A vida não é justa com aqueles que merecem.. Estou morrendo, e não tenho cura, não sei até quando irei aguentar. Só quero ser curada, só quero ter amigos, só quero ser feliz, só quero ter uma vida justa!

Meus pais sempre me disseram que eu iria melhorar, mas eles não me amavam de verdade, e só estavam esperando o momento da minha morte. Eles só me usaram até hoje, e agora que não estou mais disposta a fazer nada, eles querem me jogar fora.

Numa noite tempestuosa, estava no alto da torre, trancada em meu quarto, olhando pela janela, quando uma criatura sombria veio me visitar.

- Yo! - disse ele. - Você é Ellen, certo?

- Sim. - respondi. - Por favor, não me machuque.

- Machucar? Nunca.. Ellen, eu posso te ajudar, eu posso te dar uma vida, a vida que você merece!

- Pode? - perguntei a criatura que mais se parecia com um gato.

- Claro que sim! Porém, uma maldição será necessária para isso.

- Uma maldição? - perguntei.

- Sim. - ele me respondeu - Ellen, eu sou um demônio. Eu posso te ajudar, contudo, uma maldição será necessária, e você será minha leal serva. Irei lhe dar poder, para conceder a você uma vida melhor. Para você se curar.

- Hm.. - guinchei.

- Pegue na minha pata Ellen. - o gato dizia.

Obedeci, e senti uma força sobre meu corpo, uma força maior. Senti poder, senti que poderia controlar tudo, era fantástico.

- Pois bem, agora você é uma bruxa. Uma bruxa que será temida por todo o vilarejo. Agora, poderá se vingar, se curar, e fazer o que quiser. Porém, a maldição conta que, você terá até os 13 anos para se curar. Se não..

- Mas como eu faço isso? - perguntei com desespero.

- Primeiramente, vamos ao básico, me traga alimentação, ou seja, sangue. - e assim, o gato desapareceu, com um sorriso maléfico.

Me sentia tão forte naquele momento, que apenas com meu olhar, destranquei a porta do meu quarto. Iria começar com meus pais, aqueles mentirosos!

Era tarde da noite, os dois já estavam dormindo, e com um sorriso inocente, me virei aos dois e disse.

- Papai, mamãe? 

Os dois levantaram no susto.

- Ellen, o que, o que você está fazendo aqui?

- Mamãe, você sempre disse que eu me curaria.. Pois bem, chegou o dia. - e vi o rosto da minha mãe derretendo.

- Papai, você sempre abusou de mim, não? - Afirmei com uma pergunta, enquanto ele cometia suicídio sobre meus olhos.

Peguei com um pote, o sangue dos dois, e procurei pelo gato que miava.

- Trouxe o sangue? - Ele perguntou.

Coloquei o pequeno pote ao seu lado, e ele bebeu tudo.

- Pois bem, aqui está.

Ele me deu um papel, e nele estava escrito: "O manual da Bruxa"

1* - Uma bruxa não pode ser reconhecida por outro ser humano, caso seja, deve executá-lo de acordo com a Bruxa.

2* - Você deve ser leal a seu demônio, alimentando-o devidamente.

3* - Ao trocar de corpo com um ser humano, você não terá mais o direito de usar sua magia, deixando com que o corpo abandonado, continue com todo o poder, em espírito diferente.

- Bom, aqui você terá um diário. "O Diário da Bruxa" para ser mais exato, deverá escrever tudo o que fizer nele. Agora vá descansar, deve recompor suas energias.

Subi para meu quarto, sentei-me na escrivaninha, e escrevi minha primeira frase no diário: "Minha mãe e meu pai não me amavam." "Eles não me amavam, então, eu X eles." Fechei o diário, e fui me deitar.

Me sentia tão sozinha, e não queria continuar assim, eu queria um amigo.

No dia seguinte, o gato já estava com fome, e mandou eu caçar sangue puro para ele. Ele disse que geralmente o melhor sangue são os de crianças e idosos. E assim foi por semanas, matando pessoas com meu poder, e eu aprendia ainda mais a controla-los.

Com isso, fui escrevendo ainda mais no meu diário. "Pessoas viam na minha casa, e eu X todas elas." 

Eu já estava prestes a completar 13 anos, e minha doença estava prestes a começar novamente. O gato me ensinou tanta coisa, porém, não me disse como me curar.

- Gato, já estou com quase 13 anos e você ainda não me ensinou o poder da cura!

- Não? - Respondeu ele enquanto lambia o pelo de suas patas. - É porque não existe um poder de cura.

