Maldição Wilde escrita por A Costa, Rosalie Potter


Capítulo 36
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

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Quando as duas garotas entraram no quarto, Melina já se adiantou á ver a curiosidade emanando dos grandes olhos azuis da amiga:

–Não adianta, não falarei nada.

E para sua surpresa, a ruiva a abraçou. Sophia sabia muito bem o que era se sentir desconfortável sobre um assunto e durante todo o tempo que não se abriu, a morena havia dado espaço á ela, fato pelo qual ela era extremamente grata. Então fez o que a amiga fizera há algum tempo atrás, e a consolara sem palavras. A fizera sem sentir bem sem a fazer falar e era algo que a morena precisava naquele momento.

As duas ficaram algum tempo abraçadas, em pé, no meio do quarto. Nenhuma palavra foi dita, mas elas não precisavam disso. Já haviam passado dessa fase há algum tempo. A amizade delas já era forte o suficiente para ter pensamentos interligados. Emoções interligadas.

“Eu vou vomitar.”

“Vá se ferrar Makayla Wilde”

“Você fala tão bonitinho. Se fosse outra pessoa, a palavra “foder” estaria em algum lugar por aí.”

“Já deveria saber que não sou qualquer uma”.

As duas enfim se soltaram. Melina deu um sorriso agradecido á amiga:

–Eu te amo ruiva. –Disse num tom de brincadeira.

–Você sabe que eu também.

~X~

Quando Sophia acordou, quis morrer. Tinha ficado até tarde lendo um livro de drama e ainda chorara como uma condenada do meio para o fim. O nome do livro? “O Caminho Pra Casa”, seu livro coringa. Era a décima primeira vez que o locava na biblioteca e ainda chorava no final. Bom demais pra ser lido apenas uma vez, tocante demais pra não chorar todas às vezes.

A ruiva se levantou sentindo o contato do chão frio com os pés delicados e adorou. Melina já estava saindo do banheiro, parcialmente vestida e deixando a gravata completamente frouxa. Sophia revirou os olhos, se aproximou da morena e arrumou-a, a deixando correta:

–Sophia, pelo amor de Deus, hoje é sábado. Não vou andar com essa coleira.

–Quando eu não estiver olhando você afrouxa.

Enquanto Sophia entrava no banheiro, sentiu aquele pequeno desconforto matinal. Bendito enjôo. Mas tudo bem. Pelo seu filho, agüentaria os nove meses vomitando sem parar. Tomou um banho rápido, vestiu o uniforme. Fizera um coque frouxo deixando algumas mechas cair em seu rosto, emoldurando os mesmos.

E de repente parou em frente ao espelho. Analisou tudo em seu rosto. Os grandes olhos azuis, as pequenas sardas que lhe salpicavam o nariz e bochechas quase invisíveis, as covinhas quando sorria um sorriso aberto, o rosto oval, a manchinha perto da orelha.

“Você sabe que é linda... Não sabe? Por Deus, ele é um idiota por não te querer. Você tem que saber dessas duas coisas. Sophia Merenwen! Não ouse se menosprezar por causa de Ian Wolf!”

Sophia quase riu. Até mesmo seu espírito do mal tinha pena dela. E para a primeira frase, não. A ruiva não se achava bonita. Na verdade, não perdia seu tempo pensando nisso. Era a primeira vez que realmente analisava sua verdadeira aparência. Talvez, para a segunda. Entendia os motivos de Ian. Ela não o pediria pra assumir uma família. Afinal, os dois eram adolescentes e aquele não era problema dele.

Sacudiu a cabeça tentando espantar os pensamentos e saiu do banheiro. Melina terminava de passar o gloss de morango quando viu a amiga.

–Vamos?

–Claro.

As duas seguiram para o refeitório onde se se sentaram à mesa de costume. Logo Taylor apareceu e depois Alex e Ian. Alex estava com hematomas gritantes no rosto, mas nada muito grave. Para Sophia, ainda doía ver o irmão de alma assim. Mas sabia que o loiro não estava ligando muito.

–Cara, você está horrível. –Taylor caçoou de brincadeira.

–Relaxa, isso é inveja por você ser mais bonito do que ele mesmo machucada. –Melina brincou ao dar um leve selinho no namorado.

–Vocês não deviam fazer isso aqui. A Sophia tem enjôos, não piorem a situação dela. –Taylor falou com um sorriso de canto enquanto a ruiva ria.

