Sinto algo molhando meu corpo, parece que estou flutuando no mar que não tem temperatura, como se fosse um gás. Abro meus olhos e vejo riscos verdes azulados.O reflexo do mar em uma tela branca. Busco saber aonde estou, olho para os lados só vejo o imenso mar sem ondas e ondulações.Tendo virar para nadar e não consigo estou condenada a olhar o céu.

-Socorro-Falo espantada a procura de algo para me agarrar.

 Uma brisa fria passa remexendo o mar, que se agita formando um redemoinho em baixo de mim. Sou arrastada pelo mar. Sem forças me deixo ir afundando em águas profundas sem conseguir respirar ou abrir os olhos. Estou morrendo no escuro.

-Calma Katniss. -Uma voz me retira da água.

Abro os olhos e por um momento uma luz me faz fecha-los novamente. Fico com dificuldades de abri-los novamente.Forço minha mente a cooperar com essa ação.Finalmente abro eles e vejo o teto Branco com uma lâmpada protegida por um circulo de vidro opaco.Viro procurando meu salvador.Ele está sentado na cama ao meu lado.

Seus cabelos ficam mais loiros com a luz do sol batendo neles. Seus olhos azuis ficam da cor do mar onde estava, porém nesses, eu mergulharia sem problemas.Ele ficou me olhando preocupado. Percebo que estou com as unhas cravadas em seus pulsos, devo ter feito isso no impulso de querer sair da água.

-Desculpa por isso. –Digo soltando-o devagar de modo que se da para ver um pouco de sangue até nas minhas unhas.

-Katniss você está bem? Parece que teve um pesadelo.

-Sim, eu não me lembro muito bem o que era, mas que me assustava muito.

-Quer alguma coisa para colocar dentro do seu corpo?

-Cato só você mesmo para falar assim. Se diz alguma coisa para se alimentar ou comer. Digo rindo o que relaxa meu corpo. Uma sensação boa.

-Kat pelo menos a fiz rir um pouco, valeu a pena. –Ele sai do quarto e me deixa sozinha. Nunca tive um pesadelo como esse desde da morte de minha mãe. Não queria tê-lo de novo.

Sentei na cama encostando minhas costas no travesseiro dele. Dou uma olhada pelo seu quarto. Mudou muito desde da última vez que estive aqui, as paredes não estão com papel de paredes de pipas e sim da cor bege azul com uma parede lotada de fotos dele com várias pessoas. Levanto-me para dar uma olhada se acho uma minha.

Acho sete fotos da nossa primeira foto juntos, do nosso trio de amizade (eu, Annie e Cato), das festas juntos e uma só minha quando tinha nove anos sentada na varanda dele sorrindo com um sorvete na mão e a boca toda suja de chocolate. Não acredito que ele guardou essa foto esse tempo todo.

-Essa é a minha favorita de todas. -Ele está atrás de mim com uma bandeja com torradas, um suco de laranja. -Eu não sei se você gosta mais de torradas com suco de laranja então arrisquei.

-Eu amo. – Pego a bandeja da mão dele. –Posso comer aonde?

-Na minha cama, eu tenho mesmo que trocar os lençóis.

A deveria estar a cheirando a álcool por causa de mim. Sinto-me culpada.

-Desculpa por ontem eu não queria dá trabalho.

-Kat apenas coma e deixa que eu fale.

Sorriu e me sento na cama com a bandeja e como a devorar a torrada pois meu estômago está vazio. Está tudo maravilhoso, como ele consegue fazer torradas tão deliciosas e o suco nem se fala. Ele se senta na ponta da cama do outro lado sem chegar muito perto de mim.

-Depois que fui para casa na metade do caminho percebi que tinha esquecido o meu celular, voltei e encontrei você e Peeta deitados no chão. Depois que te trouxe fui ver como ele estava. Nossa nunca tinha visto-o beber tanto, mandei todos irem embora e coloquei ele na cama de seus pais. Depois deixei voltei para cá o mais rápido para ver como você estava. E aqui estava dormindo como uma pedra roncando.

-Eu não ronco. -Falei com a boca cheia, ele riu até virar a cabeça para trás.

-Que você não saiba. Meus pais nem suspeitaram que estava aqui. Eles saíram para trabalhar e minha irmãzinha está na escola, devo daqui a pouco ir para a faculdade.

-Ah... esqueci que você já está na faculdade. Eu acabei, preciso voltar para casa pois Prim deve estar a minha procura.

-Calma ai, o que parece você não queria ir para casa ontem. Por que?

Não queria que ele tocasse nesse assunto.

-meu pai, ele anda bêbado o tempo todo. E do nada vem querendo ser o pai do ano.

-Talvez ele deva estar querendo mudar?

-Não cato. Eu o conheço muito bem, tudo que ele sempre quis era não ser pai.

-E você então vai para casa assim? nesse estrago todo.

