Blow Mind escrita por Killer Q


Capítulo 7
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Passos rápidos.

Ruídos que representam na maioria das vezes a ansiedade. É por vezes algo que pode ser sentido de ambos os lados, a ansiedade de quem deseja chegar a um lugar, e a ansiedade de quem espera a chegada desses passos.

Esse alguém era eu nesse exato momento. Esperando por passos que pareciam demorar uma eternidade até chegar ao seu destino.

Ruídos que podia ouvir claramente vindo do corredor, apesar de não conseguir olhar para mais nenhum lado, a não ser para frente, para um rosto frio, com emoções explicitamente perturbadas.

E talvez tão estressante quanto uma caneta apontada diretamente para o seu rosto, é passar por uma situação dessas, onde você não percebe o pânico ao redor, apenas o seu.

Além é claro de não esperar uma risada tão constante vindo da pessoa a te atacar.

De fato era algo aterrorizante.

Consegui livrar minhas pernas, o que pareceu em vão, já que o corpo de Luci não estava mais no chão e consegui apenas dar chutes no ar. Deslizei-me, mas o máximo que consegui fazer foi chutar a mesinha, fazendo com que alguns panfletos e canetas caíssem.

Foi nesse momento em que as coisas aconteceram ao mesmo tempo.

Alguém repentinamente puxara Luci com toda a força para trás. E foi graças a esse puxão, que a caneta estava agora cravada no estofado do sofá e não onde ela estava direcionada a ir.

Luci fora arrancada tão bruscamente de cima de mim por alguém, que agora ambos estavam no chão.

Levantei-me tombando um pouco para o lado esquerdo, apoiando a mão no local que ela havia cravado as unhas –podia sentir as marcas por baixo da camisa- Distanciei-me de onde estavam e logo pude ver.

Era Ryan, e estava ali, contendo Luci o mais forte que podia.

Já ouvira falar que nessas situações, uma pessoa quando está completamente fora de si tende a dobrar sua força, sem qualquer dificuldade. Com certeza isso explicaria sua força para tentar se safar.

Mas ele havia conseguido contê-la. Ryan era forte e apesar da força para tentar se soltar, Luci estava completamente imobilizada.

Jeremih e Cassie passaram por mim acelerados. Cassie segurava uma seringa enquanto Jerimih ajudava Ryan.

Instantes depois dois seguranças chegaram – o que teria me deixado ainda mais irritada, por não terem chegado a tempo- Mas estava tão extasiada com o que tinha acontecido que naquele momento só queria sair dali de dentro.

Virei-me e esbarrei no garoto que havia corrido quando Luci começara tudo. Ele estava bem atrás de mim e não olhava para onde todos estavam e sim para mim.

Não esperei por algum comentário, sai o mais rápido que pude, como se estivesse ficando sem ar.

Cruzei a porta que dava para o jardim das fontes e me sentei em um dos primeiros degraus da escada. Uma brisa leve e quente rodeava aquele lugar e talvez me fizesse sentir melhor.

O dia estava muito bonito e era estranho perceber isso só agora. O barulho das fontes era de fato relaxante, mas ainda não podia deixar de ouvir as risadas histéricas de Luci na minha cabeça.

Com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, fechei os olhos na tentativa de me concentrar apenas no barulho da água e o caminho que ela seguia.

Por alguns instantes consegui. Minha respiração apesar de falha tentava se manter num ritmo normal.

Como um lugar com tão perfeita paz externa, poderia ser ao mesmo tempo um lar de conflitos internos tão extremos?

Ouvi o barulho da porta se fechando novamente, mas continuei onde estava e com os olhos fechados.

Pude ouvir os passos de alguém se aproximando, até que parassem. Senti alguém próximo a mim.

Abri os olhos e lá estava ele. O azul que já era profundo se tornou espelhado diante da luz que batia sobre seu rosto.

Ryan se sentou ao meu lado.

Seu sorriso discreto tinha o efeito de fazer qualquer um que o olhasse, parar por alguns segundos sem dizer uma palavra.

Vi seu olhar se erguendo e então percebi que ele perguntava alguma coisa.

Balancei a cabeça ainda dispersa.

–Tem certeza que está tudo bem? –ele perguntou.

Não era todo dia que era ameaçada de ter a jugular perfurada, mas assenti.

