E muito menos fazer experiencias durante o recreio. Não concorda Senhorita Mei?

Os veteranos começaram a rir, enquanto os novatos não entendiam.

Meiling: Concordo plenamente com a Senhora.

Todos riram novamente.

Mi-cha começou a sussurrar pra mim

Mi-cha: Como que você consegue falar assim com os professores e tal? Sério, eu não consigo.

Meiling: Costume.

O sino tocou e a diretora mandou nós irmos para as salas. O corredor estava totalmente cheio, era quase impossível de andar. A Mi-cha estava quase se perdendo, até que eu a puxei para um canto

Mi-cha: Quer matar aula é?

Meiling: Pra falar a verdade quero... Mas não vou fazer isso. Vamos esperar esvaziar um pouco.

Ela concordou com a cabeça. Quando começou a esvaziar, nós voltamos a tentar entrar na nossa sala. Já que eu já tinha ido direto pra sala quando eu havia chego, eu já sabia onde era. Olhei no relógio do meu celular, estava quase na hora de bater o próximo sino. Eu estava distraída até que a Mi-cha tropeçou e caiu em cima de mim, e acabei me segurando na primeira pessoa que estava na minha frente.

Meiling: Ah, foi mal.

Ele se virou

Matthew: Você devia olhar pra onde anda.

Meiling: Pensando bem, retiro o que eu disse.

Puxei Mi-cha pelo braço, e o empurrei mais uma vez. Consegui abrir caminho e finalmente chegamos na sala. Eram cinco carteiras por fileira. Mi-cha gostava de ficar no meio e no canto, e eu no fundo, então ela sentou na terceira carteira e eu na quarta, na fileira que ficava na parede da janela. Coloquei minha mochila em cima da minha carteira, torcendo pra ninguém sentar atrás de mim, pois então colocaria ela ali. Eu e Mi-cha ficamos conversando até chegar o resto dos alunos. Matthew chegou e se sentou atrás de mim. Tantas pessoas, porque logo ele? 

Pouco tempo depois chegou o resto dos alunos. A professora se apresentou, e pediu para mim entregar uns papeis. Ela falou que havia esquecido de pegar outros bilhetes que a diretora havia pedido para que os professores nos dessem, então ela foi buscar. Comecei pela minha fileira. Quando fui entregar para Matthew, percebi que ele estava mexendo nos bottons da minha mochila.Pisei no pé dele.

Meiling: Sua mãe não lhe ensinou a não mexer no que não é seu?

Matthew: E a sua nunca lhe ensinou a não pisar no pé dos outros?

Falar sobre os meus verdadeiros pais me irritava profundamente. Eu ia dar continuidade a briga, até que Mi-cha pediu para eu me acalmar.

Mi-cha: Unnie... agora não...

Respirei fundo, ignorei o que Matthew havia dito, tirei a minha mochila de perto dele e voltei a entregar. 

O resto do dia foi bem chato, os professores só ficaram dando avisos. Olhei no relógio, eram 15h, na mesma hora que olhei, o sino bateu. A diretora sempre dizia que já que ela praticamente deixava nós livre para fazer quase tudo o que quiséssemos,  nós devíamos nos esforçar ainda mais nos estudos, para fazer aquilo valer a pena. De certa forma, eu concordava com ela. 

Eu e Mi-cha morávamos em direções opostas. Nos despedimos e cada uma foi pro seu lado. Eu gostava de ir apé.

Eu estava na metade do caminho, quando olhei pra trás, Matthew estava lá, fazendo o mesmo caminho que eu. Por que ele?

Meiling: Você tá me seguindo?

Matthew: Eu moro atrás da sua rua. 

Eu nunca havia percebido aquilo antes.

Meiling: Ah...

Voltei a seguir meu caminho, até que ele veio do meu lado.

Matthew: Nunca percebeu é? Eu moro ali desde que eu nasci.

Desde que ele nasceu... que nem eu. Acabei tentando puxar papo, e ele me dando patadas. Quando cheguei na minha rua, só disse tchau. Eu não olhei pra trás, mas torci para que ele tivesse continuado o caminho.

Meu pai sempre dizia pra mim que, não era porque eu já havia nascido com uma asa sombria e uma asa branca, que eu devia dar prioridade a asa sombria. Ele sempre dizia que isso iria me ajudar no futuro. Eu nunca soube como. 

Eu e meu pai estávamos voando. Eu tinha quatro anos, e ainda estava aprendendo. Meu pai sempre me ensinava tudo o que podia, e em noites como aquela, nós saiamos pra passear e treinar o meu voo. Passamos na frente de uma casa, tinha uma menina da minha idade pulando a sacada. Meu pai mandou eu me esconder, eu obedeci e fiquei assistindo a cena. Ele a segurou no colo. Aquela garota estava desesperada. Ela ficou observando-o. Mas o que eu realmente queria saber, é como ele a conhecia. Ele a chamou de Yoko. Quando estávamos voltando, perguntei quem era ela, como ele a conhecia. Ele disse que ela era uma abençoada, e que me explicaria isso outra hora, e também disse que aquela seria minha melhor amiga, e talvez até algo a mais. Aquilo seria mesmo possível?


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