Jessica acordou com um sobressalto. Aquele "esqueci-de-tudo-e-todos-por-alguns-segundos" acontece novamente. Então a pinguim olha para o relógio que marca 09h12min. Ela se senta na cama e tenta lembrar o que planejou fazer hoje. Jessica ficou olhando para um ponto fixo mas sem realmente prestar atenção nele.

– Hmm – murmurava – É algo haver com diversão, tenho certeza...

Pensou e pensou até que um nome finalmente veio em sua cabeça:

– Herbert!

Silenciosamente, Jessica se levantou e foi trocar de roupa: colocou um casaco cinza, um cachecol listrado roxo lilás, e uma boina preta. Ah, sem esquecer os óculos.

Então ela foi em direção a um grande baú de madeira no canto da sala. Abriu-o e começou a procurar algo que já estava bem visível.

– Sabia que estava aqui. – Jessica disse baixinho ao tirar um pequeno trenó de dentro do baú. O trenó era meio acinzentado e parecia velho, mas estava em bom estado.

Em seguida, foi até sua cama e abaixou-se; pegou outro trenó velho e acinzentado, porém bem maior que o anterior.

– Será que Herbert irá gostar? – perguntava-se – Bem, não custa tentar.

Jessica foi a cozinha e pegou uma cesta de piquenique que estava em cima da mesa. A pinguim já tinha preparado tudo antes de dormir.

Ela então saiu do iglu silenciosamente, seus puffles ainda estavam dormindo. Os coitados ficaram esperando por Jessica até tarde da noite.

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Os pássaros cantavam no alto das árvores cobertas de neve. Eles permaneciam escondidos, por algum motivo que Jessica desconhece, porém sua presença é inevitavelmente percebida.

Jessica começou a sentir um vento nem quente nem frio no rosto. Parece que o tempo vai ficar agradável hoje, um pouco menos congelante que o normal.

– Será que Herbert já está acordado?

A resposta era um óbvio não.

Ela entrou pela porta da caverna, que por algum estranho motivo estava semiaberta, e era possível ouvir um ronco de leve.

Encostou os dois trenós na parede da caverna e colocou a cesta no chão. Então analisou o lugar até que viu o urso polar dormindo no grande sofá verde e velho. Klutzy não estava em lugar nenhum.

Jessica foi até o sofá onde Herbert dormia, e cutucou-o.

– Herbert – disse baixinho. O urso mal se mexeu.

– Herbert! – disse um pouco mais alto, acordando Herbert dessa vez.

– Mas quem?! – ele se levantou assustado e viu a pinguim o encarando.

– Jessye? – murmurou confuso. – Como entrou aqui?

– A porta estava aberta. – ela respondeu inocentemente.

– Oh, sim... – Herbert disse ao lembrar-se – Klutzy dá umas saidinhas matinais de vez em quando e deixa a porta aberta. Aquele caranguejo vai ser o meu fim algum dia – disse o urso rindo suavemente.

– Sem dúvidas – riu a pinguim também.

– Mas bem, o que você faz aqui?

– Ah, você já esqueceu? – ela deu um sorriso – Você vai se divertir!

– Uh, não – resmungou o urso – Achei que você já tinha esquecido.

– Não dessa vez! – ela disse entusiasmada. – Vá se arrumar, nós vamos sair em alguns minutos!

– Me arrumar? Sou um urso, não uso roupas. – respondeu ele.

– Ah, é... – ela riu um pouco nervosa.

– E desde quando você manda em mim? – Herbert perguntou com um sorriso irônico.

– Hmm, desde sempre – ela respondeu sorrindo – E é melhor me obedecer, hein!

– Claro, mademoiselle. – o urso disse fazendo uma reverência, fazendo Jessica cruzar os braços e olhá-lo com um olhar desconfiado.

Logo, Herbert rapidamente pegou Jessica e colocou-a em seu ombro esquerdo, fazendo-a gritar e rir ao mesmo tempo.

– Então, para onde vamos? – ele perguntou.

– Para o alto! – ela respondeu animada.

– Alto? – perguntou Herbert confuso – O que exatamente vamos fazer hoje?

– Bem, primeiro nós vamos descer a montanha de trenó, fazer bonecos de neve, guerra de bolas de neve, enfim, neve! Depois, vamos procurar um bom lugar para fazermos um piquenique, vamos comer algumas coisas que eu trouxe, tipo pizza vegetariana! E então, vamos conversar a tarde toda! – Jessica respondeu rápida e animadamente.

