Eu gritei tanto que a vizinha bateu na minha porta para ver o que tinha acontecido. Despistei ela com algumas coisas aleatórias e logo procurei algo para vestir, porque eu não iria conseguir pensar nua daquele jeito.

Parando agora para ver... Até que ela tem um corpo sarado...

Afastei esses pensamentos da minha mente e vesti qualquer coisa. Só tinha roupas masculinas, que droga! Mas sabem o pior de tudo? Aquela garota me seguindo onde quer que eu vá!

E ela ainda estava nua!

― Aconteceu alguma coisa linda? ― ela tentava me abraçar e eu rapidamente saia de perto dela. Eu estava com dor de cabeça daquela situação, e evitava olhá-la ao máximo, mas de vez em quando eu espiava seu corpo.

Para que tanto peito e bunda, meu Deus?

Esperei o sentimento de nojo que normalmente sinto pensando em duas mulheres transando, mas pensar que aquela idiota e essa garota linda fizeram alguma coisa noite passada, fiquei com um aperto no peito... 

Que estranho.

Ela ficou tentando falar comigo mas eu só a ignorava. Achei que seria melhor sair dali e fui direto em direção à porta. Só que ela me alcançou e me encostou na parede.

― Qual é o seu problema? ― a garota estava a tempo de chorar, e eu me senti mal por causa disso. Ela realmente parecia gostar da Rosalinda... E eu senti raiva por causa disso. Mas por quê...?

― Não tô me sentindo bem. ― tentei inventar alguma coisa, mas o pensamento de ferrar com a vida daquela lésbica idiota passou por minha mente. E eu realmente poderia ter feito isso, se...

Se ela não tivesse me beijado.

Abri os olhos e já não estava mais no corpo da outra, e sim no meu. Mas não era isso que fazia meu mundo dar voltas, e sim aquele beijo. Um beijo extremamente apaixonado. Aquela garota estava completamente apaixonada.

Mas o que aquela idiota tem de tão bom, afinal?

Me lembrei de como ela ficava quando estava com os amigos dela de outras salas. Ela ria que nem uma idiota, mas era um dos sorrisos mais lindos que eu já vira. 

De repente, meu rosto ficou muito vermelho.

Resolvi esquecer tudo aquilo e ir para a aula. Chegando lá, fiz as coisas habituais de sempre, encontrei as mesmas falsas de sempre e...

Quando entrei na sala, lá estava ela olhando pela janela.

Só de vê-la já tive uma sensação esquisita no estômago, por isso decidi a ignorar. O que estava acontecendo comigo...?

As aulas se passaram e eu não prestava mais atenção em nada. Só pensava em coisas que no final me faziam lembrar dela... Sacudi a a cabeça, realmente não estava bem!

Pedi para ir ao banheiro, e assim que cheguei lá, fiquei me olhando pelo espelho. Eu estava ficando doida. Só podia. Passei a mão em meu rosto, desejando estar em casa, quando uma mão tocou em meu ombro. Virei o rosto e quase morri do coração.

Rosalinda me olhava séria.

Recuei alguns passos, com medo. Mas medo de quê? Do que eu tinha medo quando olhava para ela? Ela veio em minha direção e eu fiquei aterrorizada. Mas meu maior erro foi não olhar onde estava indo e bater minhas costas na parede.

Ah, que bom. Eu estava encurralada.

Ela se aproximou de mim e colocou as mãos na parede bem acima do meu ombro, ficando com seu rosto a centímetros do meu. Fechei os olhos, sem saber para onde aquilo tudo ia. Mas ela não fez nada. Por fim, suspirou e saiu sem dizer uma única palavra.

Aquilo me deu ódio. Tanto ódio que eu fiz algo que nunca imaginara que iria fazer algum dia. Fui correndo até ela e virei seu rosto, a beijando.

Posso dizer que, naquela hora, eu estava sendo mais eu mesma do que nunca poderia ter sido. 

Até que nós trocamos de corpo de novo.