¿Qué Hay Detrás? escrita por Mari


Capítulo 11
Prometa Não Chorar


Notas iniciais do capítulo

Um século depois, postando!
Desculpem a demora, mas aqui está o capítulo, e bem grande para compensar.
Como já falei milhões de vezes, esse é o meu capítulo preferido, não ficou exatamente como eu queria, mas me dediquei muito a ele, e espero que vocês também gostem.
Boa leitura!



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            POV Maxi

            O domingo havia sido muito agradável. O dia que passei com Naty me fez conhecê-la mais e gostar ainda mais da pessoa que é. Infelizmente a segunda havia chegado e estava na hora de voltar à rotina: faculdade, treinos, tarefas.

            Acordei na segunda-feira mais feliz e pela primeira vez no ano, não atrasado. Minha primeira aula seria com o professor Coan. Nada como começar a semana com uma boa aula, e ainda vendo a Naty nos primeiros horários da manhã, afinal, fazíamos essa matéria juntos.

            Levantei-me sem relutância, tomei um banho, vesti-me, comi, peguei meus materiais e rumei para a faculdade. Cheguei uns poucos minutos antes da aula e fui direto para a sala. Naty já estava lá, sentada perto de Violetta e León, conversando com eles, aproximei-me e sentei próximo deles também.

            - E então ontem ouvi um sermão do meu pai, um de minha mãe e mais um de León, que já havia feito discursos no sábado enquanto me levava para casa – Violetta falou rindo, provavelmente referindo-se a sua bebedeira na festa de André. – Oi Maxi – ela falou de repente.

            - Oi pessoal – falei em resposta e cumprimentei os de mais.

            - Oi Maxi – Naty respondeu sorridente.

            - Fala aê, cara - isso veio de León.

            - Qual o assunto em pauta? A festa?

            - Vilu estava contando da sua bebedeira e dos sermões que tomou quando chegou a casa – Naty falou rindo.

            - León, mamãe, papai, León... – Violetta riu. - Aliás, León mesmo foi o que mais me encheu o saco, falou do caminho da casa de André até minha casa, e depois passou o domingo todo concordando com tudo que meus pais diziam – cruzou os braços como quem reclama.

            - Falei para o seu bem, meu amor – León deu um sorriso para ela.

            - Eu sei, por isso que te amo!

            - Eu também – León respondeu.

            - Santa melação – falei rindo dos dois.

            - Mudando de assunto – Vilu começou -, parabéns Maxi! Primeira vez no ano que você não chega atrasado à aula de segunda-feira – riu.

            - Ah engraçadinha! – ri. – Mas é que ontem tive um dia muito agradável – falei olhando para Naty -, que me fez querer dormir cedo para acordar cedo no dia de hoje, e não frequentar os happy hours de domingo que eu costumo ir.

            - Dia agradável é? O que você tem a dizer sobre isso, Naty? – Violetta perguntou rindo e olhou para Naty.

            - E-eu? – Naty gaguejou, e foi salva pelo professor que acabara de entrar na sala.

            - Bom dia alunos! Todos em seus lugares, vamos começar nossa discussão de hoje...

            POV Naty

            Salva pelo professor! Maxi falara do seu dia de domingo agradável – own, que lindo -, e instantaneamente Vilu imaginou que esse dia havia sido comigo. Eu tinha contado nada para ela ainda, estava esperando a hora do almoço para conversar com a Fran também, mas será que estava tão na cara assim? Iria descobrir depois.

            O professor Coan entrou na sala, avisou do início da aula e colocou-se em seu lugar frente à sala. Fez uma rápida chamada para iniciar os trabalhos.

            - Então pessoal, hoje nossa aula vai ser sobre um assunto muito em alta nos dias de hoje... Juventude x Alcoolismo x Acidentes de Trânsito! – o professor falou aquilo e senti um aperto no meu peito imediatamente. - Os acidentes de trânsito apresentam dados alarmantes, e matam mais do que as guerras no Oriente médio no Golfo Pérsico, aproximadamente 42.000 pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito, grande parte dessas mortes poderiam ser evitadas se os condutores de veículos fossem mais prudentes, evitando ultrapassagens perigosas e se não houvesse uma grande ingestão de bebida alcoólica ao dirigir. Os noticiários de rádio e televisão dão conta de que 70% dos acidentes tem como causa a ingestão de bebidas alcoólicas.

