A aposta. escrita por Holden


Capítulo 23
O Baile dos desastres.- (Fim Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Quem merece pedrada? EEEEEEUUU
Quem merece ter a cabeça fixada no ventilador? EEEEEEEUUU
Quem demorou até as barbas das unhas (?) caírem? EEEEEEEEUUUU

Perdão! Gente, é sério. Eu não conseguia escrever de jeito nenhum esse capítulo! Foi muito difícil e não deve ter ficado tão bom :c

Quero agradecer a Vic pela recomendação diva/maravilhosa/linda/eu já disse diva?/ Excitante (?) MMUUUUITO Obrigada linda *uuu* Tô feliz por demais *OOO*

Mais uma coisa: Próximo capítulo é o último (já podem me matar) e muitas leitoras estão exigindo pontos de vista do Jeremy. Então irei fechar com chave de ouro pelo nosso totoso *//*

Ok, tá ficando maior que o capítulo. Boa leitura! Não me abandonem :c



Deixem reviews.



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- Um baile?- assustei-me ainda empurrando o carrinho de supermercado.- Você ficou louco Jeremy?

- Qual é Jane, todos da escola estavam se programando há meses!- discursou.- Aliás, eu já havia prometido minha presença.

- Oras, então vá sozinho.- respondi jogando cinco barras de chocolate de uma vez só no carrinho.- Sabe que eu odeio aqueles idiotas.- rosnei andando mais depressa ainda.

- Cara, é só uma noite de sábado, larga de ser birrenta.- insultou-me tirando três barras de dentro do “automóvel”- Sabia que isso é uma cascata de carboidratos?

- Que droga, você está parecendo a Leni.- ri tomando de suas mãos.- E pare com esse discurso todo, não quero que me envergonhe dentro de um supermercado!

- Eu?- fingiu uma voz fina e abanou as mãos (como um travesti.)

  Mais gay não poderia ter sido. Uma mãe que passava ao lado com um carrinho de bebê... E o bebê dentro (hur dur.) Olhou para nossa direção e fez uma careta, meneando a cabeça negativamente. O monstrinho que estava lá dentro chacoalhou o chacoalho (tente dizer isso rápido) e riu.

- Viu o que você fez?- sussurrei assim que vi a moça se afastando e o empurrei com o ombro.

- Pare com isso. Sabia que homofobia é crime?

  Revirei os olhos e joguei mais alguns salgadinhos e doces dentro do carrinho, indo em direção do caixa logo em seguida. Pra falar verdade, eu nem sei por que Jeremy quis me acompanhar nas compras, em uma segunda-feira à tarde, aliás. Tem coisa mais tediosa que isso?

- Ficou em 40 dólares.- a moça afirmou enquanto mascava um chiclete semelhante a uma vaca.- Mais alguma coisa?

- Não, obrigada.- respondi rapidamente virando-me para o garoto que estava com as mãos no bolso.- Preciso de 40 dólares.

  Ele quase se engasgou no momento seguinte, fazendo com que as pessoas da fila prestassem atenção em nós.

- Você ficou louca?- murmurou próximo a mim.- Por que eu tenho que pagar por suas compras?

- Porque você é rico e está me amolando.- provoquei-o com um sorriso diabólico nos lábios.

- Eu não sou rico, meus pais é que são.- indagou por fim.- Há uma diferença enorme, acredite.

- Larga de ser mão de vaca, cara- um homem com uma velinha ao lado rosnou.- Uma moça nunca paga nada quando se esta acompanhada.

- Obrigada.- agradeci-o e em seguida olhei para Jeremy.

- Certo, certo. Mas eu tenho mesmo que pagar por isso?- ergueu uma caixinha de absorventes e um sabonete íntimo na altura dos olhos e me fitou indignado.

- Sim.- sorri de forma maldosa.

  O garoto tentou protestar mais algumas vezes, mas por fim, acabou cedendo. Levamos as compras até o seu carro luxuoso e em seguida, Jeremy me levou pra casa. Jack deve ter inventado uma desculpa sobre minha noite fora, afinal, estou limpando aquilo que ele chama de quarto. (leia-se lixão atormentado por satã).

- Obrigada por hoje.- murmurei quando o mesmo estacionou seu carro próximo a minha casa.- Sabe, eu não gosto de me aproveitar do dinheiro dos outros e...- ta eu gosto.

- Sim, você gosta.- respondeu como se lesse meus pensamentos.

