The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁ, IRMÃOSSSSSSS!!!!! EU SEI QUE DEMOREI, MAS VOLTEI COM UM CAPÍTULO BEM GRANDÃO PARA COMPENSAR MINHA FALTA DE PALAVRA.
Bom, eu disse no twitter que o capítulo não ia passar de quinta, mas obviamente passou. Nada imperdoável, claro, mas garanto que foi para o bem geral da população.
Você podem até achar que o capítulo é zzzzZZzzz (e é mesmo, sou obrigada a concordar.), porque não tem Finnick muito menos Liz (não diretamente.). Mas esse é o capítulo mais importante da fic inteira. Juro. Então prestem bastante atenção em todos os detalhes que eu vou colocar aqui, porque eles vão ser usados em um futuro próximo ksksks.
Apesar de zzzzzz, eu gostei de escrever o capítulo, então espero que vocês gostem de ler também. É bom gostarem, porque perdi o primeiro beijo da Roberta e do Diego em rbd só para terminar o que você lerão logo aí embaixo, então tenham uma consideração, por favor.



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Desnecessário dizer que passei a noite inteira acordada novamente. Voltei do quarto de Finnick e me deitei, tentando descansar um pouco, porque se tem uma coisa que eu aprendi na minha estadia por aqui é que tristeza e uma coisa que cansa à beça. Mas não rolou. Eu posso contar nos dedos as noites aqui na Capital que eu passei dormindo de verdade. Sempre há algo tirando meu sono.

Um plano. Trazer Liz de volta. Desobedecer a Capital. Isso é uma coisa perigosa, mas se eu fizer direito, ninguém nunca vai reparar. Vou após poucos delineando o plano em minha mente, ainda deitada na cama. Minha cabeça começa a doer e eu não sei muito bem se é nervosismo ou cansaço mental, mas acabo resolvendo fazer uma pausa e sair do meu quarto um pouco. Penso em fazer uma visita a Finnick porque não o vejo desde o dia da morte de Roger, mas algo me trava. Eu não quero contar a ele as ideias malucas que vêm passando pela minha cabeça e sei que se eu for lá ele vai ver que tem algo errado comigo, que eu estou distante e evasiva. E eu não quero ter de dar explicações, muito menos envolvê-lo em toda essa maluquice.

A verdade é que eu já tenho um plano pronto, mas ele me parece fantástico demais para dar certo. Ele só vai adiante se eu tiver muita sorte. E, bem, não é de se esperar que a sorte esteja ao favor da garota que teve justo o seu nome tirado de dentro de uma bola de vidro com milhares de outros nomes tão passíveis de serem sorteados quanto o dela.

Por outro lado, essa mesma garota é a vitoriosa. Não dá para vencer os Jogos se você não tiver o mínimo de sorte, porque o rumo das coisas na arena não depende só de você. Assistindo a reprise dos meus Jogos, eu perdi a conta de quantas vezes estive no lugar certo na hora certa. Eu podia ter morrido de incontáveis maneiras, porque nunca fui assim tão habilidosa. Mas não morri. Então, de uma forma ou de outra, apesar de ter vacilado comigo num primeiro momento, a sorte não me abandonou por completo.

Fico a noite inteira aboletada na minha cama, tentando arrumar coragem. O tempo corre e eu percebo que se demorar muito, o meu turno vai chegar de novo e eu vou perder a oportunidade de fazer alguma coisa. Com tudo pronto e repassado em minha mente e respiro fundo umas duas vezes para tomar coragem, embora saiba que isso é ridículo porque nada vai aplacar o pavor que eu estou sentindo agora. Com o coração martelando no peito e uma desagradável sensação de que vou ser pega, saio do meu quarto e entro no elevador, apertando o térreo.

“Aja naturalmente”, ordeno a mim mesma, enquanto passo pelas pessoas olhando esquisito para mim. Tenho que arriscar. Queria muito, muito mesmo poder contar com Finnick enquanto faço isso, porque é assustador demais saber que estou desrespeitando as regras impostas pela Capital sozinha, mas não posso envolvê-lo nisso e de qualquer maneira, ele não ia ter como me ajudar. Cagão do jeito que é, talvez até tente me convencer a desistir.

 Não é a mesma coisa para ele, que já passou quatro anos vendo seus tributos morrerem. Para ele, não faz mais diferença. Ele não ia entender a minha necessidade de salvar Liz.

