Anteriormente...

Entrei em casa, e por sorte, minha mãe já tinha se cansado de me esperar e foi dormir. Encontrei apenas a Paula, deitada na nossa cama no chão da sala, com seu celular.

–Pra variar deve estar no face!- falei, pois ela estava sempre com aquele maldito celular dela conectado no facebook . Olhei pra cara dela, que me olhou estranha- O que que foi?

–Olha isso Anna- ela me passou o celular dela- Acabei de ver.

Como sou curiosa, e pela cara dela, algo bom não deveria ser. E então o que vejo na foto, me deixa de boca aberta e magoada.

–Se ele queria que eu tivesse uma surpresa, eu acho que ele conseguiu!

[...]

Simplesmente deitei-me aquele dia com muitas coisas passando pela minha cabeça:

1-Aquilo tudo não passou de um mal entendido;

2-O Fred nunca iria querer um compromisso sério comigo;

3-O Fred só estava se aproveitando de mim, a garota boba e inocente;

4-Aquela vadia estava se esfregando nele, e ele parecia estar gostando;

5-Ele só se aproximou de mim para me humilhar de novo.

Acho que a opção que eu menos queria concordar era com a última, mais aí parei pra pensar, se ele saiu mais cedo da aula, porque ele quis vim justamente para cá? Vai ver fazia parte de um plano dele para que a minha humilhação fosse pior. Porque ele faria isso comigo? Eu estava quieta no meu canto! Ele que voltou pra se intrometer na minha vida, e pera aí, ele falou que sempre gostou de mim! Será que é uma mentira? Porque no fundo, ele tentou falar comigo e não conseguiu falar realmente! E porque ele voltou? Já fazia bastante tempo que tinha ido embora! Minha cabeça esta a mil. Já ouvi muitas pessoas falarem que a vida é complicada, mais no fundo eu acredito que não é a vida que é complicada, e sim as pessoas. Com esse último pensamento , enfim consegui pegar no sono, já que no dia seguinte teria que participar da tal reunião sobre a excursão.

[...]

Acordei cedo, e fiz a Paula levantar comigo, lembrei que o Fred falou que iria vim me pegar para irmos pra escola, e no fundo não queria ver ele antes de chegar a uma conclusão sobre o que fazer em relação a bendita foto. Ih com essa confusão toda na minha cabeça acho que esqueci de mencionar o que tinha na foto. Pois é, nada mais , nada menos do que o Fred deitado no chão sem camisa, e uma garota/vadia, em cima dele, com uma perna de cada lado de sua cintura, rebolando. Será que sou louca por não gostar daquilo que eu vi? Acho que vocês concordam comigo que não foi uma imagem boa para os olhos, ainda mais para o coração.

–Vamos Paula, apura!- falei.

–Tô indo, espera que tô terminando de me escovar aqui- falava ela se sujando toda de pasta de dente. Resolvi me sentar no sofá um pouco pra esperar ela.

–Filha já está indo para a escola?- pergunta minha mãe.

–Sim mãe- falo.

–Mais tão cedo? Aconteceu alguma coisa?- perguntou ela preocupada. Mãe é uma droga, mesmo você tentando disfarçar, ela consegue descobrir de olhos fechados quando alguma coisa não está bem com seus filhos. Por isso, tentei minha melhor cara, eu ia contar pra ela e procurar ouvir seus conselhos, mais essa não era a melhor hora para isso.

–É que hoje nós vamos fazer uma reunião sobre a excursão e a formatura- falei com um sorriso falso, tentando parecer feliz.

–Que legal- falou ela, que ficou analisando minha cara- Mais você não parece feliz com isso, o que está acontecendo filha? Pode falar comigo, porque alguma coisa está errada, você estava tão feliz com a formatura!- fez uma pausa- Olha se for sobre ontem, eu já entendi o que aconteceu e não estou brava com o Frederico...

–Não tem nada a ver com ontem mãe...quer dizer até tem , mais eu não quero falar sobre isso agora e ...- não termino de falar pois sou interrompida pela Paula saindo do banheiro.

–Estou pronta vamos?- olha para nós duas- Atrapalhei alguma coisa?- pergunta.

–Não , é melhor nós irmos- falo puxando a Paula e pegando minha mochila. Viro para minha mãe- Mãe mais tarde a gente pode conversar? Estou precisando dos seus concelhos!- falo triste.

–Claro minha filha, a mamãe vai estar aqui sempre que precisar!- falou ela. Se fosse a alguns anos atrás, eu ia achar ridículo o que ela falou, porque quando somos jovens, e a mãe quer falar com nós, ou fala esses apelidos bobos que a gente não gosta, na frente de outras pessoas, ficamos bravos e morrendo de vergonha. Mais eu aprendi a dar valor pela maravilhosa mãe que eu tenho, e sinceramente, ela pode me chamar até de bebê na rua que não vou me importar. Soltei minha mochila, e fui correndo dar um abraço nela. E naquele abraço deixei de me sentir insegura, e me tornei mais segura de mim, pois o que quer que aconteça na minha vida, sempre estará ali, o meu porto seguro, a minha mãe. E foi aí que senti uma lágrima escorrer pelo canto do meu olho. Essa lágrima não era por causa do Fred, e nem nunca seria por garoto nenhum, era apenas uma lágrima de alegria, por saber que sempre poderia contar com ela, a pessoa mais importante na minha vida. Afastei-me dela, e vi que estava com os olhos marejados, deu um beijo na minha testa.

–Até mais tarde mãe- falei, me afastando dela.

–Até mais tarde filha-falou- Não se esqueça que eu te amo muito- gritou ela da porta quando eu e a Paula já estávamos a uma distância da casa. Virei-me sorrindo, pois sabia que nessa vida erámos apenas ela e eu.

–Nunca vou esquecer- gritei para ela- Eu também te amo muito dona Marcela!- falei e vi ela sorrindo feito boba. Com isso a Paula e eu fomos para a parada esperar um ônibus que vinha mais cedo.

–Já chegou a uma conclusão sobre a foto?- perguntou a Paula.

–Aham , sei exatamente o que vou fazer!- falei. O ônibus chegou e fomos para a escola.

Sempre fui a garota tímida e boba, que fazia tudo para agradar os outros, por isso tinha apenas uma coisa na minha cabeça, e que a partir de agora, seria um lema para mim “Não ser boba e deixar as pessoas passarem por cima de mim”