Percebi que havia alguns arranhões em seu braço, como marca de unhas.

–Sinto muito que você tenha se ferido –disse observando os arranhões.

–Oh... Isso? – observou-os com certo desprezo –Eu vou sobreviver...

Voltou o corpo para frente.

–Eu queria poder dizer que isso nunca acontece... Mas Luci... –ele pausou procurando algo sutil para dizer -Ela sempre foi assim...

– Louca? –sussurrei desviando o olhar.

Logo me lembrei do lugar em que eu estava E apesar de ter sido um pensamento alto, não podia simplesmente jogar isso no ar.

Virei o rosto na direção dele, me arrependendo completamente de minha resposta.

Ele riu, mas continuou com a cabeça voltada para frente.

–É. “louca”... – repetiu, mas ainda parecia ponderar sobre a resposta.

–Enquanto ela? Vai ficar bem?

–Vão cuidar dela. Por sorte Aaron veio correndo e nos chamou a tempo.

–Um dos enfermeiros? –perguntei imaginando qual deles seria.

–Não, o garoto de casaco verde na sala, provavelmente estava com um gameboy na hora em tudo aconteceu.

–Aquele garotinho?! –perguntei surpresa.

–Sim, hoje um homem da ala dois recebeu alta, por isso Cassie e Jeremih tinham que dar os últimos checapes. Aaron sabia que eles não chegariam a tempo... Estava indo em direção ao hall quando ele me chamou aos gritos dizendo que você “estava em perigo”.

–Que... Eu estava em perigo?

Senti-me mal ao duvidar do garoto. Pensei que ele havia corrido de medo, quando na verdade saiu em busca de ajuda.

–Sim. Foi exatamente assim que ele me chamou... “Ryan, Ryan! Corre, é a Ellie! A Ellie está em perigo! ’’ –disse imitando a voz fina de Aaron.

– Er... Ele realmente sabe meu nome?

–Ele deve ter te visto na semana passada e perguntado por você.

–E por que ele faria isso?

Ele pausou após a minha pergunta e balançou a cabeça. Como se a resposta fosse a mais simples de todas.

–Não é todo dia que uma garota como você aparece por aqui...

Não perguntei o que ele queria dizer com isso, mas minha expressão pedia por resposta melhor.

Ele apenas sorriu e mudou de assunto. Mas dessa vez virou o rosto na minha direção.

–Eu realmente não queria que tivesse começado dessa forma...

–Não foi sua culpa.

–Tem certeza que não quer ir pra casa descansar?

Naquele momento ir para casa era a minha última opção. Preferiria qualquer lugar a ficar lá. Mesmo nesse tipo de situação.

– Não! Já disse que estou melhor. –disse de forma rápida embora ríspida.

–Tudo bem, tudo bem. –suspirou- De qualquer forma Cassie quer te ver, se pudermos ir até a enfermaria...

– Claro.

Ficou de pé e estendeu a mão me ajudando a levantar.

–Oh, Ryan?

–Sim? –ele se virou segurando a porta.

–Obrigada.

Talvez apenas “obrigada” soasse de forma mal agradecida a alguém que tivesse acabado de me salvar. Mas naquele instante foi algo mais do que natural.

Ryan sorriu discretamente como de costume e assentiu.

–Ellie! –Cassie me puxara pelo braço antes mesmo que entrasse na enfermaria.-Oh meu Deus! Ellie eu sinto muito!

Cassie era tão cativante e sua preocupação com os outros era tamanha, que fazia a todos se sentirem como se fossem parte de algo.

–Vamos! Sente aqui agora! –continuou.

Antes mesmo que eu tivesse alguma reação, me puxou novamente me fazendo sentar em uma das camas, desajeitando o lençol de impecável brancura e alinhamento.

Primeiro começou a procurar sinais de possíveis hematomas e cortes de forma rápida, como uma mãe faz com seu filho que volta para casa após uma queda de bicicleta.

Segurava firme meu rosto virando-o para os lados repetidas vezes. Levantou meu cabelo e olhava por todo o pescoço.

–Ca-Cassie –virava meu rosto para a esquerda –Espera um pouc... –novamente para a direita.

Segurou meus ombros me inclinando para o lado.

–Cassie! –Falei alto segurando suas mãos e virando para frente –Calma...olhei fundo em seus olhos escuros.

