Tinha mais dois caras no banheiro. Eles eram magros e altos. Pareciam meninos normais, mas eu sei que não eram.

Um cara me arrastou tampando minha boca. Ele fez um sinal para o outro abrir a porta que dava para sala. Pensei em gritar, mas a ele ainda segurava a faca. O terceiro garoto abriu a porta. Lá estava Brant, agora olhando para mim com olhos arregalados.

- Como? - ele perguntou.

- O boato de que você está ajudando essa garota já se espalhou  - Disse o segundo garoto olhando com cara de nojo para mim - pelo menos para os anjos caídos.

Dava para ver de longe o terror na cara de Brant.

- Agora me diga - disse o garoto que estava tampando minha boca - Nós matamos ela primeiro e depois arrancamos suas asas ou ao contrario?

- Não encoste nela!

- Acho que vai ver mais engraçado matar ela primeiro - ele disse e os outros dois riram

Brant soltou um gritou de raiva e pegou fogo. Não to brincando, ele literalmente pegou fogo. Surgiram asas pretas na suas costas. Seus olhos se tornaram escuros e sombrios. 

Era realmente assustador! Não é atoa que os anjos tentaram sair correndo. Tentaram. Eles pegaram fogo enquanto estavam correndo, se transformando em cinzas.

Brant parou de pegar fogo e seus olhos voltaram ao normal, mas as asas continuaram ali. Corri até ele e o abracei.

Ao fazer isso senti minhas mãos molhadas. Olhei para elas, estavam vermelhas. Sangue.

Brant saio correndo e se trancou no banheiro. Corri atrás dele

- Abre essa porta!

- Não quero quero que me veja assim!

- Eu só quero ajudar!

Ele abriu a porta com seus olhos escuros.

- Você não pode mudar quem eu sou!

Ele virou de costas e vi gigantes cicatrizes onde antes havia asas. Tampei a minha boca segurando um gritinho.

Me aproximei. Não desviei o olhar do seu. Pude ver eles virando azuis.

- Dói?

Ele abaixou a cabeça

- Um pouco.

- Vamos para o hospital!

Ele riu. Estava tão perto que senti cheiro de avelã com chocolate saindo da sua boca.

- Amanhã já se cicatriza. Uma vantagem de ser um anjo da morte.

- Pode matar qualquer anjo?

- Menos outros da morte e Arcanjos.

Assenti.

sentei no seu colo.

- Estou com medo.

Ele me abraçou.

- Dormi comigo hoje? - perguntei

Ele riu e me carregou até a cama deitamos abraçados. Demorei um pouco para dormir.

A ultima coisa que lembro é Brant sussurrando no meu ouvido "durma com os anjos".

Na manhã seguinte  acordamos cedo e "compramos" uma mala, blusas e calças do hotel.

Tomei banho e troquei de roupa colocando por uma do hotel.

Peguei um café reforçado, não havia jantado ontem e estava morrendo de fome. Acho melhor não usar a palavra morrendo hoje.

Encontrei Brant sentado em uma mesa.

- Não vai comer?

- Eu não como.

Assenti.

- Qual é o próximo passo passo.

- Hoje vão descobrir que você não morreu. Aqueles anjos caídos deviam ter nos seguido, mas não acho que contaram para alguém. Mas depois de hoje... Não vou deixar encostarem em você! Entendeu!

- Entendi

- Ok. Nós vamos visitar um amigo meu.

- Humano?

Ele olhou para mim arregalando uma sobrancelha.

- Arcanjo - respondeu

- Porque vamos visitar ele?

- Talvez algum anjo da morte já tenha salvado uma humana. Quero saber a história, o que fizeram e se conseguiram fugir ou...

Ele não completou, mas eu entendi.

Terminei de comer.

Nós continuamos conversando um pouco.

Pegamos o carro e voltamos para a estrada. Olhei para o relógio. faltavam duas horas para minha morte.