POV Piper

Voltamos para a cozinha e Thalia ainda procurava a receita dos cupcakes.
– Thals! Ainda?
Ela levou um susto e riu, quando olhou pra nós com roupas de cozinheiras. Eu sorri, marota e estendi pra ela um avental e um elástico de cabelo. Ela revirou os olhos e se arrumou. Annie achou a receita dos cupcakes e eu peguei os ingredientes. Os coloquei sobre a bancada da cozinha e liguei as músicas do notebook.
Thalia desligou a música e balançou a cabeça. Eu olhei pra ela.
– O que foi, Thals?
– Vocês tem que ensaiar, Pips! Não é bom ouvir outras músicas antes de cantar, sabia?
Eu ri e comecei a cantar. Annie logo me acompanhou e Thalia só batucava na mesa, com duas colheres de pau, no ritmo da música.
Annie pegou uma colher de pau também e usou como microfone. Eu ri e imitei Annie. Cantávamos enquanto misturávamos os ingredientes e Thalia nos observava e batucava na mesa, divertida. Quando acabamos de cantar, palmas soaram na cozinha. Olhei para Thalia mas ela me olhou de volta, confusa. Minha mãe, Afrodite apareceu na cozinha batendo palmas.
– Que lindas, meninas!
Eu olhei pra Annie, que estava envergonhada. Eu olhei pra minha mãe e percebi que ela também olhou pra mim.
– Ah Piper, querida! Vocês vão arrasar amanhã.- Ela deu pulinhos de empolgação.
Thalia começou a rir silenciosamente. Ela se sacudiu tentando conter o riso. Annie ficou super vermelha e eu olhei para as duas meninas. Minha mãe sorriu e saiu da cozinha.
Assim que minha mãe saiu da cozinha, Thalia explodiu em gargalhadas.
– Olha a cara da Annie, Pips!- Ela aponta pra Annie, que parecia que queria se enfiar em um buraco no chão.
Eu olhei pra Annie e comecei a rir também. Annie, ainda vermelha, bateu no meu braço de leve e falou, tentando ficar brava:
– Parem de rir de mim, meninas!
Eu segurei o riso e olhei pra Thalia, que também segurava o riso. Lágrimas escorriam dos olhos azuis elétricos de Thalia. Ela não era muito boa em segurar o riso. Em questão de segundos, Thalia explodiu em gargalhadas de novo. E alguns segundos depois, só se ouviam risadas histéricas na cozinha. Paramos de rir e lágrimas escorriam nos rostos de todas nós. Rir até chorar e até a barriga doer. Proezas de melhores amigas, com certeza.
Annie limpou seu rosto, respirou fundo com as mãos na barriga e falou:
–"Não há nada como a respiração profunda depois de dar uma gargalhada. Nada no mundo se compara à barriga dolorida pelas razões certas. E essa era ótima."
Eu sorri e a abracei. Thalia se juntou a nós e ficamos abraçadas, até um barulho soar na cozinha.
– Ai socorro!- Eu soltei as garotas e corri para o forno.- Os cupcakes!
As meninas correram pra me ajudar e nós tiramos a bandeja do forno. Colocamos a bandeja na bancada e suspiramos aliviadas. E então nos entreolhamos e começamos a rir novamente. Annabeth reclamou, ainda rindo.
– Minha barriga já está doendo de novo.
Thalia confirmou com a cabeça, como se dissesse "A minha também" mas nenhuma de nós conseguia parar de rir.
Minha mãe apareceu de novo na porta da cozinha e nós paramos de rir.
– Meninas, a farra deve estar boa, mas amanhã vocês tem aula.
Annie me olhou, nervosa. Minha mãe percebeu e disse:
– Não se preocupem. Vocês vão arrasar amanhã. Eu já vou me deitar. Acabem os cupcakes e subam, está bem?
Assentimos e fomos decorar os cupcakes.
Quando acabamos, colocamos os bolinhos na geladeira e fomos para o meu quarto.
Annie tomou banho primeiro, Thals em segundo e eu em último. Não demoramos e fomos para nossas respectivas camas. Annie pegou um livro para ler e eu acendi o abajur para ela. Thalia se levantou e observou o meu quarto. Havia muitas fotos coladas na parede. Muitas de Jay, outras de Leo, meu melhor amigo e dos meus amigos da Califórnia. Ela apontou para uma foto onde eu aparecia beijando a bochecha de Leo.
– Quem é, Pips?
Eu olhei para a foto, sentindo uma onda de emoções e lembranças.