- Ok.- ri.- Eu amo, mas valeu mesmo assim.

  Quando eu ia abrindo a porta com as sacolas na mão direita, o demônio (foi mal, é o costume) segurou meu pulso esquerdo com um pouco de força, e puxou meu queixo para sua direção.

- Não está se esquecendo de nada?- deu um sorriso torto e aproximou seu rosto no meu.- É uma coisa bem importante.- sussurrou causando-me um frio na espinha.

- É?- perguntei no mesmo tom de voz.- E o que seria? Não consigo me lembrar...- sorri sentindo sua respiração de encontro a minha face.

  Ele não disse mais nada, apenas aproximou seus lábios robustos dos meus e os comprimiu com desespero. Sentir sua boca macia de encontro a minha era a sensação mais maravilhosa do mundo, poderia ficar ali um dia inteiro que jamais me cansaria. Soltei as sacolas no chão do carro e movi minhas mãos para seus cabelos desgrenhados os apertando conforme a profundidade do beijo, ele, por sua vez, deslizou uma de suas mãos até minha cintura, e com a outra, passou os dedos levemente sobre a minha blusa acariciando calmamente minha barriga, fazendo com que eu soltasse um grunhido baixo.

- Vá ao baile comigo.- insistiu pausando os beijos ainda com a respiração ofegante enquanto distribuía mordidas frenéticas sobre meus lábios.- Por favor.

- Por que está insistindo tanto?- soltei-me rapidamente de seus braços ajeitando melhor minha camiseta, recompondo minha postura de antes.

- Você está comigo agora!- indagou um pouco mais sério.- Não quero aparecer lá sozinho! Ah não ser que você queira que eu vá com outra garota...- e um sorriso torto surgiu entre seus lábios, enquanto esperava minha resposta óbvia.

- Faça isso e eu te mato.- respondi calmamente mantendo minha pose séria.  

- Isso é um sim?

- Isso é um talvez, agora me deixe ir embora.- peguei minhas compras e fechei a porta de sua estimação com força.

  Virei o quarteirão e finalmente observei minha casa já a vista.

  Destranquei o portão e Jack brincava na grama com seu rato-gigante-asqueroso-perebento sei lá o quê. Tentei passar despercebida, mas o diabinho conseguiu sentir minha presença.

- Parada aí, Marie.

  Droga.

- O que você quer?- virei-me sem muita paciência o fuzilando com o olhar.

- Nada, ué.- sorriu diabolicamente.- Por que passou a noite fora?

- Não é da sua conta, oras! Agora vê se não me enche e...

- Isso vai te custar dez dólares adicionais!

  Revirei os olhos e entrei.

  Crianças sabem ser demoníacas quando querem.

  Ou seja. Sempre.

*

  Os dias foram passando como nunca. Leni e Henri pareciam estar sempre trocando olhares de cumplicidades e certos segredos. Foi difícil contar sobre mim e Jeremy, mas no fim, todo mundo entendeu e saiu bem (inclusive, Leni, que parecia estar mais radiante ao lado do hippie). A maldita Tiffany ainda continuava no apartamento do garoto, me afrontando desde sempre. E a minha vida continuava no tédio. Mas um tédio relativamente bom, ao lado do meu demônio.

  E o sábado chegou outra vez. O dia da droga do baile de merda.

  Isso faz sentido?

- E então Jane? Você não tem mais como recuar...- o garoto sussurrou lentamente próximo a mim enquanto andávamos em um parque perto do seu apartamento.

  E sim, eu não poderia andar pra trás. Não depois de tudo que eu vivi.

  Mesmo que o motivo fosse à porra de um baile para estudantes metidos a cu doce.

- Tudo bem Jeremy, eu vou.- murmurei.- Mas depois não venha me implorar mais nada, compreendo muchacho?- sorri e ele me retribuiu, puxando-me para um beijo mais caloroso e lento logo em seguida.

  Despedimo-nos depois de eu ter derrubado sorvete de flocos no meu suéter de estrelinhas, e dado a desculpa de que precisava lavar logo senão ficaria manchado pra sempre.

  Mas era óbvio que era mentira (sou uma meliante, esqueceu? Hôhôhô) Precisava encontrar logo, algo para me arrumar e parecer ao menos apresentável naquela bagaça de adolescentes bêbados.

  Porque eu queria ficar linda pra ele.

