O Meu Clichê! escrita por Acid Blue


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Essa é a minha primeira one-shot terminada, minha primeira fic terminada e meu primeiro romance. Estou muito nervosa com isso por isso peço que deixem um review dizendo o que acharam, o que eu preciso melhorar e essas coisas. Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391285/chapter/1

Quem criou as aulas de matemática?! Acho que um homem da máfia não estava achando nenhuma forma eficiente de tortura, resolveu criar uma e então surgiram as aulas de matemática. É uma boa teoria. Mas quem disse que eu estou prestando atenção no que aquele velho, careca e barrigudo está dizendo sobre alguma letra perdida?! Não, eu, Helena Peterson, estou olhando as gotas de chuva que escorrem pelo vidro gelado da janela na qual minha cabeça de cabelos pretos e ondulados está apoiada.

Meus pensamentos não estão nem ao menos nas gotas de chuva, infelizmente. Eles estão perdidos, vagando entre meus sentimentos bobos e aflitos e certo loiro de olhos verdes hipnotizantes. Ele, Joe Suman, meu melhor amigo, o menino com quem eu cresci e vi crescer. Eu o amava e isso era um inevitável fato. Isso me agonizava, eu sempre me senti assim, desde pequena. O amor de uma criança pequena cresceu, amadureceu assim como a pessoa amada e a pessoa que ama. Nunca contei a ele, não poderia correr o risco de perdê-lo. Isso me apertava o peito só de pensar, olha-lo e ver que ele não sente o mesmo, que ele não repara em mim como eu reparo nele. Eu sou tão boba, amo ele e não deixo transparecer nem um pouco dos meus sentimentos, me machucando cada vez mais para ter ele perto. Ultimamente esses sentimentos tem se tornado mais fortes e se juntaram com os meus hormônios, formando uma bomba que entrava em estagio de explosão quando eu o via. Por isso eu o tenho evitado de todas as formas, vejo nos olhos dele que isso o magoa, mas eu não posso ficar perto me dói de uma forma inexplicável ficar perto dele e não poder toca-lo, abraça-lo como mais que amigos. Eu não posso ficar perto dele, essa bomba não pode explodir, não posso dizer o que sinto por ele.

O sinal, anunciando o final das aulas, me tirou dos meus devaneios com um leve susto e um suspiro cansado de minha parte. Todos desceram tão rápido quanto puderam, afinal hoje era o ultimo dia de aula e agora estávamos oficialmente de ferias, pelo menos aqueles que não ficaram para recuperação. As férias de verão são esperadas com tanto anseio pelos alunos, que esperam o ano todo para se virem livres da escola e para que possam nadar com os amigos na piscina do clube, andar de bicicleta pelas ruas da cidade, ir à praia e todas essas outras coisas. Arrumei minhas coisas lentamente, colocando meus cadernos rabiscados dentro da minha mochila verde militar que estava caindo aos pedaços. Tamborilei meu All Star preto no chão acompanhando o ritmo de Jane Doe do Never Shout Never. Gente apaixonada escuta músicas idiotas sobre o amor, porque se identificam. Andei pelos corredores já vazios do prédio. Minha mão mexia freneticamente na barra da minha bermuda jeans, ás vezes passava para os pequenos rasgos presentes no pedaço de roupa.

Passei pelos portões do inferno, vulgo escola, sentindo as gotas de chuva salpicarem sobre meu cabelo, rosto e corpo, uma sensação maravilhosa de leveza me possuía aos poucos. Andei pelas calçadas molhadas debaixo do chuvisco de verão, que diminuía gradativamente, com os fones de ouvido escutando músicas estupidamente românticas tocadas em um violão, meu tipo preferido de música, e o pensamento em Joe. Como será que ele está?! Bem, pelo o que eu vi na escola, muito bem.

Mordi meu lábio me lembrando em como seus cabelos levemente ondulados e ligeiramente compridos, somente o suficiente para cobrir-lhe a nuca, caiam sobre seu rosto quando ele olhava para baixo tentando tocar alguma música nova e difícil no violão. Ele se tornou muito bom nisso com o tempo, tocava músicas lindas.