Um Pacificador me para enquanto tento sair do prédio do Centro de Treinamento.

- Onde você está indo, mocinha? – É madrugada e acho que deve mesmo parecer suspeito uma menina de dezesseis anos sair do prédio a essa hora.

- Dar uma volta. Por quê? – Minha voz vai se elevando enquanto eu finjo estar indignada. – Não posso?

- Não.

- Há. – Solto uma risada forçada. – Sabe o que eles me diziam? Esse povo aqui da Capital? Que se eu ganhasse os Jogos, eu ia poder fazer o que quisesse. Seria uma vitoriosa e ninguém ia se meter a besta comigo. Agora eu quero dar um passeio de madrugada para ver a droga do céu depois de um dos meus tributos ter morrido. – Minha voz vai ficando embargada, como se eu estivesse prestes a chorar. Mas é só nervosismo mesmo. – e nem isso eu posso fazer. – Começo a fungar, como se estivesse chorando, mas não estou. Só que está escuro e o Pacificador não tem como ver meu rosto. Além disso, só para garantir, encobri minha cara com o cabelo.

Ele me olha com os olhos arregalados, provavelmente porque não sabe o que fazer com uma vitoriosa tendo uma crise nervosa.

- Johanna? – Ele pergunta. – Johanna Mason?

- Eu. – Digo, em meio a um soluço falso.

- Não demore, hein? – Ele diz e acena com a cabeça em direção à rua para que eu vá.

Saio correndo pela rua o mais rápido que posso. Está de madrugada, mas, diferentemente do breu que engolia a frente do prédio do Centro de Treinamento, a rua está imersa em uma claridade colorida por conta de tantos prédios luminosos.

Merda”, penso enquanto me dou conta de que não faço ideia de para onde devo correr. O banco. Eu preciso descobrir onde ele fica para poder entrar na minha conta e pegar o dinheiro que preciso para comprar as coisas que Lizzenie necessita.

Vou diminuindo o ritmo das minhas passadas para poder pensar melhor. Os Patrocinadores precisam ir periodicamente ao banco para mexer em suas gordas contas que fornecem o dinheiro necessário para bancar seus tributinhos queridos. Então eu tenho que percorrer as adjacências do Centro de Treinamento e dar uma checada. Ando pela rua do prédio, tomando cuidado para não ser vista, porque se depois chegar no ouvido de alguém que viram Johanna Mason saracoteando por perto do banco no meio da madrugada, não vão demorar muito para somar dois mais dois. Não posso deixar nenhum tipo de rastro.

Não tenho sorte na minha peregrinação. Entro em uma rua transversal, observando o prédio da esquina para poder me orientar depois. A última coisa que preciso é me perder na Capital. Caio em uma rua paralela à do Centro de Treinamento e meu senso de direção me diz para virar à direita.

Depois de uns bons vinte minutos andando, virando à esquerda e à direita, me perdendo e depois me achando, rodando feito uma barata tonta na rua, encontro um lugar que parece uma versão maior do banco lá do Distrito 7. O símbolo na fachada é o mesmo, então deve ser aqui. Abro a porta meio trêmula, fazendo barulho e acho um dos caixas eletrônicos. Meus dedos se movem pela tela, tentando descobrir como vou arrancar meu dinheiro dali. Não deve ser complicado. Tento fazer algo parecido com o que faço no Distrito 7 para sacar meu dinheiro, mas depois de algumas tentativas frustradas, estou a ponto de desistir, porque estou com medo de depois de tantos erros, fique registrado em algum lugar a tentativa de movimentação da minha conta. Mas eis que, não me lembro como, consigo fazer com que a tela escaneie meus olhos e convenço a máquina que não sou nenhum ladrão. Mais tranqüilo por saber que sou mesmo Johanna Mason, só preciso digitar um ou dois números para que o dinheiro saia da máquina e pouse em minhas mãos. Solto um estranho som de alívio enquanto volto a toda velocidade para o Centro de Treinamento, enfiando o dinheiro no sutiã. A alguns metros do local, tento andar em um ritmo mais normal, mas acho que minha cara de maluca vai servir para confirmar o teatro do acesso nervoso que inventei para o Pacificador.