            - E o mais triste de tudo isso, são aquelas famílias que perdem seus entes queridos por conta de outras pessoas. Por exemplo, quando jovens sóbrios acabam se envolvendo em acidentes causados por alguém embriagado, e perdendo a vida – comentou um de meus colegas, e não pude evitar pensar em Joaquim e tudo que havíamos passado um ano atrás, ou melhor, eu havia passado, pois ele não estava mais aqui.

            - Exatamente, Arthur...

            - E também existem aquelas situações nas quais os envolvidos, aqueles que não estavam embriagados, sobrevivem e ficam com sequelas irreparáveis – Maxi comentou.

            - Ou aquelas envolvidas no acidente, que perdem um ente querido e sobrevivem, vivendo eternamente com a culpa, a lembrança, o momento – dessa vez quem falou foi uma menina sentada nas primeiras carteiras. Isso mexeu extremamente com minha cabeça. Eu havia passado por isso, e já carregava todos esses sentimentos comigo há um ano. Senti que as lágrimas começavam a escorrer em minha face.

            - Você está bem, Naty? – Maxi estava sentado ao meu lado, e notou meu choro silencioso. Assim que ele perguntou isso, não aguentei, levantei-me e sai correndo da sala.

            POV Maxi

            O professor discutia sobre o assunto do dia, olhei para o lado e Naty estava chorando, seus olhos estavam vermelhos e lágrimas silenciosas escorriam em sua face, quando perguntei se estava tudo bem, ela se levantou e saiu correndo da sala. Eu, Vilu e León, que olharam para trás, ficamos sem saber o que fazer.

            - Vai atrás dela, Maxi! – Violetta exclamou rapidamente.

Não demorei mais um segundo após o que Violetta falou para me levantar e sair atrás de Naty. Ela havia desaparecido num piscar de olhos, pois não demorei muito para sair da sala, mas já não vi seu vulto pelos corredores, então, iniciei uma busca por Naty em todos os lugares existentes e inimagináveis da faculdade. Refeitório, salas de aula, biblioteca, banheiros e nada, até que passando em frente a uma porta, muito conhecida, mas nunca frequentada, resolvi abri-la. Lá estava ela, sentada no chão, com o rosto entre as mãos que estavam apoiadas nos joelhos. A claridade da porta aberta iluminou o pequeno espaço, notei que ali havia vassouras, produtos de limpeza, baldes e panos espalhados. E provavelmente, a mesma claridade que me fez fazer essa observação, chamou atenção de Naty, que tirou o rosto das mãos e olhou para cima. Seus olhos, extremamente tristes, encontraram com os meus e senti em mim, todo sofrimento dela.

Não esperei mais, fechei a porta e sentei-me ao lado dela, Naty voltou à mesma posição de antes e esperei que ela se acalmasse e talvez, me falasse alguma coisa. Demorou alguns minutos para que ela parasse de soluçar, e então, tomou coragem e olhou para mim.

- Quem devia ter partido era eu... – ela falou uma frase solta, e eu fiquei sem entender.

- Quer falar sobre isso? – arrisquei a pergunta.

            - Sabe Maxi, às vezes a vida não é justa, e infelizmente, não podemos voltar no tempo.

            - Eu realmente queria entender sobre o que você está falando Naty – falei olhando firme para ela.

            Então Naty começou a falar. Falou sobre Joaquim, como se conheceram, como se apaixonaram, como eram felizes. Confesso que antes de saber toda história fiquei até um pouco enciumado. Besteira minha. Então ela começou a contar sobre a noite da festa de final de semestre um ano atrás. Contou sobre o quanto insistiu com Joaquim para que eles fossem mesmo sabendo que teriam que atravessar a rodovia. Que se divertiram muito, conheceram pessoas de outros cursos e o quanto estavam felizes para tocarem em frente a faculdade pelos próximos semestres e realizarem seus sonhos.

            - Joaquim se comportou tão bem, sabia que não deveria beber, pois estava dirigindo, e não o fez – ela falou, em um tom tão triste. – Pena que às vezes a vida não é justa, e quem segue as regras se dá mal... – começou a chorar de novo, porém agora, só com lágrimas silenciosas, sem soluços. E continuou a história.

            Contou que ao final da festa saíram felizes, comemorando as férias, que entraram no carro, prontos para partirem e que não muito tempo depois de Joaquim dar a partida, a batida aconteceu. Sim, ela e Joaquim haviam estado envolvidos em um acidente de carro que para Joaquim havia sido fatal.

            - Acordei duas semanas depois e logo já me contaram o que havia acontecido com ele, fiquei sem chão, desejei que tudo aquilo tivesse sido um pesadelo... Quis morrer – ela falou um pouco mais alterada.

            - E-eu não sei o que te dizer – gaguejei. Estava realmente chocado com a história que acabara de ouvir.