- Como? Você mentiu para mim? Seu gato imundo! Demônio! - estava enfurecida, foi tudo em vão!

- Se acalme! Eu não disse que era impossível.

- Como eu me curaria então?

- Há uma maneira! Você deve trocar de corpo com alguma pessoa.. Sabe as regras senhorita. - e assim desapareceu.

Na manhã seguinte eu estava pronta para roubar o corpo de alguém. Sai de minha casa, e fui para a floresta, onde vi uma bela menina de cabelos loiros, e olhos verdes, na qual sempre invejei.

- Olá! - disse com um sorriso inocente! - Tudo bem com você?

A menina de cabelos loiros levou um susto, e respondeu graciosamente:

- Sim, tudo bem! E você?

- Tudo - sorri. - O que está fazendo?

- Estou vendo as flores, acho-as realmente lindas!

- Que legal! Qual o seu nome?

- Viola. - a menina respondeu. - E o seu?

- Ah, meu nome é Ellen! Quer ser minha amiga? Digo.. eu nunca tive nenhuma amiga.

- Sim! Vamos ser amigas. Ellen, você é minha melhor amiga!

Fiquei rosada, envergonhada, nunca tive nenhuma amiga, não queria tomar o corpo dela, eu realmente gostava dela.

Nos longos dias, a minha doença já tinha me consumido, e Viola me visitava todos os dias. Eu brincava, e me divertia com ela, eramos realmente melhores amigas. 

A noite, peguei meu diário e escrevi: "Uma garota veio me visitar, ela tinha cabelos dourados e encantadores, não X ela."

Passando-se um tempo, eu já estava totalmente doente, e não havia outro jeito além de roubar o corpo de Viola, era o único jeito, mesmo não querendo. Peguei a faca que estava comigo, e decepei minhas pernas, para que ela não pudesse fugir, logo após, furei meus próprios olhos, para que ela não pudesse ver.

E com o meu poder, eu a chamei, com meu pensamento, e senti ela vindo atrás de mim. Eu estava ao lado de minha cama, quando ela abriu as escadas, pegou nas minhas mãos e disse:

- Ellen ! Você está terrível.

- Eu vou morrer logo. - disse. - Não vou suportar.

- Não diga isso! Eu posso ajudar! O que quer que eu faça por você? - ela gritava de desespero.

- Viola, preciso lhe dizer uma coisa. - e um ar de suspense invadiu o quarto. - Eu sou a bruxa que atormenta este vilarejo.

Ela continuou firme, e não soltou minhas mãos.

- Não importa! - disse ela. - Eu sou sua amiga, sempre serei! Se tiver algo que eu possa fazer por você, farei!

- Tem uma magia, mas é arriscado. No qual nós trocamos de corpos. Você faria isso por mim? - perguntei.

- Claro! - ela me respondeu.

Com o poder foi concebido a mim, senti uma vibração que invadia nossos corpos, abri meus olhos, e me via em pé, com cabelos dourados, olhos verdes, enquanto via Viola em meu corpo, no chão.

- E-Ellen? - Viola dizia.

- Olá Viola! - respondi. - Eu não queria que acabasse assim, mas é o único jeito de eu sobreviver. Eu mereço isso! Eu não queria, mas saiba, que você sempre será minha melhor amiga.

- Não, sua vaca, devolve o meu corpo, devolve o que é meu, sua BRUXA! ME DEVOLVE O MEU CORPO!

Com um risinho, sai do quarto, desci as escadas, e sai daquela casa, estava livre do meu demônio, dos meus pais, e de Viola. 

Enquanto voltava, vi que tinha algo no vestido de Viola, era uma carta. Abri e a li no pensamento: "Desculpa por discutir com você antes de chegar em casa. Só queria que tomasse cuidado, o caminho da casa de sua amiga Ellen é o mesmo da “casa da bruxa”, bem, cuidado. Assinado: Seu pai”. 

Ela foi realmente uma boa amiga. - pensei.

E no meio do caminho, uma roseira não me deixava passar, e nela havia escrito: "Não se livrará de mim tão facilmente, Ellen."

Olhei para trás, e lá estava o meu terrível gato preto, que na ironia do destino, virou-se pra mim e disse: 

- Eu disse que você perderia seus poderes.. Agora ela está brincando com você, se quiser ser livre, terá que passar pela casa, e terminar com o que você começou. - disse ele. - Irei te acompanhar, e te ajudar no caminho.

E assim, eu fui novamente, atrás de Viola, para fazer um novo começo e fim, da terrível e drástica história de uma menininha chamada Ellen.