A aposta. escrita por Holden


Capítulo 11
Um dia calmo na sorveteria... Nem tanto.


Notas iniciais do capítulo

Só digo uma coisa: Não digo nada.
E digo mais: Só digo isso.
Zoera kkkkkkkkk Estou feliz hoje, nem sei por que, mas estou.






Não esqueçam os reviews *u*



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- Como pode? Como pode?- murmurou Leni entrando na escola e segurando-me pelo braço. Seus olhos estavam vermelhos e com a outra mão segurava lenços de papel, provavelmente para conter o choro.

  Pois é, eu desliguei o telefone na cara dela ontem. Comecei a gaguejar e vi que a conversa não fluiria sem que alguém morresse antes. Então, a opção mais sã foi essa.

  Ô vida desgraçada.

- Leni... Depois conversamos, ta bem?- indaguei tentando manter a calma.

- Nada disso! Você transa com meu futurou namorado e não pode me dar satisfações?- berrou já perdendo a consciência do que falava.

  Nisso, todos que estavam no corredor começaram a rir loucamente enquanto as meninas de cor-de-rosa-nojentas olhavam-nos com desdém. Respirei profundamente e puxei aquele ser lamentoso para o banheiro à força.

- Ficou maluca?- murmurei a empurrando para dentro do local, assustando algumas garotas que estavam ali dentro, que saíram correndo com medo.

- Louca? Eu?- riu de maneira estrondosa e irônica.- Seu pai ligou ontem a noite para mim perguntando sobre ti e logo associei que estava no apartamento do Jeremy. Ainda teve a sorte de que salvei sua pele!

- Eu sei, eu sei...- respirei já me sentindo um tanto mais calma.- Mas não rolou nada, só fiquei lá por conta do temporal, droga! Eu juro!

- Sei...- respondeu com desconfiança.- Por que eu tenho a leve impressão de que está mentindo?


- Porque você é uma tapada!- berrei.- Fique sabendo que não existe apenas o Jeremy no mundo! E eu... eu...- gaguejei. Será que se eu mentisse, a garota me deixaria em paz? Ah, foda-se.- Eu estou afim de um outro garoto!- menti.

  Leni esbugalhou os olhos para minha direção e finalmente sua ficha pareceu cair. Caminhou até a pia e jogou água sobre o rosto, apoiando suas mãos sobre o mármore com força. Como se pensasse em alguma coisa.

- Não pode estar falando sério.- murmurou.- Por que estaria a fim de alguém e nem sequer ter me contado?

  Fudeu.

- Ãhn... Eu... Ele é um tanto estranho...- isso era verdade. Ponto pra mim.- Talvez não aprovasse.

   Nisso, a garota virou-se para minha direção e fitou-me seriamente causando até certos calafrios e arrepios em mim.

- Tem certeza?- indagou por fim.

- Tenho, porra!

- Se estiver mentindo... Morre.- sorriu de forma psicótica e me abraçou com força logo em seguida. Ok, agora eu conheço o transtorno bipolar. E ele não é nada legal.

  Depois da nossa pequena “discussão”, caminhamos até a sala de aula enquanto a loira ia me contando sobre como Jeremy era isso... Jeremy era aquilo... Jeremy pra cá... E Jeremy pra lá. Na boa, isso não era pra mim, então coloquei meus fones de ouvido e apenas afirmava com a cabeça, a cada fim de frase dela. Essa era uma das minhas artimanhas durante os três anos estudando com essa maluca.

  Admitam, sou uma ótima amiga.

  A aula passou normalmente, claro que, eu cochilei na maior parte do tempo, pois já havia desistido de aprender álgebra... E história... E biologia... Ah, vocês entenderam.

  No intervalo, o idiota dos olhos claros e minha amiga loira que tinha tesão por idiotas de olhos claros, ficavam aos beijos e amassos no pátio principal com a galerinha “popular”, aqueles que vivem enchendo a cara e usando shorts que mais pareciam calcinha. Eu lanchava com a turma do clube de matemática, eles eram legais, até.

