Neve, safira e meia-noite.

A pele de Ian O'Shea era tão serena e macia que inspirava paz em meu ser. Minha alma se acalmava a cada toque quente e sutil que trocávamos. Era um misto de sentimentos distintos. A pele morna derretia-se em neve com o tom pálido e uniforme. Seus lábios róseos contrastavam com o esbranquiçado de seus dentes perfeitos e o tornava a junção de expressões mais igualmente distribuída que eu já havia visto. O humano Ian era bonito, mas, enfim, essa não foi a razão pela qual me apaixonei. Sua beleza nada dizia diante do choque que minha carne sentia em contato com a sua. Do pulsar irregular que gerava em meu coração.

Seus olhos eram de um azul difícil de classificar, mas se eu procurasse a fundo em lembranças, uma pedra igualmente azulada se estampava em minha mente. Safira. Eram de uma cor tão profunda e inspiradora. Podia ouvir o barulho sereno das ondas do mar quebrarem-se em espumas quando os olhava por muito tempo. Os olhos de Ian me acalmavam. Eram pacíficos e bondosos e o tornavam tão distinto. Era como se olhar para o céu límpido e sem nuvens em um dia de sol. Eles eram como janelas sentimentais. Traduziam seus sentimentos de forma que ele não conseguia os esconder de mim. Quem os soubesse decifrar saberia tudo o que se passava em seu íntimo.

Os cabelos... Ah, como um céu sem estrelas e sequer luar. Tão negros quanto a meia-noite. Tão profundos quanto o breu que me reconfortava ao fechar os olhos e fugir da realidade que me açoitava. Eu agarrava-me a eles sempre que podia. Sempre que seus lábios pressionavam-se contra os meus e me exigiam forças que eu não tinha. Agarrava-me a eles sempre que me sentia sozinha. Transpassava meus dedos pela maciez e o observava sorrir com meu carinho.

De toda forma tais características nada significariam se não fossem dele. Se não o tornassem tão único e tão meu. Se não me fizessem tão completamente feliz e realizada. Ian O'Shea era por completo feito de características que o tornavam tão... ele. Tão especial. Tanto que me fizeram ficar. Fizeram-me querer, pela primeira vez, permanecer. Eu, a alma Peregrina, amava o humano Ian. E sempre assim seria.