Uma Porta Para Outro Mundo escrita por BelovedCherry


Capítulo 4
A Voz Que Tudo Destrói...


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap acabadinho de fazer! Ainda está quentinho! Aproveitem!
Este cap não tem muito da história principal, é mais para tentar explicar um pouco do que se está a passar com a Mia-chan. (tadinha da kawai-nee-chan...)
Vejo vocês lá em baixo! o.~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390710/chapter/4

“- Não me vais poder ignorar para sempre… Em breve não vais aguentar mais…

Esta voz… esta voz magoa-me e deixa-me para baixo. Que voz estranha… tão aguda e irritante! Como se estivesse a tentar perfurar o meu corpo. Um sentimento tão maligno… sinto o meu coração apertar e desfazer-se só de ouvir isto.

Onde estou…? Escuridão… vazio… medo… solidão…

- Aproveita bem o teu tempo aqui…!

Sinto algo atingir o meu corpo e perfurar o meu peito juntamente com angústia. Frio… gelo… uma flecha de gelo que atravessa o meu corpo.

- Sentes a dor querida Mia…? Então acho bem que não me ignores! Será mil vezes pior…”

- AHHHHHHHHH!

Uma luz meio fraca aparece de repente do outro lado do quarto.

- Mia-san? O que aconteceu? – ouço a voz sonolenta de Carol-chan.

- Nada, nada! Foi só um pesadelo…

- Consegues voltar a dormir…? – pergunta Liza na cama ao meu lado.

- Não sei… que horas são?

- Hum… - Carol esfrega os olhos e pega no despertador meio a dormir – Faltam duas horas para nos levantarmos.

Suspiro pesadamente.

- Acho que serve… - murmuro – Carol-chan? Podes ficar no meu lugar? Tenho medo que a Gabi acorde – peço com um sorriso fraco.

A morena concorda e caminha até à cama onde estou sentada. Retiro com cuidado os pequenos braços que a loirinha mantinha em volta do meu braço direito e levanto-me dando lugar à Carol que logo volta a adormecer.

- Onde vais Mia-chan? – pergunta Liza sem se levantar da cama por estar a ser abraçada pela gémea que ainda dorme.

- Ainda não sei… mas a noite está tão linda! Talvez vá apanhar um pouco de ar…

- Queres que eu vá contigo?

Nego com um aceno de cabeça.

- Não é preciso. Podes voltar a dormir candy – digo com um sorriso meigo abrindo a porta do quarto.

Acho que me tinha esquecido deste nome! Desde que cheguei que as minhas preocupações me fizeram esquecer de como sou… Adoro nomear as pessoas de quem gosto muito com “candy”. Acho que desde cedo foi uma forma eficaz de ser carinhosa e possessiva ao mesmo tempo. Apenas chamo Candy a alguém quando essa pessoa merece, e no caso da Liza é óbvio que eu lhe chame assim! Somos amigas de infância afinal!

Saio do quarto um pouco perdida pela falta de luz mas felizmente este corredor tem várias janelas que iluminam tudo com a luz do luar. Paro em frente a uma das janelas (que são bem grandes aliás) e fico assim, a observar a lua grande e brilhante e as estrelas. É uma visão linda mas o meu bem estar não dura muito. Sinto um aperto no peito e puxo a camisa do pijama um pouco para baixo, o suficiente para ver que a marca da rosa voltou.

- Ai… -gemo colocando a mão sobre a marca – O que é que isto significa…?

“- Sentimentos…” uma voz sussurra na minha cabeça “- Os sentimentos das tuas amigas… estão a alimentar-se da tua energia dia… após dia…” é a mesma voz do sonho “- Querida Mia…” sinto um aperto mais forte no coração e encolho-me “- Não negues o teu destino… Todo o tempo que passarem aqui será retirado da tua vida…” os sussurros têm um tom ansioso, como ser quisesse que eu morresse logo “Sentes o medo…? A angústia…? O desespero…?” ajoelho-me no chão por conta da dor entanto aperto as mãos contra o peito e trinco os dentes com força “Apenas uma coisa te salvaria… ah! Mas eu não vou contar o que é!” a minha cabeça enche-se de risadas de desprezo altas que me magoam!

- Mia-chan! O que é que se passa?!

De imediato reconheço a voz que se aproxima, assim como os passos velozes na minha direção. Sinto umas mãos nos meus ombros e olho para o lado.

- Haru-chan… eu estou bem. Eu só- Ai! – tento levantar-me mas o aperto no peito não me deixa mover. – Talvez seja melhor eu ficar assim…

- O que é que tens Mia-chan? – pergunta preocupada.

