The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

EU VOLTEEEEEI AGORA PRA FICARRRRRRRRRRRR, PORQUE AQUI, AQUI É MEU LUGARRRRRRRRRRR ♪
ACABARAM AS PROVAS E EU NÃO TÔ NEM AÍ SE EU DEIXEI METADE DA PROVA DE FÍSICA EM BRANCO OU SE EU VOU FICAR COM MÉDIA CINCO EM MATEMÁTICA: AGORA EU VOU É ZOAR HEUEHEUHEUHEHE
Ok, parei de aloprar. É só que eu achei que deveria voltar em grande estilo. Não que vocês liguem, mas ok kkkkkkk
Enfim, sobre o capítulo: Esse é o meu capítulo favorito na fic inteira. Mesmo. Foi o que eu mais amei escrever; eu o reescrevi umas dez mil vezes antes de postar até ficar exatamente do jeito que eu queria. E ficou. Eu AMO essa cena e acho que depois de ler vocês vão entender porque. Boa leitura ♥



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Existem alguns momentos em que levantar da cama parece algo tão absurdo e inimaginável quanto voar. Não é preguiça. É apenas uma apatia invencível, um tipo de força que te puxa para a cama com uma força tão irresistível quanto a da gravidade 

Eu gostaria muito de saber o nome dessa doença onde você simplesmente não consegue fazer os seus membros se moverem, muito menos erguer as pernas e se colocar de pé. No momento, meus membros parecem ser feitos de chumbo. Eu gostaria muito de levantar, mas parece que pesos me comprimem em cima da cama, impedindo-me de sair dali. Estou de calcinha e sutiã, enrolada na cama, olhando fixamente para o teto, desejando poder ficar naquela posição confortável para sempre. Que o mundo se exploda. Só me deixem ficar morrer aqui, deitada.

 Toc, toc, toc. Estou cansada demais até para me assustar com a visita inesperada. Considero a ideia de ficar ali deitada, até que meu visitante se canse e vá embora. Toc, toc, toc de novo. E de novo. A urgência me faz levantar. É preciso um esforço sobre humano para que eu consiga me mexer até a porta:

     - Quem é? – Eu rosno para a porta, alto o suficiente para a pessoa do lado de fora escute.

      - Sou eu. – Ouço a voz abafada de Finnick.

   Merda. Me arrependo instantaneamente de não ter seguido meu primeiro instinto de deixar quem quer que fosse plantado do lado de fora do meu quarto.

     - O que você quer? – Eu digo para a porta, contrariando minha resolução de nunca mais falar com ele.

    - Se você abrir, eu te explico. – Eu quase ouço o sorriso em sua voz.

     - Puta que pariu, eu não pedi isso a Deus, não – Eu digo, com raiva, alto o bastante para que ele escute. Não sei se eu estou ficando paranóica, mas acho que escutei uma risada. Cadê o respeito? Ele devia mostrar um pouco mais de cautela com alguém conhecida nacionalmente por sua habilidade com machados. – Tá, tá, só um minuto. – Eu digo.

     Mas a verdade é que estou curiosa. O que ele quer comigo?

      Enfio uma blusa e uma saia que estavam atiradas no chão do quarto e solto o cabelo para esconder o vergonhoso chupão, porque mesmo que ele já tivesse diminuído um pouco ainda era bastante visível. Abro a porta.

     - Posso saber o motivo da demora? – Ele pergunta, enquanto me segue para dentro do cômodo. Eu me atiro de novo na cama e fecho os olhos. Ah, eu podia ouvir e ficar deitada ao mesmo tempo.

    - Estava colocando uma roupa. – Eu respondo civilizadamente, embora ele merecesse uma patada.

     - Ah, não por isso. Já te vi com bem menos roupa que isso. – Ele responde e dá uma risadinha.

Senhoras e senhores, esse é Finnick Odair e sua impressionante capacidade de falar as coisas erradas nas horas erradas.

- Finnick, você está aqui há menos de trinta segundos e eu já estou chegando a um estado crítico de irritação. Dá para você falar logo o que você quer antes que eu tome uma atitude extrema? – Eu nem me dou ao trabalho de abrir os olhos enquanto faço a advertência.

Esperei que ele risse, ou tomasse qualquer atitude do estilo Finnick, aquele Finnick que eu vejo na TV há cinco anos, o irônico, engraçado, debochado. Mas ele permanece calado, calado por tempo suficiente para eu abrir os olhos. Dou de cara com ele fitando a parede, concentrado ao extremo.

- Que foi? – Eu olho para ele. Então, ele inesperadamente me lança um olhar irônico e levanta a boca em um meio sorriso:

- Você é sempre assim tão simpática quando seus amigos vêm te visitar?