De fato, ele me deixa voltar sem fazer nenhuma objeção. Volto para o meu andar e a sala de TV continua exatamente do jeito que a deixei, vazia. Arrisco uma olhada para a TV e vejo Liz cada vez mais encolhida. Sua jaqueta se mexe em suaves ondulações porque ela ainda está tremendo. Sei que tomei a decisão certa. Eu disse que faria de tudo para salvá-la. E já cheguei longe demais para desistir agora.

Vou para a sala onde os Patrocinadores se reúnem e só há um deles lá. Estamos na reta final e os outros quatro tributos que estão realmente cotados como possíveis ganhadores não precisam de nada. Sei que não tenho tempo, mas preciso observar um pouco como ele age para saber o que fazer na hora que eu estiver de frente para aquela tela, porque essa é a parte do plano que não permite erros nem hesitações. Mas como os queridinhos da arena não precisam de nenhuma dádiva, não acho que terei alguma chance de observar como eles enviam os presentinhos. Fico duas horas encostada na porta, mas como suspeitei nada de novo acontece. Não tenho como irromper pelo cômodo e fazer a máquina funcionar na marra, embora essa seja minha vontade. Eu me lembro tudo que posso sobre o dia em que vi aquele cara de terno verde bancar os curativos para Liz. Ele colocou um cartão em algum lugar. O cartão era algum tipo de identificação ou a forma de pagamento? Se for identificação, a coisa fica mais complicada, porque serei obrigada a roubar um para levar o plano a cabo. Minha cabeça gira à procura de uma solução e então eu tenho uma inspiração.

Entro na sala e o único Patrocinador levanta a cabeça para me olhar. Quase o vejo revirar os olhos. Eu o importunei muito durante a semana tentando convencê-lo a bancar Liz.

- Calma. – Digo, sorrindo docemente. Mexo no cabelo, colocando-o atrás da orelha. – Não vim te incomodar de novo. Só vim beber alguma coisa. – Aponto para o copo à sua frente. Tenho 90% de certeza que é algo alcoólico, por causa da consistência e da cor. É um drinque colorido, com um canudo verde limão. Qual bebida com um canudo verde limão não é alcoólica? Canudos verde limão são um cartão de visitas de bebidas alcoólicas.

Ele sorri e eu me sento de frente para ele. Um Avox surge do nada na porta da sala e ele aponta para seu copo.

- Um para mim também. – Eu digo e o Avox me olha com os olhos um tanto quanto desconfiados. Ele se vira e em poucos segundo trás os copos. Levo o canudo a boca e puxo um pouco do conteúdo. Sorrio. O leve ardor do álcool invade minha boca e a minha garganta. Bom. Muito bom. Finnick devia provar um desses.

A essa altura, depois de ter arrumado bebida com Haymitch e estar pedindo drinques coloridos para tomar junto com um Patrocinador, a Capital já deve estar achando que sou alcoólatra.

Então eu preciso me concentrar. Minha intenção é fazer o cara de terno laranja e cabelo lilás na minha frente tomar um porre de desmaiar em cima da mesa sem me embebedar junto. Preciso continuar sóbria o suficiente para roubar seu cartão e fazer todo o procedimento de mandar os remédios para Liz como se fosse ele. Espero que meu porre com Finnick tenha melhorado minha resistência ao álcool.

- Hm, isso aqui é bom. – Comento e ele sorri.- Não sei se já te falaram, mas eu dei parte do dinheiro para o seu fósforo ano passado. – Ele diz, bebendo metade de seu copo.  

Pois é. No meio dos Jogos, quando eu ainda era somente mais um tributo nada promissor jogado na arena, um paraquedas com um fósforo apareceu do meu lado. Estava um frio de rachar eu estava toda encolhida embaixo de um arbusto. Eu não gosto nem de me lembrar – aliás, eu não gosto de me lembrar de nada relacionado aos meus Jogos. -, porque a única imagem que me vem à cabeça quando eu penso nesse momento são meus dedos roxos e enregelados. Eu mal conseguia segurar meu machado, porque meus dedos estavam rígidos demais. Se alguém mais aquecido aparecesse, eu estava ferrada. Eu não ia nem conseguir atirar o machado como um último ato de sobrevivência.