Chegando a casa fui direto para o banheiro de o meu quarto tomar um banho e tirar toda aquela água gelada de chuva do meu corpo. Tirei minhas roupas e olhei-me no espelho. Meus cabelos ondulados e negros chegavam ao meu quadril, este por vez era largo em contraste com a minha fina cintura, meus seios eram pequenos, minha clavícula sempre fora evidente, minhas pernas eram longas, minha pele era levemente bronzeada e haviam pequenas sardas espalhadas por meus ombros, meu rosto era delicado com traços muito finos e femininos, meus olhos eram negros como a noite, dois pequenos buracos negros. Eu nunca me achei feia, não me achava bonita também, apesar de sempre estar recebendo elogios.

–Por que ele não pode se apaixonar por mim?- sussurrei para o meu reflexo, os olhos cheios de lagrimas, o som da água do chuveiro caindo abafando minha voz- Eu não sou feia, certo? Por que ele... ?

As lagrimas já corriam livremente pelo meu rosto. Eu não escolhi ama-lo, quero esquecê-lo, quero que tudo passe a dor, o amor, somente amigos sem sentimentos maiores é o que deveríamos ser, é o que eu quero. Mas parte do meu coração diz que eu o quero para mim, sentir os lábios vermelhos e desenhados dele juntos aos meus, sentir seu nariz rosando na minha bochecha, sua língua brincando com a minha com carinho, suas mãos apertando minha cintura e colando nossos corpos e quero enroscar minhas mãos em seus cabelos dourados.

–Eu te amo, Joe. - murmurei em meio aos soluços olhando o meu reflexo, o rosto manchado por lágrimas, braços entrono de meu corpo abraçando-me.

Encaminhei-me ao chuveiro e durante o banho as lagrimas pararam, como se água e sabão pudessem lavar meus sentimentos, acalma-los de uma forma que minha mente não conseguia, livrar-me de um peso.

Segui para meu quarto com a toalha enrolada no corpo, escolhi um short jeans azul claro curto, uma regata branca que delineada meu tronco e meias vermelhas. Estava calor, mas meias vermelhas, eu acreditava, me trazerem sorte. Penteei meus cabelos.

Coloquei músicas calmas para tocarem no notebook que ficava na escrivaninha debaixo da janela e de frete para a minha cama de casal, que por sua vez ficava na parede oposta. Meu quarto tinha as paredes pintadas de bege bem claro, havia pendurado luzinhas de natal pelas paredes e alguns de meus melhores desenhos, eu era muito boa modéstia parte, minha cama estava sempre bagunçada com cobertores e lençóis espalhados, o chão de madeira era coberto por roupas, CDs, livros, trabalho da escola e todo o tipo de coisa, minha escrivaninha era o único lugar que eu mantinha limpo e organizado. Fechei as persianas deixando o quarto escuro, acendi as luzinhas de natal que deixavam uma iluminação romântica, calma e tranquilizadora no lugar, andei até a cama mexendo meus quadris no ritmo da música, que apesar de ser calmo era gosto de dançar, deitei-me em meu "ninho" olhando para o nada. Adormeci pensando nas saudades sufocantes que sentia do meu melhor amigo.

Esfreguei meu rosto no meu travesseiro, sentindo aquele cheiro bom de roupa limpa, apertei mais o cobertor no qual eu estava emboscado, as minhas meias já não estavam mais em meus pés. Abri os olhos vagarosamente, a fraca luz amarelada ainda estava presente deixando o ambiente mais aconchegante. Quando meus olhos se focaram em o que estava a minha frente, ou melhor, quem estava, eu levei um pequeno susto e um sorriso pequeno, tímido e apaixonado se formou em meus lábios.