     Mil coisas me ocorrem quando ele diz essa frase. Mas a que se destaca entre todas elas é a palavra que ele usa para nomear nossa relação. Amigos. Amigos. Amigos? Éramos isso mesmo? Não estava acostumada com esse tipo de coisa. Algum dia eu devo ter sido capaz de fazer amizades. Só que eu não me lembro mais de todo o processo. Reviro meu cérebro em busca de alguma memória do código de ética das amizades e não consigo me lembrar da parte em que os amigos dormem juntos antes mesmo de serem amigos. Tínhamos começado errado, mas será que tinha algum jeito de fazer as coisas entrarem nos eixos?

  - É que hoje você me pegou de bom humor. – Eu respondo com a melhor expressão sarcástica que consigo lhe dirigir. Penso mais um pouco e então decido colocar minhas dúvidas em palavras. Se formos amigos, Finnick terá de ter um pouco de paciência com a minha falta de prática nas amizades. – Você não acha que a gente começou errado, não? Essa coisa toda de ser amiguinhos?

 - Tem um jeito certo de fazer isso? – Ele pergunta e se joga na cama ao meu lado. Intimidade 100%. 

Ah, tá. 

- Deve ter. E não deve ser como a gente fez. Não tenho amigos para me lembrar de como eu os fiz. – Eu acrescento, meio amargurada e espero que ele me esculache exatamente como  fez naquela noite diante da minha declaração incrivelmente dramática, mas não ouço nada. Ele deve estar refletindo sobre o que eu falei e eu percebo a primeira coisa sobre a personalidade de Finnick: ele é totalmente imprevisível. Nunca faz o que eu acho que ele vai fazer. Então eu lembro a regra principal da amizade: amigos conhecem um ao outro. E era isso que eu e ele estávamos fazendo agora.

- Nem eu. – De repente, ele mesmo parece meio amargurado. – Será que um dia a gente volta ao normal? Sei lá, consegue viver a vida de um jeito tranqüilo de novo?

- Não tenho muita esperança. Mas sabe como é, eu não sou exatamente um exemplo de pessoa otimista.

- Você é pessimista. E grossa e mau-humorada. Mas eu gosto de passar um tempo com você.

Eu sei que foi um elogio, e tudo o mais, mas a minha paciência para pieguice acaba de se esgotar no momento em que ele fala essa frase. 

- Como é que você sabe se gosta de passar tempo comigo? O único tempo que a gente passou juntos foi transando no seu quarto! – Eu exclamo, exasperada.

- Johanna, você é inacreditável. – É a resposta que eu escuto.

- Mas é verdade. Você não ia gostar de mim se não fosse por isso. E, sinceramente, isso é indiferente para mim. Eu não fico por aí esperando agradar as pessoas, Finnick. 

 Finnick olha para mim por um segundo, para ver se eu estou falando sério. E eu estou. Não podia estar falando mais sério. Então, ele começa a gargalhar.

- “Eu não fico por aí esperando agradar as pessoas.” – Ele repete – Você se acha demais, mesmo. Como se todo mundo fosse merda demais para você perder seu tempo tentando ser legal.  “Ah, não preciso de ninguém, odeio o mundo e o mundo me odeia.” Johanna, a vida está difícil para todo mundo. Não fica achando que está pior para você e por isso você tem o direito de ser desse jeito. 

Ai. Essa doeu. Sinto como se tivesse acabado de levar um tapa na cara imaginário.

- Mas esse é o meu jeito de lidar com as coisas. Eu tenho o direito, tá? – Minha voz começa a se elevar perigosamente. – Se eu quiser viver assim, eu vivo, se eu quiser me trancar dentro de um armário e só sair para comer, eu posso também!

- Ah, vai à merda, Johanna. – Ele responde e começa a rir. Ha, ha, ha. Eu realmente não sei como ele consegue me achar assim tão engraçada. - Você não vai fazer isso. Você é, na verdade, uma pessoa que tenta bancar a durona, mas só quer que alguém tenha paciência o suficiente para procurar a sua companhia. E eu tenho. Tanto que estou aqui. Então você já pode parar de fingir que está irritada com a minha presença, porque eu sei que você não está. 

Minha boca se abre em espanto. E, de fato, eu não estava irritada com a presença dele aqui. Era até meio lisonjeiro. Mas agora eu tinha começado a me estressar. 

E ele ainda tem a audácia de bater na porta do meu quarto querendo começar algum tipo de amizade.  

- Eu realmente não sei o que te leva a crer que eu preciso tanto assim de uma companhia. Além disso, o que te faz acreditar que você seja a companhia certa para mim? - Pergunto. - Aí depois sou que me acho. - Acuso, cruzando os braços. 

- Você precisa de uma companhia, sim. Se não precisasse, não tinha ido comigo para o meu quarto com tanta facilidade. – Tabefe. O segundo tapa na cara imaginário em menos de meia hora. - E eu sou uma boa companhia para você porque eu sou uma boa companhia para todo mundo.