- Já disse que não é nada importante… - murmuro casmurra olhando para o lado de cenho franzido.

Tento a todo o custo tapar a marca. Seria muito estranho se alguém descobrisse e me tentasse ajudar! Não quero preocupar ninguém… mas parece que mesmo assim ainda o faço inconscientemente…

Levanto-me devagar, tentando não mostrar fraquezas, e olho para a Haru-chan com um sorriso meigo no rosto.

- Eu estou bem Haru-chan! Hum… mas talvez precise de água… Vou à cozinha.

- Eu vou contigo!

Descemos a grande escadaria e começamos a procurar a cozinha. Levamos alguns minutos mas quase gritamos de susto quando entramos lá dentro.

- O que é que se passa aqui?! – pergunta Haruhi tentando recuperar do susto.

Parece que todo o Host Club (menos a Haru-chan, né?) se reuniu na cozinha. Estavam sentados em redor de uma mesa mais ao canto e com lanternas que iluminavam as suas caras como se tivéssemos entrado num filme de terror.

- Decidimos fazer uma reunião, não se nota? – pergunta Hikaru num tom sarcástico.

- E tinha que ser em plena madrugada…? – insisto e (como eu imaginava) desceu uma gota ao lado da minha cabeça.

- Só para os “personagens de anime”! – resmunga Tamaki-sempai dando enfase nas ultimas palavras com uma cara chateada.

- Ainda estás a pensar nisso…

Haruhi liga o interruptor da luz fazendo com que todo este espaço fosse iluminado com um clarão repentino. Por um mero descuido levei as mãos aos olhos para me tentar habituar à luz forte mas isso deixou a marca parcialmente visível. Voltei a descer as mãos num gesto rápido, tendo certeza de que todos estavam muito ocupados a conversar para reparar em mim mas sinto um arrepio e por entre a mini-confusão vejo um certo ruivo olhar-me desconfiado. Fiquei sem saber qual deles seria porque não demonstrou qualquer emoção… Será que está a pensar que isto é uma tatuagem?! Só espero que não…

- Mia-chan? Mia-chan!

Desperto dos meus pensamentos ao sentir alguém abanar os meus ombros.

- Sim, Haru-chan?

- Não ias beber água?

- Ah, sim! Acho que perdi a sede… vou dar uma volta…

Saio sem dizer mais nada, de olhar baixo, passo pesado e uma sensação estranha de que algo bom estaria para acontecer. Sinto os olhares confusos de todos sobre as minhas costas mas não me incomodo muito. Preciso de ar fresco, uma brisa leve, vento…! Algo que me distraia um pouco…

Ao sair da casa (é mais uma mansão, mas continuando…) dou uns passos na direção contrária a esta e sento-me no relvado bem cuidado e macio do jardim ficando a observar uns amores-perfeitos que estão num canteiro perto dos meus pés. Junto os joelhos ao peito, abraço as pernas com o braço esquerdo e com a mão livre toco as pétalas suaves e coloridas das flores perto de mim. A lua está grande e brilhante, pelo menos o suficiente para eu conseguir ver bem até uns metros à minha frente.

- Aconteceu tanta coisa… - murmuro com voz arrastada encostando o queixo aos meus joelhos. – Como será amanhã…? Quando voltaremos para casa…? Acho… que tenho medo… - digo cada vez mais baixo enterrando a cara nos dois braços.

Uma brisa fresca passa por mim baloiçando os meus cabelos. Deito-me na relva sem se quer me importar com o facto que a minha camisa se possa sujar e fico a olhar para o céu estrelado.

- O que é que me poderá salvar…? – digo pensativa.

- Salvar do quê?

Assusto-me com a voz bem perto de mim, tanto pelo tom irritado e curioso, como pela voz em si.

Sinto que alguém se senta ao meu lado e ao desviar o olhar confirmo as minhas suspeitas. Ruivo chato! Não podias deixar os problemas para mim mesma?! Agora vou ter que inventar uma desculpa ou contar a verdade! E não quero fazer nem uma coisa nem outra…

- Ainda não respondeste… - insiste.

- E-eu… - apoio-me nos cotovelos ficando sentada a encarrar os olhos dourados do garoto – Estou um pouco constipada! – finjo um espirro – Só isso mesmo.

- Eu podia fingir que acreditava mas é algo grave demais.

Arregalo os olhos surpreendida. “Será que ele já sabe?!” penso mexendo os pés de forma nervosa, olhando para estes apreensiva.