Seus cabelos ficavam ainda mais dourados nas luzes fracas e amareladas, seus traços masculinos e levemente rústicos ficavam ainda mais belos na luz falha, os olhos estavam fechados com leveza, à expressão de seu rosto era serena, sua respiração era suave, parecia um anjo, seus lábios estavam entreabertos ainda mais belos. Queria encaixar minha boca ali e provar da sua, mas eu não poderia. Seu rosto estava tão perto, ele estava tão perto, seu perfume inebriava meus sentidos, me entorpecendo, o calor de seu corpo me convidava para mais perto, sua beleza não me deixava olhar outra coisa. Joe estava ali do meu lado, deixando-me louca, me drogando com sua presença.

Fiquei minutos olhando seu rosto, reparando seus movimentos, guardando em minha memória o quanto de Joe que cabia nela. Mas ele tinha que acordar, ele soltou um pequeno gemido abrindo os olhos lentamente. Aquelas orbes verdes como as águas do mar, que ficavam ainda mais verdes, mais profundas, mais doces e perfeitas naquela leve escuridão que se instalava ao nosso redor. Seus olhos sorriram ao me ver sentada o olhando, seus lábios imitaram seus olhos, os meus fizeram o mesmo com inveja de tanta beleza. Ele irradiava felicidade.

–Oi- ele disse com a voz rouca, como se falasse com um animal que pudesse fugir a qualquer momento.

Ele estava feliz em me ver, com medo de que eu fugisse mais uma vez dele como tenho feito todos esses últimos dias. Eu não queria fugir, não agora, não dele. Também estava me matando de saudades e ele estava tão alegre em me ver e isso era tão evidente que eu não poderia tirar essa felicidade dele, não poderia tirar de mim.

–Oi- disse tirando uma mecha teimosa que caia em meu rosto.

Ele se sentou ao meu lado. Joe até mesmo sentado era mais alto que eu. Sempre fui baixinha e sempre serei. Em meus plenos 16 anos, ainda só tenho um metro e cinquenta e cinco centímetros de altura, enquanto o loiro possuía um metro e oitenta e nove centímetros de altura, praticamente um gigante para mim. Ele também era muito forte, não era muito musculoso, mas seu corpo apresentava alguns traços deles no corpo.

Ele passou um dos braços pelos meus ombros, como costumava fazer antes de eu me afastar, trazendo meu corpo para mais perto do dele e me sentando em seu colo. Meu corpo se esquentava com o toque dele, uma chama se acendia em mim, as borboletas se agitavam voando frenéticas no meu estomago, meu coração se acelerava, batendo frenético contra meu peito, meus pensamentos se embaralhavam, era indescritível, era como se tudo se desregulasse. Ele era minha droga, minha Kriptonita.

Sua mão passava por meu cabelo desembaraçando os nos que haviam se formado, um carinho tão bom que eu podia acreditar poder ficar ali no colo dele, sentindo seu corpo perto do meu, seus habilidosos dedos tirando os nós dos meus fios negros, naquela luz tênue, a música calma, na minha cama para sempre, eu poderia viver assim.

–Você esta fugindo de mim. - ele sussurrou com sua voz rouca mais para si mesmo do que para mim.

Eu o olhei, sua mão havia parado de desembaraçar meu cabelo e agora estava apoiada na base das minhas costas, ele olhava para nossas pernas. Um olhar perdido, triste e nostálgico como se ele estivesse com saudade de algo.

Uma vontade desesperada de contar a ele o que eu sentia, dos sentimentos que sempre estiveram guardados em meu peito e estavam ganhando cada dia mais forte me invadiram.

–Desculpa - eu precisava contar a ele, mas essa foi à única palavra que saiu de meus lábios.

Ele balançou a cabeça como se estivesse afastando os pensamentos e abriu um sorriso como se tudo estivesse bem.

–Eu vim aqui, porque queria te ver, estava com muitas saudades suas, e eu tenho uma coisa pra te dizer. - ele dizia, a última parte soou um tanto inseguro e eu pude jurar que vi suas bochechas corarem, mas a luz fraca não me deixou ter certeza - Na verdade cantar.