  Após o intervalo, tivemos o resto do dia com aulas de educação física. Fui acertada três vezes na cabeça por garotas musculosas do 3° ano que jogava queimada parecendo umas maníacas.

  Minha vida de atleta também não daria muito certo.

  Finalmente o bendito do sinal tocou. Até que aquele dia estava sendo bom pra mim, não havia levado nenhuma advertência, ficado na detenção, e também não fui ameaçada pelo Jeremy.

  Mas minha surpresa chegou logo após isso. E eu não sei se foi boa ou ruim, mas que foi uma surpresa, isso foi.

  Henri esperava-me no portão principal. Estava sem sua peruca dreadlock morena, deixando fios negros e desgrenhados à mostra, dando um contraste perfeito com seus olhos esverdeados e sua pele bronzeada. Algumas garotas passavam por ele e não poupavam olhares vulgares e sensuais. Assim que me viu, fez questão de caminhar com sua emoção rotineira até mim. Soltou um sorriso torto e me abraçou fortemente, depositando um beijo demorado e preguiçoso em minha bochecha.

- Como vai flor de lótus?- indagou puxando um cigarro e o acendendo logo em seguida.

 - É Jane...- murmurei e suspirei cansada. Estava suada e meu cabelo deveria estar um bagaço por conta da aula de educação física (ou por ser assim diariamente).- Como vai Henri?

- A flor de lótus simboliza elevação e expansão espiritual...- suspirou preguiçosamente.- Acho que combina com você.- deu uma tragada pesada no cigarro.- Vou bem, obrigado.

- Elevação espiritual?- ri.

- É, você tem uma aura leve, gosto disso, e além do mais, para mim é uma das flores mais bonitas do mundo.

  Senti minhas bochechas esquentarem levemente.

- Não que você seja, claro.- indagou e um lhe dei um tapa de leve, fazendo-o desviar e rir logo em seguida.

- O que faz aqui?- perguntei sem paciência.

- Estou atrás de umas gatinhas para pegar.- sussurrou em meu ouvido e logo assustei-me com tais palavras.- Brincadeirinha, estou largadão por ai, minha turma está dando os últimos retoques nos quadros. A feira vai ficar até semana que vêm.

- Está deixando os outros fazerem o trabalho árduo por você?- brinquei.

- Bem, eles dizem que eu não sou tão cuidadoso para finalizar as obras... Então me tiraram de lá.- riu lentamente dando mais e mais tragadas no cigarro.- Quer comer alguma coisa?

  Eu iria responder que sim, mas logo senti alguém se “enturmar” na nossa animada conversa.

- Olá Marie Jane.- quem disse demônio acertou.- Quem é seu amiguinho?

  Bufei enquanto contava até três de olhos fechados.

- Não que seja de sua conta... Jeremy.- dei ênfase no nome da coisa da forma mais biscateira possível.- Mas é um amigo meu, por que?

- Qual é flor.- indagou Henri no tom mais drogado possível.- Jane costuma me chamar de Henri, prazer.- ambos se cumprimentaram seriamente com as mãos.

  As pessoas poderiam sentir a tensão e o fuzilamento nos olhares de longe.

- Flor?- o garoto de olhos azulados perguntou após o cumprimento.

- Jeremy, não é por nada não, mas Henri e eu iríamos sair para comer alguma coisa, sabe...- tentei não parecer mal-educada com o hippie ali. Ignorando sua ironia anterior.

- Ótimo! Eu também!- e sorriu de maneira safada.- Por que não vamos todos juntos?

  Argh! Alguém me dá um tiro?

- Escuta...- comecei mas fui interrompida pelo hippie sem-noção.

- Por que não?

  Tentei relutar, mas minha opinião acabou sendo em vão. Perguntei sobre Leni e o porquê do cafajeste não estar com ela, mas o mesmo respondeu que o pai da garota havia vindo mais cedo para buscá-la. Tentei esquecer o assunto e prestar atenção no meu Milk-shake de uva com maracujá.- que a propósito estava maravilhoso.- e acabei conseguindo. Enquanto os outros dois, conversavam sem emoção alguma.