– Meu melhor amigo, Leo. Ele se mudou da Califórnia e eu nunca mais o vi. Conversamos um pouco pela internet, mas somente de vez em quando. Eu sinto falta dele. Da ultima vez que eu conversei com Leo, ele me disse que estava apaixonado por uma garota chamada Reyna.- Eu sorri.- Ele mora aqui em NY mas ainda não tive a oportunidade de vê-lo.
Thalia olhou para mim e sorriu.
– Me conte como era a Califórnia, Pips?
Eu sorri.
– Claro. Eu adorava aquele lugar. As praias encantadoras que tem lá... Sempre depois das aulas na minha escola, uma turma de alunos ia pra lá. Eu quase sempre ia com os meus amigos. Praticamente todos os dias.- Me levantei e fui apontando para algumas fotos.- Aquele é o Will. Aquela é a Silena e o Charles. Eles são namorados desde os treze anos. Aquele é o Lee. Aqueles são Leo, Grover e Júniper. Grover e Júniper eram obcecados com a proteção ambiental. São namorados também. Leo era o meu companheiro de velas.- Eu ri.- Um dia, ele tentou cantar uma garota chamada Quione. Ela deu uma tirada tão bem dada em Leo que eu até senti frio.- Ri novamente.- Will e Lee ficavam com várias garotas todos os dias por isso nunca ficavam sobrando. Eu sinto saudades deles. As minhas únicas amigas eram Silena e Júniper, mas as vezes eu ficava meio que boiando porque as duas namoravam com alguém e eu não.
Thalia sorriu.
– E com quem foi o seu primeiro beijo, Pips?
Eu ri.
– Nossa, Thals. Você é sempre tão direta assim?
Ela gargalhou e até Annie, que estava concentrada na leitura do seu livro, soltou uma risadinha.
– Geralmente sim.
Eu sorri.
– Foi com o Leo. Até hoje, eu só beijei três garotos na vida eu acho. Leo, aos treze. Ficamos várias vezes até eu completar quatorze, mas percebemos que éramos só amigos mesmo. Will, aos quinze. Uma vez. Ele estava bêbado e me beijou. E Jay, aos dezessete.- Corei quando falei de Jay e olhei para as fotos na parede. Quando o rubor desapareceu do meu rosto, me virei para Thalia.
– E você? Com quem foi seu primeiro?
Ela corou.
– Com Luke. Eu tinha treze e ele quatorze.
Annabeth fechou o livro bruscamente e olhou pra Thalia com os olhos arregalados.
– Eu sabia!
Thalia olhou para Annie, confusa.
– Sabia o quê, Annie?
Annie respirou fundo e começou a falar.
– Quando eu tinha treze anos, Luke me contou que estava apaixonado por uma menina.- Thalia corou.- Quando ele me contou que ele tinha tido o seu primeiro beijo com essa garota, eu perguntei pra ele como ela era. Ou nesse caso como você era.- Ela arqueou as sobrancelhas, olhando para Thalia.- Ele disse que ela era perfeita, com os olhos mais bonitos que ele já tinha visto e com os cabelos pretos, lisos. Quando as aulas voltaram e ele me apresentou a Dare como a garota pela qual ele estava apaixonado, eu sabia que tinha alguma coisa errada. Ele não gosta da Rachel, Thals. Ele gosta de você. Mas esta com a Dare por algum motivo, que eu não descobri o que é ainda.
Thals olhou pra Annie com os olhos arregalados.
– Você acha isso mesmo, Annie?
Annie olhou pra mim e depois pra Thals.
– Eu tenho certeza, Thals.
Thalia sorriu e corou até a raiz dos cabelos. Annie olhou pra mim e sorriu, marota. Estávamos pensando a mesma coisa. Começamos a cantar, batendo palmas:
– A Thalia tá apaixonada, a Thalia tá apaixonada...
Thals começou a rir e nós sorrimos. Então eu me virei para Annie e perguntei:
– E você, Srta. Annie? Com quem foi seu primeiro beijo?
Annie corou fortemente e falou baixinho:
– Eu ainda não tive meu primeiro...
Thals fez uma carinha fofa.
– Awwwn que meiga! Olha Pips, a nossa Annie ainda é nossa bonequinha.
Eu ri. Thalia era um desastre em coisas fofas. Annie pensou o mesmo que eu porque ela riu e falou:
– Isso já foi longe demais, Thals.
Nós rimos e resolvemos ir nos deitar.

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Continua...