            - Você não precisa dizer nada! E é por isso que tenho essas cicatrizes e por isso também que mudei para cá – falou apontando para o rosto. – Eu me culpo todos os dias por ter insistido a Joaquim para que fôssemos à festa. Porém, ninguém nunca me culpou por nada.

            - Você não teve culpa de nada... Foi uma fatalidade que infelizmente aconteceu com vocês por culpa de outros.

            - Mas tudo poderia ter sido tão diferente... – ela falava com tanta convicção.

            - Poderia sim Naty, mas infelizmente, como você disse às vezes a vida não é justa. Aliás, o que aconteceu com os ocupantes do outro carro?

            - Não sobreviveram para serem julgados, mas se tivessem, não desejaria nenhum mal a eles, eram nossos amigos, estavam felizes pelas férias e quiseram aproveitar a festa, não da maneira mais correta, infelizmente.

            - Sinto muito – fui sincero. – Deve ser difícil para você ficar relembrando essa história e contando-a aos outros.

            - Na verdade, nunca contei a ninguém aqui de Córdoba, não queria que ninguém soubesse da história e sentisse pena de mim.

            - Agora entendo o que trouxe você até Córdoba...

            - É – concordou torcendo os lábios. – Eu precisava me refugiar sair de Buenos Aires e de tudo que me trouxesse Joaquim a cabeça. Não suportaria entrar na Universidade a qual entramos juntos pela primeira vez, nem fazer o mesmo curso, nada da vida que eu tinha antes, porque afinal de contas, Joaquim sempre esteve presente em muitos momentos dela... Meus avôs, solidários, me deixaram vir morar aqui e aturaram minhas crises por um ano – olhei para ela meio confuso quando falou “crises” – Eu acordava gritando no meio da noite, chorava vários momentos do meu dia, ficava trancada o dia todo – explicou. - Até que um dia meus pais e os pais de Joaquim vieram até aqui e falaram que estava na hora de eu voltar a viver. Estudar, trabalhar, sair, conhecer pessoas. E eu vim parar aqui.

            - Há males que vem para o bem – eu precisava falar isso. – E digo isso pensando que quando seus pais falaram que você precisava viver, era para seu bem, ficar dentro de casa o dia todo revivendo uma história triste dessas, não lhe faz bem.

            - Eu sei que eles só querem meu bem... Foi bem difícil aceitar essa decisão deles, mas depois me acostumei com a ideia, procurei um novo curso e uma faculdade...

            - E veio para a gente! – falei, me arrependendo logo depois.

            - Mas não deixo de pensar um dia em Joaquim, vai ser difícil esquecer, sabe.

            - Sei, e acredito que você não deva, lembre sempre dos bons momentos que vocês tiveram juntos e do quanto ele gostava de você, mas se não se atenham às lembranças tristes, onde quer que ele esteja, que tenho certeza é em um lugar melhor, ele não gostaria de te ver sofrendo.

            - Eu sei, todo mundo sempre diz isso. Obrigada, Maxi. Foi bom contar isso para você, me sinto melhor agora – ela deu um sorriso triste.

            - De nada... Você sabe que sou seu amigo, que pode sempre me falar tudo que te aflige. Quero o seu bem também – sorri. – Uma pena eu não poder te ajudar muito mais que isso.

            - Que isso, só por saber que posso contar com sua amizade, eu já me sinto muito bem – ela foi sincera.

            Depois me abraçou e ficamos naquele abraço por alguns minutos, até que as últimas lágrimas parassem de rolar no rosto de Naty e até que ela se sentisse pronta para se soltar.

            - Acho que poderíamos sair daqui – sugeri. – As pessoas já devem ter começado a sentir nossa falta, e Violetta deve estar muito preocupada com você.

            - Claro, vamos!

Eu me levantei e a ajudei a fazer o mesmo, quando eu estava abrindo a porta para sairmos, ela segurou meu braço.

            - Hey, Maxi...

            - Sim – virei-me para ela.

            - Promete que não vai contar isso a ninguém, não por enquanto – pediu com todo coração.

            - Prometo!

            - Obrigada – ela sorriu, e foi um dos sorrisos mais bonitos que eu havia visto sair dos lábios de Naty.

            Abri a porta e dei uma olhada para fora, o corredor estava vazio, então poderíamos sair em segurança. Não que eu me importaria que os outros falassem alguma coisa ou que nós tivéssemos feito algo errado, mas não queria expor Naty e nem gostaria que ela caísse nas “bocas” da faculdade em tão pouco tempo aqui.