- E o que você faz da vida... Henri?- o cretino perguntou.

- Eu?- riu.- Eu vivo. Sou livre e ás vezes vendo quadros para sustentar eu e minha galera cada vez que viajamos para um lugar novo.

- Então vocês... Não moram aqui?

- Moramos onde nos sentimos bem. E eu me sinto bem aqui.- respondeu dando um gole exagerado em seu chopp gigante.- Até acharmos que é a hora de morarmos em outro lugar, claro.

- Oh entendo... Então vocês vivem de kombi por aí?

- Não que isso seja da sua conta... Jeremy.- por que estou falando de forma toscamente tosca?- Mas acho que já basta de perguntas.- intervi.

- Tudo bem Jane.- espere aí? O Henri disse meu nome corretamente?- Sim, vivemos em kombis por aí. Eu me sinto bem, então não vejo problema nisso. Aliás, até gosto.

- Fumar maconha o dia inteiro e aplaudir o sol são coisas que você deve gostar também?- provocou.

- Jeremy!- gritei.

- Na verdade, a maconha ajuda na circulação do sangue e regula os batimentos cardíacos.- mais um gole.- E o ato de aplaudir o sol, é como se agradecêssemos pela vida.- o hippie suspirou pesadamente enquanto tirava outro maço de cigarros do bolso.- Se não se importam, vou ao banheiro e já volto.- e por fim, levantou-se.

  Quando ele finalmente se perdeu do meu ponto de visão, aproveitei a oportunidade e dei um chute violento na canela do branquelo por baixo da mesa. O mesmo gritou atraindo olhares para nossa mesa.

- Por que fez isso?- sussurrou enquanto massageava o lugar machucado.

- Por ser tão inconveniente, oras! Aliás, por que você veio?

- Por que está tão nervosa? Iria fazer algo a mais com o bonitão se eu não estivesse aqui?- perguntou da maneira mais provocativa possível... E um tantinho sexy, confesso.

  Bufei e revirei os olhos logo em seguida.

- Isso não é da sua conta! E você tem cinco minutos para se mandar ou...

- Ou o que?- interrompeu-me.

  Parei de falar quando fitei Leni do lado de fora do estabelecimento. Olhava ao redor como se quisesse encontrar algo, e quando olhou para nossa direção ficou espantada. Talvez por eu estar ali com o futuro namorado dela, sei lá. Senti um pingo de suor rolar entre a minha testa quando ela atravessou a porta e veio em nossa direção, com uma cara nada agradável.

- O que estão fazendo?- perguntou.

- Oi florzinha.- o diabo de olhos azuis tentou amenizar a situação com a voz languida.

- Não vem com oi florzinha... Jeremy.- acho que as pessoas tem sérios problemas com o nome dessa criatura.- Bem que eu desconfiei da nossa conversa Jane! Você não está afim de algum esquisito e sim do...

  E foi nesse momento que fiz a coisa mais sensata possível... Ou não. Henri já estava perto o suficiente da mesa, pois havia acabado de sair do banheiro. Assim que o vi, puxei a gola da sua camisa com força fazendo o mesmo arregalar aqueles olhos esverdeados altamente sexy’s para mim. Não pensei em mais nada. Aquela garota tinha que calar a boca ou lhe metralharia ali mesmo.

  Selei meus lábios nos dele rapidamente, procurando um espaço naquela boca carnuda e rosada (que deus me perdoe novamente, mas que estava deliciosa) enquanto o mesmo tentava relutar um pouco, mas depois, acho que entendeu o plano ou só quis abusar da situação mesmo. Agarrou minha cintura com força e roçou mais ainda seus lábios nos meus com voracidade. Se eu fosse uma manteiga, já estaria derretida (ok, isso foi horrível) Além do mais, atraímos todas as atenções do estabelecimento. É, retiro o que disse sobre dia calmo.


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