–Você foi atacada. É meu dever conferir se está tudo ok!-disse ainda agitada.

–E está –falei em voz baixa, mostrando que era verdade. -Está tudo bem, eu estou bem.

Tem certeza?

–Sim... Tenho.-sorri mais uma vez, abaixando suas mãos suavemente.

–Está bem, está bem, mas quero que me avise se sentir alguma coisa.

Assenti e logo saltei da cama ajeitando a camiseta.

Esbarrei propositalmente no ombro de Ryan, que estava encostado no batente da porta, quando percebi que seu sorriso tendia para um riso ao ver toda a cena de Cassie.

Fomos para o andar superior onde ficava a biblioteca.

O ambiente era extremamente conservador. Suas estantes repletas de livros literários e enciclopédias com lombadas escritas em douradas eram predominantes.

Mesas compridas em mogno lustrado e poltronas de couro ao redor realçavam a beleza da biblioteca.

O som que ecoava a cada passo dava sinais de que a visita de pacientes ou de qualquer um, não era frequente.

Fomos ao final da mesa, onde havia alguns livros de química e outros de física.

Sentei e virei um deles para ver a capa.

–Uau, “Física quântica “ pra uma sexta à noite?

–Só estava dando uma olhada à tarde.

–Hm... “M.S.U ‘’ ? É uma ótima faculdade... –comentei ao ver o escrito na parte superior dos livros.-São...Seus?

–Sim, são da minha turma do ano passado... –respondeu recolhendo os que estavam ao centro.

–Sua turma?! Que demais!

Ele continuou a pegar cada livro e a devolvê-lo na estante, sem dizer nada.

– Não vejo a hora de estar na minha. Talvez não para estudar... física. –disse enquanto folheava as páginas observando todas as fórmulas e explicações. Há quanto tempo estuda lá?

Guardou rápido todos os livros até que sobrasse apenas o que estava em minhas mãos.

Ele inspirou.

–Estudava... -disse numa voz seca.

–Estudava?

Parou ao meu lado. Quando percebi que estava esperando que terminasse de folhear, parei no mesmo instante e o fechei.

Com um olhar sério esboçou um pequeno sorriso agradecido e logo pegou o livro da minha frente.

Achei melhor não fazer mais perguntas sobre aquilo quando percebi sua mudança repentina de humor.

Quando voltou, sentou-se na cadeira ao lado, um pouco mais próximo à ponta da mesa.

–E...Então? –perguntou, esperando por alguma coisa.

–Hm? –esbocei distraída.

–O questionário... –completou num tom ainda baixo. -Não foi para isso que subimos?

Andava tão distraída nesses últimos dias, que quase me esquecia do trabalho na íntegra.

–Oh! Os papéis, claro...

Coloquei a bolsa sobre a mesa e comecei a procurá-los.

–Aqui está. -virei os três papéis de frente para ele. -Esses dois são apenas perguntas sobre você. O outro é só um pedido de assinatura do entrevistado.

–Ok.

Pegou uma caneta do pote da mesa e começou a ler as perguntas.

Ficou em silêncio.

Seu olhar era sério e concentrado. Comecei a imaginá-lo na faculdade, e como devia ter feito sucesso com todos lá.

Depois de alguns instantes, ainda com o rosto inclinado para a folha, mudou seu olhar para a mesa e então o fixou para mim, erguendo a sobrancelha.

Percebi que os sons que meus dedos faziam tamborilando sob a mesa já haviam perturbado-o o suficiente.

Pousei as mãos sobre as pernas.

–Posso? –perguntei apontando para uma das estantes.

Assentiu e logo voltou a inclinar o olhar para a folha.

Levantei-me fazendo o mínimo de barulhos possíveis, embora o som da cadeira se movimentando tenha ecoado pelo lugar.

A princípio, uma das perguntas que não saia da minha cabeça era “o que esse cara tinha afinal?”.

Folheando –sem qualquer interesse- os livros do alto da estante e ponderando sobre a minha escolha, o mesmo receio que tive quando entrei pela primeira vez em Claymoore apareceu novamente.

O mais estranho é saber que não eram pelas coisas que haviam acontecido -não que Luci não tenha me causado espanto. –mas era ele.

Ryan era um mistério para mim, e era essa questão de não saber o motivo que o levou a estar aqui que mais me intrigava.