  Cara, que gay.

  As horas foram se passando, e eu não tinha a mínima ideia do que vestir.

  Aliás, eu nem sabia ME vestir.

  Ok, situações desesperadas pedem medidas desesperadoras (é, eu nunca sei esse ditado).

  Liguei para Leni, que após, muita insistência de minha parte, topou em vir me ajudar com os vestidos, penteados e essas merdas todas.

  Sim, sim eu sei. Jeremy está acabando comigo.

  Passamos o resto do tempo como verdadeiras garotinhas de oitavo ano que precisam se arrumar até os últimos para os garotinhos gostarem delas.

  O que certamente estava me deixando com raiva, porém eu me sentia um tanto... Um tanto... Satisfeita?

  Argh! Eu me odeio!

- Prontinho.- a voz da loira ecoou assim que terminou de escovar meus cabelos.

  Sobressaltei-me assustada com sua voz fina, mas não deixei que a mesma percebesse.

  Virei-me na direção do espelho e me espantei... Afinal, quem estava ali na minha frente?

  Meu corpo estava moldado em um vestido vermelho solto, com alguns detalhes em pedrinhas brilhantes, modelo tomara-que-caia e com a barra se encostando levemente no chão. Meu cabelo castanho caía de forma ondulada sobre minhas costas, enquanto usava um salto fino e prateado (digo que andar com aquilo é como caminhar sobre brasa), a maquiagem estava leve, e a única coisa que se destacava ali era minha boca em um vermelho chamativo (insisti em passar gloss, porém, Leni quase me espancou).

- E-eu...- sussurrei não acreditando ser eu mesma.- Cara... Você é alguma mágica ou o que?- brinquei e ambas rimos.

- Me agradeça beijando meus pés.- retrucou.- Mas depois do baile, por que esse batom está maravilhoso.

  Mostrei a língua enquanto já observava a moça caminhar até as chaves do carro. Ela também estava radiante, havia tentado convencê-la em chamar Henri para o baile e consegui! Um vestido roxo batia-lhe um pouco abaixo da canela, e seus cabelos louros compridos estavam presos de lado dando mais visibilidade aos seus olhos claros e marcantes.

  Fiquei um pouco tensa quando chegamos e ela estacionou o carro próximo a escola. Nunca cheguei perto daqueles alunos... E agora estava me importando com o que vestir perto deles. Droga! Eu não deveria estar ali! Será que é muito tarde pra voltar pra casa e....

- Nem pense nisso.- sua voz soou novamente acordando-me de meus devaneios sombrios.- Conheço essa sua cara quando quer desistir de algo. Vamos! Desça!

- M-mas eu...- tentei argumentar mas fui empurrada para fora do carro com Leni me puxando para dentro.

  Pense em um lugar com música eletrônica até a puta que pariu. Garotas com “vestidos me-coma” se esfregando em garotos excitados, bebidas, luzes cegando qualquer olho, gente dançando em cima das mesas e muita azaração.

  Agora multiplique.

  Pois bem, tudo ficou em silêncio quando entramos, menos a música, porém todos ficaram parados nos fitando.

  Ai droga.

  Claro, claro. As estranhas hippies que até pouco nunca se sociavam com ninguém estão num baile com estudantes mauricinhos regados a coquetéis e curtição.

  Óbvio que eles pensariam isso.

- Jane!- alguém me chamou ao fundo.

  Isso mesmo. Jeremy.

  O garoto estava rodeado com seus amigos musculosos elegantes e de terno.

  Ele estava com um blazer bem “fino” e uma gravata borboleta branca. Sapatos sociais bem polidos, contudo com o cabelo bagunçado e com os olhos azuis vibrantes mais brilhantes do que nunca.

  “Melhor assim.”- pensei.

- Você veio.- sussurrou gravemente se aproximando de mim e segurando levemente minha cintura, recebendo-me com um selinho.

- Parece que sim.- murmurei receosa ainda fitando as pessoas nos olharem com insistência.

- Vem comigo.- segurou fortemente em minha mão, passando sobre a multidão que parecia mais confusa que nunca.

  Tentei acenar para Leni, mas vi que Henri já havia chegado e feito dela sua “companhia”.

  Fomos para área mais afastada do salão, longe de todos os olhares. O garoto colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha e me tomou em um beijo caloroso e urgente. Tentei protestar, entretanto sempre acabava cedendo. Suas mãos apertavam levemente meu pescoço, e sentia-me protegida com sua pele quente e macia em contato com a minha. Minhas mãos moveram-se até sua cintura, e ele sempre tentava aprofundar sua língua com a minha.