–Não tem problema, pra açúcar eu não enjôo. –A garota também entrou na onda.

O único em silêncio era Ian. Ele estava olhando para o coque da ex namorada. Sua real vontade era puxar aquele bendito elástico e deixar com que os cachos ruivos caíssem como uma cascata pelas suas costas. Os cachos que ele tanto gostava. Na verdade, sua vontade ia, além disso. Queria tantas coisas...

–Babar não vai adiantar nada. –Sentiu uma voz sussurrada em seu ouvido. Melina. Tinha sussurrado sem mesmo ninguém perceber. Claro que a morena não iria deixar que o olhar do garoto passasse despercebido.

Sophia nem mesmo se preocupara com isso. A presença do ex ainda doía claro. Ainda sentia aquele buraco no peito toda vez em que acordava. Mas as coisas estavam melhorando. Não havia mais o clima tenso á mesa e todos pareciam cooperar pra isso. Além disso, era sábado. Sem aulas, eles poderiam ficar mais á vontades.

–Gente, tenho que devolver um livro. –Ela se lembrou do livro que lera pela madrugada que ainda estava em sua bolsa. –A gente se vê.

–Claro. –Todo mundo revirou os olhos enquanto a garota ria e saía do refeitório, indo á passos apressados para a biblioteca.

Ao entrar lá, sentiu que tudo estava calmo. Era um dos lugares que mais se sentia bem no mundo inteiro. Quase não acreditara que ele existia dentro de um reformatório. Foi até o balcão onde Cláudia estava lendo uma revista qualquer:

–Sophia! Caminho Pra Casa, devolução correto?

–Certo. –A ruiva tirou o livro da bolsa e entregou enquanto a bibliotecária anotava. –Nossa, essa é a décima primeira vez que você me devolve.

–Eu gosto dele. –Ela disse com o sorriso. –E então, chegaram Desventuras em Série?

–Segunda prateleira.

A ruiva arregalou os olhos com a felicidade e praticamente correu para a segunda prateleira, onde bateu os olhos no nome escrito numa fita “Desventuras Em Série”. Quase surtou. Já tinha lido a saga de treze livros, mas ainda assim era louca pra reler. Pegou o primeiro e correu para o balcão. Colocou o livro sobre ele:

–Sophia Mer...

–Eu já sei. –Cláudia riu e anotou. –Devolução daqui á sete dias.

–Obrigada Cláudia.

–Disponha sempre.

A garota já abriu o livro enquanto andava em direção ao pátio. Aquela saga de livros era a mais gostosa e leve de se ler de acordo com a ruiva, então tudo o que mais queria era terminar o primeiro, pra pegar o segundo e... Assim por diante. Do jeito que a vontade era grande, terminaria os treze livros em treze dias.

E de repente esbarrou com alguém. Isso sempre acontecia quando estava lendo. Dessa vez não deixou o livro cair de tão acostumada que estava apenas olhou pra a pessoa. Qual foi sua surpresa ao ver James Wilde em sua frente.

–Invasão da família Wilde agora? –Ela brincou com um sorriso meigo no rosto.

–Com certeza. –Ele retribuiu o sorriso enquanto ia para o lado de Sophia. –Estou aqui justamente por causa da visita de meus pais ontem.

–Acredite, fico feliz que tenha vindo. As coisas não foram exatamente pacíficas por aqui.

–Não imaginei que seria por isso vim. Sabe onde Melina está?

–Sei, sei sim. É só me seguir. Ah... E desculpa pelo esbarrão.

James apenas sorriu e começou á seguir a menina. Sentia-se um adolescente perto de Sophia Merenwen. Ela tinha um jeito todo doce de fazer as coisas que o deixava um tanto admirado e um pouco intimidado. A ruiva parecia ser adulta demais, até mesmo pra ele.

–Não foi nada. Pelo visto você e minha irmã tem coisas em comum. –Ele apontou com a cabeça para o livro.

–Como acha que viramos amigas? –Ela riu e então de repente tonteou. O irmão de sua amiga foi rápido e a segurou antes que caísse, mas a olhou preocupada.

–Sophia...?

–Pode me soltar. É a parte ruim de estar grávida. –James deixou seu queixo cair. –Se quiser perguntar a Melina depois como isso aconteceu, eu te dou completa liberdade okay? Apenas não me olhe como se eu fosse uma vadia.

