Mamãe entrou no quarto chorando como eu nunca a vi chorar, meu pai estava com os olhos vermelhos e inchados, não estava chorando porque estava tentando ser forte pra mim. Mamãe me abraçou, e pressionou o lugar onde estava a agulha, doeu mas não reclamei, mas ela não parava de chorar, até que falei: "Mãe, calma. Eu estou bem! Sairei dentro de uns dias e tudo voltará ao normal!" Só que ao invés de acalma-la eu provoquei soluços mais altos ainda, e um choro de dar pena, e o meu pai também começou a chorar. Eu não estava entendendo, eu estava bem agora! Não tinha nada de errado, só tive uma crise de... Eu gelei, o que eu tive? Tinha que ser uma coisa muito grave para minha família estar naquela situação! Tomei coragem e perguntei: " Mãe, pai, oque eu tenho?", lágrimas escorriam sem parar pelo rosto do meu pai e minha mãe segurou a minha mão muito forte, e então disse, o diagnóstico que mudaria minha vida para sempre: " Filhinha, o médico fez alguns exames quando você estava desacordada, e o que eles nos falou não foi bom..." Ela fez uma pausa para se recompor, e a essa altura eu estava quase chorando também " Tem uma coisa chamada câncer de tireóide, o problema é que você tem isso no estágio IV, tem muitas tentativas de cura mas, até agora é incurável." Ela terminou e eu comecei a chorar, como eu nunca havia chorado na minha vida, eu não gostava de parecer frágil na frente dos meus pais, mas naquela hora, se eu pudesse me diluir nas lágrimas, eu o faria.

Os dois me abraçaram muito forte, meu pai agora nem pensava em esconder o choro, ele soluçava forte como a minha mãe, isso era uma cena horrível, claro, eu odiava ver eles chorando em qualquer ocasião, mas dessa vez eu era o motivo da dor. A enfermeira entrou na sala e disse que eu precisava descansar, mas que amanhã eles poderiam voltar, claro. 

Outra vez, não conseguia acreditar, só que agora meus gritos eram direcionados eu chamava por socorro. A dor era muito intensa, algo que um remédio não é capaz de esconder. Os médicos chegaram, havia um toque de desespero em seus rostos, e eu continuava a gritar. Me encheram de remédios, que podiam não ter tirado a dor por completo, mas aliviavam bastante. Porém eu sentia um cansaço como se eu tivesse corrido uma maratona gripada, era demais, eu avistei um dos médicos dos meus novos sintomas e ele fez uma cara de quem já sabia o que eu tinha, mandou trazerem um tubo de oxigênio, quando eu o conectei senti um enorme alivio, e este médico segurou minha mão até os meus pais chegarem. 

Os dois entraram pela porta quase correndo, minha mãe me beijou a testa e meu pai me abraçou, e os dois sentaram e um sofá perto da cama, o médico então disse em tom de lamento: "Sinto muito informar" odiava quando começavam conversas assim " mas sua filha apresentou muitos sintomas de metáse nos pumões, é quase certeza." Sem entrar em desespero perguntei com uma falsa esperança: "O que exatamente é isso doutor?" e ele disse calmamente: " é basicamente bastante água nos seus pumões.". Porra! Será que não basta eu só ter uma complicação? Que merda, não adianta viver desse jeito, adianta? Perguntei a mim mesma, e pensei na minha família, e tinha que continuar por eles. Minha mãe chorou, meu pai chorou, e eu fiquei lá com uma cara de paisagem, acho que não restava mais água para chorar (devia estar tudo dentro do meu pumão pensei). 

Comecei a sentir dores, e os meus pais pararam de chorar um instante para prestar atenção no procedimento, os dois levantaram ao lado de minha cama minha mãe meio abraçada no meu pai, olhou pra mim e sussurou: "Vai ficar tudo bem." mas então ela abraçou meu pai forte e disse uma coisa que quebrou meu coração em 1 bilhão de pedacinhos: "vou deixar de ser mãe'' falou bem baixinho apenas para meu pai ouvir.