Levanto-me e vou para o banheiro dele. O espelho não esconde nada. Meu cabelo está todo embaraçado, com fios levantados. O lápis de olho borrou todo, pareço ter levado um soco no olho. Sem contar o cheiro de bebida e vomito na roupa.

-Argh –Gemo.

-Calma eu tenho uma solução. Você pode tomar um banho aqui. Posso da algumas roupas de minha mãe.

Tomo banho no banheiro dele. O que é bom de fazer isso que podemos ver se o menino é organizado e vaidoso. Ele mantêm seus produtos de banho todos numa prateleira de vidro meio enfileirados, alguns tem a tampa quebradas. Pelo menos dá para ver que ele toma bastante banho e com ótimas marcas, cheiroso.

Lavo o cabelo três vezes, passo o sabonete no corpo esfregando toda o corpo para tirar o cheiro ruim. Depois do banho me enxugo na toalha limpa que ele trouxe. Meu hálito está horrível, pego a escova dele, sei que não é higiênico mais é única coisa que vai tirar esse fedor. Escovo os dentes com bastante pasta, depois coloco a roupa da mãe dele. Meus Deus não vou usar isso mesmo, nem que eu tenha que usar a roupa minha fedorenta.

A roupa ficou enorme, ele não parece saber que sua mãe está grávida?

Enrolo-me na toalha e abro a porta aparecendo só a minha cabeça. Ele está olhando as fotos da parede.

-cato! – Surrando, nem sei por que.

-Oi. - Ele vira e fica espantado. - Não coube?

-Sua mãe está grávida doido, nem vai dá com sinto.

-Desculpa eu não sei o que você pode usar.

-Me dá uma blusa grande sua e um sinto de sua mãe.

Ele sai a procura e me traz. Coloco e vejo que não ficou nada mau. Penteio o cabelo antes de sair, passou um pouco do perfume dele.

-Terminei, você já se trocou?

-Sim, fui no banheiro dos meus pais para poder ir na faculdade.

Ele realmente mudou muito, para melhor. Nem acredito que ele que andava comigo para todo canto junto com Annie. Falando nisso nem liguei para ela, caramba.

-Nossa eu nem liguei para Annie. Ela vai surtar em saber que você está de volta.

-Vamos então?

Descemos e na hora de nos despedimos eu paro de frente a ele e percebo como ele está alto. Abraço ele e sinto o seu perfume que é o mesmo do meu.

-Como você está cheirando a mim. - Ele diz rindo.

-Eu devo ter sem querer esbarrado no seu perfume. -Falo como a cara de criancinha que não fez nada.

-conheço muito bem isso de épocas.

Nos despedimos eu vou para a casa. Acabo passando pelo distrito habitacional 4.A casa de Annie. Toco a companhia e ela que me atende. Ela pula no meu colo.

-Kat.

-Ann eu também estava com saudade.

-Que cheiro é esse?

-Cato.

-O QUE?

Contei para ela a história desde de Londres até chegar a casa dela.

-Nossa por que você não me convidou para festa?

-não era minha. Além foi horrível eu fiquei acabada.

-E esses garotos do avião?

-Peeta é legal mais quando bebe fica meio chato e Finnick é tarado normalmente mais quando bebe é impulsivo. No final eles são gatos. - Falo rindo muito com ela.

-E o Cato em?

-Ele mudou muito. Devemos nos juntar para conversar e bota o papo em dia.

-Sim, e conhecer os outros amiguinho.

Acabei tendo que voltar para casa e Annie foi junto comigo. Ao entrar a casa parecia não ter ninguém. Mas tinha meu pai.

-Katniss aonde esteve?

-Eu fui na festa e dormir na casa de um amigo ai.

-Você fez o que?

Annie parecia querer fugir e eu também.

-Isso que você ouviu e agora me dá licença que vou com minha amiga para o meu quarto.

-Nem pense que você está de castigo.

-Olha eu já disse não vem come esse papo de papai.

-Kat eu volto mais tarde.

-Não Na você fica.

Annie foi e me deixou sozinha com ele. Prim deveria estar na escola. Nunca gostei de estudar em escola, sempre fui educada em casa, mas não aguentarei mais ficar em casa com ela. Vou voltar para escola.

-Vai para o seu quarto e não saia até eu mandar. Não queria um pai naquela noite? pois bem vai ter.

-Mudei de ideia.

-Tarde demais.

Paso por ele enfurecida. Ele me para segurando meus braços. E cheira meu pescoço.

-Que cheiro é esse?

-Nada.

-Bebeu? E está usando perfume de menino?

-Sim, bebi até caí assim como você. E esse perfume é do corpo do garoto que passei a noite.

-Para de brincar comigo se não quer levar um tapa.

Solto meus braços e vou para o quarto. Me tranco e pulo na cama afundando o rosto no travesseiro para abafar o grito. Choro esperneando como uma criancinha. Ele vai pagar por isso.