O Fim Do Mundo escrita por Amgis Carlus


Capítulo 12
Point 12 - Narrativa Chata Com Amor No Fim


Notas iniciais do capítulo

Sem notas, sem comentários



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Lá estava ele, perdido no centro da cidade, sem saber para onde ir.

Desde que decidira de repente ir atrás da garota que sempre amou, ele não havia se importado se por acaso se perderia ou não. Apenas queria saber se ela estava mesmo viva, e caso estivesse ele finalmente poderia vê-la pela primeira vez na vida. Ele já havia imaginado aquele momento várias e várias vezes. Mas no mundo normal como ele não tinha dinheiro para viajar e muito menos permissão dos pais, ele nunca pudera conhecê-la pessoalmente. Mas agora nada o impedia e nem o impediria. Exceto pelo fato de não saber o endereço dela.

Ele pegou seu notebook e começou a fazer conexões para descobrir de onde ela acessava. Ele não sabia fazer aquilo direito, mas sabia que era possível descobrir a localização. Já havia visto a sua própria aparecer em sua rede social com o endereço e tudo o mais. Então era possível saber a dela também. Só que estava difícil. E ele costumava se cansar rápido das coisas. Geralmente tentava no máximo por cinco ou dez minutos, mas naquela ocasião já estava há uma hora tentando fazer aquilo. Ele estava com a mente cansada daquilo já e não aguentava mais ficar procurando sem achar. Assim ele decidiu parar e ficar num hotel de luxo que havia ali perto.

O hotel tinha geradores reservas então ele os ligou e assim não ficou no escuro ou só com a luz de velas. Apesar de ter medo de altura, ele escolheu ficar no último andar, só para ter uma vista melhor da cidade para quem sabe, ver um pontinho de luz no meio do nada que indicasse que sua garota estava viva a espera dele.

A noite estava bela. Apesar de estar tudo escuro na cidade toda, o céu estava estrelado e dava para ver várias constelações. Seria perfeito se ela estivesse ali. Os dois juntos, olhando para a lua e as estrelas com seus conjuntos e admirando sua beleza sem igual. Aquilo em breve poderia se realizar, mas por enquanto ficaria só na imaginação mesmo.

Naquela noite, William pôde realmente perceber o quão ruim seria ser a última pessoa do mundo. Sem ninguém para conversar, para sorrir, parar abraçar ou para sequer olhar e esboçar um sorriso de alívio e pensar consigo mesmo “Não estou sozinho no mundo”. A noite não foi ruim, mas também não foi boa. Ficar sozinho tempo demais nunca é bom. Chega uma hora que você enlouquece. Faz das paredes suas amigas, das panelas suas colegas, e das músicas sua família. Você começa a conversar com elas, a se identificar com elas. O idioma das músicas vira sua língua, o barulho das panelas viram palavras de resposta na sua mente e a parede é aquela que te houve sem te criticar não importa o que você esteja desabafando. E ele não queria ficar louco.

William sempre tivera o sonho de se tornar escritor. Tinha várias histórias na mente, mas que não passavam de esboços. E já que estava ali sozinho, resolveu começar uma delas. Ele olhava para as estrelas em busca de inspiração e tentava fazer alguma coisa. No começo quase não saiu nada. Mas depois ele começou a ter algumas ideias pequenas e simples que ele foi percebendo que com o tempo se tornariam complexas e amplas. No começo desanimou um pouco quando percebeu que isso aconteceria. Mas criou ânimo e continuou um pouco. O sono foi chegando e de acordo com o número de ideias que ele ia tendo ele ia desanimando. Quando elas acabaram e ele ficou sem inspiração novamente, ele resolveu que era hora de salvar o seu progresso e descansar um pouco. Quando olhou para o quanto havia ele até se animou um pouco. Já haviam por volta de dez páginas. “Finalmente - ele pensou consigo mesmo - estou fazendo algo interessante”.

Ele desligou o notebook depois de salvar a história e se deitou. Por um momento outra ideia apareceu em sua mente, mas quando ele se deu conta, se é que se deu conta, ele já estava dormindo.

Enquanto isso, há alguns milhares de quilômetros dali, alguém estava arrependido do que fizera. Mesmo que tivesse sido a verdade tudo o que ele dissera, ele não devia ter feito e dito aquelas coisas. Mas agora ele sabia que não havia mais volta. Agora o jeito era continuar em frente e como ele pensava que agora estaria definitivamente sozinho, ele foi para casa apenas para descansar pois no dia seguinte, ele iria partir para algum lugar onde pudesse esquecer aquilo e para também poder aproveitar e conhecer o resto do mundo. Ao chegar em casa, estava tudo escuro e silencioso. Sem fazer muito barulho, ele fez suas malas e deixou tudo pronto para no dia seguinte, levantar comer alguma coisa e partir. Não precisaria nem se despedir. Estava partindo sem deixar nada para trás. Sem casa, sem família e agora sem a única outra pessoa que estava com ele. Afinal, não tinha como ela sentir falta de alguém que a havia rejeitado tão friamente.