Desde o momento em que cheguei, pude ter o contado, literalmente, com pessoas realmente perturbadas. E não me refiro apenas a Luci. Todos que estavam sentados ao meu redor, demonstravam características que não eram de pessoas “normais”. Mas ele era diferente, eu não sabia o que pensar quando olhava para ele.

Chegava a ser frustrante e até causar certo receio estar perto de alguém aparentemente tão normal e saber que está preso nesse lugar.

Já havia chegado até metade da biblioteca. –até ter a percepção de quão grande realmente era.- então decidi voltar, mesmo tendo levantado por poucos minutos. Tentaria me controlar estando ali sentada.

Logo que cheguei, ele já não estava mais preenchendo papel algum. Estava concentrado em um livro de capa azul, não consegui ler o que estava escrito.

–Então... Deu uma pausa? –perguntei estranhando o porquê ele teria parado.

Ryan olhou por cima do livro.

–Estão aqui. –tirou os de cima da cadeira e os estendeu na minha frente.

Não entendi por que ele estava me entregando, sendo que não havia saído por mais de cinco minutos. Peguei das mãos dele os três papéis enquanto ele voltava a ler o tal livro. Analisando as questões, vi que todas já estavam preenchidas.

– Conseguiu preencher tão rápido? –comentei surpresa.

–Acha que inventei as repostas? – perguntou em tom seco, ainda concentrado ao livro.

–Não, eu não... –pausei pensando deixar o assunto de lado.

Sentei-me ainda vendo algumas informações do questionário.

–Não é atleta de futebol americano? –sussurrei lembrando-me de como havia saltado contra Luci mais cedo.

– O que? –Ryan perguntou guardando o livro.

–Nada...

–Bem, já tem tudo que precisa?

–Sim, tenho sim.

Saímos da biblioteca.

–E então quais são seus planos? –perguntou enquanto seguíamos o corredor.

–Na verdade, a partir de agora tenho que começar a minha parte escrita. Tenho que ver como é seu dia, fazer algumas perguntas...

–Hm, “ver como é meu dia”?

Ele riu.

–O que? –perguntei sem entender o motivo da risada.

– É só que... –ele pausou intrigado - Como seus pais deixaram uma garotinha como você visitar um lugar como esse?

–De novo essa história?! – disse voz alta com certa impaciência.

–Do que você tá falando? –perguntou confuso.

Talvez por que não sentisse o menor interesse em falar de Henry ou Sally, ou talvez porque seu jeito sarcástico e arrogante superasse o meu, mas aquilo tinha me deixado irritada.

–Primeiro que eu não sou nenhuma garotinha... –imitei seu jeito calmo e sarcástico. - Segundo que meus “pais”... –interrompi o que ia dizer.

–O que tem seus pais? –perguntou com certa curiosidade.

–Esquece...

Acelerei o passo sem me importar se ele acompanhava ou não.

–Hey! –ele me parou com a mão sobre meu ombro. Continuei sem me virar.

–O que? –perguntei em tom seco.

–É o seu primeiro dia me visitando e não me aguenta mais? –perguntou sorrindo.

Virei o rosto em sua direção.

Não é frustrante quando se está irritada com alguém e esse alguém tenta te fazer sorrir?

Esforcei-me para não sorrir. Desviei o olhar para que isso não acontecesse.

–Eu disse que era chato e você aceitou. –ele sussurrou.

–E você realmente é...

–E você devia ter me avisado o quanto era teimosa! –disse em voz alta quando continuei a andar.

Assim que cruzei o corredor, uma garotinha que vinha correndo esbarrou com toda a força em mim.

–Wow! –apoiei minha mão em sua cabeça.

Tinha estatura baixa, batia um pouco mais acima da minha cintura. Passei a mão em seus cabelos de um ruivo extremamente alaranjado.

Ela olhava fixamente para mim com a cabeça para cima.

Sua pele era recoberta por sardas e quase camuflavam suas bochechas rosadas.

–Oi. – disse sorrindo.

Ela continuou olhando fixamente para mim, sem dizer nada, até que finalmente esboçou um sorriso aberto, deixando suas “janelinhas” a mostra.

–Não vai responder? –perguntou Ryan à menina.

Seu olhar fixo pareceu se quebrar com a voz de Ryan. Tanto que passou correndo por mim e se atirou contra ele.

