(Renesmee POV.)

Estamos na campina, sobre o tapete de neve que cobre o chão, esperando a chegada dos Volturi. O medo perfura minha pele, meus ossos, meu coração e minha alma. Mas tenho todos aqui para me proteger; os que amo e também os que aceitaram me ajudar.

Estou montada em Jacob, preparada para o que quer que seja.

Meus pais estão ao nosso lado, e os observo trocar um olhar amedrontado. Observando os contornos do rosto de meu pai, vislumbro subitamente uma memória não muito antiga. Lembro-me como foi como foi sair da escuridão e encontrar seus olhos carinhosos, que sorriam para mim. Depois vi os dela.

Minha mãe, que tinha profundas olheiras. Que me amou mesmo quando eu a estava matando. Quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez, esbocei um sorriso, mostrando meus pequenos dentes de leite. Ela retribuiu o sorriso, apenas uma fração de segundo antes de seu coração dar a última batida.

Como se eu merecesse todos estes sorrisos; eu quase a matei uma vez. Não quero que ela corra esse risco de novo. Minha existência destruirá muitas vidas hoje caso os Volturi não acreditem em nós.

Jacob solta um rosnado feroz e depois recua. “Talvez eles já estejam próximos”, penso, enquanto acaricio seus pelos castanhos da cor de chocolate para acalma-lo. Ele chacoalha o pelo, fazendo com que os flocos de neve, antes acumulados sobre seu pelo, caíssem todos em cima de mim. Involuntariamente rio. Um último sorriso. Pronto, a espera acabou.

Um ancião pôs os pés na neve da clareira, ladeado por outros dois, que estavam um pouco atrás dele. Ele parecia ser o líder. Os três tinham a pele quase translúcida e olhos vermelhos leitosos e vestiam mantos pretos. Havia muitos outros atrás deles, só que estes tinham os olhos de um rubro tão intenso que eu estranharia se de seu choro saíssem lágrimas e não sangue. Se pudessem chorar, é claro. Eles marchavam em sincronia, tão suavemente que pareciam flutuar. Pararam a certa distância de nós.

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Ouviu-se um burburinho depois que o homem que Carlisle chamara de Aro terminou de ler os pensamentos de meu pai. Olhei para trás. Era Alice; ela não estava sozinha; Jasper acompanhava-a, a alguns metros de distância. Alguns membros do clã Volturi-como eu ouvi meus pais os chamarem diversas vezes-detiveram Jasper enquanto Alice se dirigia a Aro. Ela estendeu-lhe a mão para mostrar-lhe algo que poderia vir a acontecer. Quando terminou, voltou-se para nós e murmurou:

–Agora!

Meus pais se entreolharam e com um aceno de cabeça e um olhar apreensivo, minha mãe indicou a Jake que era hora de partir.

Com os olhos marejados, dei as costas a meus pais. E ao resto do mundo do qual eu fazia parte.

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(seis anos depois...).

Acordo e encaro o teto. Jake está deitado ao meu lado, me envolvendo com seus braços fortes. Eu ainda estou respirando; meu coração ainda bate freneticamente. Ainda estou viva. Quem sou eu? Metade vampira, metade humana. Onde estou? Escondida; refugiada com Jacob no Rio de Janeiro; exatamente como minha mãe queria que fosse. Segura, embora assustada. Os outros? Morreram lutando. Sobre meus pais? Antigamente, eu ainda tinha esperança de que eles tivessem sobrevivido ao poder de Aro, Caius e Marcus e aos perigosos dons de Jane e Alec, esperanças de que ao menos eles tivessem resistido enquanto os outros eram mortos. Mas após seis anos, acredito que eles já devem ter-se ido. "Morreram”, penso, “lutando por mim. A culpa é toda minha.". Ao pensar nisso, esvai-se qualquer resquício da força que um dia eu já tivera e me escapa uma lágrima.