Ele fez um sinal com a cabeça para o lado da cama onde se encontrava seu violão. Eu o havia dado a Joe quando em seu aniversario de 10 anos, após ele dizer repetidas vezes que queria muito aprender a tocar violão.

Eu sai de seu colo e fui desligar a música que tocava no meu computador, enquanto isso ele pegara o violão para poder me mostrar a nova música que ele havia aprendido.

Seus dedos começaram a tocar as notas hesitantes, ele parecia nervoso. Eu havia me sentado a sua frente de pernas cruzadas o encarando como uma criança pequena que observa seu presente novo. Quando a música começou a tomar forma eu automaticamente reconheci, era uma das minhas músicas preferidas e Joe sabia disso.

–I've been wondering just how many more days

'Til I see your face

I don't quite know just how to fill this space

Where you used to lie

And I'm aching and I'm breaking inside. - Sua voz soava incrivelmente melodiosa, os dedos voavam com perícia sobre as cordas. - And it's all because of you

And it's all because of you I fall because of you

And I'm all because of you

I don't quite know just how long I can wait

To see you smile again

I've been wondering just how long I can stay awake

Before my eyes start to bleed

Now I'm aching and I'm breaking inside

And it's all because of you

And it's all because of you I fall because of you

And I'm all because of you

Eu o olhei com os olhos cheios das lágrimas, eu queria tanto que essa música fosse para mim, queria que ele se sentisse dessa forma sobre mim. Eu o amava e isso estava se tornando repetitivo, eu estava me tornando uma chorona. Eu sabia que ele iria cantar essa música para outra menina e o sentimento em sua voz e na letra seriam verdadeiros. Ele só queria a minha aprovação como ele sempre fazia.

–Eu preciso te falar uma coisa. - ele dizia sussurrando enquanto passava o violão do colo para o chão. - Eu não aguento mais guardar isso no meu peito. Helena... -Sua voz falhou e saia hesitante.

Ele parou de falar quando viu que meus olhos estavam cheios de lágrimas. Sua expressão virou preocupada.

–Seus olhos. - ele sussurrou enquanto passava os dedos pelo meu rosto, aquele toque quente e carinhoso foi à brecha que minhas lagrimas buscavam para saírem de meus olhos. - Vai ficar tudo bem.

Ele me abraçou, trazendo-me mais uma vez para o seu colo, me ninando como se eu fosse uma criancinha pequena. Era isso que eu era uma criancinha pequena e mimada que não conseguia dizer o que sentia.

–Eu realmente preciso te contar uma coisa, tudo bem?! -Ele dizia ainda me embalando, com um tom carinhoso, cuidadoso e calmo. - Helena, eu te amo.

Quando ele disse a ultima palavra meu coração disparou, eu esqueci como se respirava, as lagrimas saíram mais rápidas e eu não conseguia fazer nada. Ele me amava, meu mundo virou de cabeça pra baixo, tudo ficou mais alegre, colorido o mundo fazia mais sentido. Estava tudo bem!

Ele me amava!

Eu o olhei ele me encarava com cuidado e carinho. Como se eu pudesse sair correndo a qualquer minuto. Eu não conseguia falar, as lagrimas pararam. Eu olhei em seus olhos, mergulhando naquele mar verde. Seu rosto chegava mais perto do meu lentamente. Então senti seus lábios tocarem os meus com cuidado, carinho e pericia. Suas mãos envolveram minha cintura, minhas mãos foram para seus cabelos macios, sua língua passou sobre meus lábios pedindo passagem, eu prontamente concedi. Iniciamos um beijo curioso, carinhoso, ritmado e as mãos dele acariciavam minhas costas trazendo me para mais perto de seu corpo. Nossas bocas dançavam em um ritmo lento, experimentando, conhecendo uma a outra. Somente nos separamos quando o ar se fez necessário, os lábios dele estavam avermelhados e levemente inchados, ele sorri de lado timidamente. Eu o olhei com o meu mais contente sorriso e lhe disse:

– Eu também te amo, desde pequena.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um review? Eu não mordo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Meu Clichê!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.