– Rivaille Heichou...

Lembro-me bem, como se fosse ontem. Aquelas palavras...

– Muito prazer em conhecê-lo Heichou... Sou Petra.

Há... Petra. Seu olhar penetrou minha alma, seus cabelos claros trouxeram-me paz. Você era um anjo. Então por quê?

Por que se foi?

...

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the fallen angel

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Incontáveis são as vezes que acordo a noite, e a madrugava reviro-me, tento achar um sinal de paz, para assim me agarrar. Adormecer-me... Até o dia raiar.

Não foi assim nesta noite.

A paz faltou-me. A pequena flecha de luz fugiu-me. Você se foi. Lá fora a chuva cai, não, não é isso... O céu entristecido está á chorar, pois perdeu seu anjo.

Eu perdi meu anjo...

~X~

"– Heichou..."

Ela me olhou, gentilmente estendeu-me a mão. E sorriu.

"- Não preciso de ajuda Petra."

Levantei-me naquele momento, sem encara-la. Sua presença afetava-me de algum modo, só não sabia por que... Para mim, fazia mal. Meu coração doía.

"- Não estás ferido?"

Sua voz entristeceu-se, mesmo assim manteve firme. Preocupava-se, há minutos atrás havia cortando-me em um galho enquanto cavalgava. Não era do meu feito distrair-me.

"- Estou bem."

Ignorei-a. Sim, ela era meu estorvo. Mais não havia notado, como finas lagrimas, discretas, desciam pelo seu rosto. Era como ver sua dor sendo levada... Junto a minha.

"- Petra... Machucou-se?"

Ela negou, balançando sua cabeça de forma negativa. Levava suas mãos até seus olhos, enxugando-os, quando esperançoso estava ao achar que veria seu sorriso novamente, entristecida olhou-me. Arrancou-me a alma.

"- Heichou... Desculpe."

Sabia. Era incontável as vezes que vi aquela cena. Ela iria dizer novamente.

"- Eu... Te amo."

...

"- Pare com essas bobagens."

Não, não queria ver-te novamente derramando aquelas lagrimas a minha frente.

"- Heichou... Sei que odeia quando choro, também sei que não entende o porquê lhe digo isso... Mais não posso aguentar mais. Eu te amo tanto que meu coração poderia explodir."

Não podia negar, suas palavras me afetavam. Seus olhos dourados me fitavam cheio de lagrimas... Sim, eu sei, sou um demônio. Mais ela ficava tão bela chorando. Como eu odiava aquilo.

"- Por favor, não me olhe gentilmente..."

Aproximava-me, ela distanciava-se. Não tinha expressão, não tinha sentimento, devia lhe assustar, mesmo assim, segurei-a forte. Ela olhou-me com medo, seus olhos arregalados deixava escorrer pelo canto finos filetes de lagrimas, eles não paravam de escorrer.

Selei-os, nossos lábios secos uniam-se. Eu a segurava com força, ela tentava fugir. De seus olhos as ultimas lagrimas escorregam, seu rosto tomava uma coloração avermelhada, e finalmente cedeu-se.

"- Desculpe Petra... Hoje vou brincar com você."

~X~

Não compreendia, não entendia. Por que sonhará contigo... Des de que se foi, só pude pensar em ti, em suas palavras, mais o que me angustiava mais era não saber...

O que é amar?

Desisti da minha paz, não iria adormecer naquela noite. Levantei-me, guiando meus paços até seu quarto, queria relembrar de seu cheiro, sentir o calor de sua presença, como naquela noite.

...

Em vão. Por mais que seja seu recanto, aonde adormecia, não tinha mais seu calor. Sofria sua falta... Era angustiante.

Não te encontrava mais...

Foi quanto encontrei. Encima de sua cômoda, um pequeno papel dobrado delicadamente, estava estrito: Para Heichou...

Abri-a, desdobrava aquele meliante papel, e comecei a ler.

...

Querido Heichou...

Você sabia?

Descobri que viver pode não ser tão cruel.

Esse mundo está desmoronando, mais ainda sim, está repleto de amor. É o que me faz continuar, seguir em frente.

Lutar pelos nossos companheiros, aqueles que deixaram suas vidas para um dia ver um mundo melhor...

Mais isso não depende somente de vencer. Depende de nossa força espiritual, depende de seguir em frente com um sorriso.

Para que assim, eles possam descansar em paz.

Almas perdidas sempre voltam, irão guiar-nos rumo ao caminho certo. Elas se chamam anjos.

Heichou, se um dia eu não habitar o mesmo teto que ti, não poder respirar seu mesmo ar...

Permita-me ser seu anjo?

....

–Petra...

Foi quanto entendi, ela não se foi... Estava aqui, podia senti-la.

Ela era meu anjo.

Enquanto estavas a chorar, aqui me encontrei, sem sentimentos para retribui-lhe. Por mais duro que fui não me sinto arrependido. Sim, posso ser um monstro.

– O que é amar?

Se minha ignorância lhe feriu, perdoe-me... És meu único método de existência.

– Petra... Estas aqui... Pode ouvir-me?

Não irei chorar, de meus olhos não é permitido tal ato, mal reconheço meus sentimentos... Quem me dera expressá-los em lagrimas.

Mais sim, posso dizer-te...

–Sinto sua falta...

Se ao menos no tempo pudesse voltar, lhe negaria seus pedidos, com ignorância bruta iria tratar-te... Qualquer coisa para fazer-te distanciar de mim. Não queria lhe ferir. Não queria lhe ver morta.

Desculpe Petra... Você sempre foi meu anjo caído. Sua única missão foi trazer-me angustia.

Desculpe Petra... Eu sempre fui teu demônio. Minha única missão era levar tua alma.

– Acho que... Eu te amei.

{...}