 Eu me desesperei, porque era apenas mais uma no meio do bolo, mais uma virando picolé. Eu não sabia que já estavam cotando meu nome como vitoriosa aqui do lado de fora. Aí, o fósforo apareceu e embora eu não tenha podido usá-lo na hora – estava de noite, eu fiquei com medo de a fogueira chamar muito a atenção. – ele serviu como estímulo. Acho que eu só sobrevivi àquela noite porque sabia que quando o dia amanhecesse eu ia poder acender aqueles malditos fósforos e esquentar minhas juntas emperradas.

 Tudo isso passa como um raio pela minha cabeça, mas eu respondo apenas:

 - Obrigada. – Olho para ele. – Aquilo me salvou.

- Eu sei. – Ele responde, um sorriso presunçoso se abrindo na cara. Sinto vontade de jogar meu drinque na cara dele. – É por isso que eu estou aqui.

Mentira, sinto vontade de dizer. Você quer é poder dizer para todos depois quem bancou o último vitorioso. Que se não fosse por você, ele não estaria aqui. Não tem nada a ver com compaixão.

 Mas não digo. Mordo a língua e encho minha mente de imagens de Liz, que está correndo perigo e precisa da minha ajuda.

 O Avox vem e coloca outro drink na mesa. Se ele bebe rápido, consequentemente ficará bêbado mais rápido.

 Hoje eu estou com uma sorte que não é freqüente na minha vida. Estou até desconfiando.

- Como é isso? – Eu pergunto, tentando parecer curiosa e fascinada. – Poder bancar a gente? Dizer para todo mundo que me ajudou? Quer dizer, eu fique famosa. E só estou aqui por causa da sua ajuda. Deve ser legal poder falar isso para todo mundo.

- Eu fiz isso porque gostei de você desde a sua primeira entrevista. Eu sabia que você estava escondendo algo, um potencial enorme. – Ele me olha de cima a baixo. – Eu te defendi quando quase ninguém acreditava em você, sabia? E aí você atirou aqueles dois machados ao mesmo tempo... – Ele não consegue continuar, talvez empolgado demais lembrando de quanta diversão eu proporcionei ao público. Ou de repente ele só está ficando bêbado. Ponho fé na segunda opção.

- Ah, eu lembro. – Comento, casualmente. O que você responde quando mencionam o fato de você ter matado duas pessoas simultaneamente, uma com um tiro de machado diferente? Se eu bem me lembro, foi depois desse dia que as dádivas começaram a chover sobre mim. Acho que era para eu parecer orgulhosa. Mas não sinto nenhum orgulho de ter feito o que fiz.

 - Estou doido para rever seus Jogos na TV. – Ele sorri. – Foi muito bom.

 Eu, sinceramente, desisto de reclamar da falta de senso de tudo das pessoas da Capital.

- Obrigada. – Agradeço, porque sei que é isso que devo falar. Sei que para ele as crianças morrendo é uma realidade intangível, distante. Talvez ele acredite que seja um filme, algo montado, não sei. Eu só sei que ele – e toda a população da Capital. – simplesmente não enfia na cabeça que crianças morrem enquanto eles ficam coçando o saco em frente à TV.

O Avox volta e agora bota outro copo na minha frente. Dessa vez o canudo é rosa. Sugo um pouco do conteúdo e o álcool arde novamente.

Ele olha para a TV e assistimos o casal do 2 - ambos ainda vivos, claro, pura e simplesmente porque são do 2. – rearrumando suas armas.

- Todo mundo baba o ovo do 1 e do 2. – Ele começa, a voz já mais embolada. Se consideramos que ele já estava bebendo antes de eu chegar, é capaz de ele já estar ficando alto. – Tudo bem, eles são mesmo melhores. Eu gosto dessa coisa arrogante e sarcástica deles. Eu gosto de gente que sabe onde pode chegar. Mas o que eu gosto mesmo é vê-los sendo superados. Aquele que entra em uma batalha com alguém do 1, por exemplo, e ganha, têm meu respeito para sempre. Foi mais ou menos assim com você. Você não era a mais forte nem a mais preparada, mas me chamou a atenção por causa do seu... Do seu...– Ele não consegue encontrar a palavra certa para me definir e eu fico com medo do que vem pela frente. – atrevimento.

     Atrevimento? Não foi tão ruim assim.

- Eu fui uma exceção. – Digo e provavelmente essa é a única coisa verdadeira que eu disse a noite toda. – A sorte esteve ao meu favor.

 - E se depender de mim, estará sempre. – Ele promete e eu sorrio. Como se eu ligasse.