- O que é que tu sabes para dizer algo assim…? – resmungo como se ele estivesse a dizer algo que não faz sentido.

- Que acordaste de madrugada e ficaste caída no corredor com dores no peito, aí… - aponta para a marca que estava bem à vista – no mesmo sitio que essa tatuagem.

- A Haru-chan contou-te não foi…? – murmuro mais para mim do que para ele, com um sorriso de lado. De repente lembro-me de algo – Mas os outros também sabem?! – pergunto aflita.

- Não te preocupes… Eu vi essa tatuagem e perguntei à Haruhi se ela sabia de algo. Acho que pensou que eu saberia o que se estava a passar contigo – diz pensativo fazendo uma careta que não consigo distinguir.

Eu nada digo. Volto a encarar os meus pés que se tornaram imensamente interessantes neste momento. É como se todas as coisas que eu tivesse na cabeça quisessem sair para fora mas cada vez que abria a boca não saiu som nenhum… Acho que estou nervosa demais…

- E-eu… eu sonhei… com uma voz… - confesso relutante e o ruivo prende a sua atenção e olhar em mim – Era uma voz muito estranha e aguda! Dizia que eu não tinha salvação, que não a podia ignorar para sempre, que só havia uma coisa que me salvaria…! – olho para ele nervosa - Só de ouvir aquela voz eu quase perdia as forças! – volto a baixar o olhar até à minha mão direita - Acho que… algo importante aconteceu… quando atravessei o portal…

- E essa tatuagem? – volta a insistir arqueando uma sobrancelha.

- Não é uma tatuagem! – reclamo indignada – Nunca seria capaz de fazer algo assim. Isto… - olho para a marca e suspiro - …apareceu quando desmaiei ontem. Pelo que parece ela suga a minha energia a cada dia e principalmente se as minhas amigas passarem por emoções fortes.

A marca no meu peito tinha uma das pétalas da rosa a descair, como se bastasse um leve toque para que esta fosse a flutuar alguns poucos sentimentos até se evaporar como a outra.

O ruivo ao meu lado está a olhar-me preocupado, visivelmente preocupado. Cenho franzido, lábios retos, olhar sério… Poderia ser uma linda visão estar tão perto dele se não fosse pela situação confusa e angustiante que estou a passar.

- Isso é muito mau… - murmura o ruivo – Isso que dizer que tu… - ele faz uns gestos confusos com as mãos como se não me quisesse assustar com tais pensamentos.

- Se vou morrer? – pergunto da forma mais natural possível tentando parecer calma. Noto que ele se assusta um pouco com a minha frontalidade – Talvez… mas ainda tenho esperança de encontrar uma forma de atrasar ou parar o “relógio”.

- E sabes como vais fazer isso…?

Suspiro pesadamente e volto a abraçar os meus joelhos. Penso um pouco na pergunta e acabo por escolher a resposta mais óbvia.

- Não… - murmuro triste.

Passam-se uns segundos e sinto que ele se deve ter levantado. Olho para ele sem conseguir disfarçar o medo e ele encara-me triste. Respira fundo, espreguiça-se, baixa-se ao meu lado e coloca uma mão na minha cabeça afagando o meu cabelo, com um sorriso tímido no rosto. Fico levemente corada. Não me lembro de alguma vez terem feito algo assim por mim. Sou sempre a responsável, modelo a seguir, conselheira e boa ouvinte… costumo ser eu a tentar acalmar os outros…

- Vai ficar tudo bem… Irei ajudar no que puder – ele diz com um sorriso mínimo.

Sorrio também e fico mais corada, ao ponto do meu coração falhar uma batida e acelerar um pouco.

- Arigatô Hikaru-san – digo envergonhada.

Algo muito interessante aconteceu nesse momento mas só mais tarde vim a descobrir. O que será que aconteceu para a pétala murcha da marca voltar ao sitio bem viva? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do cap! ^^ Quem pensou que o ruivo era o Kaoru-san levanta a mão! o/ (foi uma decisão de última hora ^^')
O que acharam? Ruim? Bom? Mais ou menos? Mais para o mais ou mais para o menos? Comentem onegai *----*
Ah! Tive uma ideia de fazer mais temporadas assim que terminar esta fic. Cada uma vai ter uma menina do grupo como principal e animes diferentes. Qual vocês gostariam de ler? Gabi-chan, pequena e perigosa; Ana-san, rebelde e animada; Carol-chan, kawaii e barulhenta; Lena-chan, teimosa e confiante ou Liza-chan, amável e independente? Digam o que acham! ^^

Cherry kisses! ♥