  Como se aquilo fosse possível.

- Pensei que não viesse.- sussurrou com os olhos fechados com sua testa colada a minha após o beijo.

- Eu fiz uma promessa.- retruquei com certa grosseria.

- Eu sei, eu sei.- riu tomando-me calorosamente em seus braços e aninhando meus cabelos.

  Fiquei ali por um tempo. Mas algo começou a me assustar quando a voz de Jeremy soou mais pra frente.

  Mas... O que ele estava fazendo no telão.

- O que é isso?- perguntei me afastando do garoto e prestando atenção em sua imagem na tela.

  Risadas eram soadas ali enquanto fotos minhas sorrindo perto do mesmo feito uma boba alegre (tiramos no começo da semana quando fomos ao parque de diversão) eram passadas. Seus amigos idiotas riam apontando pra mim como se eu fosse uma coisa horrenda e vergonhosa. Jeremy também apareceu no vídeo, fazendo um discurso sobre “E agora? Quem vai jogar suco em mim? Você?” e dando risadas macabras que nunca o vira fazendo.

  Isso não estava acontecendo.

- Jane... Eu...- tentou se explicar confuso e nervoso passando as mãos sobre os cabelos.- Não é isso eu!

  Lágrimas grossas já atingiam minha face e pude perceber a maquiagem que Leni fizera com tanto cuidado indo pelos ares.

- O que é então?- murmurei entre soluços o olhando com raiva/medo/decepção.

- Escuta...- chegou perto de mim e tentou impedir que eu fosse embora segurando meus pulsos com certa força.

- Não encoste em mim!- gritei me desprendendo de suas mãos.- Seu... Seu...

  Há essa hora, os centenas de adolescentes dali, nos olhavam com curiosidade e outros riam com se eu fosse algum tipo de ameba.

- Imundo.- sussurrei enquanto me distanciava.

  Outro garoto se aproximou... Era John? O que estava perto da gente aquele dia... Eu me lembro!

- Como ficou?- perguntou sorrindo gloriosamente para Jeremy esperando seus méritos.

  Corri dali a mil por horas, mas o ouvi respondendo com um grande “Seu idiota” para John, e logo gritando “Jane, espere!” impacientemente para mim. Tirei rapidamente os saltos e caminhei loucamente para longe de todos dali.

- Ei! Marie!- uma voz conhecida ecoou atrás de mim e logo reconheci: Henri.- Estávamos te procurando e...

  Me virei em sua direção e Leni estava ao seu lado com um olhar preocupado.

- Me tire daqui.- implorei para os dois caindo no choro novamente.- Por favor.

  Ambos assentiram e fomos para o carro quase que imperceptivelmente. O garoto dirigia, e eu me acolhia nos abraços calorosos de minha amiga no banco de trás.

- Sinto muito, Jane.- foi tudo que ela conseguiu falar passando os dedos sobre meus cabelos.- Vou cuidar de você, não se preocupe.

  Não falei nada. É como se não houvesse mais mundo ali. Respirar se tornou algo difícil em meio aos soluços, minha cabeça parecia que iria explodir e todos os sentimentos ali depositados em mim foram tomados por um vazio tão forte que chegava a doer.

- Ele mentiu.- sussurrei passando as costas das mãos sobre as lágrimas.- Ele mentiu pra mim, Leni. PRA MIM!

  Ninguém mais ousou a dizer algo. Apenas estacionamos o carro em frente da casa dela.

  Não chegaria nesse estado deplorável em casa.

  Henri havia ficado ao meu lado em todos os momentos, até agora não entendi o sentido de ele ter me chamado de Marie mais cedo. Vai ver foi à permissão que dei para o mesmo.

  Não queria dormir, tinha medo de nunca mais poder acordar novamente, a dor pesava tanto que chegava a ser cruel. Havia entendido de decepção naquele momento e doía muito.

  Céus! Como doía.

  Não, não. Ela perfurava. Não era algo carnal, mas era na alma.

  E era muito pior, acredite. Acho que preferia ter levado um tiro.

  E ele foi o causador disso.

  Maldito dia que aceitei consegui-lo para Leni.

  Jeremy Johnson. Eu o odeio com todas as minhas forças.


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