Agora você está me chamando de fácil? Não acredito que você veio aqui para me esculachar desse jeito! – Eu berro, a voz mais aguda ainda. Solto um silvo exasperado, indignado. – Mmmpffff. – Eu murmuro algo ininteligível para não gritar todos os xingamentos possíveis e imagináveis para essa situação. – Sai daqui. - Eu digo, porque nem todos os xingamentos de todas as línguas seriam capazes de expressar a minha raiva de Finnick nesse exato instante, então expulsá-lo do meu quarto é a única atitude cabível. - Desaparece da minha frente. Sai, toma teu rumo, vai para o cacete, para a casa do caralho, para a puta que pariu. SAAAI!! – Eu berro, botando o travesseiro na cara.

- Eu vou ficar bem aqui. – Ele diz, a voz inalterada. A calma dele me deixa com mais raiva ainda. Será que alguém já me fez sentir esse nível de raiva em algum momento da minha vida até agora? Acho que não. Mais um recorde que Finnick quebrou. 

Desisto de responder alguma coisa. Eu simplesmente mantenho o travesseiro na cara, sufocando-me, impedindo que minha sanidade termine de vazar da cabeça pelo nariz junto com o ar que eu solto.

Depois de alguns segundos no silêncio absoluto, ele me pergunta.

- Tudo bem aí?

Silêncio. Não posso e não vou me descontrolar. Não posso. Não vou. Não posso e não vou.

- Johanna?

Minha respiração se estabiliza, meus batimentos cardíacos voltam ao normal. Mas mantenho o travesseiro no rosto mesmo assim, por precaução. Ele deve estar achando que eu estou tentando me matar, ou algo do tipo. Até que não seria um castigo ruim. Fazê-lo sentir-se culpado pelo meu suicídio. 

Depois de mais uns dois minutos, retiro o travesseiro lentamente da cara e olho para Finnick.

- Você não devia brincar comigo desse jeito. Eu podia ter quebrado esse quarto inteiro na sua cabeça. – Respondo e minha voz soa baixa, controlada. Cautelosa. Talvez se eu continuar falando assim consiga voltar ao normal. 

Pelo menos dessa vez você conseguiu se controlar. A gente melhorou. Da última vez que discutimos, você acabou no meu quarto. Dessa vez, você nem quebrou nada.

     Reviro os olhos, jogando o cabelo para trás em um ato reflexo de desprezo. Seus olhos pousam no roxo. Merda.

– O que é isso? – Ele pergunta, mesmo que seu sorriso denuncie que ele já sabe a resposta.

- Isso o quê? – Pergunto só para ganhar tempo. Sei muito bem a que ele está se referindo.

 - Esse chupão. – Ele exibe um sorriso diabólico.   

Fico calada. Tenho que dar os parabéns a ele. Essa é uma proeza bem difícil de se alcançar. 

- Fui eu que fiz isso? – Ele insiste. Meu Deus, ele não vai desistir.

- Foi. – Eu respondo, minha voz ainda baixa. Só que dessa vez é de vergonha, mesmo. 

Ele gargalha alto. Tipo, muito alto. E então vira de costas para mim e tira a camisa, deixando a mostra um monte de arranhões quase cicatrizados. Toco os machucados devagar. Eram muitos. Muitos mesmo. O chupão que ele deixou em mim não é nada comparado com os pequenos cortes vermelhos espalhados por ele agora. Quando ele vira de frente para mim de novo, tenho que me forçar a fechar a boca.

- Fui eu? – Pergunto, cautelosa, lembrado dos momentos em que precisei apertar Finnick com força para não gritar ou gemer alto demais e deixar o prédio inteiro ciente do que estávamos fazendo naquele quarto. Apertei com força demais, pelo visto.

- Foi. – Ele responde com o mesmo sorriso diabólico.

- Por que você não disse nada? – Eu pergunto. Estou precisando aprender a controlar minha agressividade contida.

- Na hora? – Ele pergunta e eu faço que sim com a cabeça. – Não percebi. Estava prestando atenção em outra coisa.

Mantenho a cabeça baixa. Jesus.

- Eu achei que tinha melhorado essa coisa da agressividade. – Digo, envergonhada.

 - Do jeito como você quase me jogou da janela agora? Ah, tá. – Ele diz sarcasticamente.

- Olha, você não me estressa de novo, hein? – Eu o advirto, apontando um dedo em direção ao seu rosto. - Você já escapou ileso uma vez, não vai ter essa sorte de novo. 

- Tá, desculpa. – Ele parece sincero e eu relaxo um pouco.

Olho no fundo de seus olhos, pensando. Depois de alguns segundos em silêncio, finalmente pergunto, uma sobrancelha arqueada:  

- Então foi para isso que você veio? Para me matar de ódio?  

- Pode deixar que a partir de agora, essa será minha função fixa.

- Olha só no que eu fui me meter. – Respondo, contrariada, mas, no fundo, feliz por ter alguém para me infernizar um pouquinho durante um período de tempo. 


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Notas finais do capítulo

SJDHAJKJEOAISOAIDALSKDSADJJKSDKADSHDJAHEJKH!!!!!!!!
Espero que tenham gostado.
Beijos e abraços e amor no coração ♥



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