Herbert ficou parado encarando a pinguim, tentando processar tudo o que ela havia dito.

– Ok. – ele suspirou. – Não tenho outras opções.

– Não mesmo! – respondeu Jessica com um sorriso.

Herbert então viu os dois trenós e cesta.

– Vamos levar a cesta agora? – perguntou.

– Nah, depois eu uso o teletransportador para voltar aqui e pegá-la. – ela respondeu.

– Ok então.

Herbert pegou os dois trenós encostados na parede e entregou o menor para Jessica.

– Presumo que o maior seja o meu.

– Sim, a não ser que você consiga ficar em cima disso. – Jessica respondeu rindo apontando para o trenó em sua nadadeira.

– Meh, eu sei disso. – Herbert respondeu rindo também. – Vamos logo.

Então Herbert andou para fora (com Jessica em seu ombro, claro) e fechou a porta da caverna.

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O urso andou até achar um bom lugar para um ponto de partida de uma corrida de trenó. Em seguida, colocou o trenó na neve e então desceu a pinguim - que estava demasiada animada e dando pulinhos.

Herbert não gostava muito da "animação" dos pequenos pinguins, por assim dizer. Porém, por algum estranho motivo, Herbert realmente se sentia bem com a presença de Jessica. Pois é, sempre há uma exceção.

Jessica olhou a vista.

– Eu amo ver a ilha daqui de cima. – ela disse.

– Meh, não é nada de mais. – respondeu Herbert indiferente.

– Claro, você tá acostumado. – ela riu. – Bem, mudando de assunto... Preparado para perder?!

– Eu?! Herbert Percival Bear, perder para uma pinguim?! – Herbert fingiu estar magoado. – Assim você me insulta!

– É mesmo?! – Jessica pegou o trenó e subiu nele – Vamos ver!

Jessica então deu impulso e começou a descer a montanha com o trenó em alta velocidade, deixando o urso sem reação durante alguns segundos.

– Hey! – ele gritou – Trapaça!

Herbert também pegou o trenó e foi descendo a montanha.

Jessica, é claro, estava ganhando, mas por pouco tempo. Herbert rapidamente ultrapassou a pinguim e ainda fez umas manobras que deixou-a surpresa.

– Eu não sabia que você era tão bom! – ela disse.

– Há muita coisa que você ainda não sabe sobre mim, haha! – Herbert respondeu rindo ao fazer mais uma manobra. Jessica continuou tentando ultrapassar Herbert, mas em vão.

O urso alcançou a chegada e logo depois a pinguim. Herbert tinha um sorriso orgulhoso no rosto.

– Há! E então? – ele disse.

– Meh, não vi nada de mais – ela respondeu com as nadadeiras nas costas, fingindo estar indiferente.

– Qual é! Admita que eu fui incrível! – Herbert disse com um sorriso presunçoso.

– Só vou admitir depois... Disso! – Jessica então jogou uma bola de neve certeira na cara de Herbert.

O urso tirou a neve que cobria seus olhos e piscou algumas vezes.

– Se é guerra que você quer, guerra você terá! – Herbert correu para trás de uma árvore, que o serviu de proteção. Em seguida, pegou um pouco de neve, amaçou um pouco e então jogou em direção a Jessica, que estava atrás de uma rocha para se proteger.

– Há, errou! – disse a pinguim. Ela então lançou mais uma bola de neve em direção ao urso, mas acertou a árvore.

Em seguida, Jessica se virou para fazer mais bolas de neve, o que a deixou desprotegida. Herbert viu que era sua chance, então foi andando silenciosamente até a pinguim distraída.

Em alguns segundos, Jessica foi "atacada" por Herbert. O urso a pegou de surpresa, levantou-a, caiu na neve propositalmente, levando-a junto, e deixando a pinguim rindo e sem poder revidar.

– O que você tá fazendo?! – ela disse entre risos.

– Ganhando, oras – Herbert respondeu, rindo um pouco também. – E eu tô com fome.

– Mas já?!

– Qual é, sou um urso grande, preciso comer bastante.

– Ok... – Jessica resmungou cruzando os braços – Mas ainda não acabamos. Ainda tenho mais coisas preparadas.

– Eu deveria ter medo disso?

– Talvez. – Jessica respondeu rindo.