Essa parte do plano me toma exatamente uma hora e meia, onde eu sou obrigada a usar toda a minha lábia e carisma – coisas que não são reconhecidamente meus pontos fortes. – e minha recém adquirida resistência ao álcool. Mas eu consigo. Depois de torturantes noventa minutos, ele já está bêbado demais para se dar conta de que eu surrupiei seu cartão de Patrocinador do bolso traseiro de sua calça.

Arrumo o sutiã, ainda cheio do dinheiro que eu saquei no banco e chamo o menino Avox.

- Leva ele para casa, ou para sei lá aonde os Patrocinadores ficam durante os Jogos. – Peço. – Ele está bêbado demais para voltar sozinho. – Acrescento, tentando parecer séria, mas contendo um sorriso de vitória.

Ele me olha desconfiado novamente. Ele sabe que estou planejando fazer besteira, mas não acredito que ele vá me dedurar. A Capital também o fez passar por muita coisa para ele ir contra alguém que esteja planejando desobedecê-la. Além do mais, ele não sabe exatamente o que estou planejando, então não perco tempo me preocupando com ele.

No momento que ele sai carregando o bêbado quase inerte, eu resgato o cartão no bolso da minha calça e o olho mais atentamente. Descubro que o cara se chama Caldwell Honeyman, tem 47 anos e fez o registro de Patrocinador há oito anos. Espero que esse cartão contenha todas as informações necessárias para o que preciso fazer.

Espero cinco minutos para me certificar de que estou completamente sozinha na luxuosa sala dos Patrocinadores. Ninguém dá sinal de vida, então eu vou até a enorme tela no canto esquerdo do recinto para finalmente concluir a ação.

Fico algum tempo parada em frente à tela e meus dedos ainda tremem. É somente nesse momento que a magnitude do que fiz me atinge de fato e eu começo a entrar em pânico. Eu infringi uma regra imposta pela Capital. E, como Finnick já havia me alertado, eles vão fazer de tudo para me derrubar caso descubram. Mas, sinceramente, eu não tenho muitas coisas a perder. E, no momento, não me angustio com isso porque estou preocupada demais em honrar o compromisso que fiz com Liz. Eu prometi que ia salvá-la.

“Insira seu cartão na fenda abaixo.” A tela berra para mim, nas garrafais letras quadradas que a Capital geralmente usa nas vinhetas de seus programas de TV. E eu a obedeço. Imediatamente, o fundo acinzentado ganha vida e recepciona Caldwell Honeyman. Posso ver as últimas dádivas enviadas por ele, a última movimentação de sua conta no banco de Panem, tudo, tudo.

Com um dedo hesitante, toco a opção que diz: “Envio de Dádivas”. E lá encontro uma lista de coisas que posso mandar. Tudo que eu preciso fazer é escolher o que meu tributo precisa e tocar em uma foto dele no alto da tela. Corro os olhos pela lista até achar os anti sépticos e existem tantos de tantos tipos diferentes que sou obrigada a parar por um momento para avaliar minhas opções. Meus dedos voltam a tremer e eu sinto um impulso muito forte de virar a cabeça para trás. Aquela sensação desagradável de que você está sendo observado. A mesma sensação que me acompanhou o tempo inteiro durante os meus Jogos. Já relembrei minha arena mais vezes do que gostaria enquanto executava meu plano.

É como se eu estivesse na arena novamente. Os inimigos fungando meu cangote, de tocaia, sempre a espera do meu deslize. Só que dessa vez não são 24 tributos. É o governo do meu país.

“Você deseja enviar 1 (um) paraquedas contendo 1 (um) vidro de anti séptico extra forte de uso oral para Lizzennie Pillz (tributo do Distrito 7). Confirmar Operação?” A tela me pergunta.

Penso em Liz encolhida no canto da arena. Penso nos meus Jogos. Penso na morte de Roger. Nada do que eles fizerem para me retaliar vai ser pior do que já me aconteceu.

“Sim”, a ponta de meu dedo gelado sacramenta a salvação de Liz e eu disparo para minha sala de TV lá no sétimo andar, ansiosa para vê-la recebendo meu presente.  


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Notas finais do capítulo

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não tenho o que falar sobre esse capítulo. Só que a Johanna é muito louca e é exatamente por isso que eu a amo tanto KSKSKSK
No aguardo dos comentários de vocês ♥



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