Oi, meu nome é... Não, meu nome não importa. Pode me chamar de Cassie mesmo. Eu sei, é clichê (um monte de garotas ana/mia se escondem atrás desse nome), mas estou precisando de clichês, pra variar. Sempre tentei fugir deles, mas acho que chega uma hora na vida de alguém que ela simplesmente quer ser levada pela corrente, ou pela moda, ou pelos outros. Uma hora, todo mundo precisa do conforto da alienação. Por isso serei bem clichê nos próximos dias. 

Minha agonia (não sei se tenho o direito de usar essa palavra, mas vamos lá) começou três anos atrás. Ela tinha três nomes: Raiva, obesidade e timidez. Pois é, tecnicamente eu era obesa. Nunca me achei bonita, mas não sabia que era esse o motivo exato.

A baixa auto estima piorava minha timidez, que eu também não sabia exatamente o motivo, e sempre que não sabia o que fazer, ficava com raiva. Resultado: Eu era hostil com todo mundo, uma daquelas garotas grandonas e esquisitas que brigam com você por nada (na verdade eu até gosto de garotas grandes, mas minha auto-imagem era assim, feia), eu começava a ficar triste, queria ter amigos, queria ser bonita, talvez até ser popular. Nessa época eu comecei a chorar todos os dias, tentando descobrir o que havia de errado.

Obviamente eu descobri, e tentei pedir ajuda da minha mãe, que sempre dizia que ia me levar pra um psicólogo, me colocar na academia, pro médico, dentista, etc. Nós nunca tivemos muito dinheiro, nem para ver todos esses doutores, então fiquei apenas com as promessas com pouco futuro. 

Nesse mesmo ano, eu tive uma melhor amiga, que me ajudou a descobrir que era bisexual (hihi), e que gostava de todas as mesmas coisas que eu. No ano seguinte ela se mudou, e nunca mais nos vimos, e mesmo quando ela podia falar comigo na internet, não falava. Por isso resolvi deixar de lado.

Vamos pro próximo ano, 2012. Ah, esse foi o melhor e o pior. À essa altura já havia resolvido emagrecer sozinha. Consegui ir de 80 pra 65kg. Mas obviamente eu não estava satisfeita. Durante esse tempo descobri: a bruxaria; que amigos homens são melhores mas as mulheres são indispensáveis; e que depressão é uma merda. 

Às vezes eu me cortava, mas na maior parte do tempo ficava sem comer e chorava. Aí eu arrumei um namorado, e me forcei a sair da fossa. Meu namorado é um cara legal, amo ele, e apesar de ser um cara grande e aparentemente feliz, ele é tão ou mais frágil que eu. Precisa de cuidados, e, claro, eu cuido dele. Sempre fui o tipo de pessoa que percebe  as dores alheias e tenta ajudar. Não recomendo, pois depois de um tempo você carrega tantos problemas alheios que tudo se acumula e você tem vontade de morrer. Pelo menos comigo é assim. 

Onde parei? Ah sim, namorado. Ele também é do tipo de pessoa que faz qualquer coisa por você (você, no caso, eu. rs), me sinto feliz por isso. 

Comecei o ensino médio esse ano, mas a escola continua a mesma merda. Talvez mais difícil. No primeiro semestre fiquei desleixada e ganhei 5kg, mas agora vou me dedicar 500% à ana. Mas quem sou eu pra falar de ana, não é? Ainda sou pesada de mais pra isso. Daqui a pouco isso muda. 

Enfim, graças aos Deuses estou de férias. Gastando meu tempo aprendendo japonês sozinha, na esperança de fazer faculdade no Japão, e lendo. Lendo de mais até, estou lendo mais de 5 livros e parecem todos intermináveis. Às vezes eu saio, também. 

Hoje estive no tumblr, me perguntando como todo mundo consegue nascer e permanescer magro. Me sinto frustrada, mas parei de me abalar com essas coisas. Agora eu só começo a chorar quando me olho no espelho mesmo. Pensando em uma maneira melhor de ter controle, me surgiu uma luz. Preciso de uma amiga. Uma thinspiration móvel 24h por dia (ou quase), e por hora uma amiga imaginária serviria. Ela na verdade era eu. A futura eu. Juro, a garota mais bonita que já vi. Tinha os braços finos, o rosto fino, as pernas finas, o thigh gap mais legal de todos, hipbones, collar bones, até algumas costelas aparecendo. Depois de um tempo ela até falava comigo.