Me lembro que há dez anos fiquei presa naquela galeria, e também conheci Garry, ele tinha vinte anos, isso era ruim, pois quando o encontrei desmaiado, agachei-me, o cutuquei e o entreguei uma rosa azul, aqueles olhos azuis penetravam nos meus olhos vermelhos, como eu era muito nova, não sabia o que eu exatamente estava sentindo, nos tornamos amigos, saímos daquela galeria juntos. Quando nos despedimos, eu senti meu coração apertado, meu estômago estava revirando, o que era aquilo? Será que eu gostava dele? Não pode ser, ele é dez anos mais velho que eu, mas eu não consigo me controlar, eu realmente gostava dele.

Quando eu tinha 14 anos, ele me convidou para passear por um parque na cidade, sentamos juntos em um banco, ele me encarou e ficou vermelho.

– Ei, pare de me encarar. - Eu disse envergonhada, olhando pra baixo.

– Ah, me desculpe, é que você cresceu tanto, e está mais bonita.

– O que quer dizer com isso? - Levantei a cabeça e olhei para os seus olhos

– Nada, esqueça.- Ele virou a cabeça pro outro lado, ainda vermelho

Fiquei preocupada, quero dizer, será que ele gostava de mim? Ele tinha vinte e quatro anos, e eu tinha apenas catorze.

Ele me levou pra casa, e deu um beijo na minha testa.

Tomei um banho e fui dormir, nem jantei, o dia foi bem longo e eu estava muito cansada.

De madrugada, recebi uma mensagem, era do Garry.

"Venha aqui amanhã" Dizia a mensagem. Na manhã seguinte, eu fui, bati na porta, ele atendeu com um enorme e lindo sorriso.

– Bom dia, Ib! - Disse ele alegremente

– Bom dia, Garry. - Falei com um sorriso tímido. - Mas eu tenho uma pergunta... Por que queria que eu viesse aqui?

– Eu quero conversar com você.

Entramos. Me levou para a sala de estar e me disse para sentar.

– Bom, Ib, eu tenho um favor para te pedir... Um dia depois do seu aniversário de 18 anos, às sete horas da noite, venha aqui, não precisa bater na porta, eu estarei aqui te esperando.

– Ok, só isso?

– Sim, já pode ir, você tem aula hoje né?

– É verdade, mas acho que não chego a tempo se for a pé.

– Então eu te levo! - Sorriu gentilmente.

O tempo passou, continuamos fazendo tudo o que fazíamos antes, e o meu aniversário de 18 anos chegou, Garry me mandou uma mensagem me lembrando daquele combinado e também pedindo desculpas por não poder ir à minha festa, pois teria uma surpresa pra mim no dia seguinte.

Como combinado, um dia depois do meu aniversário eu iria na casa dele. Esse dia chegou, acordei um pouco tarde hoje, me arrumei e saí correndo, eu estava um pouco atrasada.

Cheguei na casa dele, abri a porta e pedi licença. Estava escuro, eu não enxergava nada, acendi a luz.

– Ah, Ib, você se atrasou um pouco né? - Ele riu.

– Me desculpe, acho que dormi demais, hehe. - Eu disse timidamente. - Mas... Por que me chamou aqui?

– Ah, sim, tenho algo para te falar.

Ele veio andando em minha direção, eu não sabia o que estava acontecendo.

– Ei, espere! Não acha que está perto dema...

Ele tapou a minha boca e chegou mais perto, eu estava suando, o que era isso?

– Me escute. - Sussurou no meu ouvido - Eu queria dizer isso faz tempo, mas você era nova demais.

Lágrimas se acumulavam nos meus olhos, ele me pressionava contra a parede e segurava meus braços.

– Er... Eu... Eu amo você!

Arregalei meus olhos, fiquei assustada e feliz ao mesmo tempo. Pois eu também gostava dele.

Ele chegou mais perto, acariciou meu rosto e timidamente me beijou. Eu fiquei sem reação e meu coração batia forte.

– Entendeu agora? - Ele perguntou, envergonhado, virando a cara.

– Ei, Garry... Eu também tenho algo a te dizer... Desde o dia em que eu te conheci na galeria, eu sentia algo estranho que nunca senti, quando nos despedimos, você se abaixou e me abraçou, meu coração batia muito forte, eu não sabia o que estava acontecendo... Mas agora que eu cresci, eu sei como são meus sentimentos... Eu também te amo!

Com vergonha, eu me aproximei dele e o abracei, ele me abraçou de volta.

Depois de tudo, eu percebi porque éramos tão fechados um com o outro.

– Bom... Já tá tarde né? Acho que vou embora.

Virei-me para ele e dei-lhe um beijo tímido e curto, e saí acenando.

– Nos vemos amanhã! - Ele sorriu, com aquele sorriso que eu amo...