Ele a girou envolto no abraço.

–Ryan! Você devia ter ido! Foi demais! –disse quando ele a colocou no chão.

– Foi mesmo?! Você vai me contar depois.

–Fechado!

–A propósito Ashley, Meg sabe que está perambulando aqui pelo terceiro andar?! –imitou uma voz séria, mas que para ela soou como uma bronca.

–Ah... Aquela bruxa! Você tem sorte da Cassie ser a enfermeira dos adultos...

–Aham, mas não quero saber. Sabe muito bem que não pode subir aqui sem permissão.

Ela assentiu.

–E você ainda não disse “oi” pra moça aqui. - disse Ryan apontando para mim.

–Oi... –sussurrou numa voz tímida.

De repente puxou a camiseta de Ryan até que ele se abaixasse e ficasse a sua altura.

Colocou a mão sobre a boca enquanto dizia algo ao pé do ouvido dele.

Ashley me olhava a cada palavra sussurrada.

–Hm,não ela não é... –respondeu rindo voltando a sua postura.

Ela balançou a cabeça discordando.

–Não, não é. Agora vai! –disse enquanto dava tapinhas nas costas dela para que fosse embora.

Ashley correu novamente.

Quando o corredor ficou finalmente sem o eco dos passos dela, ele se aproximou para que continuássemos o trajeto.

–Então... Algum problema? –perguntei me referindo a Ashley.

Ele sorriu.

–Não, não era nada.

–Tem certeza?

Continuou andando.

–Ellie... Esquece. Coisa de criança. – sorriu sem dizer mais nada.

Faltava pouco tempo para às seis da tarde. –o horário em que eu deveria partir, segundo a ficha do hospital.

Ryan contava sobre o horário ‘’livre ‘’ que tinha antes do inicio das atividades. E esse era um deles.

Subimos mais um lance de escadas largas e então paramos em frente à sala de música, onde um homem alto, usando um suéter marrom e uma touca vermelha, tirava algumas coisas da mochila no fundo na sala.

–Mr °Zorichy ?-Ryan sussurrou dando suaves batidas na porta.

–Ryan! Entre. – disse em uma voz rouca.

Aproximamos-nos até chegar ao final da sala. Zorichy se recompôs. –sua postura ainda sim era um tanto curvada- Chegou perto de Ryan e pousou sua mão sobre o ombro dele.

–Diga que vai participar, pelo menos essa semana ... - disse em tom baixo, como um pedido.

Ryan inspirou, mas não disse nada. Afastou-se levemente.

–Bem... –limpou a garganta- Essa é Ellie McKibben.

–Oh, olá mocinha. – inclinou a mão para frente. –Como vai?

Apertei sua mão.

–Vou bem... e o senhor?

– Vou bem, vou bem! –observei que ele ainda balançava nossas mãos no ar com certa rapidez. Até que ele percebeu.

–Cafeína. –disse rápido soltando minha mão.

–O que veio fazer por aqui? Passear? –perguntou a mim, retirando touca da cabeça, seu cabelo era extramente fino, loiro e calvo no centro. Tinha aparência irlandesa.

A-h, não... Na verdade eu só estou fazendo um trab...

Zorichy –Cassie interrompeu ao abrir a porta. –Eles já estão prontos...

Ele assentiu e seguiu posicionando as cadeiras em circulo ao centro da sala.

–Desculpem, hoje é a ala dois, e você sabe ... –disse franzindo o cenho.

Ryan confirmou num breve sorriso, sabendo o que Zorichy enfrentaria em instantes.

–Vamos Ellie. –pousou a mão sobre meu ombro.

Assim que cruzamos a porta, um grupo de pessoas adultas esperava a confirmação da enfermeira para que pudessem entrar. Havia certo murmurinho entre alguns deles e olhares cravados em nós quando passamos.

–A ala dois sempre foi a mais difícil de lidar... –disse enquanto descíamos as escadas.

–Não pareciam muito... agitados –agora ponderava mais na escolhas das palavras, embora nunca expressassem o mesmo significado- Que tipo de pessoas ficam nessa ala?

–Os tipos de pessoas como a Luci –desabafou.

–Oh... Entendi. –o rosto de Luci veio em minha mente, e causou-me certo calafrio.


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