Ele foi para o computador só para pegar umas últimas músicas antes de ir e para pegar os dados dele que estavam ali. Ele não queria deixar nada que o lembrasse e que fizesse ela se lembrar do que acontecera naquela noite. No fundo, por mais que não gostasse dela como uma amante, ele se importava com o que ela sentia. Afinal, ele a considerava sua amiga. Após uma hora, ele terminou e foi para o quarto arrumar tudo para não ter problemas o dia seguinte. Botou o celular para despertar bem cedo, por volta das seis e meia e foi dormir. O sono demorou a vir, mas aos poucos ele se viu adormecendo e pronto.

No dia seguinte, ele fez o que havia planejado mesmo. Acordou cedo, tomou o café da manhã e como tudo estava arrumado ele saiu. Trancou a porta e deixou a chave na fechadura. Entrou no carro que havia pego na noite anterior e foi em direção do aeroporto. Desta vez ele iria para onde quisesse e ninguém o impediria.

A viagem demorou o mesmo tempo que a do dia anterior. Ao chegar lá, o avião continuava do mesmo jeito de antes. Ele deixou tudo pronto ali para poder partir e verificou se estava tudo certo. Assim ele deu a partida e decolou com o avião.

A decolagem deu certo e como a pior parte já havia passado, ele deixou a resto com o piloto automático. Traçou um destino para Washington - Estados Unidos e depois foi para a primeira classe onde ficariam os passageiros caso houvesse algum. As malas estavam num dos bancos e ele tirou de uma delas um som e colocou para ouvir . As vezes, ele ia até a cabine para verificar se estava tudo certo e depois voltava para a primeira classe. Depois de umas duas horas no avião, ele começou a se sentir mal e decidiu dormir para poder evitar de passar mal por causa da viagem.

Tudo parecia que estava bem e que iria dar certo. Alias, havia tudo para as coisas ficarem bem. Exceto por uma coisa: o carma.

Ele foi acordado de repente por uma sacolejada que recebeu. Quando ele abriu os olhos, viu que não estava sozinho. Havia mais alguém lá. A pessoa pegou estava procurando algo na cabine. Depois ela voltou com algo parecido com dois paraquedas e entregou um deles para Carlos. Quando ele olhou para a pessoa viu quem era e se espantou.

– Juliane?

Eles se entreolharam. Ele estava se perguntando o que ela estava fazendo ali, como havia entrado no avião, o que estava acontecendo naquela hora e acima de tudo: como ela soube que ele partiria?

– Coloque logo e faça o que eu mandar. Uns pássaros bateram nas turbinas e elas foram danificadas. Estamos caindo. Seja rápido! - Juliane puxou ele para que ele se levantasse logo e assim ele começou a ajeitar o paraquedas.

– Pronto, terminei. O que você está fazendo aqui? Como soube que eu iria embora?

– Agora não é hora para isso. Primeiro a gente se salva e depois falamos sobre coisas banais!

Ela abriu a porta. O vento começou a puxá-los para fora. Ela estava preparada para aquilo. Carlos não. Ele quase se foi, mas se segurou no que encontrou perto dele.

– Pronto? - Gritou ela. Ele assentiu com a cabeça e com isso, ela puxou a mão dele e os dois pularam.

No ar enquanto caíam, eles se soltaram. Eles esperaram um pouco até poderem abrir o paraquedas e quando chegou a distância mais ou menos certa do chão, Juliane abriu o dela. Mas o de Carlos por algum motivo não abria. Aos poucos ele percebeu isso e começou a ficar desesperado. Ele gritou algumas vezes pedindo ajuda, mas não era escutado. Por fim ele desistiu e se deixou cair. Estava pensando em tudo o que havia feito de bom e quando se lembrou da noite anterior, deixou cair cair uma lágrima.

– Me perdoe Juliane… - Ele disse baixinho com os olhos fechados, com a certeza de que ela não ouviria infelizmente e que ele morreria com deixando uma má impressão para trás.

De repente ele sentiu braços abaixo de seu corpo, como se estivessem segurando ele no colo. Quando abriu os olhos era ela. A pessoa que ele havia rejeitado tão friamente na noite anterior. A mesma pessoa que o amava tanto que estava ali salvando sua vida. A mesma pessoa que ele sabia agora que não conseguiria deixar de amar, depois de um acontecimento daquela natureza de uma forma extremamente única.

– Eu te perdoo sim. - Disse ela com sua voz suave. E mesmo com a velocidade da queda que já havia diminuído um pouco por causa do paraquedas, mesmo com a força do ar e mesmo estando caindo, eles sabiam como seriam as coisas dali para frente. Assim eles se beijaram.


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Notas finais do capítulo

Essa foi a reviravolta mais épica que fiz em toda a minha vida. As ideias costumam vir na hora em que estou escrevendo aqui e essa foi a melhor que já tive. Bom proveito aí!