Seu beijo era lento. Suas mãos passeavam por meu corpo enquanto me deixava levar. Nos encostamos na parede e por um momento ele parou e me olhou. Meu olhar expressava felicidade, mesmo sabendo que havia dito que não queria aquilo. Continuamos nos beijando por algum tempo.

- Devemos parar.

- Por quê?

- Bem, era pra Débora ter voltado.

- Deixa ela.

- É melhor parar.

- Cheguei! – Débora gritou chegando.

- Pensei que tinha fugido- Gu respondeu.

- Fugi não.

- Bem, já que me devolveram a bicicleta eu vou indo. Tchau- disse me dando um beijo na testa.

- Tchau.- retribui com um sorriso.

- Tchau Gustavo.

- Tchau Débora.

[...]

- Vocês ficaram?

- Sim.

- A consegui.

- Então você pegou a bicicleta de propósito?

- Foi uai.

- Trouxa.

- Quer que minha mãe te leve em casa?

- Não, vou ligar pro meu tio.

- Tá bom.

[...]

Tá, tudo bem. Minha mãe me deixa sair e tudo mais. Mas sinto que não é certo ficar com alguém escondido dela. Mas eu não vo contar. Sinto também que esse sentimento pelo Gustavo tá ficando sério. Eu já não consigo controlar. Tudo bem, eu falei que não iria acontecer nada demais, mas não to conseguindo controlar, como eu pensei. Ele parece gostar de mim. Mas eu sinto uma enorme raiva de mim mesma. Está acontecendo tudo de novo. E eu sei no que vai dar. Mas como mudar isso?

[...]

- Almoço estava bom né? – disse se deitando no meu colo.

- Estava sim. Estrogonofe é muito bom.

- Cafuné também... Adoro quando você faz. – eu sorri para ele.

Ficamos sem conversar por alguns minutos. Eu estava pensativa.

- No que tá pensando?

- Hã? Nada.

- Tá sim. Tá olhando pro nada e as vezes parece não querer imaginar algo.

- A... É tipo... Não queria fazer mais nada escondido sabe? Já namorei escondido. Não queria mais ficar escondido também.

- Olha, eu já te disse que não quero nada sério agora. Eu já quebrei a cara a pouco tempo. Entende? Mas se quiser me apresentar pra sua mãe assim mesmo pode.

- Não tudo bem. Só não quero mais fazer isso sabe...

- Bruna, a professora está te chamando?- Débora interrompeu nossa conversa.

- Tá. – disse me levantando.

[...]

- O que ela queria?

- Era sobre um trabalho. Nada de mais.

- Deixa eu te perguntar uma coisa. Tem uma festa da minha amiga esse fim de semana. Quer ir comigo?

- Bem, querer eu quero, mas tenho que falar com minha mãe.

- Tá. Será que até amanhã você me da uma resposta? Você pode dormir lá em casa.

- Claro.

Ao chegar perto de Gu, ele estava dormindo. Não consegui conter uma lágrima. Nunca o teria. De repente, ele acorda.

- Porque tá chorando?- disse se llevantando.

- To chorando não. Cocei meu olho.

- Sei... Vem, quero deitar no seu colo.

- Folgado nem um pouco né?

- Não.

- A Débora me chamou pra uma festa esse fim de semana.

- Você vai?

- Sim. É perto da casa dela.

- Eu poderia ir...

- Folgado nem um pouco né? É de uma amiga dela.

- A sim.

- Pelo menos vou ter o que fazer esse fim de semana.

- Menina a toa você... - rimos

- Nem um pouco querido.

[...]

Ao chegar em casa, entrei em meu facebook. De repente, algo inédito, que eu nunca imaginava aconteceu.

Marcelo diz:

Oii.

Bruna diz:

Oie. Bem?

Marcelo diz:

Eu to bem e vc?

Bruna diz:

Eu to bem tbm.

Marcelo diz:

Tem algo pra fazer esse fim de semana?

Bruna diz:

Tenho uma festa de aniversário pra ir.

Marcelo diz:

A eu tenho a festa de aniversário de uma amiga também. Mas eu querias ver se a gente podia sair pra tomar sorvete. Não to muito afim de ir nesse niver.

Bruna diz:

Hm... eu não posso desmarcar desculpe. E eu já vou indo aqui. Até mais

Marcelo diz:

Até.

Estranhei sua atitude, mas deixei quieto. Eu já não sentia mais nenhum rancor dele, mas suas palavras quanto a mim no dia que brigamos ainda me balançava, digamos assim.