            Saímos e começamos a caminhar em direção ao refeitório, após uma rápida consulta ao relógio, inferimos que o pessoal deveria estar por lá.

            POV Naty

            O começo da manhã havia sido difícil. A aula do professor Coan realmente tinha mexido com o meu psicológico. Toda aquela discussão sobre álcool e acidentes me fez ter uma lembrança mais forte de Joaquim, e precisei sair da sala, mas para minha enorme surpresa, Maxi me procurara para saber como eu estava e mais supreendentemente ainda, eu havia contado a ele tudo sobre o Joaquim, o acidente, minha mudança e estava me sentindo bem com isso. Havíamos nos aproximado muito nos últimos dias, e me sentia na obrigação de contar isso a ele, e mais ainda, porque como tinha falado, achava-o confiável. Depois de eu contar tudo e chorar bastante, Maxi resolvera que era hora de sairmos da sala do zelador, pois a essas alturas, o pessoal já estava bastante preocupado conosco.

            Entramos no refeitório, não sem antes eu passar no banheiro para conferir meu rosto, e não demorou muito para avistarmos quatro rostos conhecidos sentados à mesa. Fran, Fede, Vilu e León, aproximamo-nos e nos sentamos junto a eles, não demorou nem um segundo para que todos desatassem a falar.

            - Naty, você está bem? – León perguntou.

            - O que aquilo na aula do professor Coan? – Vilu falou em seguida.

            - Estávamos preocupados – Fran comentou.

            - Hey pessoal, estou bem – tentei parecer o mais normal possível. – Foi só um mal estar, coisas de mulher – dei um sorriso.

            - Tem certeza? Você parecia triste – Vilu comentou.

            - Tenho sim – ri. – Ah, só estou um pouco cansada, não dormi muito bem – menti de novo.

            - Sabe que se precisar de algo, estamos aí! – Fran exclamou.

            - Obrigada.

            - Não querem comer? – León perguntou.

            - Bem, eu não, vou para casa, descansar um pouco para ficar bem, afinal, hoje ainda é segunda-feira.

            - Te acompanho – Maxi falou rapidamente.

            - Não precisa, não falte aula por minha culpa.

            - Tudo bem, não é importante...

            - Ficaremos mais tranquilos se o Maxi for com você – Fran disse.

            - Vamos então – chamei Maxi, ia pegar minha bolsa que estava em cima da mesa, provavelmente porque Violetta havia trazido, mas Maxi foi mais rápido e a pegou, carregando-a para mim.

            - Obrigada – falei olhando para ele que sorriu. – E obrigada pessoal. Até amanhã!

            - Tchau, Naty – falaram em uníssono.

            Maxi e eu saímos da Universidade e começamos a seguir em direção a minha casa.

            - Posso te fazer uma pergunta? Tudo bem se não quiser responder – Maxi falou um pouco depois que começamos a caminhar.

            - Pode fazer.

            - Ontem, quando você não quis sair comigo de carro, tem alguma relação com o acidente? – ele parecia nervoso por perguntar isso.

            - Tem sim. Infelizmente, depois dele, fiquei um pouco traumatizada – respondi. – Não é com qualquer pessoa que consigo andar, sinto muito.

            - Eu que sinto, foi horrível te perguntar isso...

            - Não, tudo bem. Agora que você já sabe de tudo, não me doe tanto tocar no assunto.

            - Mas não te faz bem, não vamos mais falar disso – ele comentou. – E bem, já chegamos! Está entregue – foi aí que notei que já estávamos a frente da minha casa.

            - Obrigada mais uma vez – agradeci.

            - Não por isso, Naty – ele falou entregando minha bolsa. – Você vai ficar bem?

            - Vou tentar!

            - Me liga se precisar.

            - Prometo!

            Despedimo-nos com um beijo na bochecha e um abraço, e logo depois adentrei em casa, cumprimentei vovó que estava na cozinha e fui para meu quarto, havia sido uma manhã atípica, e eu precisava digerir todos os acontecidos antes de descer para falar com ela.

            Maxi havia sido meu porto seguro nessa manhã tão diferente, e se antes já gostava dele, depois de hoje, quando ele havia sido tão prestativo e se preocupado tanto comigo, eu não poderia mais esconder meus sentimentos. 


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Notas finais do capítulo

E então amores, o que acharam?
Deixem seus reviews para eu saber como tá o andamento da fic. Deem suas sugestões, critiquem e falem o que quiserem, adoro tudo! Obrigada a todxs que leem!
Bjbj ♥

@marifics
ask.fm/pasaeltiempofic