–Eu nunca te olharia como se fosse uma vadia. Posso não te conhecer bem, mas conheço o suficiente pra saber que essa é a última coisa que você seria. –Ela abriu um sorriso agradecido e enquanto ele imaginava como isso tinha acontecido. Lembrou-se do moreno que Melina dizia ser o namorado dela e quis bater nele. Provavelmente ele era o pai daquele bebê.

–Obrigada. É bom ouvir isso. Queria que todos pensassem assim. –Ela apontou com a cabeça para o lugar onde Melina estava. Os dois andaram até lá rapidamente, surpreendendo ao casalzinho. A morena deu um grito curto e agudo e o abraçou enquanto Alex e Sophia sorriam.

–Eu vim falar com você. –James falara com um sorriso e Alex se levantou num pulo.

–Entendi. Estou saindo.

–Que bom. Vamos Alex. –Sophia disse e saiu andando com o loiro. Alex assim que estava á uma distância segura, revirou os olhos.

–É impressão minha ou aquele cara é meu cunhado duas vezes?

–Como?

–Ele é meu cunhado por ser irmão da Melina. E como eu sou seu irmão...

Sophia corou imensamente enquanto batia de leve no namorado da amiga que ria. Era muito fofo e cômico quando ela ficava vermelha daquele jeito. Menos pra ela, que detestava se sentir tão tímida:

–Alex!

–Desculpa, não deu pra resistir. Mas enfim, como você está se sentindo? Os enjôos estão muito ruins?

–Não. Quer dizer, algumas comidas eu não consigo nem pensar em colocar na boca. Mas a maioria está tudo bem. Estou tendo poucas tonturas. Makayla ainda quer matar o bebê.

–O que ela tem com essa criança afinal?

–Pergunte á ela.

~X~

Sophia sentou-se no pátio, num cantinho para ler. Na verdade ela queria ir para a clareira, mas não estava muito afim de se embrenhar no meio do mato. Então apenas pegou o livro, abriu-o e retomou sua leitura. Alex fora falar com Ian depois de um bom tempo conversando com a ruiva e ela aproveitou aquele momento sozinha pra ler. Então ouviu uma voz lhe chamando. Assim que ergueu os olhos viu James e foi surpreendida pelo abraço acolhedor que não entendeu.

–Melina me contou. –Sophia deu um sorriso cansado quando ele se afastou. –Deus Soph, eu sinto muito! Não sei o que faria se desse de cara com esse...

–Eu não deixaria que sujasse suas mãos. Pode ficar tranqüilo James, não estou triste com o meu filho. Eu o amo mais do que tudo. Não precisa se preocupar. Na verdade... Sou só a melhor amiga da sua irmã.

–Não. Acredite você é bem mais que isso. Você é a garota pelo qual eu tenho um penhasco. –Ele lhe deu direcionou um sorriso e a beijou no rosto enquanto a garota o olhava estática de bochechas coradas. –Nos vemos em breve ruiva. Cuida desse bebê.

E então se dirigiu em relação á saída do reformatório enquanto ela piscava tentando entender o que diabos o irmão da sua melhor amiga tinha visto nela. Antes que ela pudesse sequer engolir a informação, viu Ian se aproximando. Levantou-se rapidamente pronta para ir para qualquer lugar que fosse, quando o mesmo segurou seu braço. A respiração dela acelerou.

–Ian? O que houve?

–Quero saber o que está acontecendo. Pensei que as coisas seguiriam, mas você não suporta ficar no mesmo lugar que eu por mais de cinco minutos antes de arrumar uma desculpa para sair. –O moreno parecia extremamente indignado. –Por quê?

–Você quer mesmo saber? Então eu vou te contar Ian. Quando eu cheguei nesse lugar eu tinha um muro ao redor de mim que me impedia de ser machucada novamente. E você quebrou cada tijolinho dele com uma determinação invejável. Eu disse que não deveria fazê-lo. Você me levou aos céus apenas para de lá me jogar ao inferno. Você me fez provar o melhor da vida apenas para me fazer viver seu pior. Disse que estaria ao meu lado, mas me deixou quando eu mais precisava! Eu disse que não poderia ser concertada e você insistiu em tentar. Quando começamos a namorar você me prometeu que jamais desistiria de mim. E eu te odeio por ter desistido.

Com lágrimas nos olhos ela deixou para trás um Ian estático enquanto se direcionava para o quarto.


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Notas finais do capítulo

Provavelmente o próximo será um especial de Natal.
Xoxo :3

Rosalie Potter



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